terça-feira, 31 de julho de 2012

Como é bom aparentar ser uma milionária

Hoje de manhã, antes de abalar para a minha absurdamente longa temporada de férias, fui, num instante, às Amoreiras para comprar um creme (uma vez que o meu está quase a acabar). Entrada na loja, dirigi-me à banquinha da marca do creme que pretendia e pedi-o à senhora. Enquanto ela preenchia o papel para eu ir pagar, pus-me a olhar e vi um outro creme, dessa mesma marca, que não conhecia. Perguntei à senhora se era bom e ela, claro(!), que me disse que sim. No entanto, disse-me que havia um outro (momento em que retira uma caixa linda e maravilhosa de uma prateleira) que era espectacular. Que era um tratamento de hidratação profunda, um choque de hidratação, mesmo, constituído por 6 ampolas, que fazia uma espécie de casulo (?) para proteger a nossa pele de todos os males do mundo. Ora eu, pessoa extremamente influenciável, já me estava a vislumbrar com uma pele num misto de bicho da seda (provavelmente por causa do casulo) e bebé recém-nascido e, como tal, as minhas mãos, completamente fora do meu controle, já agarravam a caixa, prontas a levá-la para casa, com o intuito de iniciar o tratamento o quanto antes. Na realidade eu sentia necessidade daquele tal casulo. Eu não podia perder mais um segundo da minha vida sem estar envolta no casulo. Eu necessitava do casulo e o casulo necessitava de mim. Apesar de estar determinada a levar aqueles cremes para casa, lembrei-me de perguntar, nem sei bem porquê, quanto custavam. Não que isso me interessasse verdadeiramente uma vez que o casulo já era parte integrante da minha cara e a decisão estava tomada. Foi nesse momento que a senhora me respondeu:
- 2,400€ (sim... leram bem... dois mil e quatrocentos euros!)
Foi também esse o momento em que os meus olhos saíram ligeiramente das órbitas, a minha garganta emitiu um pequeno guincho e os meus braços, ganhando vida própria, arremessaram (de forma algo violenta) a caixa dos maravilhosos cremes de volta às mãos da senhora. Julgo que, se estivesse nos jogos olímpicos, teria ganho a medalha de ouro do lançamento do peso...

Conversa no carro

Eu: Quando voltarmos de férias, vou comprar um computador com um ecrã grande para podermos usar todos.
Depois hesitei e disse:
- Bem... Se calhar, como é muito caro, fica para o Natal.
Filho disse, de imediato:
- Nãoooooooooo... Compra depois das férias!
Filha, contrariando a opinião do seu irmão, diz:
- No Natal! No Natal!
Filho, irritado, explica-lhe que isso é muito pior. Que ainda falta muito tempo para o Natal.
Filha sai-se, então, com a seguinte tirada de génio:
- Pois... Mas se for no Natal, a mãe não tem de gastar dinheiro!

Assim sendo, Pai Natal, ficas desde já notificado! No próximo dia 24 de Dezembro, é um iMac cá para casa!

Há anos que me pergunto...

Quem?! Quem é que se lembrou de escrever Portimão desta forma tão singular?

A passar em Palmela

Filha: Mãeeeeeeee... falta quanto tempo para chegarmos?

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Mudei de ideias

Ao contrário do que declarei há bem pouco tempo, estou muito ansiosa por partir para as minhas férias. Deu-se um autêntico volte-face no meu espírito e encontrei pesadas razões para me querer ausentar para terras algarvias. Duas delas são muito importantes e, por isso, passo de imediato e para não perdermos mais tempo, a explaná-las. Assim:
A primeira é que pretendo ser a primeira dos veraneantes de Agosto a chegar ao Algarve. Por isso parto logo de véspera, ou seja, parto já amanhã pela madrugada (vulgo 14h00) com o objectivo de me colocar estrategicamente nas portagens da A2 (já no Algarve) a dar-vos as boas vindas. Ainda assim, este dia de separação (entre a minha chegada e a vossa), causa-me imensa angustia. Sinto já bastantes saudades vossas. Mas pronto, caros amigos, vizinhos, colegas de trabalho, queridos colegas bloggers,  senhora da caixa do Pingo Doce, rapariga do Centro de Saúde, funcionária do 7º Bairro-fiscal e todo o resto da população de Lisboa, estou à vossa espera na portagem. Vou ser aquela vestida de Pantera Cor-de-Rosa, a sorrir e a acenar.
b) Em segundo lugar temos, talvez, a razão mais importante por de trás desta alteração radical nos meus princípios. Estamos, claro, a falar dos rabos. Sim, eu sei que isto é novidade para vocês! Mas, tendo em conta que colegas bloggers estiveram no Algarve em Julho e parece que não viram quaisquer rabos de jeito, eu presumo que os rabos, este ano, só se apresentem em Agosto. Assim sendo, quero chegar bem cedo para não perder um único exemplar. Tratarei de fotografar todos rabos de senhora extremamente boa que me passem pela frente. 
Mas, continuando... Eu cá, já tenho um plano! Ao contrário dessa colega, eu tenho uma estratégia diferente. Eu não passearei pela praia à beira mar. Não! Eu ficarei nas dunas com uns binóculos e uma máquina fotográfica com grande alcance. Assim numa situação aproximada a... como é que se chama àquilo?... ah! Já sei! Mirone. Sim. Eu vou ser mirone! Mas atenção, esta é uma actividade solitária. Eu cá não partilho a visualização ilícita de rabos de formosas senhoras com o meu consorte. Não! Esta é uma actividade underground. Só mesmo para meu gáudio pessoal. Com consorte nunca! Eu não sou uma pessoa assim tão segura e auto-confiante e, portanto, não pretendo correr riscos desnecessários no meu casamento. Assim, e para os evitar, tenho uma técnica muito específica, elaborada especialmente ludibriar o meu próprio consorte. Eu cá, quando vamos os dois à praia (na maior parte dos dias não o deixo ir. Não vá a praia estar pejadas de rabos bons), trato de dizer imediatamente e em voz alta que "Oh pah... nesta praia (vale para qualquer uma) não há um único rabo que se aproveite! Não vale a pena estares para aí a olhar, que não te quero agoniado". E pronto. A seguir, fico de vigília e, caso veja um rabo bem bom a aproximar-se,  atiro-me de imediato sobre consorte, sufocando-o com beijos na boca extremamente lânguidos e exagerados (uma espécie de cena escaldante no areal) de forma a que ele não chegue, sequer, a enxergar um rabo potencialmente melhor do que o meu (não que isso seja muito provável... mas enfim... nunca fiando). Sim! Eu agirei dessa forma. Aproveitarei ainda para, por entre os beijos, gritar impropérios à dona do dito rabo! Emergirei, qual periscópio, do meu ósculo e enquanto consorte ainda estiver meio abananado, atirarei assim como quem não quer a coisa:
- Põe-te a andar que este aqui já tem dono! OuvisteS?
E pronto. É isto. Uso sempre um S no fim, para dar mais credibilidade à situação.
Então fica combinado! Encontramo-nos quarta-feira, na portagem da A2 ou, se se atrasarem, já sabem... serei a mirone à espreita, numa qualquer duna algarvia.  

