sexta-feira, 23 de junho de 2017

Infelizmente não tenho uma irmã mais nova, nem mais velha, nem sequer um irmão a quem imputar estas situações menos próprias e não me resta outra opção que não a de desfazer o mito da blogger que não diz palavrões (pronto, Mirone, ganhaste, a taça é tua)


Mas como também quero entrar na corrente, "Títulos do caralhão" iniciada pela Susana Rodrigues e logo continuada pela NM, que isto já se sabe que eu não resisto a correntes, que me passam logo todos os males, quero é participar, dê lá por onde der, que isto as correntes são os novos selos, também eu tenho uma história que não é do caralhão mas é quase. 
Estava eu em casa doente, havia de ter uns três ou quatro anos, coisa que calhou na altura em que os meus pais se divorciaram, e vai que tive uma amigdalite, e então a minha Maman pediu a um amigo, médico, para me ir ver a garganta, para ver se era caso de antibiótico, mas caramba, médico era o meu pai, não era um qualquer que me entrasse pela porta dentro, isso é que não! e então ele lá chegou, todo amizade, ah que menina tão linda, mostra lá a garganta, todo cheio de boa vontade, mas eu não estava para ali virada, lembro-me bem que pensei de imediato "olha-me este, a fingir que é médico, quando toda a gente sabe que médico é o meu pai, espera lá que já te digo!", e então fui para a porta da varanda, uma porta de vidro alta, daquelas de correr, e toca de chamar o cão Bock, um pastor alemão gigante e mau como as cobras, toda eu aos gritos, e então o Bock veio, viu-me ali naquele estado e desatou aos saltos de corça do lado de lá do vidro, dentes de fora, baba assassina a escorrer para todo o lado, um Bock totalmente enfurecido, e eu aos gritos para o médico, "se não te vais embora eu solto o cão!", não soltas nada, vá, anda cá, faz ahhhhh, para vermos essa garganta, "ai solto, solto!" e à medida que ele se aproximava eu gritava, abanado a porta, uma frincha já a aparecer, o focinho do cão a resfolegar por ali, "Vou soltar, vou mesmo soltar o cão!", e o amigo da minha Maman já em pânico, a andar de arrecuas para a porta da rua, "não abras! não abras a porta!, que linda menina, tão simpática, abre lá essa boquinha para ver essas amígdalas", e o cão a ladrar e a saltar cada vez mais alto, eu eu a gritar "eu não abro a boca, vou é abrir a porta! ai abro, abro!" E então pus-me a pensar muito, que eu queria mesmo era ofendê-lo, agora a querer ocupar o monopólio do meu pai, estava-se mesmo a ver que estava ali um grandessíssimo mentiroso!, e então pensei, pensei, vou chamar-lhe um nome mesmo feio e cabeludo, o pior que sei, e então, depois de muito esforço, agarrada à porta da varanda, com o cão a saltar por trás de mim, gritei com todas a forças: SEU, SEU... (e a cabeça a pensar, as peças da engrenagem cerebral a ranger, a memória a abrir todos as pastas, a rever todos os ficheiros: como é que é? como é que é mesmo aquela palavra?! Vai Palmier, tu sabes!, tu sabes!, tu diz a palavra mágica que ele vai-se já daqui, e foi então, que a minha cabeça de quatro anos chegou finalmente ao pior insulto jamais proferido em terras lusas) , seu, seu... CARALHOTO!

23 comentários:

  1. Só a Palmier para me fazer rir desta forma! Tão bom

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  2. Ahahahahahahhahahahahahhahahahhahaha :D. Precisava disto!

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  3. Bem!!! Tu com 4 anos levavas cá um andamento! Upa, upa, que repertório fantástico de insultos que tu tinhas!

    Aposto que ainda hoje coras de vergonha quando recordas o epíteto!
    :DDDDD



    (Epá, agora que fui invocada no título do teu post sinto-me na obrigação moral de desfazer o mito a meu respeito. Vai ser difícil, detesto mesmo palavrões. É uma coisa de pele).

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    1. Estás tramada! Agora tem mesmo de ser! :DDDDDDDDDD

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    2. OMG!!! Isto não está mesmo prestes a acontecer, está?! :DDDDDDDD
      Go Mirone, go...

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    3. É agora! É desta que a Mi vai palavrear! :DDDDDDDDDDD

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    4. Felizmente tenho uma filha a quem posso imputar esse "linguarejar" :DDDD

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    5. Raios! Como é que não me lembrei disso?! :DDDDDDDDDDDD

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  4. Aiiiiiii Palmier, o que eu me ri!! Fico na dúvida se isso será palavrão, visto que no continente existe um pão chamado caralhota... Nunca consigo pedir o pão pelo seu nome.
    https://www.continente.pt/stores/continente/pt-pt/public/Pages/ProductDetail.aspx?ProductId=3851433(eCsf_RetekProductCatalog_MegastoreContinenteOnline_Continente)

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    1. Oh Páaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa! Coitado do pão! :DDDDDDDDDDDDDDDD

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  5. (o que eu quero saber é se o cão chegou a afiambrar o senhor doutor)

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    1. Qual quê! Diagnosticou-me uma doença completamente diferente da que tinha e saiu porta fora! no dia seguinte, aconselhou a minha mãe a levar-me ao psiquiatra! :DDDDDDDDDD

      (E era mesmo isso que eu devia querer, que psiquiatra é o meu pai :D)

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  6. e Maman, que fez Maman...?

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    1. Não sei, deve ter ficado em estado de choque! Mas a bonita palavra ficou para sempre! :DDDDDDDDDD

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  7. Foi assim um dois em um ahahahahahanahaha.
    O pobre médico ficou a precisar de um psiquiatra com toda a certeza.

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    1. :DDDDDDDDDDDD
      Se calhar, depois destes anos todos, ainda anda a fazer terapia!

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  8. Toda uma vida blogosférica a construir uma reputação intocável e agora isto?! Foda-se! =P
    (Eu posso, já que a minha reputação nunca sairá do nível do lixo onde está mergulhada há anos! =P)

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  9. Lembro-me da Palmier contar esta história nos primórdios do blog :)

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    1. Já tinha contado?! Que horror, não me lembrava! Devo estar a ficar idosa! :DDDDDDDDDD

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  10. Queremos a Palmier de volta! Só pode ter sido rapto extraterrestre, terrível tortura às garras dos malditos homenzinhos verdes durante aqueles dias em que esteve desaparecida.

    Enfiaram um rádio no cérebro da Palmier. Não está em si! Quando escreve, são os pérfidos extraterrestres os responsáveis. Tem acontecido muito. O Portas faz isto com o Mota Soares há anos...

    Poças! Está tudo perdido!
    Até tu, Palmier?!

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