Todas as manhãs o príncipe de Balata-Tufari acordava com o cacarejar do galo que tinha preso com uma pequena corrente de de oiro à perna da mesa de cabeceira, o galo que figurava, em destaque, no seu brasão de armas. O príncipe abria um olho, depois outro, espreguiçava-se lentamente e, sem perder mais tempo, pegava no seu espelho mágico e perguntava:
- Espelho de perlimpimpim, espelho de perlimpimpim, há alguém que não suspire por mim?
E o espelho respondia invariavelmente "todas suspiram por ti, oh meu príncipe!", e o temível príncipe, enquanto ouvia aquelas palavras reconfortantes, recostava-se no seu leito de talha dourada, enrolava as pontas do seu bigode aristocrático e pensava de si para si, "pobres mulherzinhas, hão-de aborrecer-se lá fora, na clareira, por força desejam vir viver para o palácio, dançar a polca todas as noites, no fundo suspiram pelo amor como uma carpa pela água na mesa da cozinha. Deixa-me ir lá vê-las... com três palavras de galanteio ficam a adorar-me" e, de seguida, levantava-se confiante, punha sobre os ombros o seu manto cor-de-rosa de longas penas de flamingo, abeirava-se da sua famosa janela gótica, debruçava-se, cabelos ao vento, e recitava lá para baixo, para as donzelas na clareira, belas palavras que elas bebiam deleitadas. O temível príncipe da Floresta de Balata-Tufari habituara-se, havia muito, a despedaçar corações e as donzelas, enfeitiçadas pelo seu principesco discurso, não arredavam pé e continuavam, estoicamente, a suspirar ante a possibilidade de serem as escolhidas para com ele partilhar um futuro fulgurante cheio de garrafas de vinho desrolhadas e portas automáticas que se abririam à sua passagem. E tudo ia bem no reino da floresta de Balata-Tufari.
Acontece que, certa manhã, e perante a pergunta da praxe, o espelho, gaguejou e acompanhado de uma música de fundo tétrica e assustadora, respondeu: "Nem todas suspiram, oh meu príncipe... aquela que vive lá em baixo nas masmorras, a responsável pelos resíduos orgânicos do castelo, não suspira!" e então, perante aquelas terríveis e hediondas palavras, o príncipe, fora de si, receando que aquele mal alastrasse como um rastilho de pólvora na floresta, resolveu tomar medidas drásticas e atravessou o castelo com o seu manto de penas de flamingo a adejar em seu redor, abriu a porta das masmorras com estrondo e expulsou-a do palácio pela porta da traição, dando ordens aos seus escudeiros para, de imediato - e como forma de mostrar às outras a terrível maldição que sobre elas poderia recair caso se resolvessem a tomar o caminho do mal, um caminho sem retorno -, retirarem o seu nome dos éditos do lado direito de da porta principal do castelo. Mas, ainda não satisfeito com o castigo que lhe infligia, dirigiu-se à sua janela gótica e, enquanto ela se afastava assustada e confusa, gritou, rubicundo:
- Vai-te, vai-te, que eu hoje estou para desconversar!
Por fim, e para erradicar o problema em definitivo, convocou os seus generais e deu ordens que se reunissem todos os aviadores do reino para que pilotassem os seus aviões baixinho, sobre a floresta, para lhe bombardearem o caminho de fuga. Mas ela já ia longe, conseguiu escapar da fúria real escondida dentro de um carrinho do lixo. Dizem que está a organizar um exército de amazonas para libertar o reino do jugo do temível príncipe do manto de penas cor-de-rosa.