É triste...

Ter de ser recordada desta  forma, pelo nosso próprio amigo, do seu (dele) próprio 40º aniversário...



O que me ri...

Já sabem da história (aqui) de Madhura Honey, que foi de penetra na delegação indiana que se apresentou no desfile de abertura dos Jogos Olímpicos?
Demais... Olhem a cara dela. Feliz da vida!


Sim...

São 2h33 e estou a ver o Rui Santos, na SIC Notícias (mas este homem não dorme?). Sempre que tenho insónias sou obrigada a assistir a isto?!

domingo, 29 de julho de 2012

Eu sei que não é um Dacia Duster, mas...

Fui contactada por uma marca de automóveis que, na sofreguidão de aumentar as suas vendas, necessitava desesperadamente da ajuda de uma famosa e destemida blogger como eu. Assim, acenaram-me com uma pilha de notas e eu, pessoa extremamente fácil e nada escrupulosa, dispus-me, de imediato, a fazer a publicidade encapotada que me solicitavam. Assim, e porque nada sei sobre carros, pelo nome do bicho, pus-me logo a imaginar como seria tal viatura. Na minha cabeça, não sei bem porquê, imaginei um potente camião TIR, daqueles de 16 rodados, o que me complicaria vagamente o dia-a-dia, mas, tendo em conta os montantes envolvidos, decidi que valia a pena sujeitar-me à suprema humilhação de me passear por Lisboa de camião, com uma face de quem está extremamente feliz.
Quando fui levantar o animal, qual não é o meu espanto quando me deparo com um simples citadino. Mas atenção! Apesar de simples, era perfeito para as minhas voltas na cidade. Uma coisa a pensar no pára e arranca, no entra e sai das crianças, no põe cinto, tira cinto, com um lugar especial para o animal de estimação (no tejadilho, para ir fresquinho), com uma bagageira gigante feita à medida das minhas infindáveis tralhas. Nesta meia dúzia de dias em que me passeei nesta viatura e porque os bancos eram totalmente rebatíveis, aproveitei para ir 17 vezes ao IKEA porque, desta forma, podia rebater aquilo tudo e experimentar conduzir sentada no banco de trás no meio das embalagens planificadas, o que é sempre uma experiência extremamente agradável. A sério! Este carro é uma autêntica banheira! Parece que estamos num campo de futebol, tal é a a imensidão do seu espaço interior. 
É um carro super, super fácil de conduzir e senti-me sempre bastante segura, excepto daquelas vezes em que com uma pequena aceleradela entrei com bastante vigor no interior do carro que se encontrava à minha frente. Mas, vendo as coisas pelo lado positivo, isto é uma forma encontrada pela marca para proporcionar aos seus utilizadores contacto social com outros condutores. Uma maneira de incentivar a troca de experiências.
- Posso afiançar que a oficina da marca trabalha muito bem, porque tive de me dirigir lá inúmeras vezes para me queixar do barulho emanado pelo motor. Desconfio que me deram um exemplar com o tubo de escape roto, tal era a chinfrineira. Mas até isso acabou por ser agradável porque assim os transeuntes olhavam imenso para mim e eu podia sorrir e acenar dizendo-lhes, simplesmente um "hoje deu-me para isto!"
- Também pude constatar que é um utilitário bastante poupadinho. Nestes dias, só tive de encher o depósito 3453565682658 vezes o que, para mim, não significa absolutamente nada;
- Por último, posso afiançar que é uma viatura bastante acessível. Por, apenas 400,000 €, podem adquirir esta pechincha da tecnologia. Depois de tanta gente me ter observado neste citadino, há agora sérios riscos do mesmo esgotar, pelo que aconselho vivamente que acorram de imediato ao stand mais próximo.
Enfim, depois destes dias tão encantadores, estou em crer que o meu Palmiorsche, está condenado ao abandono e que passarei a envergar este novo Palmierari, para as idas ao supermercado.
Deixo-vos agora com uma singela imagem da viatura (que vocês também não merecem mais e eu estava com um certo receio que o dono da máquina voltasse e me apanhasse nesta triste figura) com toda a sua pompa e circunstância.



