quarta-feira, 23 de novembro de 2016

O estranho caso de Tagik, o berbere contador de estórias - segundo fascículo

Quando amanheceu, o rei apercebeu-se que sonhara com uma esfinge que lhe revelara a localização exacta do país em que os homens tinham como ofício a criação de contos, mas antes que pudesse reter a resposta, ela diluíu-se num remoinho criado por Poseidon que a levou, juntamente com um cardume de pequenos peixes dourados, para as profundezas do oceano. Confrontado com um problema de tamanha magnitude, o rei, na sua busca incessante pelo País dos Homens que Escreviam Contos, foi a Roma, ouviu abades e sacerdotes, participou em sínodos com os mais reputados teólogos, comungou em basílicas e orou de joelhos nos mais diversos conventos, o sumo-pontífice recusou-se a recebê-lo, mas o rei vingou-se pecando na Sicília, onde contactou mafiosos que, dizia-se, tinham a chave do enigma. À procura, sempre à procura, por toda a parte, a perguntar, a fotografar, a filmar, vinte e dois contentores repletos com todas as provas que ía recolhendo, mas a resposta, a localização exacta do País dos Homens que Escreviam Contos sempre a fugir-lhe, a escapar-lhe por entre os dedos. Em Creta procurou nas ruínas do labirinto de Lesbos. Foi a Meca. No Mar Vermelho mergulhou com pescadores que murmuravam à socapa que o País dos Homens que Escreviam Contos se localizava no fundo do mar. Na margem do Nilo, perto das pirâmides, atravessou uma passagem secreta que, acreditava-se, o levava ao seu destino, mas quando a transpôs, o rei deparou-se com a múmia de Tutankhamun que lhe lançou uma maldição... 




Fascículo 3 - AQUI



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