Vejo várias duplas das raquetes, lá mais ao fundo estão dois americanos ao estilo Leonardo Dicaprio, loiros, bronzeados, em forma, ray ban wayfarer, calções ralph lauren, quase não saem do sítio, a bola vem ter com eles como que por magia, e eles cortam-na com estilo, a raquete tipo lâmina, só o tronco é que dança, no fim do jogo, em vez de darem um mergulho, podiam perfeitamente entrar num daqueles descapotáveis cor-de-rosa dos anos cinquenta e partir em direção ao pôr do sol ao som dos Beach Boys.
À minha frente estão dois alemães, ele de t-shirt vestida, para prevenir o escaldão, ela muito loira e coradinha, são daqueles que jogam muito perto um do outro, só se ouve a bola, tic, tic, tic, super rápida a percorrer os dois metros que os separam, muito concentrados e profissionais a darem o seu melhor. Não é um jogo bonito mas é eficiente e isso é que importa. Ao meu lado, quase em cima de mim- não tardará que me acertem - está um avô e um neto, a bola vai muito alto, em balão, para dar tempo de a apanharem, e apanham mesmo, e atrás de mim, na areia seca e quente, com o sol a pique, estão dois portugueses, um casalinho a tentar ver-se livre dos quilos a mais, ele a dar instruções de como bater a bola como deve ser, é assim! exemplifica ele, assim! ela a correr por todo lado com o seu cai-cai indiscreto, toda transpirada, super empenhada, a esforçar-se imenso, ele a atirar bolas impossíveis de apanhar, ela a mergulhar no areal em croquete e a falhar por centímetros e ele repetidamente danado, a contrair os maxilares, a dizer que não com a cabeça e a fazer gestos bruscos com os braços, para mostrar o seu descontentamento.
Depois distraí-me com aquele grupo de senhoras muito crescidas que desceu dos toldos dentro de bóias de flamingos, unicórnios e melancias e levei com a bola do avô e do neto na cabeça.