Então, o que acham? A malta desta marca vai ficar satisfeita com esta publicidade extremamente discreta, ou quê?

Necessito de descodificação

A minha sogra insiste em tratar a pequena Cutxi pelo meu nome. Será um sinal?

sábado, 28 de julho de 2012

Notícias de última hora!

Maman encontrava-se, há pouco, em sua cozinha quando, de repente, se apercebe da presença de toda uma família encostada à parede exterior de sua habitação. Maman, mulher de coragem, conhecida mundialmente como a re-encarnação da Padeira de Aljubarrota, acercou-se da janela, armada com a faca eléctrica (infelizmente desligada da ficha) e questionou o macho alfa sobre as suas intenções. O macho, apesar das dificuldades de expressão na língua de Camões (uma vez que era imigrante de segunda geração em França), era pessoa extremamente sincera e confessou, de imediato (e perante a visão da faca eléctrica), que se encontrava naquele local para surfar um pouco na net wi-fi de Maman. Maman, sentido de imediato profunda tristeza por aquela família info-excluída, pousou finalmente a faca e convidou-os a aceder ao seu pátio para aí usufruírem da sua net em boas condições. No entanto, o macho, pessoa que, para além de sincera, se mostrou profundamente conhecedora dos movimentos da cercania, perguntou, de imediato, a Maman se ela tinha grãncã. Ora Maman sentiu-se deveras vexada por ter uma net sem grãncã. Pior! Maman (a rainha dos gadjets) sentiu-se verdadeiramente humilhada por não saber o que era uma net com grancã. Maman, sentindo o peso da sua ignorância, acabou por ter de se render às evidências e perguntou ao macho o que era isso da Grãncã. O macho voltou então a explicar, desta feita mais pausadamente:
- Se tem GRAND CÃO, não quero!
Informo, portanto, que hoje foi o dia em que Cánis deixou de se chamar Cánis e passou a chamar-se Grãncã!

Vindo do nada:

Filho: Mãe, um bolo mármore é um bolo feito de pedra?

Ainda estou a tentar encontrar uma explicação plausível...

... para a Telma Monteiro se ter apresentado nos Jogos Olímpicos com a bandeira de um lado e uma mariconera a tiracolo do outro. Mas o que é que ela ali levava de tão importante? Os cigarros e a chave de casa?

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Para além de tudo o resto,

Achei que, em geral, os Porta-Bandeira eram todos um bocado pequenos...


Bye-bye

My lovely caldeira...
Grata por 8 anos de água quente. Agora, e até à chegada de uma nova (sem data prevista de entrega), vamos ser pessoas extremamente ecológicas e experiênciar banhos refrescantes, gélidos e glaciais. Como ESTE... que foi tãooooooooooooo agradável....


A sério...

O que é isto... a esta hora, de uma sexta-feira à tarde, de semi-véspera de férias?!?!?!

Help!

Filha, no seu 3567º telefonema de hoje:
- Mãe, o quiosque ainda está aberto (querem sempre que eu lhes leve inutilidades do quiosque)?
Eu, olhando pela janela:
- Sim, está... 
- Mãe, o que é que há no quiosque?
 Eu (ao mesmo tempo que tento acabar as coisas que tenho para fazer):
- Não sei... ainda estou no escritório e, daqui de cima, não consigo ver...
Filha (indignada):
- Mãeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee, então não tens uns binóculos?!

Vai uma dentadinha?

Num supermercado perto de si... ao lado dos Ovos Kinder...

Lock-out (ou, como dizia uma colega da faculdade, out-look)

Há bocado fui fechar uma janela do escritório que estava a causar uma enorme corrente de ar. Passado uns minutos comecei a ouvir uns barulhos estranhos mas, como estava a laborar, não liguei nenhuma. Acontece que os barulhos, que começaram suavemente, foram subindo de tom até se tornarem numas insistentes pancadas secas. Pensei, para mim própria que deviam estar a fazer obras no prédio do lado. Irritei-me mentalmente com os vizinhos com o exagero de barulho que estavam a produzir. Ponderei, mesmo, bater na parede para pararem imediatamente com aquilo.
Quando estava nestas considerações mentais, entra uma colega no escritório que abre de imediato a janela (que eu tinha fechado), para salvar o senhor da manutenção (que tinha ido ao telhado arranjar umas telhas partidas) e que se encontrava enclausurado no exterior, tentando desesperadamente chamar a minha atenção através daquele batuque que eu, gentil e demoradamente, ignorei…

Pronto! Já está domesticada!

Assim, com Instagram, mesmo as coisas mais repelentes ganham formusura. Tudo fica mai'lindo e a Amiga Osga até parece um animal bastante chique, não é?

 

Estava-se mesmo a ver...

Com uma Primeira-Dama chamada Rissol, se calhar estavam à espera que acertassem com a bandeira...

Parece-me mal!