E o espelho respondia invariavelmente "todas suspiram por ti, oh meu príncipe!", e o temível príncipe, enquanto ouvia aquelas palavras reconfortantes, recostava-se no seu leito de talha dourada, enrolava as pontas do seu bigode aristocrático e pensava de si para si, "pobres mulherzinhas, hão-de aborrecer-se lá fora, na clareira, por força desejam vir viver para o palácio, dançar a polca todas as noites, no fundo suspiram pelo amor como uma carpa pela água na mesa da cozinha. Deixa-me ir lá vê-las... com três palavras de galanteio ficam a adorar-me" e, de seguida, levantava-se confiante, punha sobre os ombros o seu manto cor-de-rosa de longas penas de flamingo, abeirava-se da sua famosa janela gótica, debruçava-se, cabelos ao vento, e recitava lá para baixo, para as donzelas na clareira, belas palavras que elas bebiam deleitadas. O temível príncipe da Floresta de Balata-Tufari habituara-se, havia muito, a despedaçar corações e as donzelas, enfeitiçadas pelo seu principesco discurso, não arredavam pé e continuavam, estoicamente, a suspirar ante a possibilidade de serem as escolhidas para com ele partilhar um futuro fulgurante cheio de garrafas de vinho desrolhadas e portas automáticas que se abririam à sua passagem. E tudo ia bem no reino da floresta de Balata-Tufari.
Acontece que, certa manhã, e perante a pergunta da praxe, o espelho, gaguejou e acompanhado de uma música de fundo tétrica e assustadora, respondeu: "Nem todas suspiram, oh meu príncipe... aquela que vive lá em baixo nas masmorras, a responsável pelos resíduos orgânicos do castelo, não suspira!" e então, perante aquelas terríveis e hediondas palavras, o príncipe, fora de si, receando que aquele mal alastrasse como um rastilho de pólvora na floresta, resolveu tomar medidas drásticas e atravessou o castelo com o seu manto de penas de flamingo a adejar em seu redor, abriu a porta das masmorras com estrondo e expulsou-a do palácio pela porta da traição, dando ordens aos seus escudeiros para, de imediato - e como forma de mostrar às outras a terrível maldição que sobre elas poderia recair caso se resolvessem a tomar o caminho do mal, um caminho sem retorno -, retirarem o seu nome dos éditos do lado direito de da porta principal do castelo. Mas, ainda não satisfeito com o castigo que lhe infligia, dirigiu-se à sua janela gótica e, enquanto ela se afastava assustada e confusa, gritou, rubicundo:
- Vai-te, vai-te, que eu hoje estou para desconversar!
Por fim, e para erradicar o problema em definitivo, convocou os seus generais e deu ordens que se reunissem todos os aviadores do reino para que pilotassem os seus aviões baixinho, sobre a floresta, para lhe bombardearem o caminho de fuga. Mas ela já ia longe, conseguiu escapar da fúria real escondida dentro de um carrinho do lixo. Dizem que está a organizar um exército de amazonas para libertar o reino do jugo do temível príncipe do manto de penas cor-de-rosa.
Uma dúvida assola o meu espiríto: quem empurrou o carrinho de lixo da responsável pelos resíduos orgânicos do castelo?
ResponderEliminarOu era um carrinho de lixo motorizado?
O caminho era a descer! : DDDDDDDDDDDDDD
EliminarAhahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahah!
ResponderEliminarOh captain, my captain...
Pobre Charlie, Será que o chamam outra vez?
Estou muito amuada! :DDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDD
ResponderEliminarChapeau!
ResponderEliminarNa falta da eloquência de palavras, ele será sempre o príncipe mas a Palmi a Rainha!
ResponderEliminarOra, ora, Palmier...não há jugo quando a prisão é voluntária. E também existem maneiras diferentes de se suspirar, sendo que, a indiferença, costuma ser o único verdadeiro indício de ausência de suspiros....;)))))))))
ResponderEliminarA Cláudia como fã número 1 tinha obrigatoriamente que vir em defesa
EliminarAnónima, aqui, nos blogues, não sou a número um em nada, a não ser que seja a divertir-me com isto, aí, não sei, depende do grau de divertimento alheio. De resto, quanto a clubes, só tenho um, chama-se Benfica. Quanto a ideias, tenho cá as minhas e cada um com as suas, não é verdade?
EliminarEste texto ainda há-de figura nos anais das parábolas que passam o ensinamento de que se aprende a "odiar" na exacta medida em que se desaprende de "encantar". Nietzsche não diria melhor. :)
ResponderEliminarQue bela prosa com um objecto pobrezinho.
Sinto-me burra :/ estou há horas a tentar compreender este comentário :)
EliminarO seu blog tem tanta piada que por vezes nos impele para a tolice. Quer-se ser engraçado e é-se perturbador - com toda a inconveniência que a palavra encerra.
