segunda-feira, 31 de agosto de 2015
Viajar está overrated
Fazer as malas, arrastá-las até ao aeroporto, entrar num tubito voador que fecha as portas e só as volta a abrir num outro ponto do planeta, sair do avião e inspirar um oxigénio diferente, ah, quantas exclamações, ver o mundo em grupo, ir aos locais turísticos, tirar as fotografias da praxe para mais tarde recordar, seja como turista assumido em frente ao Taj Mahal, seja como um turista-não-turista, de catana na mão no meio de uma floresta no Sri Lanka, abrindo caminho para o Resort-Natura, onde, à noite, um chef Thai cozinhará os pratos locais mais aclamados, but not very spicy, please!, voltar mais rico com as "experiências", que isto já se sabe, a nossa vida de hoje em dia é um acumulado de experiências, e depois, no regresso, tirar uma fotografia na aproximação à Portela, para postar no facebook com a legenda "ir é bom, mas o melhor é voltar", uma declaração de alívio de quem já cumpriu a sua pena de degredo, e depois imagino uma agência de viagens antes do seu tempo, uma banquinha ali à Torre de Belém, com um design em madeira marítima, uma bandeirola esvoaçante no cimo, e lá dentro uma senhora roliça com uma ampla saia rodada em tons azul e amarelo, a vender o "Pacote Descobrimentos: travessia para o Brasil - seis meses numa caravela, sem citrinos" e acho que teria sido um sucesso.
domingo, 30 de agosto de 2015
E depois o meu pai dá-me a sua obra para ler
E eu ponho-me a ler, muito concentrada, com toda a atenção, mas não percebo lá grande coisa, e continuo a tentar, a tentar, e ele diz que eu não posso ser céptica e senta-se ao meu lado, à espera da minha reacção, e eu continuo por ali fora, páginas e páginas como estas:
E tenho mesmo de dizer que isto deve ser muito bom, que o problema está em mim que não domino os conceitos e depois torna-se tudo muito confuso, e ele, já descrente, diz-me que mais à frente também há uns bonecos, e eu vejo-me remetida à minha ignorância, à procura dos bonecos, e vejo um:
E vejo outro:
E ao terceiro posso por fim emitir a minha abalizada opinião:
Olha! Esta é tal e qual a Manuela Ferreira Leite!
Última hora: contratação in extremis de novo Guarda-Redes para o SportEng
O JJ que ponha os olhos nisto!
sábado, 29 de agosto de 2015
Aquele dia em que o mar engole a praia
E que as pessoas se deixam estar no chapéu, no mesmo sítio de sempre, com um pequeno murete de areia a fazer as vezes de muralha da China, desafiando a natureza, olhando o mar nos olhos, como navegadores experientes, mostrando-lhe que não têm medo, que ali ao leme do chapéu-de-sol são mais do que eles, são um povo que quer o areal que é seu. Depois é vê-los a saltar como gafanhotos, a salvar os sapatos, os sacos, a arrastar toalhas ensopadas, a verificar se os telemóveis sobreviveram, tudo numa roda-viva, a andar três metros para cima, embrenhando-se nas quentes areias desconhecidas para, dez minutos depois, começar tudo de novo. São sempre divertidos estes dias.
sexta-feira, 28 de agosto de 2015
Ainda aquele fenómeno dos homens e dos carros imaculados
O dele (em primeiro plano) e o meu logo a seguir.
Nenhum foi lavado desde que viemos de férias. Descubra o porquê da diferença.
quinta-feira, 27 de agosto de 2015
quarta-feira, 26 de agosto de 2015
Coisas que me atormentam às 17h42 de uma tarde de Agosto
E se de repente começássemos a ouvir tudo, inclusivamente os pensamentos dos outros, aquelas coisas que todos pensamos mas não nos atrevemos a dizer, as que ficam no filtro? Se de repente os nossos pensamentos se tornassem tão densos que todos aqueles que estão à nossa volta os pudessem ouvir?