Então a Primeira-Dama Norte Coreana chama-se RI SOL?! E ao filho, quando nascer? Vão-lhe chamar o quê? Kro-Ket, é?

quinta-feira, 26 de julho de 2012

A minha sorte é que sou psicologicamente muito forte

Já este senhor... pessoa psicologicamente débil, encontrava-se, no preciso momento em que tirei esta fotografia, a ter uma reunião com o prestador de serviços...


A experienciar uma novela mexicana ao vivo

A ser assediada por um prestador de serviços que, depois de uma fusão que resultou numa cisão, voltou a atacar antigos clientes (nós), no sentido de os recuperar. Acontece que as comadres se zangaram de tal maneira que o senhor se encontra a maldizer os seus antigos sócios no programa de lavagem a 150º, com detergente, lixívia e amaciador, enxaguamento extra e centrifugação suplementar e, excitando-se com as suas próprias palavras, encarnou uma personagem de um filme português dos anos 40 e está, neste momento, com a Iface roxa, com a testa pejada de veias azuis, salientes e a latejar, ao mesmo tempo que grita:
- Sim! Estou muito melindrado, muito melindrado, muito melindrado, porque ele agiu extremamente mal, extremamente mal, extremamente mal, muito melindrado, muito melindrado, muito melindra…
E eu estou com medo, muito medo, muito medo, muito medo (para também repetir três vezes cada frase, de acordo com o mote lançado pelo senhor) e a ponderar chamar o INEM… e pedir-lhes que tragam um colete-de-forças, ASAP…

Maman, a vítima

Ontem, por volta das dez da noite telefonei a maman, para saber como se encontrava. Acontece que, apesar das insistentes chamadas, maman não atendeu. Hoje, já preocupada com a falta de notícias, voltei a ligar, sem sucesso. Maman só respondeu há cerca de cinco minutos, confirmando que tudo se encontrava bem. Acontece que ontem, maman, esgotada pela intensa actividade física a que tem sido exposta e tão bem relatada por mim própria AQUI, viu-se obrigada a ludibriar Cánis, sob pena de, não o fazendo, ter de continuar a atirar a bolinha 24/24 horas, até que os seus membros superiores se soltassem do tronco, sendo projectados para local longínquo e ficando perdidos para todo o sempre.
Maman arquitectou, então, um embuste sofisticadíssimo para ludibriar Cánis e conseguir uns minutos de descanso. Assim, maman, adquiriu uma casota, que equipou com o cobertor de caxemira mais fofo do mercado e, logo pelas nove da noite de ontem, iniciou uma série de bocejos extremamente exagerados, para que Cánis se convencesse que era hora de dormir e se dirigisse (sem reclamações) ao exterior, para aí efectuar o seu sono de beleza. Assim, e para dar mais credibilidade à situação, maman colocou Cánis na sua nova casota T0 e tapou-o com a sua luxuosa manta. De seguida, introduziu-se na habitaçao, apagou a televisão, desligou as luzes da sala e ocultando-se furtivamente no seu quarto, também ele sujeito ao rigor das trevas, acendeu a pequena televisão que aí se encontra na modalidade filme mudo e, não descurando nenhum pormenor, retirou o som ao telemóvel.
Todos estes detalhes teriam sido extremamente argutos, não se tivesse dado o caso de, à primeira ganidela de Cánis, papai irromper pela janela do primeiro andar proferindo-lhe, com voz doce e cristalina, frases adoráveis como:
- Cánis, Cánis, não chores meu pequenino…
Ou,
- Não tenhas medo de estar sozinho. Eu estou aqui contigo…
E, ainda,
- Pronto meu Cánis, tem calma, vai tudo correr bem…
Claro que Cánis, dotado de um faro espectacular para se aproveitar de situações melodramáticas, ganhou alento e tratou de esganiçar ainda mais o seu latido, prolongando-o indefinidamente noite dentro, na companhia de papai que, do alto da sua janela-pedestal, incentivava o Canídeo a exortar os seus receios através da conhecida terapia do uivo.
Claro que, com toda esta agitação, maman só acordou já o sol ia alto no horizonte...

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Waving

Enquanto filhos lavavam os dentes (situação que necessita sempre de apertado policiamento e de profusas instruções), aproveitei o momento (ao espelho da casa-de-banho) para confirmar se ainda estava apta a fazer aquele adeus traiçoeiro, de braço no ar. Este é um teste a que nós, mulheres, nos devemos submeter constantemente (numa base diária. Ou... pensando melhor, talvez até horária...). É que, de um momento para o outro, podemo-nos deparar com um morcego bamboleante dependurado do nosso braço, que nos obrigará, para todo o sempre, a fazer, apenas e só, um adeus à princesa (daqueles com o cotovelo dobrado, o braço junto ao tronco, mexendo apenas a mãozinha em gestos arredondados).
Continuando... Enquanto fazia o referido adeus de forma continuada, vigorosa e destemida (para observar os braços de todos os ângulos), deparo-me com filho a olhar fixamente para mim, de boca aberta e com a pasta de dentes a escorrer pelo queixo. Parei imediatamente o meu atlético e robusto aceno, enquanto filho me explicava, como se eu tivesse 5 anos e uma grave deficiência cognitiva:
- Mãe, é apenas o teu reflexo... não te vai responder...

Estou tão enervada...

Estamos sem net no escritório desde as 10h00 da manhã. Até já estou a roer as unhas... da mãozinha falsa, claro está (objecto adquirido especificamente para estes momentos!)! Que tenho de zelar pelo bem estar do meu verniz...