EliminarNão era, de todo, minha intenção tomar-lhe tanto tempo.
Aceite as minhas sinceras desculpas, Palmier. :)
Humpf... lá vou ficar sem perceber :))))
EliminarPois que já fui buscar o fato de amazona, puxei o lustro às espadas, avisei o cavalo que se prepare e cá estou à espera da ordem de marcha!
ResponderEliminar(a alegórica continuação não vai demorar tanto quanto o header a surgir, pois não?)
... e o Príncipe, cofiando a suavidade da sua barba, repousada no branco imaculado da camisa sem bolso nem brasão, sobre a perfeição de um invisível windsor cuidadosamente preparado pelo seu pajem predilecto, aquele que sempre apreciou Cutty Sark pouco velho, senta-se, finalmente tranquilo, no seu trono, cohibas behike na mão direita, Ulisses na esquerda, a mais proxima da enorme lareira, meditando no destino do seu incomensurável aquário de delicadas carpas e nos eternos problemas das Mulheres ...
ResponderEliminarÉ por isto que leio blogs!
ResponderEliminarTambém não gosto muito de cor-de-rosa, Palmier :)
ResponderEliminarAposto que o galo do temível príncipe da floresta de Balata-Tufari cantava assim de manhã, sempre que olhava para ele: https://www.youtube.com/watch?v=q_pQNrqN3tQ
ResponderEliminarHIP, HIP, HURRA!
ResponderEliminarAhahahahahahahhahahahahhahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahaahahahahah
ResponderEliminarMas... Hum... Cheira-me que isto és tu a fantasiar... Aquele que se me ocorre "cofia a barba", não enrola pontas de bigode nenhum...
Ahahahahahahahahahaahahah
ResponderEliminarAhahahahahahahahahahahahahahahahahahaahahahahahahahahahahahahah
Só queria ser mosca na floresta de Balata Tufari!
Adormeci a meio....já parece o Arrumadinho!!
ResponderEliminarIsto aqui está bonito!
ResponderEliminaré bom que o escudeiro se chame Belerofonte e o cavalo seja um pegaso ou as amazonas transforma-no em picadinho
ResponderEliminarPronto, pronto já voltou à barra lateral. :))))
ResponderEliminarJá tinha voltado, não foi resultado do post :)
Eliminar(quanto muito, posso voltar a desaparecer :D)
Sinto me burra. Não percebi nada.
ResponderEliminarOhhhh mas então já não podemos ser todos amiguinhos e plantar árvores na floresta de mãos dadas e construir casinhas e assim?
ResponderEliminarGuerra é guerra, Cuca... poder podemos, mas é um bocado perigoso :DDDDDDDDDD
EliminarO meu galeão é a suíça.
EliminarE n era a mesma coisa :p :)
EliminarCuca, se quiseres podes ser árbitro :D
EliminarMe, acho que sim (espero que sim :)
Continua animado!
ResponderEliminarSim! Sim! Sim! Quero ser o árbitro!! Ohhh deixem-me ser o árbitro! Faço isso tão bem!!!
ResponderEliminarEu sabia que não ias resistir! :DDDDDDDDDDDDDDD
EliminarDoce Palmier,
ResponderEliminarEla vencerá a guerra, se tudo não passar de um exercício de paz no seio dos Blogues Unidos.
Ela, sozinha e com demais Amazonas, não terá ao menos um cozinheiro consigo? Um empurrador de coche de dois ceirões?
Que texto bem-disposto.
Boa noite,
Outro Ente.
Temos escravos, claro! :DDDDDDDDDDDDD
EliminarO carro do lixo não é um carro alegórico, certo ? ... ufff , ainda bem!
ResponderEliminar... e depois ainda há aquela passagem " abeirava-se da sua famosa janela gótica, debruçava-se, cabelos ao vento"... que topete, hum ??
:))))))
EliminarSe é príncipe da floresta de Balata-Tufari, só usa o manto de plumas de flamingo e, pelo sim pelo não, uma parra (pequenina, aposto) a tapar a partezinha. Desta vez o Quiescente deu um tiro ao lado, ao referir-se à camisa branca. O príncipe vai nú...
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