sábado, 31 de agosto de 2013

The burglary

E entretanto, algures na zona saloia, a casa de Maman foi assaltada.
Depois de desarrumarem e remexerem, decidiram-se por um agradável conjunto de pequenos electrodomésticos, grandes electrodomésticos, metais preciosos e... uma caixa de bolachas de chocolate!
Por isso, já sabem... se virem um meliante ornado de anéis, pulseiras e colares, com uma televisão debaixo de um braço, uma máquina de café debaixo do outro, um leitor de DVDs à cabeça e com a boca suja de chocolate... nada de ficarem com ele! É que esse, é o nosso gatuno!


Não gosto

Não gosto de ficar para trás, de ver os outros partir, mesmo que só por uns dias, mesmo que eu vá de seguida. Não gosto do Algarve com esta luz de Setembro, mais branca, longe do amarelo de Agosto, o mar picado e escuro, a neblina de manhã. Não gosto dos carros com o porta-bagagem aberto, das malas prontas, da casa vazia, da praia deserta, da falta de conversas. Não gosto deste dia que, talvez, de todos no ano, é o que mais me angustia. Não gosto de ficar de espanador na mão a arrumar o Algarve, a fechar-lhe a porta, a apagar-lhe as luzes.



quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Autárquicas 2013

Distrito de Portalegre, freguesias de Caia e Urra...

Ahahahahhahahhahahhahahahahahaahhahahahahahahahahhahahahahahaha



Não é por nada...

À esquerda, temos pequena Cutxi saída do cabeleireiro e a caminho das suas férias; 
à direita, temos pequena Cutxi ao dia de hoje...

 Pessoas, pessoas... acho que me aconteceu exactamente a mesma coisa... eu estou I-G-U-A-L-Z-I-N-H-A!

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Olha Sexinho!

Parece que, por aqui, o "bate, escova e, no nosso caso, varre", é à Quarta-feira!

Eu sei que vocês gostavam mais que eu sorteasse uma mala Prada, modelo vintage...

Acontece que as autárquicas estão aí à porta, e os outros blogs, numa clara tentativa de subir nas sondagens, já deram início às hostilidades, organizando um modesto giveaway de pequenos electrodomésticos...
Ora, como devem calcular, Palmier não quer ficar atrás na corrida à cadeira do poder e, numa manobra política pensada ao pormenor, num volte-face absolutamente inesperado, num absoluto golpe de génio, contactou o maior especialista nesta matéria e, seguindo os preciosos conselhos de Valentim Loureiro, está, neste momento, a sortear um extraordinário forno micro-ondas! Para o ganharem, basta pegarem no boletim de votos e colocarem a cruzinha logo ali, à frente do nome Palmier Encoberto, muito bem arrumado entre o de António Costa e o de Fernando Seara! Vá... toca a exercer o dever cívico! E em menos de nada, enquanto vocês descongelam o vosso lombo de porco (três minutos, função descongelação), eu estarei a tomar posse na Câmara Municipal de Lisboa!
E a seguir... bem... a seguir é o passo natural... a Prrrrresidência da República!a

terça-feira, 27 de agosto de 2013

E agora, não sei que título hei-de dar a esta fotografia...

Não sei se será um "Hoje deu-me para isto", se um "Ah, o Algarve em Agosto...", se um "Sempre quis saber qual era a sensação de estar overdressed!"...

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Publicidade enganosa?!

Como assim?!
Os tempos são de crise! Temos de inovar, de ser empreendedores! Cada um deita mãos às armas de que dispõe!

sábado, 24 de agosto de 2013

Estão a ver como vale a pena refilar!

Não fosse a minha reclamação contra a falta de produtividade das fashionistas e ainda não sabia que tinha de sair de casa com estes bonitos slippers! Agora já só me falta comprar o traje de luces, as bandarilhas e o capote!

 Ehhhhh toiro lindo!




Eu gostava de saber...

O que raio andam as fashionistas a fazer!?
É que, depois de um mês de abstinência consumista, a pessoa aproveita um dia de vento para se dirigir a uma superfície comercial decidida que está a fazer mover a economia, a pessoa deambula pelas lojas e depara-se com as novas colecções, a pessoa já não aguenta mais o seu look hippie-beach-super-hiper-mega-chic-cesta-de-verga-boho-kaftan-havaiana-paez, a pessoa quer avançar para as novas tendências, a pessoa está predisposta ao esbanjamento, sente-se perdulária mesmo, e, de repente, verifica que hoje, dia 24 de Agosto, ainda não foi informada de quais vão ser os must-have da estação! E isto, pessoas, é falta de respeito pelo consumidor! E esta falta de profissionalismo mais não é que o espelho do estado da nação! Como, pergunto eu, como é que o país pode andar para a frente, se cada um de nós não cumpre a sua parte?! Quando é que nos vão dizer quais são os must-have da estação, hein?! No Natal? Quando já estivermos completamente demodés?! É isso que querem para Portugal, é? Um país de gente mal vestida, uma gente completamente anacrónica, ao estilo Outono/Inverno 2012/2013?!
Fashionistas, é?.... pfffff... assim, também eu!