Diálogo matinal

Filha: Mãeeeeeeee... em que mês é que eu faço anos?
Eu: Então... não sabes? Em Junho...
Filha: Em Julho?
Eu: Não... nho, nho!
Filha, extremamente admirada:
- Faço anos em Nhunho?

terça-feira, 24 de julho de 2012

Diálogo das 20h00

Filho: Oh mãe... porque é que vês o telejornal?
Eu: Porque gosto de saber as notícias.
Filho: Mas, oh mãe... só vinte pessoas é que gostam disto...
E, depois, dirigindo-se a filha:
- Temos tanto azar... Só vinte pessoas e a mãe tinha logo de ser uma delas...


“Parece que ando a perder toda a acção” ou “A terrível sucessão de abandonos”

 Ontem, depois de eu sair do local de trabalho, um marido abandonado e obnubilado pelo álcool, irrompeu pelas instalações para ajustar contas com a futura ex-mulher que, entretanto, já é noiva de um colega que, por sua vez, também já abandonou a sua cara-metade.
O recém-formado casal teve de deixar o local, sub-repticiamente, pela porta dos fundos, enquanto uma colega, escoltada por um outro colega de 1,90m, praticante de artes marciais, acalmava o cônjuge abandonado, apenas e só pela exibição da altura (e constituição física, vá) do segundo.
Hoje, antes de eu chegar (devia MESMO ter acordado mais cedo!), houve muito boa gente que pôde contemplar uma cuequinha de renda preta e branca pendurada, ao abandono, num puxador de uma porta.
 E, agora, há duas perguntas que me martelam o espírito:
a)      Será que trabalho na casa da Mãe Kikas?
b)      Quem é que foi para casa sem a sua cueca e não deu por isso?
Por outro lado, também pode ser uma situação profundamente casta e tratar-se apenas e só DESTA cueca que, finalmente, resolveu dar o ar da sua graça…

Acho que vou dar por findo o meu dia de trabalho...

São 10h30 e filhos já me telefonaram 12 (doze!) vezes.
Talvez seja melhor ir para casa...

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Don't ever leave your Havaianas unattended

Filhos estavam a brincar lá fora, no pátio. Como estava um bocado de vento, mandei-os vir para dentro. Uma vez entrados em casa, filha, que já estava a cair de sono, deu início a uma real birra, que acabou com o lançamento das Havaianas (desporto mundialmente conhecido) pelos ares. Acontece que eu estava de costas e só vi onde foi parar uma delas. Peguei na dita e tratei de procurar a outra. Olhei para um lado, olhei para outro e nada. Levantei a cama de pequena Cutxi (único objecto no local) e... nada. Fui ver debaixo da máquina de lavar roupa, de secar roupa, por de trás dos aquecedores de parede, nada. Em todo o lado, nada. Já um bocado envergonhada olhei para o tecto (para ver se, por acaso, tinha ficado lá colada) e... nada. Filha (já sem birra) dava volta à divisão, com lágrima ao canto do olho, perante o desaparecimento precoce da sua Havaiana. Filho abria gavetas para ver se a Havaiana se tinha introduzido, como que por artes mágicas, no seu interior. Da Havaiana não havia sinais de vida. Com o par desirmanado na mão, comecei a ponderar a existência de espíritos maléficos no interior da nossa habitação. Espíritos com especial apreço por terem nos seus etéreos pés Havaianas com cornucópias cor-de-rosa. Pensei, inclusivamente, que as Havaianas das cornucópias cor-de-rosa pudessem ser uma espécie de Louboutins do mundo espectral.  Começámos inadvertidamente a sussurrar uns com os outros até que, por fim e já transidos de medo, abandonámos aquela divisão devoradora de Havaianas de mãos dadas e às arrecuas.
Quando chegámos à sala (não sei como, porque ninguém deu por nada), foi com isto que nos deparámos:


E, agora, digam lá que ISTO não tinha razão de ser.

Nada neste Blog tem segundas intenções

E como os meus bloqueios duram apenas coisa de escassos segundos (é o tempo de pagar a multa), já me encontro de regresso ao trabalho.
Desta feita para me zangar convosco. Assim, e tendo em conta as centenas de e-mails que recebi com acusações vis e mesquinhas que, com ESTE post  eu estava, na realidade, a fazer publicidade encapotada, reservo este espaço ao meu direito de resposta.
Este blog não aceita qualquer tipo de publicidade paga. Na verdade, o agricultor Pickles é um grande amigo da família. Faz parte do grupo “pessoas humildes” que gostamos de receber em nossa casa, com o objectivo de nos apercebermos de como vive este segmento da população. O agricultor Pickles não despendeu qualquer quantia monetária para a revelação dos espectaculares colares (que são produzidos diariamente com os produtos mais frescos e biológicos, do mercado nacional). Produtos usados apenas e só por pessoas com apurado sentido de estética e estilo. Nada me levaria a publicitar um adereço de moda que não me agradasse de verdade. Tudo o que aqui vos apresento é da minha mais profunda predilecção. É claro que o agricultor Pickles tem dificuldades em escoar o seu produto e, tendo em conta que sou pessoa amiga de ajudar o seu semelhante (salvo seja, que eu sou muito mais gira), dei-lhe oportunidade de colocar os seus produtos à venda na minha loja. Mas atenção! Não tenho qualquer interesse nas vendas do mesmo. É, apenas e só, uma atitude profundamente altruísta. Daquelas que caracterizam a minha maneira de ser.
Assim sendo e tendo ficado bem clara a minha atitude extremamente caridosa, espero que não voltem a virar-se contra mim quando vos vier falar do espectacular champô de dentes de alho, ou do creme hidratante de rodelas de cebola que tenho na manga, ou melhor, que o agricultor Pickles tem na manga. São cremes e champôs para lá de bons, sujeitos aos estudos científicos mais rigorosos e que já foram testados nas ovelhas do agricultor Pickles que, curiosamente, sobreviveram (apesar do odor que, neste momento, exalam).
Pronto, era só isto. Espero que tenham aprendido a lição!

