quarta-feira, 11 de março de 2015

Já estive mais longe de ser anarquista

A parede exterior deste edifício estava completamente degradada, degradada de tal forma que já mal se percebia qual era a cor original. Ainda assim, e porque já se sabe como são as coisas, guardámos, tipo achado arqueológico, uma amostra de parte do reboco tanto da parede como do rodapé. Percebia-se claramente através daqueles bocadinhos que, em tempos, a barra tinha sido cinzenta e a parede branca. De seguida, pedimos licença à câmara para avançar com a recuperação exterior do edifício –para estes casos basta um pedido de ocupação de via pública -  e especificámos expressamente nesse pedido que a cor a aplicar era branco para a parede e cinzento para a barra. O nosso pedido foi deferido e nós avançámos com a obra.

Uma vez terminados os trabalhos, ficámos mesmo contentes com o resultado. O edifício ficou mesmo bonito, sóbrio, impecável, tão impecável que dá gosto olhar para ele. Hoje recebemos uma comunicação da Câmara a dizer que temos de o pintar de ocre… que, essa sim, era a cor original.


E aí a pessoa diz uns nomes feios e tem vontade de calçar umas caneleiras e aplicar uns pontapés bem aplicados numas virilhas que eu cá sei. Eh pah…?! V-ã-o -g-o-z-a-r c-o-m- a –v-o-s-s-a-m-ã-e! O dinheiro cai-vos das árvores, ou quê?! Eh pah... nem que tenha de ir com uma marreta partir a parede toda para a repor no estado em que estava antes de ser arranjada! D-e -o-c-r-e -é- q-u-e -n-ã-o -a- p-i-n-t-o! 





(bocados do reboco anteriores à obra)

39 comentários:

  1. Tiro-lhe o chapéu por ter tido cuidado de seguir as pistas arquelógicas que encontrou. Suponho que seja em Lisboa?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Até fui à procura dos achados, só para ter a certeza que não estava daltónica quando escolhi as tintas...

      Eliminar
  2. As coisas andam a correr especialmente bem ultimamente, não andam? Desde que não te dê para agarrares numa bazuca, tudo bem...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. A sério... eu cá acho que o Estado está a enlouquecer! Está sempre num cantinho, à espreita, pronto para dar cabo da cabeça ao cidadão. Nem imaginas a revolta que senti quando li esta notificação... a sério que dou cabo da parede toda! E nem preciso de ajuda! :D

      Eliminar
  3. Más notícias: isso que aí parece branco pode ter sido, em tempos, ocre. E o cinza pode ter sido um tom de azul claro. Anyhoo, se deferiram aplicação de cor branca, agora não podem vir dizer que ah, afinal não. É um bocado ilegal, sei lá. Se te chatearem muito, diz-lhes para primeiro irem exigir que reponham na paleta original de amarelos os abortos lilás e caqui que estão ali ao Rossio e Praça da Figueira (é uma zona que sempre foi em tons de amarelo).

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Acredito que estas não fossem as cores exactas originais, estiveram anos ao sol... mas, caramba, o pedido foi expresso: branco e cinzento! Se não queriam estas cores, deviam ter dito quando se pediu a licença! Não é depois de se gastar um dinheirão que vem dizer, ah e tal, agora pintem tudo de ocre! Eh pah... no comments... :D

      Eliminar
    2. Deixa lá, não te moas. Eu cá não sou barra nessa área, mas se há um acto adm. de deferimento, não podem agora ordenar noutro sentido, penso eu de que. Eles é que tinham que conferir o pantone. E enquanto houver um hotel lilás e outro caqui na zona histórica, forniquem-se.
      (o meu prédio é de um rosa velho muito lindo e característico. aqui há anos teve que se pintar a traseira, e o animal do administrador escolheu uma cor que, quando a vi, só queria furar os olhinhos, como Édipo. um rosa vivo que fere a vista, juro. aquele nunca mais escolhe cor nenhuma. vá lá que é só a traseira.)