Sim, assumo, estou viciada no jogo.

Porquê?! Porque é que eu vi a aplicação, com o aviso explícito que era viciante e, ainda assim, ou exactamente por causa disso, fui a correr jogar?! Porquê senhores, por que razão me fui colocar nesta situação degradante de ter de dizer aos meus filhos que aquele jogo é só meu, de ter de suplicar, praticamente de joelhos, para não jogarem, para deixarem as vidas todas para mim?

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Eu sei que a minha vida anda algo repetitiva...

Mas pessoas, pessoas... isto não é um cão, não é um cleptomaníaco, nem mesmo um Carlos da Maia... isto é um POLTERGEIST!
(e, ontem, isto era uma despensa arrumada com ordem, rigor e disciplina...)

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Meu cinturinha de alcagóita,

Assim começavam as cartas de uma doente para o seu médico psiquiatra, o meu pai. A partir desse momento, tudo era possível. O meu pai ou, se preferirem, o cinturinha de alcagóita lia-as e respondia. Não sei bem como conseguia responder... é que nada daquilo fazia sentido. O conteúdo das cartas era mais ou menos como Os Novos Maias da autoria do Gonçalo M. Tavares.  E, pensando bem, também me apetece continuar "Os Maias" neste novo estilo, o estilo absolutamente livre e insano. Hoje, Canis, em vez de Canis, chama-se Carlos da Maia. 

Uma personagem de ficção está no centro de um compartimento real em frente da bancada de uma cozinha. O compartimento tem apenas uma janela de 60 centímetros por 60 centímetros que dá para o inexplicável. A personagem, apesar de ser de ficção, move-se de um lado para o outro. O compartimento está de nível com o chão e, como tal, de nível com a irrealidade. Estamos no ano ficcional de 2013.

Carlos da Maia move-se de um lado para o outro, o nariz, igual ao da avózinha do Capuchinho Vermelho já depois de ter engolido o lobo, fareja o ar, fá-lo com precisão, as abas das narinas movem-se de cada vez que inspira, eleva-se nas duas patas, ali, à sua frente, em cima da bancada da cozinha uma tigela com quatro ovos cozidos sorri-lhe, sedutora. Carlos da Maia abocanha um ovo cozido com casca, depois dois, depois três e, não contente, termina com um quarto. Quatro ovos cozidos com casca.

Duas personagens de ficção entram na cozinha, reparam em Carlos da Maia que está deitado no centro exacto do compartimento com um aspecto ligeiramente embuchado. Pertencem à Comissão dos Jantares de Família.

Andam de um lado para o outro entre tachos e panelas. Para confeccionar o jantar passam por cima de Carlos da Maia que não faz o menor esforço para desobstruir o compartimento. Carlos da Maia mais não faz que estar ali, esparramado e com soluços. Tudo se processa com normalidade, o peixe é cozido, as cenouras, as batatas, o feijão verde. No fim, quando começam a dispor os alimentos nas travessas, as personagens de ficção apercebem-se que faltam os ovos, quatro ovos cozidos com casca. Olham para Carlos da Maia que deitado, finge não se aperceber das palavras trocadas.
- Não. Não acredito que o Carlos da Maia tenha comido quatro ovos cozidos com casca.
- Eu sei lá. Capaz disso é ele!

Duas personagens de ficção depois de vasculharem tudo quanto é canto, abandonam o compartimento e dirigem-se ao jardim, o Jardim da Irrealidade. As duas personagens de ficção procuram quatro ovos cozidos com casca nos canteiros e na relva. As duas personagens de ficção não encontram qualquer vestígio dos quatro ovos cozidos com casca e regressam, estupefactas, ao compartimento cujo centro continua ocupado por Carlos da Maia.

As personagens de ficção apalpam a barriga de Carlos da Maia em busca dos seus quatro ovos cozidos com casca e, enquanto procedem a esta operação, trocam comentários:
- Agora é que vão ser elas! Como é que vamos explicar que nós, enquanto representantes máximas da Comissão dos Jantares Familiares, perdemos os nossos quatro ovos cozidos com casca?
- Pois bem, cara colega, estamos feitas ao bife.
- Ao bife não, que o jantar é peixe.
- Tem vossa excelência toda a razão.

