segunda-feira, 31 de julho de 2017

O que vês da tua toalha, Palmier?

Vejo várias duplas das raquetes, lá mais ao fundo estão dois americanos ao estilo Leonardo Dicaprio, loiros, bronzeados, em forma, ray ban wayfarer, calções ralph lauren, quase não saem do sítio, a bola vem ter com eles como que por magia, e eles cortam-na com estilo, a raquete tipo lâmina, só o tronco é que dança, no fim do jogo, em vez de darem um mergulho, podiam perfeitamente entrar num daqueles descapotáveis cor-de-rosa dos anos cinquenta e partir em direção ao pôr do sol ao som dos Beach Boys.
À minha frente estão dois alemães, ele de t-shirt vestida, para prevenir o escaldão, ela muito loira e coradinha, são daqueles que jogam muito perto um do outro, só se ouve a bola, tic, tic, tic, super rápida a percorrer os dois metros que os separam, muito concentrados e profissionais a darem o seu melhor. Não é um jogo bonito mas é eficiente e isso é que importa. Ao meu lado, quase em cima de mim- não tardará que me acertem - está um avô e um neto, a bola vai muito alto, em balão, para dar tempo de a apanharem, e apanham mesmo, e atrás de mim, na areia seca e quente, com o sol a pique, estão dois portugueses, um casalinho a tentar ver-se livre dos quilos a mais, ele a dar instruções de como bater a bola como deve ser, é assim! exemplifica ele, assim! ela a correr por todo lado com o seu cai-cai indiscreto, toda transpirada, super empenhada, a esforçar-se imenso, ele a atirar bolas impossíveis de apanhar, ela a mergulhar no areal em croquete e a falhar por centímetros e ele repetidamente danado,  a contrair os maxilares, a dizer que não com a cabeça e a fazer gestos bruscos com os braços, para mostrar o seu descontentamento.
Depois distraí-me com aquele grupo de senhoras muito crescidas que desceu dos toldos dentro de bóias de flamingos, unicórnios e melancias e levei com a bola do avô e do neto na cabeça.

sexta-feira, 28 de julho de 2017

E então chegaram uns franceses a uma das casa aqui ao lado

E perguntaram como se chama o cão, tão lindo - mal sabem eles que vão ter de atirar a bola, non stop, durante todos os dias das suas férias- e a minha Maman respondeu que se chama Canis. E eles então olharam atentamente para o cão, muito intrigados, e disseram: Ah, já percebemos, quando o comprou ele era muito pequenino, pensou que tinha aí um caniche e depois ele cresceu e bum, saiu este cão. 

segunda-feira, 24 de julho de 2017

De todos os personagens que se podem representar nesta vida

Pergunto-me sempre por que razão alguém escolhe ser o aborrecedor desagradável.


Convocatória

Palmier Encoberto convoca à sua presença todas aquelas que ousaram esculhambar violentamente Cerebrus, a Orquídea de Três Cabeças.



E agora, ainda vão dizer que Cerberus, a Orquídea, é uma desgraçada?!


sábado, 15 de julho de 2017

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Quando é que eu aprendo?! É que já sabia que isto ía acabar assim...

Na realidade eu estava bastante tranquila porque tinha lá aquele vestido no fundo do guarda-fatos, uma arma secreta que tem mais de quinze anos mas que continuo a achar lindo - aquela farda segura e sem margem para erro - e ainda me servia impecavelmente, o que é logo um ponto a favor para o outfit, e fui à sala toda kitada e segura de mim própria e perguntei "e este, o que acham?" e a minha filha lá acenou de volta, apreciadora do conjunto, e respondeu que sim, que era mais giro, e eu então fiquei à espera da opinião do meu filho - só numa de confirmar o óbvio-, mas ele não estava cooperante, e eu tive de insistir "e tu, o que achas?" e então ele lá se dignou a levantar os olhos do jogo amigável de pré-época do Sporting, que como toda a gente sabe é uma coisa super emocionante, e disse simplesmente: "Não!" E eu, que tenho aquele vestido como o ex libris dos vestidos, perguntei-lhe chocada "como assim: "não."?!" e ele fez aquela cara de daaahah! e acrescentou "Já viste esse tecido?! Pareces um astronauta!"