      Eliminar
    3. Fico doida com o desprezo com que se tratam os cidadãos, esses eternos malfeitores! Com tantos prédio podres, verdadeiras ruínas em perigo de derrocada, vêm, chatear os que recuperam os edifícios?!
      A CM que não saiba desse amarelo... mandam-te logo pintar tudo de novo!

      Eliminar
  4. O plano de pormenor da zona pode ter sido alterado e daí a notificação :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Como assim?! Se foi alterado, só pode valer para a frente! Nunca para as obras que já estão concluídas!

      Eliminar
    2. Mas, mas... e o património? Pense no património Palmier. Não podemos ter agora pessoas a "fazer pesquisa" e depois, baseado fazer um pedido sem tramoias ou omissões?? Minha cara, está a navegar águas turvas, acha mesmo que fazer tudo certinho vai trazer-lhe algum benefício? Vai pintar de ocre e vai gostar, ai vai vai.

      Eliminar
  5. Tanta obra não licenciada para fiscalizar e mandam-te pintar a parede de ocre? 'Tá certo... as ilegais tanto faz a cor de que são pintadas, os donos fazem como entenderem de qulquer maneira.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Se nunca tivessem feito o requerimento e simplesmente tivessem ocupado a via e pintado da cor que quisessem nada disso tinha acontecido. Muito antes de os fiscais fazerem alguma coisa já a parede estava pintada e eles nunca dariam por ela ou, dando, não se dariam ao trabalho de vos identificar e notificar. Neste caso, ao apresentarem o pedido, fizeram-lhes a "papinha toda". Depois foi só fazer o ofício e notificar-vos.

      Eliminar
    2. A sério... este país está cada vez mais inconsequente...

      Eliminar
  6. Eh pah acho que isso deve ter caído nas mãos de um "arquitetologo".

    P.S. Se há alguma regra, a nível de plano de pormenor, que obrigue a isso, ela deve vir mencionada na notificação. Ou seja tem de haver fundamento para tal exigência, julgo eu, mas deve haver por aí alguém que perceba de CPA, RJUE e afins

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Já falei com os nossos arquitectos, que já marcaram uma reunião. Nem morta pinto a parede de ocre! Amarro-me ao muro se for preciso! :D

      Eliminar
    2. Acho q em breve a identidade da nossa estimada palmy vai ser revelada..."mulher amarra-se a prédio p impedir pintura do mesmo" abrem os jornais da TVI. Hehehe

      Eliminar
    3. Arqitetologo é uma cultura diferente.
      Mas talvez essa situação derive de algum excesso de zelo do fiscal responsável pela área. Em reunião com os arquitetos deverás conseguir esclarecer.
      Mas a sério que não fundamentaram??? Disseram só que tinha de ser ocre e tumbas?!?!? Olha alega que isso é branco ocre :)

      Eliminar
    4. Fundamentaram, claro. Mas, basicamente, o que dizem é que a cor original era o ocre e que de ocre tem de ficar. Entretanto já falei com os nossos arquitectos para marcarem uma reunião...

      (vou dizer, conforme comentário abaixo, que é um caso idêntico ao do vestido :D umas pessoas vêem branco, outras vêem ocre :D)

      Eliminar
  7. Com tanta ruína por ai e vêm chatear quem faz algo! Haja Paciência! Eu também me passava!!

    ResponderEliminar
  8. Branco?
    Branco? Qual branco? Nessas fotos vejo ocre, claramente.
    Mas um caso como o do vestido ;-)

    ResponderEliminar
  9. Isto só neste País democrático quanto pode, a cor que escolheu está muito bonita!

