Porque apesar de achar que as pessoas que fogem da guerra e da morte com os filhos às costas e de estômago vazio devem ser ajudadas, acho que isto é bem mais complexo e até bastante inteligente, que lá os tais terroristas façanhudos do ISIS sabem bem como é que nós aqui na Europa reagimos, as tensões que existem, os medos que se instalaram nas nossas cabeças, e perceberam que afinal não precisam de vir cá pôr (tantas) bombas, basta usarem os seus compatriotas como arma de arremesso, proporcionar-lhes a travessia e enxotá-los como moscas moles para as costas da Europa, fazendo-os deambular como os zombies do The Walking Dead pelas nossas estradas bem asfaltadas, que nós cá, à conta dessa visão macabra de pobreza extrema e indignidade, nós que estamos habituados a uma pobreza civilizada e cortês, nos encarregaremos de nos zangarmos uns com os outros, basta olhar para a tensão entre a facção dos humanitários que já estão ali na fronteira, mão em pala sobre os olhos, prescrutando o horizonte, à espera do primeiro Sírio que apareça, para o poderem instalar em sua casa e aconchegar-lhe os cobertores ao cair da noite, e os outros, os que se apressam a construir muros de betão e barreiras de arame farpado, que os querem a todos daqui para fora, como se se tratassem de portadores de um ébola cultural pronto a infectar os alicerces da nossa sociedade cristã.
Este relatório da Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados é útil para se entender a escala temporal do problema dos refugiados da Síria. O movimento dos refugiados surgiu no seguimento de uma violentíssima repressão do governo sírio no início de 2011 (inclusivamente com gás sarin) contra as populações civis. Primeiro, estas deslocaram-se para os países vizinhos (Turquia, Jordânia, Líbano). Actualmente, a Turquia tem cerca de 2 milhões de refugiados, o Líbano perto de 1 milhão. À Europa, parecendo que chegam muitos, são uma ínfima minoria. Um problema complexo -- que a Europa ajudou a criar, historicamente, e só tem incrementado, com a sua habitual incapacidade de decisão (e outros interesses, pouco claros).
ResponderEliminarMas sabendo que têm asilo o número é bem capaz de aumentar (não sei se as vagas dos últimos dias - que temos assistido - não são já reflexo disso mesmo. mas sinceramente não sei, se calhar já existiam e a comunicação social não nos mostrava...). Que o problema tem de ser resolvido na origem, parece-me evidente, agora por quem e como, não faço a mínima ideia. Acho que todas as intervenções ocidentais naquela zona se mostraram absolutamente desastrosas... e enquanto isso, os façanhudos do ISIS devem esfregar as mãos de contentes de nos verem de mãos na cabeça a braços com esta "invasão"...
Eliminar(e sim, há que continuar a ter mercado para o armamento...)
EliminarE em 2007, a própria Síria tinha já (segundo o Alto Comissariado) acolhido 1,4 milhões de refugiados do Iraque — e sido deixada à sua sorte, sem apoio. E ainda assim: Syria, with 1.4 million Iraqis, is the only country in the region that allows free public school access for all Iraqi children. But there is not enough space to take them all in.
EliminarComo a Europa (e os Estados Unidos) têm estado longe, tão longe, do problema que criaram.
Alguém foi ali àquela zona, abriu a torneira dos refugiados no máximo e agora ninguém a sabe fechar...
EliminarA Palmier está com algum receio que algum lhe caia na sopa ou que, estando de férias, apareça-lhe suit adentro. Também lhe deve passar pela caixa de parafusos, mal aparafusados, a possibilidade de lhes entrar obra adentro e lhe façam daquilo "uso campeão", tal como alguns ingleses que depois de umas feriazinhas na Grécia, voltaram ao seu país, su'pa incomodados, que os refugiados estragaram-lhes as férias, malvados, que incómodo, que aborrecimento!
EliminarApenas fazemos/dizemos/escrevemos aquilo que já foi feito/dito/escrito pêlos seguidores do tio Adolfo, muito antes da carnificina. Tenha juízo, e vergonha na cara, senhora!
Se calhar lia melhor aquilo que escrevi...
EliminarPalmier, tu és corajosa por publicares um comentário tão infame e com tantos erros. Só não é cómico por ser tão trágico. "Uso campeão"? Misericórdia!
EliminarE és também ultra educada por só responderes o que respondeste. Duvido que eu fosse capaz. Parabéns.
Ah, e grande post. Outra vez: parabéns.
;)
Obrigada :)
EliminarCaro Anónimo, é escusado, bem sei que, como de costume, quer vir aqui atear um fogo (ridículo, diga-se de passagem), mas não vai ter sorte nenhuma. Olhe... é a vida...
Eliminar:(
ResponderEliminarEntre o receber todos e p não receber nenhuns, acredito que haja uma solução razoável. Também tenho muitas dúvidas.
ResponderEliminarAcho que ninguém faz a mais pálida ideia de qual é a solução...