E se de repente todos os posts que estão em rascunho fossem automaticamente publicados?
segunda-feira, 24 de agosto de 2015
Apercebi-me agora mesmo de uma coisa incrível
Havia qualquer coisa na dinâmica dos blogs que me escapava, que me fazia espécie e que eu não conseguia perceber... e de repente, estava eu muito bem aqui sentada e, puf, fez-se luz! A dinâmica dos blogs é tal e qual a dos clubes de futebol. As pessoas são por um blogger da mesma forma que são do Sporting ou do Benfica. É assim uma coisa mística, irracional, cada um traz o seu blog no coração sem que se saiba muito bem porquê. A única coisa que se sabe é que o Adeptor (que é um cruzamento entre o adepto e o seguidor) veste a camisola que o seu blog o manda vestir e defende o seu blogger até à morte.
Vejamos então um caso prático:
Imaginemos que a Adeptor A vai visitar o seu blog do coração e se depara com o seguinte comentário maléfico ali plantado claramente por um adeptor de um blog rival:
Vejamos então um caso prático:
Imaginemos que a Adeptor A vai visitar o seu blog do coração e se depara com o seguinte comentário maléfico ali plantado claramente por um adeptor de um blog rival:
"________ (introduzir nome da blogger de coração) essas calças fazem-te a anca larga, não te favorecem nada!"
aquilo que a Adeptor A, extremamente perspicaz, lê, é:
Ora, uma afirmação assim, como bem sabemos, é um very light numa caixa de comentários e a partir deste momento, estão abertas as hostilidades!
Ora a Adeptor A, indignada com tal ofensa, apressa-se a deixar a sua resposta inflamada ao comentário maléfico, uma espécie de assobio quadrado a uma falta à entrada da grande área. Como bem sabemos, a partir deste momento instala-se o caos, e aparecem as claques em peso, seja as Super-Pipocas, as Juve-Frutas ou as No Name Bears.
e por fim, quando soa o apito final, ou seja, quando sai um post novo, as adeptors pegam nas suas munições, que guardam religiosamente para a próxima oportunidade, e deixam a caixa de comentários neste estado:
Claro que estes assuntos serão posteriormente dissecados nos blogs da especialidade, aqueles onde se analisam as táticas e as jogadas de cada um dos grandes e onde os especialistas em blogs darão então a sua balizada opinião.
E pronto! Tantos anos a tentar perceber isto dos blogs e afinal era tão simples!
I see things. I see many things.
Palmier Encoberto Summer Edition 2015. Porque estamos sempre a tempo de dar um outfit de Verão ao nosso blog.
domingo, 23 de agosto de 2015
sábado, 22 de agosto de 2015
A cassete
Sempre que se fala de uma empregada doméstica num blog, como se isto de ter uma empregada doméstica fosse para o empregador o pináculo do luxo, e para a empregada uma coisa praticamente a roçar a escravatura, há sempre uma alma que é levada pelo reflexo pavloviano a fazer um comentário daqueles, digamos assim, parvos. Imagino eu que essas pessoas activem o google alert para, sempre que surja um texto novo na net que refira "empregadas domésticas", largarem o aspirador (porque estas pessoas, como é óbvio, não exploram o seu semelhante no que a limpezas diz respeito) e saltarem para o computador para virem deixar o seu "comentário libertador dos oprimidos". Como é evidente, o texto abaixo teve direito ao seu próprio comentário pavloviano:
"Realmente isto da criadagem que não sabe o seu lugar..."