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Meu bom povo, vem atjé Paumier, qui Paumier vai fázer uma magia dje Iemanjá prá ocê e vai lévantár voo, áqui meismo, djiantje dos vossos olho

Em sua défesa Paumier tem a djizer:

- qui à boda vai si realizar no câmpo e Paumier pensou qui um istampado florau era legau prá xuxu;
- qui quando encómendou seu vistjido, Paumier ainda istava sob a influência dji sua pintura dos morcego;
- O vistjido ainda não foi na engomadoria, não. Tau foi o suisto que Paumier levou quando tirou ele dá caixa, qui Paumier botou ele lá dentro dje novo, todo machucado, prá não ter dje encarar mais essa situáção.



E agora ai dje voceis si derem risada!

(Não esquenta não, Paumier vai lévar o vistido do ano pássado no cásamento e usár esse daí prá um piquiniqui numa florésta distantje, daquélas bem inácessiveu à espécie humana)


quarta-feira, 12 de julho de 2017

Situações diversas

Entregaram-me ontem o vestido que encomendei on-line, para o casamento no Sábado. Em virtude de situações aqui passadas anteriormente, acho que não o vou mostrar.

Tiraram os andaimes. O cinzento mais claro é assustadoramente escuro.

Infelizmente não tenho sapatos cómodos para andar em salas de reuniões. Mas gostava muito. Dão imenso jeito para as afamadas walking meetings, aquelas reuniões em que as pessoas querem tratar de assuntos mas nós só queremos correr à volta da mesa.

Enquanto esse desejo não se me realiza, fiz-me ao mar com o meu robalo. Estamos neste momento a virar o cabo de São Vicente e prontos para atacar a marina onde a Cuca está ancorada..


terça-feira, 11 de julho de 2017

Conversa em linhas paralelas

Ao fim da tarde lá fui buscar a criançada à vela, que nesta altura do ano há que arranjar actividades dê lá por onde der, mas a atracagem estava atrasada, os barquinhos pequeninos (como este) já estavam todos arrumados e fora da vista



e a miudagem estava toda nos grandes (como este), a limpar, a arrumar e a desempenhar as tarefas que os marinheiros de água doce têm de desempenhar 


e eu sentei-me lá num banquinho, à espera, e nisto aparece um pai com um ar meio perdido, que aquilo de ir pôr e buscar era claramente tarefa da mãe, e de seguida aparece o filho, um miúdo para aí com dez anos, todo encharcado. Então estás todo molhado? Ah e tal, o barco virou-se. E então vejo o pai a ficar lívido, com um ar aflitíssimo "o barco virou-se?!" e o miúdo com um ar normalíssimo, que sim, que se tinha virado, ele e o amigo tinham caído à agua, e o pai nervosíssimo foi ter com um instrutor, ah e tal, o barco virou-se? E o instrutor com um ar super tranquilo, que sim, que se tinha virado, mas porquê, ele  - o filho - assustou-se?, e o pai branco como a cal, não, não eu é que gostava de saber o que se passou, enquanto olhava lá para baixo, de soslaio, para os barcos grandes, e então o instrutor começa a falar, a dizer que faz parte, que eles têm de se saber desembaraçar, de trabalhar em equipa, e o pai a perguntar a medo "ah, mas depois para virar o barco outra vez é que deve ter sido pior, tiveram de os ajudar com certeza..." e o instrutor a dizer que não, que os meninos tiveram um treino no primeiro dia, que só saem da doca depois de saber virar o barco, que, no mar, têm de saber que estão por conta própria, e o pai a olhar para os barcos grandes com os olhos fora das órbitas mas a não querer dar má imagem do seu pequeno lobo do mar, que ninguém pensasse que o seu filho era menos que os outros, claro, claro, tem de ser mesmo assim, dizia o pai sem acreditar numa única das suas palavra, a tentar perceber como raio é que dois meninos de dez anos conseguiam "re"virar um barco com mais de duas toneladas e meia.

