O supermercado estava cheio, os corredores apinhados, as prateleiras todas desarrumadas, tudo a apanhar as últimas minis e a lutar pelos últimos peixes enterrados no gelo, com os olhos baços e gelatinosos. Uma espécie de armageddon alimentar ali entre as latas de atum e as de salsichas, mas mesmo assim persistimos, eu e a minha filha, em contra-corrente por ali fora, a evitar um carrinho veloz, a saltar por cima de um cesto a transbordar, agarrando as nossas coisas contra o peito, não fosse alguém surripiá-las à má fila. E depois, bem, depois chegámos às caixas para pagar, só havia umas quatro ou cinco abertas, as filas gigantes arrastavam-se até ao infinito, os carros a deitar por fora, os corredores em redor todos entupidos, e nesse momento eu lembrei-me que queria um melão. Tinha de ter um melão. Era imprescindível comprar um melão. Assim, enquanto a minha filha ficou na fila eu atravessei o supermercado de uma ponta à outra, por entre carros despistados, filas desordenadas, pessoas sentadas no chão, pedindo licença a toda a gente, dá-me licença, dá-me licença, até que peguei no meu melão e iniciei o percurso inverso. O pior foi quando cheguei ali junto da caixa seis, eu com o meu melão no regaço, pedi licença a um senhor e ele nada. Não se afastava nem reagia. E eu voltei a pedir licença porque era impossível passar de outra forma, que os carros estavam todos juntos uns aos outros, não fosse alguém intrometer-se na fila e ficar-lhes com o lugar, as pessoas com cara de facínoras, prontas a atacar um qualquer fura-filas imaginário, e o senhor nada. E eu voltei a insistir, dá-me licença?, e ele então gritou-me, mas gritou-me mesmo muito alto: não vê que o corredor é ali?! Ali? Disse eu assustada, ali onde? Ali, dizia ele, enquanto apontava para o sítio onde os carrinhos se colavam uns aos outros impossibilitando a passagem da formiga mais afoita. Foi então que eu e o meu melão ficámos ali, encurralados, os dois a tremer de medo, nem para a frente nem para trás, e teve de se iniciar uma gigantesca manobra de marcha a trás de todos os carrinhos daquela fila, porque aparentemente naquele sítio em que o senhor se encontrava não era corredor.
Solução compras online!! Já fiz a minha encomenda no continente, no conforto do meu sofá em Lisboa diretamente para o Algarve. Claro que há sempre aquelas coisas do dia a dia, mas bebidas e tudo o que dá para comprar com antecedência vão na encomenda que chega no mesmo dia que eu! Não quero outra coisa!!
ResponderEliminarBoas férias, vou estar do outro lado da ria... Alvor e nunca mais chega domingo!!
Até Domingo! :)))
EliminarVê se logo que não és capitalista. Ir para o Algarve em Agosto. C'horror odeio gente pobre. É cada melão que se apanha nesses sítios. Deusmalivre 😅
ResponderEliminarQue horror! Esse cenário dantesco até me deu calafrios! Lembro-me da minha filha pequenina e eu ter ido à praça em Armação de Pêra, comprar uns legumes para uma sopinha... Depois de muito tempo, voltei para o carro onde o meu marido desesperava com a bébé cheia de calor e rabugenta, com um saco pequeno de legumes murchos e pisados e para os quais paguei o equivalente a uma barra de ouro!!
ResponderEliminarAlgarve em Agosto... nunca mais!!
Ah ah ah
EliminarAposto que isso foi depois de ter isso á praia deixar a toalha a marcar o lugar, não foi? :D :)))
Very typical!
ResponderEliminarBem...ao menos o melão era bom? ;)
ResponderEliminaro que me ri com esta descrição fantástica e tão real do Algarve em Agosto. Este ano não vamos rumar a Sul, encontramo-nos para o próximo ano lá em baixo. Coragem Palmier. Beijinho
ResponderEliminarAi Palmier até fiquei aflita por si! Os meus tios têm uma quinta cheia de melões, diga-me para onde posso enviar uns 20 para que não volte a ter de passar por isso :D
ResponderEliminarAhahahhahahahahhahahahahahahaahhahahahahhhahahahahhahahahahah
EliminarConsegui trazer o meu melão sã e salva! Ainda não tive foi coragem de o abrir :D
O verdadeiro armageddon!