Ora, apesar do texto abaixo não ser - de todo - um texto contra a Cilinha, a empregada doméstica - é, aliás, um texto que, julgo eu, encerra algum carinho - de facto, a Cilinha extravasou e em muito o seu lugar - ou melhor dizendo os seus direitos. Em primeiro porque faltou ao respeito a todos nós, sobretudo à minha mãe, em segundo porque o fez mais do que uma vez (não foi um acto isolado), em terceiro porque faltou ao respeito às suas diversas colegas, agredindo fisicamente uma delas e, por último, porque se encontra a faltar ao trabalho sem dar qualquer justificação. E já nem vou referir o assédio (que levámos como uma brincadeira) que fez ao seu patrão. Isto para dizer que, independentemente da função e do trabalho de cada um, a par dos direitos existem deveres e tenho-me deparado muitas vezes (vezes demais) com pessoas que empunham a bandeira dos direitos, dos coitadinhos, dos oprimidos, como se aos que estão numa relação de trabalho subordinada fosse permitido tudo, e que se esquecem, ou fazem por esquecer, que seja-se empregada doméstica ou director de uma multinacional, a cada direito corresponde um dever, e que é do equilíbrio de ambos que se compõe a vida em sociedade.
E pronto, cara/o anónima/o, é só isto... é que esta visão do explorador mauzão e do explorado coitadinho causa-me urticária...
sexta-feira, 21 de agosto de 2015
A empregada ciumenta
A Cilinha é nossa empregada vai para cima de vinte e cinco anos, uma mulher simples, do campo, bata aos quadradinhos, estatura baixa, gordinha, cara redonda e voz arrastada. De há uns anos para cá e porque não está a ir para nova, no Verão, como a casa está muito cheia, temos arranjado uma segunda pessoa para a ajudar. Acontece que as coisas nunca correram lá muito bem, a ajudante nunca fazia nada como deve ser, queixava-se Cilinha, era uma preguiçosa, não passava o chão a pano, era uma finória com a mania da esfregona, não se mexia e o trabalho ali, todo por fazer, ai xodotôrãaaaa, dizia ela à minha mãe, ném quêra sabér, aquile é um problémã que p'r'áli estaá! Anos houve em que deixámos por conta da Cilinha a contratação da ajudante, mas as coisas não correram melhor, lembro-me de uma vez em que, confrontados com uma grande gritaria, acorremos à cozinha, onde demos com a Cilinha, possuída pelo Demo, a pegar na ajudante pelos colarinhos e a lançá-la pelos ares, contra a máquina de lavar roupa. Ainda me lembro da cara de surpresa da ajudante, olhos esbugalhados, óculos caídos no chão e a camisa, encarnada, com dois ou três botões a menos. E os anos foram passando e as ajudantes também. Cada ano uma nova. Cada ano as coisas corriam pior que no anterior. Acontece que há um par de anos a Cilinha foi acometida por uma doença grave, esteve de baixa cerca de um ano, e foi nessa altura que perdeu as vergonhas, vinha cá para casa mas como não estava capaz para trabalhar, deitava-se à sombra, nas espreguiçadeiras da piscina, mudou de estilo, começou a vestir-se de forma ousada, grandes decotes, saias curtas, cores garridas e a altas horas da noite, despida de pudores, começou a mandar mensagens ao meu pai. Mensagens picantes. Gostava dele por amor! Nos primeiros tempos pensámos que era alguém que lhe surripiava o telefone e mandava aquelas mensagens, não queríamos crer que aquilo fosse obra da Cilinha, e só o confirmámos realmente naquele dia em que fez uma terrível cena de ciúmes à minha mãe, acusando-a, gritando-lhe descontroladamente, de lhe querer roubar o xodotôreee. Percebemos então que era uma verdadeira paixão aquela que Cilinha nutria pelo menino Zé, o meu pai. Claro que foi uma situação deveras difícil. Despede-se a Cilinha ou não se despede a Cilinha? A Cilinha, depois de confessar o seu amor aos sete ventos e não se ver correspondida, entrava muda e saía calada, lançando olhares ameaçadores à minha mãe e, de castigo, não lhe fazia a cama. No entanto foi ficando, o que havia de ser da Cilinha se a despedíssemos? E a verdade é que dois anos decorridos sobre a cena de ciúmes, a Cilinha habituou-se finalmente a viver esta relação platónica triangular e sentia-se feliz.