EliminarPrimeiro, finalmente alguém que nao está tao embrenhado numa visao só romântica do problema que consiga ver que "nem 8, nem 80". Parabéns pelo post, acima de tudo, sincero.
EliminarE a soluçao é "fácil"... Basta acabar-se com o escoamento de armas (não produzindo o EI e outros as suas próprias armas, como raios é que eles as conseguem? EUA, Rússia...) e com o desvio das atenções do petróleo. Porque enquanto o mundo árabe luta internamente, os países interesseiros entram de fininho e trazem o petróleo e outros a preços muito mais "simpáticos".
Enfim... Os governos criam uma fachada de solidariedade e humanismo, mas por debaixo sao eles próprios que criaram esta situação e a única maneira de realmente ajudar, é lá. Não é aqui.
Nem mais!
EliminarLá, não aqui e de forma concertada.
Atacar o mal na raíz e criar condições para que as pessoas não tenham de fugir.
:D
ResponderEliminar:(
ResponderEliminarObrigada Palmy, disseste-o tão bem!
ResponderEliminarMas lá está, por melhor que se diga, não se resolve nada :(
EliminarE pior do que isso, algumas pessoas não o querem entender...
EliminarVai ser um ver se te avias de motins, um extremar de posições que só a nós todos prejudica...
Tens toda a razão; se o inimigo o tivesse planeado não poderia estar a correr melhor!
Principalmente recebe-los mas não de forma permanente. E mante-los devidamente registados. Sabemos das discrepâncias culturais e de como passado algum tempo deixam de ser os que procuravam abrigo e passam a ser aqueles que tentam impor a sua cultura aos outros. De repente fazem mais filhos, mandam vir o resto da família e a sociedade o que faz? Quando as pessoas os virem permanentemente a receber casa e subsídios não sei se serão tão tolerantes. É que aqui também muita gente já perdeu o que tinha, não há guerra tradicional, mas guerra económica. Principalmente penso que a negociação com o governo Sírio terá que acontecer mais tarde ou mais cedo. Que se criem condições para o regresso dos povos, com ajudas da Europa mas sem fazer do continente residência permanente de todos os que aqui agora chegam.
ResponderEliminarO tema é sensível e complexo, não porque é discutido com o coração e não com a razão, como muitos dizem, mas porque tudo está interligado (a Europa e os refugiados) e todos, à sua maneira, têm alguma razão. Vivendo em democracia, somos - todos - responsáveis pelas políticas de quem elegemos, e a verdade é que quem elegemos - na Europa - tem permitido, senão aproveitado, os conflitos em beneficio económico de alguns grupos empresariais. O tempo é demasiado curto, para nos recusarmos a esta responsabilidade.
ResponderEliminarDepois vem a outra parte, por que razão a OCI não actua? e já agora, por que razão querem os muçulmanos a Alemanha e não um país árabe rico? (liberdade? democracia? acredito que sim).
Independentemente da falta de resposta atempada e planeada da Europa, da falta de culpabilização dos líderes podres de ricos de países tão pobres (refiro-me a gente que foge da pobreza, e não da guerra, não nos esqueçamos que estas vagas de migrantes não começaram ontem), e de achar que o problema de fundo terá de ser solucionado nos países de origem (devolver os países os seus habitantes, isso sim, é ajudar), mas não acreditando nessa possibilidade a curto/médio prazo (penso que nem a longo, sou uma descrente na humanidade), para mim, aqui e agora, só faz sentido ajudarmos estas pessoas a sobreviver, com dignidade e esperança. O que me assusta - e talvez a muita gente - é saber que não temos economia para aceitar tanta gente, nós próprios vivemos com uma taxa de desemprego demasiado elevada. É verdade que, por cada migrante, há uma ajuda financeira da UE, mas todos nós sabemos para onde têm ido as ajudas financeiras neste país... fundações, luxos e mordomias, job for the boys, cadeira em ministérios... como de costume, havendo falta de transparência, a corrupção prolifera, até à custa dos pobrezinhos, o que não é coisa nova.
Os países árabes ricos não os querem lá.
EliminarBasta olhar para o mapa e ver que o êxodo se faz para Norte porque a Sul estão mais conflitos... para chegarem por exemplo à Arábia Saudita teriam de atravessar todo o conflito sírio (que está maioritariamente concentrado a Sul), para chegarem ao Bahrein ou ao Dubai seria necessário atravessar toda a Arábia Saudita que o permitiria se lho pedissem mas acontece que não pediram (os que fogem são xiitas e não lhes interessa ir para um país de maioria sunita), para chegarem a Israel - que me parece que esses sim lhes diriam mesmo que não, mas é só uma opinião minha, tendo por base as palavras em que um dos líderes israelitas descreveu a nação israelita desta forma“ somos um país judeu e por isso não temos lugar para outras crenças que viriam descaracterizar e tirar a razão de ser desta nação” – voltando ao tema, para chegarem a Israel seria preciso que atravessassem a faixa de Gaza onde os conflitos se sucedem há anos, e por aí fora.