Reparem na mensagem subliminar por trás de Paulo

Paulo Portas, ao mesmo tempo que nos quer convencer que tudo vai bem lá para as bandas do Governo, manda colocar um cenário a contrariar as suas próprias palavras, ao afirmar categoricamente e por escrito que "FAZ PARTE DA CISÃO"!

P.S. Vou-me dispensar de comentar o boné que ganhou numa promoção da Água do Luso...



domingo, 22 de julho de 2012

Balanço do fim-de-semana

Esta noite dormi muito mal. Não sei bem dizer se foi do excesso de silêncio que se ouve nos campos (ao qual não estou habituada), se foi pelo facto de ter uma camisa de noite encarnada. 
Alto lá aos libidinosos que já me estão a imaginar com um baby doll curtinho e cheio de rendas (La Perla, é certo), acompanhado com umas soquinhas carmesim de penas de pavão. Desenganem-se. Devo, desde já, esclarecer que a minha camisa de noite encarnada tem estampada uma Miffy. 
- O quê... Não sabem quem é a Miffy? 
Ignorantes!
- É a prima da Kitty. Da Hello Kitty, para ser mais precisa.
Ahhhh estão para aí a torcer o nariz... Se não gostam, o problema é vosso... Filha adora e diz sempre que estou muito gira. Querido consorte, por seu lado, não diz nada. Deve ser por ficar hipnotizado perante tamanha beleza.
Bem... voltando ao assunto. 
Já aqui há uns anos tive uma camisa de noite encarnada. E, também com essa camisa de noite, tinha imensos pesadelos. Reparem, eu gosto de encarnado e, de vez em quando, até compro alguma roupa encarnada. Acontece que nunca a visto. Não sei porquê... mas não consigo. Há forças superiores que me impedem.  O facto de ter sido um camaleão numa encarnação anterior também não ajuda (é por isso que consigo apanhar moscas em pleno voo com as minhas mãozinhas. O Obama fez um MBA comigo antes de dar aquela entrevista). Não sei se sabem que os camaleões têm horror de encarnado. Não sabem com certeza... porque vocês nunca sabem nada e eu tenho sempre de perder imenso tempo a explicar tudo. Um Inferno, é o que é... Mas pronto, tenho de ser paciente e fingir que me preocupo convosco. Eles têm medo porque não conseguem ficar encarnados e, como tal, não se conseguem camuflar. Começam logo a recuar e a fazer aquela cara de medo, com a boca aberta. Sabem? Que estupidez... Claro que não sabem... Eu mostro, pronto...


Lá estou eu a desviar-me do assunto... mas a culpa não é minha. É da vossa ignorância e do facto de me estarem permanentemente a interromper. Voltemos ao que interessa, para ver se é desta.
Ontem à noite, dormi com a dita camisa de noite encarnada e passei a noite a sonhar que me tinha esquecido de fazer uma cadeira na faculdade. Não compreendia como é que tal coisa tinha acontecido sem que eu desse conta, mas, na verdade, no meu sonho, eu não tinha acabado o curso porque me tinha esquecido de fazer Direito Internacional Privado (Blhaaaaaaaac, não devia estar boa da tola para ter tirado tal curso. Sim, sim... calem-se lá... um dia falo-vos sobre isto...). 
A verdade é que acordei horrorizada com a perspectiva de ter de voltar para a faculdade para fazer DIP e angustiada com a possibilidade de poder ser despedida por ter aldrabado a minha entidade patronal no que respeita às minhas habilitações académicas. Mas depois... enfim... depois, lembrei-me de Miguel Relvas e nos pesadelos que ele deve ter e fiquei muito mais tranquila e, diria até, satisfeita.


Vocês estragam-me com mimos!

Obrigada agricultor Pickles, por este colar super original! A-D-O-R-E-I!

Nanismo canino

Papai, pessoa de 1,85m e dono de um Braco Alemão, animal de grande porte, olhando para pequena Cutxi, pergunta-me:
- Ela não vai crescer mais?
Ao que eu respondo:
- Não.
Papai, fazendo uma cara horrorizada, acrescenta:
- Ahhhhhhhhh... Coitada!

sábado, 21 de julho de 2012

Linguagem de Chef

Filha a triturar a carne na picadora:
- Vê, mãe, achas que já está bem torturada?

Wild nature

Para além de moscas e formigas, estamos a ser atacados por dinossauros!

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Poderiam julgar que eu vos estava a mostrar a arte efectuada por Maman...

Mas não.
Apesar de várias temtativas para o evitar, estou mesmo a ser olhada de cima... e com alguma arrogância, diga-se a bem da verdade...

A nossa bagagem de fim-de-semana

Ao abrir a mala de filha, fui confrontada com esta família monoparental no seu interior.
Temo, agora, abrir a de filho... no mínimo tem lá dentro um grupo de imigrantes ilegais...

Afinal sou uma figura pública!