Acontece que este Verão, e com o acordo da Cilinha, a nova ajudante ficou incumbida da limpeza do quarto do menino Zé. E a Cilinha disse que sim, que a ajudante podia ficar com o quarto do Xodôtoreee, mas o que não mata mói, e cada vez que a ajudante subia as escadas para fazer a limpeza, aquilo eram facadas no coração da Cilinha, facadas que faziam o sangue jorrar, como um rio revolto, do seu peito. De tal forma que a Cilinha caiu de cama enferma. Destes sentimentos só soubemos uma semana mais tarde, quando a Cilinha, ainda combalida, se apresentou para trabalhar. Trabalhar é como quem diz, que a Cilinha comunicou que não podia fazer a limpeza, nem passar a ferro, nem fazer as camas, tudo isto derivado dos nérves. Ora, perante tal situação, a minha mãe disse-lhe que era melhor ela ir ao médico, meter baixa para se recuperar, e depois, quando se sentisse melhor, voltava. Mas a Cilinha, perdendo novamente o controlo sobre as suas palavras gritou-lhe que aquilo da ajudante ir limpar o quarto do Xodotôreeee era uma afronta. Que aquilo ela não perdoava. Umas mãos estranhas a limparem o quarto do seu menino é que não! A mudar-lhe os lençóis, a aspirar o chão, a limpar-lhe o pó dos livros?! Foi demais, uma desconsideração como nunca se havia visto. E foi isso mesmo a Cilinha nos comunicou: Que se era para isto, que se ia embora. E assim fez. Há uma semana que não sabemos nada dela.
Acontece que este Verão, e com o acordo da Cilinha, a nova ajudante ficou incumbida da limpeza do quarto do menino Zé. E a Cilinha disse que sim, que a ajudante podia ficar com o quarto do Xodôtoreee, mas o que não mata mói, e cada vez que a ajudante subia as escadas para fazer a limpeza, aquilo eram facadas no coração da Cilinha, facadas que faziam o sangue jorrar, como um rio revolto, do seu peito. De tal forma que a Cilinha caiu de cama enferma. Destes sentimentos só soubemos uma semana mais tarde, quando a Cilinha, ainda combalida, se apresentou para trabalhar. Trabalhar é como quem diz, que a Cilinha comunicou que não podia fazer a limpeza, nem passar a ferro, nem fazer as camas, tudo isto derivado dos nérves. Ora, perante tal situação, a minha mãe disse-lhe que era melhor ela ir ao médico, meter baixa para se recuperar, e depois, quando se sentisse melhor, voltava. Mas a Cilinha, perdendo novamente o controlo sobre as suas palavras gritou-lhe que aquilo da ajudante ir limpar o quarto do Xodotôreeee era uma afronta. Que aquilo ela não perdoava. Umas mãos estranhas a limparem o quarto do seu menino é que não! A mudar-lhe os lençóis, a aspirar o chão, a limpar-lhe o pó dos livros?! Foi demais, uma desconsideração como nunca se havia visto. E foi isso mesmo a Cilinha nos comunicou: Que se era para isto, que se ia embora. E assim fez. Há uma semana que não sabemos nada dela.
quinta-feira, 20 de agosto de 2015
Trend alert - VEGETAL
A partir do momento em que fui mãe, passei a ter um cuidado especial com a pele da minha família. Hoje em dia, sempre que vou à praia, não dispenso um bom creme vegetal, sem impurezas, com vitaminas e rico em ómega três, por forma a ostentarmos todos uma pele saudável e cuidada, praticamente de veludo! Na esteira do meu avô, que curava todos os seus doentes com o milagroso unguento Becel, eu cuido da pele da minha família com Vaqueiro!