Nunca o instrutor se apercebeu que o pai esteve o tempo todo a pensar que o naufrágio se tinha dado nesta embarcação 



Nem o pai percebeu que o instrutor esteve o tempo todo a falar destas casquinhas de noz.



segunda-feira, 10 de julho de 2017

E então eu perguntei ao meu filho o que é que ele achava

E ele olhou, olhou e, enquanto acenava afirmativamente, disse convicto: "está bom!".  Depois acendeu-se-lhe nos olhos a luzinha da ideia genial do negociante de arte e acrescentou: "sabes, mãe... isto era um quadro bué bom para venderes a uma marisqueira ou a um sítio desse tipo..."

Nada do que me possam dizer será, portanto, pior do que isto. 


Título: Uma senhora nunca!...
100x100 cm
Acrílico s/ tela

sexta-feira, 7 de julho de 2017

A Grande Obra

Carpinteiros in the house!


interiores de guarda-fatos everywhere!



 E depois fiquei aqui especada durante não sei quanto tempo, a olhar, sem perceber bem o que estava a acontecer, e ainda estou aqui a pensar como raio é que esta ideia peregrina do chãozinho de madeira na casa-de-banho vai funcionar...


Bem sei que as coisas demoram p'ra xuxu, que os prazos derraparam e sei lá mais o quê, mas que já percorremos um loooooooongo caminho, ai isso já!


quarta-feira, 5 de julho de 2017

Bem, uma vez que não se interessam nada pelas minhas angústias artísticas

Vou antes para o instagram contemplar-me a fazer caras com narizinhos e orelhinhas.



terça-feira, 4 de julho de 2017

Para quem pensa, ah, que bom, pintar deve ser tão relaxante...

O processo é o seguinte: gesso acrílico para preparar a tela. zás, zás, zás. Já está. segundo passo: canetas de acrílico - uma grande invenção - de três cores, do amarelo mais clarinho, assim um Nápoles, para tentar encontrar o desenho sem ficar muito marcado, quando a coisa está mais ou menos definida passo para a cor de pele e por fim, quando o desenho está compostinho, entra o Siena, para definir as partes que ficam uma grande confusão de riscos. Terceiro passo: colorir o desenho, à maluca, sem qualquer preocupação com a perfeição, cobrir a tela toda. Este é o momento em que a pessoa acha sempre que é um génio da pintura, um Picasso, que aquilo está a correr mesmo bom, fica logo praticamente pronto. Está mesmo bem! Está melhor que bem, está excelente! Como é que eu consigo fazer isto?! Sou mesmo boa! Quarto momento: começar a pintar de verdade. E é quando a pessoa começa a aperfeiçoar que percebe que afinal está tudo mal, a pessoa não sabe para onde se virar, está tudo por fazer, ai a mão, que horror, é mais para cima, pinta mais acima, ah, socorro, assim o braço está demasiado comprido, tinta branca, tinta branca, tinta branca, volta a pôr a mão mais abaixo, depois passa à outra mão, que raio de posição, isto assim é impossível, porque é que fui pôr a mão assim, mas olha que a cara saiu mesmo bem, logo à primeira, uau!, esperaaaaaaa láaaaaaaa, a cabeça está grande de mais, socorro! Como é que fui fazer esta boneca cabeçuda?! tinta branca, tinta branca, tinta branca, toca a diminuir a cabeça, e lá vai a segunda versão da cara, mas o que é isto?! Esta cara está medonha, o que é que estou a fazer mal?! A primeira saiu tão bem e agora não consigo porquê?! É que está aqui qualquer coisa mal mas não sei o quê! Oh mãeeeeeee, o que é que está mal?! Ah, é a linha do cabelo! Pronto, pronto, acalma-te, Palmier Maria! Não, não te acalmes, podes ficar enervada, que nunca vais conseguir fazer isto, o melhor é desistires. vá, não sejas assim pessimista, respira fundo. ok. já respirei. Vamos lá, uma coisa de cada vez. mãos, cara, corpo, fundo, dedos, unhas, mão, boca, sombras, fundo... E de repente, depois de duas semanas de desespero, olha, já está!, nem sei como é que isto aconteceu...