Hoje de manhã, antes de abalar para a minha absurdamente longa temporada de férias, fui, num instante, às Amoreiras para comprar um creme (uma vez que o meu está quase a acabar). Entrada na loja, dirigi-me à banquinha da marca do creme que pretendia e pedi-o à senhora. Enquanto ela preenchia o papel para eu ir pagar, pus-me a olhar e vi um outro creme, dessa mesma marca, que não conhecia. Perguntei à senhora se era bom e ela, claro(!), que me disse que sim. No entanto, disse-me que havia um outro (momento em que retira uma caixa linda e maravilhosa de uma prateleira) que era espectacular. Que era um tratamento de hidratação profunda, um choque de hidratação, mesmo, constituído por 6 ampolas, que fazia uma espécie de casulo (?) para proteger a nossa pele de todos os males do mundo. Ora eu, pessoa extremamente influenciável, já me estava a vislumbrar com uma pele num misto de bicho da seda (provavelmente por causa do casulo) e bebé recém-nascido e, como tal, as minhas mãos, completamente fora do meu controle, já agarravam a caixa, prontas a levá-la para casa, com o intuito de iniciar o tratamento o quanto antes. Na realidade eu sentia necessidade daquele tal casulo. Eu não podia perder mais um segundo da minha vida sem estar envolta no casulo. Eu necessitava do casulo e o casulo necessitava de mim. Apesar de estar determinada a levar aqueles cremes para casa, lembrei-me de perguntar, nem sei bem porquê, quanto custavam. Não que isso me interessasse verdadeiramente uma vez que o casulo já era parte integrante da minha cara e a decisão estava tomada. Foi nesse momento que a senhora me respondeu:
- 2,400€ (sim... leram bem... dois mil e quatrocentos euros!)
Foi também esse o momento em que os meus olhos saíram ligeiramente das órbitas, a minha garganta emitiu um pequeno guincho e os meus braços, ganhando vida própria, arremessaram (de forma algo violenta) a caixa dos maravilhosos cremes de volta às mãos da senhora. Julgo que, se estivesse nos jogos olímpicos, teria ganho a medalha de ouro do lançamento do peso...