ResponderEliminarEstás no mesmo Algarve que eu?! :D
ResponderEliminarNão sei porquê li a primeira frase como se fosse uma letra alternativa do Anel de Noivado do Trio Odemira e agora isto não me sai da cabeça. Todos temos o nosso inferno, é o que é.
ResponderEliminarAcho realmente piada que se queixem das filas enormes e da falta de estacionamento, ou dos poucos lugares livres nas praias quando são eles próprios que fazem as enchentes. Chegam cá reclamam de tudo, mas também não deixam de cá vir, são extremamente mal educados com quem está a trabalhar, vêm com o dinheiro contado mas fazem questão de parecer doutores, não sabem conduzir nem respeitam sinais de transito, só empatam quem precisa ir para o trabalho. Queixam-se das filas do supermercado quando só 10% da fila é composta pelos residentes (estes sim podem queixar-se, saem do trabalho, alem de terem de levar com eles no transito, ainda têm de os aturar a reclamar no supermercado). E depois ainda acham que estão a contribuir para a nossa "riqueza". Vêm 20, alugam um t1 de 250€ para 15 dias, e passam os dias enfiados no supermercado em busca das promoções.
ResponderEliminarO Algarve em Agosto dava um Blog! É com cada palhacinho da obra armado em Sr. Doutor.
Um T1 de 250€ por 15 dias?!?!? No Algarve??? Só se for em Janeiro, caro anónimo!
EliminarA mim, já me pediram 1000€ por 1 T1, por uma semana, em Albufeira, no mês de Agosto!
Sendo que a Palmier é empresária, está a passar férias na casa dos pais e está muito longe de ser pé descalço, essa sua diatribe não é muito adequada.
EliminarA Palmier estava a responder a alguns Posts que dizem que o Algarve está uma calmaria. E a relatar a falta de gentileza de uma pessoa.
Mas este comentário seria para mim ou era só um desabafo pelas enchentes do mês de Agosto? é que eu que sou praticamente algarvia!
EliminarComentário very typical também, o Algarve em Agosto é isso tudo e mais um par de botas, já agora junto duas queixas, gosto que me dirijam a palavra na minha língua materna e que não me cobrem dinheiro a mais por um café só porque e nas palavras da pessoa com quem vivo em pecado (30 anos de pecado) pareço mesmo uma bifa e assim não dá!
EliminarAcreditenos que era apenas um desabafo e que o dia tenha corrido mal. A anonima, se segue a Palmier, ja se deve ter com certeza apercebido que o que diz no comentario nao se aplica a si em nenhum dos pontos. Pena foi nao ter percebido que o seu comentario era sobre enchentes e a falta de polidez de algumas pessoas nestes contextos e tenha respondido na mesma medida. Ademais, acrescento que (nao em todos os sectores), sao os turistas que, sim, trazem riqueza à regiao. Nao fosse ser um dado conhecido, foi-me igualmente dito em maio por um trabalhador da industria hoteleira que apenas tem trabalho 6 meses por ano.
EliminarMeu querido mês de agosto :)
ResponderEliminarAdoro ir à praça cá! Hoje trouxe uns percebes de chorar por mais!
ResponderEliminarP.S: por acaso acho que isto está mais vazio este ano
Pois nós fomos buscar uns à Raposeira! Maravilhosos!
EliminarEu como vou para a Meia-Praia nunca sinto assim muitaaaaaaa gente. E a verdade é que sou capaz de passar aqui um mês sem ir ao centro de Lagos :)
Eu também vou para a meia praia e para a que fica mais longe da marina (calma não é a dos nudistas)!
EliminarEu vejo mais gente é à noite!
Que sorte que a empregada de caixa não ficou a ler a "sua"Vsão enquanto a família se escondia dos irados banhistas que se seguiam na fila monstra, como se fosse culpa sua que a pequena se risse alarve e barulhentamente do estava a ler...
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