Estou aqui com uma mão na algibeira
Que frioleira
E a outra no teclado,
que mais parece um gelado.
Ah, a Primavera
Quem me dera!
E limpava logo o prémio, até era um bocado constrangedor para os outros participantes, coitados, tão esforçados... Mas não! Logo tinha de escolher para a minha estreia como concorrente, o concurso mais inquietante de todos os tempos, aquele que encerra em si o grau de dificuldade mais elevado. É que, reparem, o concurso apela nas redes sociais à restrição de uso das próprias redes sociais e depois pede que mostremos nas redes sociais que não usamos as redes sociais. Confuso, certo? Mas há mais! É o concurso em que se pede que se tire uma fotografia a uma... conversa, mas sem usar objectos com botões, exigindo-se que se esteja cem por cento à mesa a ser feliz com a nossa família, enquanto, usando do dom da ubiquidade, tiramos a fotografia. E então eu estou desde ontem à mesa com os meus filhos, sento-me para estar cem por cento ali a ser feliz com eles, depois levanto-me muito depressa para tirar a fotografia, a ver se me engano a mim própria, mas quando vou para tirar a fotografia verifico com espanto que afinal já não estou lá a ser cem por cento feliz eles, porque estou aqui a tirar a fotografia... um bocadinho como um cão a quem dizem "senta" e "busca", tudo ao mesmo tempo e, olhem, isto é uma apoquentação, é o que vos digo! E se isto continua assim, posso mesmo não conseguir ganhar :(