Fui abordada por um senhor que tem um estabelecimento comercial que se situa junto do meu local de trabalho. Esta foi a conversa que tivemos:
O senhor (que não faz parte do recente grupo que se dá a initimidades): É a Sra. Dra. Fulana, não é?
Eu: Sou...
O senhor: Ah... desculpe... não a estava a conhecer. É que é diferente vê-la ao vivo ou na televisão.

Certo... Fui, para aí, três vezes na vida à televisão... Passo à frente do estabelecimento do senhor todos os dias...
Corri, de imediato, para o espelho mais próximo para ter a certeza que não me tinha transformado, sem ter dado conta, no Cristiano Ronaldo...

Desde quando é que me tornei tão acessível?

A sério?! Estou confusa...
Eu sempre fui uma pessoa inabordável e inatingível. Sempre pairei lá em cima, num pedestal. O mundo sempre me olhou de baixo para cima, com reverência e cortesia. Havia sempre cerimónia na forma como o comum dos mortais se me dirigia. Estava envolta numa aura de inacessibilidade que me agradava particularmente. Acontece que, de há uns tempos a esta parte, a bolha de cristal onde me movimentava, ter-se-á quebrado sem que eu disso desse conta.
De repente, há mais do que uma pessoa a dirigir-se a mim apenas e só pelo meu nome próprio (o que causa alguns embaraços porque se vêm incapazes de o pronunciar correctamente). O primeiro a dar início a esta estranha prática foi o senhor do quiosque. Um dia, assim de repente, aproximei-me do quiosque e fui abordada com o seguinte cumprimento:
- Então Fulana, está tudo bem consigo?
Assim! Sem mais! Sem Senhora, sem Senhora Dona, sem Doutora, sem apelido, sem nada. Só o nome, em singelo. Ora eu estranhei bastante e olhei-o desconfiada. Até porque o quiosque se situa nas imediações do meu local de trabalho e esta é uma zona onde eu sempre fui conhecida, apenas e só, por doutora. Aliás, já nem reajo ao meu próprio nome. Eu sou a Doutora. E isso de ser a doutora é bastante interessante porque cria logo um enorme fosso (cheio de crocodilos e piranhas) entre mim e os outros. É claro que esse fosso foi agravado pelo facto de, antes de vir trabalhar para esta empresa, ter sido semeado o boato que eu era um misto de Adolf Hitler com exterminador implacável. E, convenhamos, tal mexerico ajudou a que durante muito tempo e perante a minha aproximação, os inúmeros funcionários se perfilassem em parada e batessem continência à minha passagem. E, lá está, a minha aura saía imensamente reforçada e isso era muito agradável.
Mas voltando ao assunto que me aflige… De repente, do senhor do quiosque, passámos para a farmácia. Agora, entro na farmácia e dizem-me:
- Olá Fulana!
E, uma pessoa, olha para trás… a ver se, por milagre das deusas, se encontra atrás de nós pessoa com nome igual ao nosso. Mas não… atrás de nós não está ninguém… é mesmo connosco que estão a falar…
Com estes sinais tão claros, eu devia estar preparada para o que aí vinha… Mas, a verdade é que não estava. Foi com choque, horror, aversão e repulsa que recebi e-mail do Via CTT que, a pedido de Vitor Gaspar, me informava das minhas obrigações fiscais. E, no e-mail, enviado a pedido de Vítor, tratavam-me por:
Cara Fulana
Novamente sem mais nada. Nem o apelido se dignaram a escrever! Só acrescentaram aquele "cara", como que a dar indicação que, se sou cara, vou ter de pagar quantias elevadíssimas de impostos. Eu sei que tenho assuntos com Vítor. Sei, inclusivamente, que lhe fiz promessas. Mas, daí até estarmos numa base de tratamento tão íntimo vai uma certa distância… É que uma pessoa até se questiona:
- Isto é culpa minha, ou será que é, apenas, Vítor a aprender com Álvaro? 

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Excelentes notícias!

Querido Vítor Gaspar (ainda hoje explicarei a razão deste tratamento tão íntimo),