Com Vaqueiro fica tudo mais apetitoso!
quarta-feira, 19 de agosto de 2015
terça-feira, 18 de agosto de 2015
segunda-feira, 17 de agosto de 2015
O problema dos homens
Quererem sempre os carros lavadinhos e brilhantes, sem um grão de areia, jantes reluzentes e interiores esterilizados, como aquelas meninas muito bonitas com vestidos muito belos e laços impecáveis na cabeça, sapatos novos e imaculados e que só brincam na alcatifa.
domingo, 16 de agosto de 2015
Palmier também se abalança nessa difícil arte de ensinar a fazer malas
Então a coisa é assim: enfiam os must-have da estação dentro de sacos, saquinhos e saquetas, e depois ajoelham e rezam para que caiba tudo no porta-bagagem.
sábado, 15 de agosto de 2015
Pequeno-almoço de hotel
Daqueles com tudo que se possa imaginar, ovos mexidos, estrelados, salsichas, bacon, pão, croissants, queijos, bolos, panquecas, crepes, chocolate derretido e em barra, leite, iogurtes, frutas da época e tropicais, sumos variados, daqueles com tantas coisas que a pessoa, baralhada, se cinge ao básico, impossível querer alguma coisa e não a encontrar no meio daquela loucura.
Depois de inúmeras voltas para escolher, sentei-me com o meu croissant, fatia de queijo e café e quando me preparava para começar, sentou-se ao nosso lado uma família constituída por avó, pai, mãe e dois filhos adolescentes, em quem só vim a reparar depois. Não percebi de onde eram, entre eles falavam inglês, mas um inglês ríspido, com um sotaque que não consegui identificar mas que carregava nos erres. Os filhos tinham traços árabes, mas nenhuma das senhoras usava véu. Às tantas percebi que o ambiente se tinha tornado tenso para aqueles lados e foi aí que reparei na família completa de olhos baixos fixando um ponto indefinível na toalha branca e engomada e vi o homem acenando ao empregado e comentando com a família "this izzz impossible! Impossible!" e quando o empregado finalmente compareceu junto dele, o homem dirigiu-se-lhe, primeiro num tom de voz baixo e controlado, que a pouco e pouco foi aumentando, nessa altura já toda a minha atenção estava centrada naquela família, a tentar perceber o drama que ali se desenrolava, e foi nesse momento que se deu o tsunami, o homem deu um murro na mesa, o café saltou das chávenas respingando pela toalha branca, quase como num quadro de Pollock, e quando a sala toda se imobilizou perante aquele terrível acontecimento, o homem, rubicundo, com a franja toda descomposta, os olhos a saltar das órbitas e o indicador no ar, qual Adolf Hitler dos pequenos-almoços, gritou:
Depois de inúmeras voltas para escolher, sentei-me com o meu croissant, fatia de queijo e café e quando me preparava para começar, sentou-se ao nosso lado uma família constituída por avó, pai, mãe e dois filhos adolescentes, em quem só vim a reparar depois. Não percebi de onde eram, entre eles falavam inglês, mas um inglês ríspido, com um sotaque que não consegui identificar mas que carregava nos erres. Os filhos tinham traços árabes, mas nenhuma das senhoras usava véu. Às tantas percebi que o ambiente se tinha tornado tenso para aqueles lados e foi aí que reparei na família completa de olhos baixos fixando um ponto indefinível na toalha branca e engomada e vi o homem acenando ao empregado e comentando com a família "this izzz impossible! Impossible!" e quando o empregado finalmente compareceu junto dele, o homem dirigiu-se-lhe, primeiro num tom de voz baixo e controlado, que a pouco e pouco foi aumentando, nessa altura já toda a minha atenção estava centrada naquela família, a tentar perceber o drama que ali se desenrolava, e foi nesse momento que se deu o tsunami, o homem deu um murro na mesa, o café saltou das chávenas respingando pela toalha branca, quase como num quadro de Pollock, e quando a sala toda se imobilizou perante aquele terrível acontecimento, o homem, rubicundo, com a franja toda descomposta, os olhos a saltar das órbitas e o indicador no ar, qual Adolf Hitler dos pequenos-almoços, gritou:
- This izzzz a verrrry bad serrrrrrvice. I don't have attention. I need attention. Full attention. I'm used to it. I want a waiterrrrr with me all time! You just rrrrrrruined my brrrrrreakfast.