EliminarPosto isto, reitero que só lhes resta fugir para Norte.
Agora como raio distinguiremos nós o trigo (os que fogem mesmo da guerra e da fome) do joio (os infiltrados) isso é que eu não sei...
Pois... acho que ninguém sabe... :/
EliminarEu li refogados e, não querendo ser insensível, também gostaria de um post sobre isso...
ResponderEliminarUma situação que tem de ser resolvida resta saber em que termos!
ResponderEliminarQue grandes férias, Pipoca Arrumadinha!
EliminarForam boas!
EliminarOlha, tens toda a razão! Realmente é mto facil semear o caos e a discórdia neste país minúsculo...uns n olham a meios p ajudar no q podem, outros dizem q "é mas é correr com essa escória" (sim, já li isso).
ResponderEliminarIsto é tudo mto triste. A situacao em si e as reacções q anda a gerar. Atenção, eu n sou a madre teresa e n acho q seja um problema fácil de resolver, mas nem tanto ao mar nem tanto à terra...
ORA, PORTANTO, DEIXA VER SE ENTENDI...
ResponderEliminarO EI anda a matar aquela gente toda por lá pelas Sirias, o povo foge de lá como ratos de um navio a naufragar...mas depois os refugiados vêm para a europa propagar os credos daqueles que lhes tiraram tudo, é isso?
...ah, não, é que são muçulmanos...por isso são todos iguais! claro! Que burrice a minha.
Mas realmente era bem mais agradável que alguém tratasse disso lá na terra deles e nos deixassem por aqui na paz do senhor. Parecendo que não somos pessoas ocupadas!
Não, não entendeu... por acaso saberá ler?
EliminarPonto 1. "as pessoas que fogem da guerra e da morte com os filhos às costas e de estômago vazio devem ser ajudadas".
EliminarPonto 2. O que está dito no texto, e já que tanto insiste, é que basta o ISIS, depois de criar um clima de morte e terror, enviar-nos estas pessoas, nas terríveis condições que todos conhecemos, para que nós nos zanguemos todos uns com os outros, os que são a favor de acolher os refugiados e os que são contra e os querem expulsar.
No fundo aquilo que o Anónimo acabou de fazer... sem sequer querer perceber o que está escrito em cima entrou por aqui dentro aos tiros, como se eu tivesse dito que não se devia ajudar ninguém...
Resumindo... O ANÓNIMO NÃO ENTENDEU MESMO NADA!
EliminarÉ normal, há gente que gosta de arranjar confusões e, quando não tem como... Inventa!
Li agora mesmo o Nuno Markl a queixar-se assim "... que o que gera discussões alarves e violentas nas redes sociais é o quão superficiais somos, basicamente, todos nesta era de opiniões rápidas, como as pizzas. Esplêndido termos liberdade para dizer tudo o que achamos; o próximo passo é começarmos a pensar mais. E talvez um dia isto seja tudo mais interessante e produtivo, e menos 'vai pó c@r@!#*', 'vai tu'"
Mas que é uma oportunidade soberana para a infiltração de células terroristas na Europa, isso é.
ResponderEliminarGosto de me divertir com o que a Palmier escreve, e muitas vezes gosto também de reflectir acerca das coisas que leio por aqui. Mas fiquei bastante decepcionada com este post. É o tipo de comentário que não quero ler nem aqui nem em lado nenhum. Não acrescenta nada, apenas baralha, especula e desvia do essencial. Temos uma obrigação moral para com estas pessoas, estas famílias e estas crianças.
ResponderEliminarRita
Rita, das duas uma, ou me expliquei mal, ou o texto é de difícil entendimento.
EliminarEm primeiro, começo por dizer exactamente o que diz no seu comentário: que estas pessoas devem ser ajudadas.
Em segundo, chamo apenas a nossa (de nós todos) atenção para a agressividade com que os "grupos" pró-ajuda e os "grupos" contra-ajuda se degadiam entre si. Basta abrir uma qualquer notícia sobre esta assunto para verificar isso mesmo. E digo apenas que os ditos senhores do ISIS se devem congratular com isso, com a instabilidade que provocam entre nós e que isso talvez seja motivo para nós (todos) reflectirmos na nossa atitude. Espero que fique mais claro...
Muçulmanos recusam comida por ter o simbolo da cruz vermelha na caixa ( ver video ) https://www.youtube.com/watch?v=1tatsgwBpuY
ResponderEliminarJá tinha visto o vídeo. É de facto estranho, mas falta-lhe o contexto...
EliminarEsse vídeo é pura propaganda. Contextualizando: os refugiados recusaram a comida em protesto pelas condições em que estavam a ser tratados. Não teve nada que ver com a cruz. Propaganda extremista.
EliminarEstiveram muito mal sim mas o protesto nada tem a ver com o símbolo da Cruz Vermelha; manifestaram-se desta forma porque os húngaros lhes permitem a passagem mas não a permanência.
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