Escrevo-te para agradecer. Do fundo do meu coração. Estou muitíssimo satisfeita por, finalmente, teres elaborado uma medida a pensar (essencialmente) em nós, mulheres. Sim, refiro-me, evidentemente, à possibilidade que nos deste de passar a descontar no IRS despesas efectuadas em restaurantes e cabeleireiros.
É que isto é extremamente importante, Vitor. Julgo que, nem mesmo tu, dotado de tão perspicaz intelecto, te deste conta da magnitude da tua medida. Mas descansa Vítor, eu estou aqui para te explicar tudo. Olhemos então, pausadamente (como tu aprecias), para todas as vertentes deste teu rasgo de inteligência:
Eu sei que a tua principal preocupação é combater a fuga ao fisco. Mas, a verdade é que, com uma só medida, mataste uma série de coelhos (salvo seja, que eu não quero criar mal entendidos com os teus colegas de trabalho). É que, deste-nos finalmente a oportunidade de encarar uma ida ao cabeleireiro, ou à Zara (claro que eu só compro na Hermés, mas pronto, refiro aqui Zara para dar um ar mais popular e abrangente) como um investimento. Sim, a partir de agora, quando sairmos de casa para cortar o cabelo, poderemos (finalmente) passar a ter estes interessantes diálogos com aos nossos consortes:
- Até logo. Vou ao cabeleireiro cortar o cabelo.
Ao que os nossos consortes responderão com alguma irritação:
- Só?! Então não vais pintar, fazer madeixas, mãos, pés, brushing, alisamento japonês aliado a uma boa permanente?! Estás a ser bastante egoísta! Tens de pensar no nosso futuro e investir no que nos pode proporcionar bons rendimentos!
É que isto, querido Vitor, é muito melhor do que investir na bolsa! Digo-te sinceramente, isto vai ser a nossa panaceia!
Para além disso, querido Vítor, tenho a agradecer-te o plafond que estabeleceste. É que foste extremamente generoso. Para podermos deduzir os 250,00€/ano no nosso IRS (reparem DUZENTOS E CINQUENTA EUROS/ano), teremos de INVESTIR em restaurantes e cabeleireiros, a módica quantia de 2280,00€/mês (reparem DOIS MIL DUZENTOS E OITENTA EUROS/mês). Portanto, para além de nos vermos obrigadas a ir todas as semanas ao cabeleireiro (provavelmente até mais do que uma vez por semana), também seremos obrigadas a almoçar/jantar diariamente nos melhores restaurantes por forma a conseguirmos atingir a tua tão sábia meta.
Para finalizar, e porque esta carta já vai longa (e eu sei que tu és uma pessoa muito ocupada, sempre a pensar em mais medidas espectaculares), queria só realçar que também dei conta que, nesta extraordinária medida, não deixaste de fora os homens. Noto que também eles serão levados a deslocar-se às mais variadas oficinas, aí INVESTINDO fortemente, por forma a terem as suas viaturas topo de gama no máximo da afinação.
Vai ser um mundo melhor este, em que, para atingir o tecto máximo de deduções de 250,00€ no IRS, teremos de gastar (claro que estes gastos serão a partir de agora encarados como investimento) em cabeleireiros, restaurantes e oficinas 26.739 € por cada ano civil. Claramente uma quantia acessível a todas as bolsas.

Mas, como ia dizendo, vai ser bonito de ver… Os homens a fazer ronronar os afinados motores das suas máquinas à porta do cabeleireiro e nós a sairemos loiras e esplêndidas para nos dirigirmos aos melhores restaurantes! Isto sim! Isto é que vai ser boa vida!

E pronto, era só isto. Reitero os meus agradecimentos, bem como a atenção dispensada e apresento os melhores cumprimentos,

Uma fã

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Bom português

Há bocado, fui deitar filha e, quando lhe ia dar um beijinho de boa noite, ela virou a cara de repente e eu acabei por lhe pespegar um beijinho na boca. Filho, que estava ali ao lado, dá imediatamente grito de alerta, ao mesmo tempo que me esclarece:
- Sem ofensa mãe... mas isso é cena de lésMicas!

É claro que isto tinha de ter consequências…

Têm de ter paciência comigo… É que eu sou uma pessoa extraordinariamente traumatizada. Desde tenra idade que o meu querido progenitor decidiu contar-me uma história extremamente encantadora à hora de deitar. O enredo era o seguinte:
- Sabes… tu (eu, portanto) na realidade não és minha filha (coração aos pulos, questões a surgirem em catadupa na minha jovem mente. Serei adoptada? Fui encontrada num caixote do lixo? Fui furtada aos meus verdadeiros pais?)… Não… tu és minha tia (hãããããã, como é que é?). Sim. tu és minha tia-avó! (hei… isso é impossível, eu sou mais nova que tu! retorquia convicta). Progenitor, sem dar qualquer importância ao meu ar esgazeado, continuava tranquilo:
- Tu eras uma cientista famosa… Dedicaste toda a tua vida à luta contra o envelhecimento… um dia, descobriste finalmente uma poção para rejuvenescer e resolveste experimentá-la em ti própria. 

Não é verdade, pai, dizia eu desesperada. E ele, como se nada fosse, prosseguia: 

- É, é... Durante uns anos a coisa resultou e mantiveste-te relativamente jovem… bem, pelo menos, não envelhecias… Acontece que, em Janeiro de 1977, aconteceu qualquer coisa no laboratório (ainda hoje não sabemos exactamente o quê) e tu tomaste poção a mais… Claro que rejuvenesceste muito mais do que pretendias e transformaste-te num bebé.

Oh paaaaaaaaai... vá lá.... conta outra história!

- Não! Tenho de contar a verdade!  Encontrámos-te deitada no chão, a chorar. Já lá devias estar há algum tempo... Tivemos muita sorte porque uma senhora que vivia mesmo ao lado do laboratório alertou-nos para o choro e chamou-nos para te salvarmos... senão, podia ter sido muito pior...

E eu quase a chorar e com a almofada em cima da cabeça pedia para ele não contar mais nada. Mas, o progenitor continuava calmamente:
- Bem… eu (progenitor) tive pena (tu eras uma tia-avó bastante amiga) e resolvi tomar conta de ti… Mas, agora que começas a ser mais crescida, não quero que estejas na ignorância do teu passado… é que estiveste na iminência de ganhar um Nobel!
E pronto… assim se passavam as minhas noites… no horror de ser confrontada com o facto de ser tia-avó do meu próprio pai…

O que vale é que, como progenitor trata doenças da mente, pôde dar-me uma ajudinha a recuperar a sanidade perdida... caso contrário, hoje em dia, em vez de ser uma cientista de renome a um passo de salvar a humanidade dando-lhe tudo aquilo que deseja (a juventude), não passaria de um bróculo ridículo a trabalhar numa PME portuguesa.