Percebi depois que lhe faltava o sal e a pimenta.
sexta-feira, 14 de agosto de 2015
E então, Palmier, o que andam a fazer?
Então... aqui foi agora mesmo, a chegar ao Hotel:
Aqui foi já cá dentro... a assombrá-lo!
quinta-feira, 13 de agosto de 2015
quarta-feira, 12 de agosto de 2015
segunda-feira, 10 de agosto de 2015
Uma noite perfeita
Um calor peganhento daqueles sem vento, fotografias parvas, um turbante de vidente, eu e a minha filha a cantar em coro o "it's got to be perfect", o meu filho envergonhado, o meu consorte a rir-se de nós três e um gin tónico daqueles raros, só com limão.
Abaixo a ditadura das festas de aniversário
É vê-los, esforçados, a tentar encontrar o mood mais adequado à festa, a planear os convites mais requintados, praticamente de casamento, a recolher imagens do Pinterest, a encomendar bolos cada vez mais sofisticados, os frasquinhos de vidro com palhinhas de papel às riscas ou às bolinhas (ah..., os frascos de vidro... tão adequados às crianças), a pensar nos lolly-pops mais coloridos, nos muffins mais originais e na animação, que as nossas crianças têm de ser animadas, nos balões, a criar o ambiente mais mágico, seja no jardim, na montanha ou numa ilha deserta no meio do Pacífico, o importante é que tenha a decoração mais bela, os adereços mais incríveis, os gift-bags com mais açúcar, que os pais têm de fazer boa figura nas redes sociais e os nossos príncipes merecem tudo, numa voragem de que se alimentam mutuamente, dias e dias de nervosismo e planeamento em busca da perfeição, porque as crianças vão crescer e têm de ter estas memórias, não queremos que cresçam a pensar que são menos que as outras, Deus nos livre, isso é que nunca!
domingo, 9 de agosto de 2015
Agora só me falta dançar o corridinho...
Mãe, ainda bem que trouxeste esse vestido tipicamente português. Assim consigo reconhecer-te à distância...
Juro pelos blogo-Deuses
Acabaram de ligar da recepção a perguntar se está tudo bem, se gostámos da surpresa para el perro e se podíamos passar pela recepção, que queriam muito conhecer El Perrito. Vamos agora descer...
sábado, 8 de agosto de 2015
sexta-feira, 7 de agosto de 2015
Quem faz o que pode...
O ecrã da máquina fotográfica é uma porcaria... não se vê nada com o sol... e com a excitação, olhem... foi o melhor que se arranjou. Fica o recuerdo :D
quinta-feira, 6 de agosto de 2015
Outros tempos - A tia Lili e as cabeleiras postiças
A tia Lili, outrora a mais bela, quando passou a meia-idade, viu-se a braços com uma terrível calamidade: o seu cabelo loiro e brilhante ficou de repente esparso e pouco denso, deixando assim ver o couro cabeludo. Foi então que a tia Lili se decidiu a fazer o investimento da sua vida. Da mesma forma que alguns investem em obras de arte ou na bolsa de valores, a tia Lili começou a investir em cabeleiras postiças. E o investimento em cabeleiras foi de tal magnitude que, dizia-se, teve de esvaziar uma das divisões da sua casa para as acomodar. Durante muito tempo a divisão das cabeleiras foi um mito, uma espécie de Atlântida, um assunto envolto em grande secretismo, dizia-se que existia mas nunca ninguém a tinha visto. Um dia, deparámo-nos com aquela janela depois da cozinha, aquela que dava para a varanda e que estava sempre fechada, aberta de par em par. E lá dentro, brilhando com a luz do sol, encontravam-se, resplandecentes, as cabeleiras da tia Lili. As cabeleiras, todas iguais mas com penteados diferentes, estavam acomodadas em bustos por forma