    ResponderEliminar
  10. Ocre ou encarnado-benfica. Nada de brincadeiras com o património e o crime estético. Há pessoas a passar na via pública que até podiam gostar da parede como estava. Poças Palmier, este país tem leis!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Pensando bem... acho que também lhes vou mandar o Mano Linho! :DDDDDDDDDDDDDDDDDDD

      Eliminar
  11. Deveria ter pintado, alterado e, depois disso, ter pedido uma alteraçao que seria indeferida, documentada e tudo. Teria uma prova que o que fez estava muito bem. Não seria inédito.

    ResponderEliminar
  12. A cor está porreira, se existe diferimento por parte da câmara, estes nada mais poderão alegar. Quanto a mim, que olho para a foto surge-me de imediato a ideia que se alguém fez asneira foi o empreiteiro ou fiscal da obra, mas em relação a um outro pormenor: a finalização da parede, junto ao passeio, é miserável. Comigo, estariam a fazer tudo de novo. Não se finaliza assim uma parede, ou muro. É simplesmente medonho.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. :)

      Acredito que o acabamento não seja dos melhores, mas a parede é muito antiga e, em baixo, faz umas barrigas, - acho que são pedregulhos que estão lá dentro -, para além de que a estrada está toda torta... enfim, acredito que pudessem ter feito melhor, mas vamos acreditar que lhe dá patine :D

      Eliminar
  13. Manda-os `a fava mentalmente e pessoalmente lamentas mas a obra a que se predispuseram e que foi aprovada está concluída.

    ResponderEliminar
  14. Parece-me que há aqui um erro de interpretação: pintar na cor ocre, é exigido para a barra ou soco e não para a parede toda.
    No entanto, se existe um deferimento, este não é possível ser alterado a menos que exista violação de alguma norma ou regulamento e, então, nesse caso, tem de se declarar a nulidade do ato de deferimento.
    Coisa que dá algum trabalho e, como tal, tenta-se primeiro a via diplomática que é pedir ao proprietário que altere a obra por sua iniciativa.
    Em todo o caso, isso tem de ser sempre fundamento com lei, ou seja, se no ofício não fundamentaram a necessidade de mudança de cor com legislação, esse pedido não passa de um capricho ou de um "mandar barro à parede", que às vezes é a única alternativa quando não existe acolhimento na lei.
    Por fim, se não está contente, conteste por escrito. Em vez de o meter aqui no blog, documente a sua exposição com esta fotos, pode ser que os senhores que a vão ler fiquem mais esclarecidos.
    Ninguém é burro. Acredite. Mas às vezes as pessoas explicam-se muito mal.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Caro Anónimo, respondendo aos vários pontos que suscitou:

      Ponto 1. O ocre é mesmo para a parede e não para a barra;
      Ponto 2. Acho que ainda posso ficar indignada com a forma como a Administração Pública se dirige aos cidadão e dizer isso mesmo aqui no blog;
      Ponto 3. No pedido de ocupação de via pública escrevi expressamente "Branco para a parede e Cinzento escuro para o rodapé". Acho que é bem perceptível e não é passível de qualquer erro de interpretação;
      Por último,
      Ponto 4. Como é óbvio, não me limito a dizer "coisas" no blog... o assunto está, evidentemente, a ser tratado com a CM.

      Eliminar
    2. Responde-me como se a estivesse a atacar.
      Estava a tentar dizer alguma coisa construtiva em vez de vir só largar um "és a maior" ou um "muito engraçada".
      Como deve ter percebido falei com conhecimento de causa por isso não vim só meter lenha na fogueira mas sim dar a perceber como as coisas funcionam do outro lado..
      Já percebi que fiz mal e que isso não lhe interessa.
      Lamento tê-la importunado.

      Eliminar
    3. Peço desculpa se a resposta saiu um bocado agressiva, mas também achei o comentário um bocado agressivo.
      É claro que estou a tratar do assunto com a câmara, o que não impede que não fale dele aqui no blog nem que parta do princípio que as pessoas, do outro lado, sejam burras. Foi isso que me deixou um bocadinho incomodada... de resto, está à vontade para concordar ou discordar de qualquer coisa que aqui for dita...

      Eliminar