a facilitar a escolha. Assim, sempre que saía para o seu almoço, que a tia Lili não se deixava manietar por convenções sociais e ia sempre almoçar ao restaurant, as cabeleiras estavam disponíveis para uma escolha ponderada. E quando o relógio batia as doze badaladas, a tia Lili, envergando o seu fato da Elvira, a modista que se aproveitou da entrada em circulação do euro para a aldrabar em tudo quanto era preços, levando-lhe por um conjunto amarelo com grandes papagaios coloridos, ou um outro de ganga, ao estilo moderno, o preço de um Yves Saint Laurent, entrava no quarto das cabeleiras para escolher peruca em forma de cogumelo doirado que mais se adequava ao visual. Era assim que a tia Lili, depois de aturada escolha, pegava na peruca e a enfiava na cabeça. Claro que a beleza da situação não estava na peruca em si, mas na forma como era usada. É que a tia Lili, apesar dos seus óculos potentíssimos, não via quase nada, pelo que, nuns dias enfiava a cabeleira até às sobrancelhas, ao passo que noutros, as usava de lado, tipo boina francesa, o que provocava inúmeros olhares dos transeuntes, olhares que a tia Lili, habituada que esteve toda a vida a ser admirada, tomava como um elogio à sua beleza.
Claro que a situação das perucas era um grande elefante, não na sala, mas à frente dos nossos olhos, ali mesmo na cabeça da tia Lili. Todos sabiam que lá estava, mas ninguém se lhes podia referir. O pior foi naquele dia em que fui buscar a tia Lili a casa, e ela, que já estava muito velhota e com grandes dificuldades de locomoção, para entrar para o carro, apontava o rabiosque ao assento e deixava-se cair com o peso do corpo. Pois que nesse dia, o impacto foi tal ordem que a peruca lhe saltou da cabeça e foi parar ao banco de trás. E eu, estiquei o braço, peguei na peruca e disse a medo "tia, deixou cair isto...". E a tia Lili olhou da peruca para mim e de mim para a peruca, virou-se para a frente e, com os olhos faiscantes de ira, disse:
- Isso não é meu! Deve ser teu!
E lá seguimos as duas, quais Thelma & Louise, de cabelo ao vento.
- Isso não é meu! Deve ser teu!
E lá seguimos as duas, quais Thelma & Louise, de cabelo ao vento.
quarta-feira, 5 de agosto de 2015
Eu também ia fazer um "__________ (introduzir marca de água mineral) Fitness Day"
Mas Canis é absolutamente contra a publicidade!
Na cena do pagamento do almoço
A minha mãe: eu tenho aqui.
Eu: deixa, eu pago com o cartão.
A minha mãe: mas eu tenho aqui em dinheiro.
Eu: deixa estar! Eu pago! Assim não temos de ir depois ao multibanco.
A minha mãe já com a carteira na mão: assim é mais rápido!
Eu: eles trazem a maquineta...
A minha filha, indignada: Oh mãe, não sejas má! Deixa lá a avó pagar! Não vês que ela quer?!
terça-feira, 4 de agosto de 2015
A genética é uma coisa estranhíssima
Durante anos o meu pai tentou que eu me interessasse pela física, a física da escola em primeiro lugar, depois pela física quântica, buracos negros, galáxias, teoria das cordas, velocidade da luz e sei lá mais o quê. Tentou e tentou e tentou, como era possível não me interessar pela física, pelo universo, não me sentia eu envergonhada por ser uma ignorante? E eu tentava, concentrava-me, tomava atenção, mas, passado cinco minutos já estava perdida nos conceitos, sem conseguir perceber rigorosamente nada daquilo que para o meu pai era tão óbvio. Às tantas ele desistiu, desistiu de me querer introduzir àquilo que é verdadeiramente importante e deu-me como inapta para estes assuntos.
Agora está ali a falar com o meu filho, o meu filho que é igual ao meu pai, até fisicamente, nas fotografias só se distinguem pelo facto das do meu pai, em pequeno, serem a preto e branco, e ali está, de sobrancelhas franzidas, a contrapor, que viu no site da NASA não sei quê, e o meu pai insiste que não, que o núcleo da estrela aquece pela pressão no centro, aumenta a temperatura que desencadeia a fusão do hidrogénio em elementos mais pesados, depois é como que numas escadas, sempre a deitar energia sob a forma de partículas até que por fim chega ao ferro e o ferro só pode transmutar se se lhe fornecer energia, se a estrela for pequena, transforma-se numa anã branca... (e pronto, já me perdi na explicação...)
Há quem oiça cigarras...
e depois há os outros...
(à espera que lhe atire o raio da bola que vem depositar na minha toalha...)
segunda-feira, 3 de agosto de 2015
E vocês, também comem a vossa quota parte de cremes vegetais?
São óptimos, super saudáveis e fundamentais para uma alimentação equilibrada. Já o meu avô, quando ia ver os seus doentes, levava sempre uma embalagem de Becel na sua maleta de médico. Aliás, era a única coisa que levava. Para quê um estetoscópio ou um otoscópio se tinha a sua embalagem de Becel?
Lembro-me daquele caso dramático em que o doente tinha uma peritonite e o meu avô, com a sua calma, o mandou abrir a boca e lhe deu o elixir da vida: uma colher de sopa de creme vegetal Becel. E daquele outro, em que o doente, com uma fractura do fémur, temendo ser operado, dirigiu um olhar suplicante ao meu avô, que lhe disse "Calma, António Filipe, já trato de ti!" e, tirando a embalagem de Becel da sua maleta, massajou-lhe a perna com aquele unguento com propriedades mágicas, fazendo com que o António Filipe saísse do consultório correndo e saltando de satisfação. Eu própria, sempre que tinha febre, fui tratada com cataplasmas de Becel na testa, situação que me permite, ainda hoje, ter este cabelo espectacular.
E foi por causa deste tratamento inovador que os doentes do meu avô, muitos já na casa dos duzentos anos, continuam até hoje a correr este nosso país de lés a lés, fortes, saudáveis, bem dispostos e com incríveis sorrisos na cara. Foi também por causa desta descoberta revolucionária que o meu avô foi agraciado com o Nobel da Medicina.
Assim sendo, e se ainda não começaram a vossa toma diária de creme vegetal, não se aflijam! Ainda estão a tempo!
domingo, 2 de agosto de 2015
Eu cá acho que ele podia perfeitamente ir connosco...
É que se vê muitíssimo bem que este cão está totalmente à vontade num ambiente de piscina!
sábado, 1 de agosto de 2015
Pequena Cutxi é demoníaca
Ontem fugiu outra vez, escavou um buraco por debaixo da rede e puf, esfumou-se em segundos. Lá tivemos o drama do costume, todos aos gritos pelos campos, a minha filha a soluçar, o meu filho enervadíssimo, que não queria viver sem ela, cada um a correr para seu lado, eu histérica a juntar o rebanho, "todos aqui ao pé de mim, já!", procuramos juntos! A coisa durou uns vinte minutos, fomos dar com ela no meio da estrada, uma estrada de curvas que, no Verão, está cheia de carros aceleras. Lá a resgatámos e voltámos para casa, com ela ao colo e bem presa.
Ainda fui com o meu filho acartar com umas telhas velhas que estão lá ao fundo do terreno, para tapar os buracos na rede, mas agora estamos sempre em sobressalto, "a Cutxi? Onde está a Cutxi? Cuidado com a Cutxi! Olha a porta!"...
E agora tive uma ideia, mas o meu filho diz que não, com os olhos a faíscar, para eu parar de inventar, mas a mim não me parece má... Podia amarrá-la ao Canis, que nunca! mas mesmo nunca! sai do nosso terreno, e deixá-la ir passear com ele! Só tenho medo que ele acelere e a leve de rojo...