Agora, Carlos da Maia ou, se preferirem, o cinturinha de alcagóita, está ali, no centro exacto do sofá... enquanto a Comissão de Jantares de Família tenta perceber como, como senhores?!, é que Carlos da Maia foi capaz de deglutir quatro ovos cozido com casca... 


quarta-feira, 21 de agosto de 2013

À falta de um tanque da roupa...

Pequena Cutxi, exibindo toda a tecnologia que a rodeia, optou por tomar o seu banho directamente na máquina de lavar.

E depois de reler "Os Maias"

Também eu me pus a ler aquilo... e, aquilo... é terrivelmente mau. À medida que ia avançando nas páginas, dei por mim a aumentar a distância do livro, a pegar-lhe com as pontas dos dedos, foi como passar de uma pintura do Vermeer, límpida, escorreita, perfeita, sem uma pincelada a mais nem a menos, para um emaranhado de tintas de um graffiti pichado numa parede.
É que nem é preciso referir a bizarria do telemóvel, basta perguntar a que título, a que título senhores?!, se martela uma cena improvável com uma terrina de canja, se alude ao púbis de Carlos da Maia, à intimidade com o concierge à porta de um hotel, a uma suposta mulher de um jardineiro que entra no quarto sem bater, um Carlos da Maia, sem qualquer sentido de honra, a mentir num tribunal, praticamente transformado num Dâmaso Salcede?!
A sério pessoas... logo eu, que raramente me ofendo, estava capaz de desafiar o José Luís Peixoto para um duelo...

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Outros tempos

Tocava a campainha e instalava-se a confusão, de imediato se sentia o movimento, alguém atravessava o corredor e perguntava se era a da frente, a de trás ou a do consultório. É que, em sendo a de trás, era gente da casa, que entrava pelo portão e que sabia o caminho; em sendo a do consultório eram doentes a quem se devia abrir a porta da sala de espera onde ficariam sentadinhos e amontoados, com a mala sobre o colo, até à hora que senhor doutor decidisse comparecer. É que, nessa altura, não havia livros de reclamações e as pessoas, que prestavam a devida vénia aos lentes da medicina, ficavam tão agradecias por aquelas horas de espera, que traziam pela trela galinhas e perus que faziam fila no jardim, ansiosos por saltar para a panela do senhor doutor. Por último e em sendo a campainha da frente, as hipóteses multiplicavam-se, da mesma forma que se multiplicavam as formas de receber quem estava do lado de fora. É que, naqueles tempos, havia uma hierarquia rigorosa no que às visitas dizia respeito. Em sendo coisa sem importância, a pessoa era recebida de pé, no hall lá de baixo, para que não se demorasse mais que o necessário, a porta ficava entreaberta, como que convidando insistentemente a uma saída célere; um degrau acima, as honras deviam ser feitas nesse mesmo hall, mas a visita devia ser acomodada num canapé de palhinha que, ao que julgo saber, serviu apenas para receber o engenheiro Matoso, figura pequena e pouco apreciada, que namorava a alta e loira sobrinha dos meus avós e que não se decidia quanto ao aguardado enlace. Tanta indecisão incomodava os princípios católicos, apostólicos, romanos da minha avó que, amiúde, se sentava no canapé com o engenheiro Matoso contando-lhe a subtil história de uma senhora sua amiga que tinha uma sobrinha em idade casadoira e cujo noivo não se decidia. E essa história, que servia para averiguar das intenções do engenheiro Matoso, desenrolava-se na exacta medida do namoro da sobrinha Maria Amélia. Infelizmente tamanha pressão assustou o engenheiro Matoso que rapidamente repensou os seus sentimentos deixando a sobrinha Maria Amélia não só solteira como presa numa cápsula de tempo, envergando o mesmo penteado -uma poupa com um travessão ao alto - e as mesmas calças à boca-de-sino, ad eternum. Um nível acima, estavam as visitas que podiam subir as escadas, mas não podiam entrar em casa, eram visitas recebidas já com alguma pompa mas que não eram dignas de cruzar a porta guarda-vento que separava a escada da casa propriamente dita. A essas visitas, estava destinada a sala amarela, que devia o seu nome a um malfadado papel de parede que foi colado todos os dias durante uma semana, e que escorregou da parede todas as noites durante essa mesma semana, uma sala que tinha uma presa de elefante no chão, uma Juan Carlisse que, à época, se entendia conferir um certo exotismo a uma casa,  na parede um par de fotografias dos dois infantes enquanto jovens bebés finamente emoldurados em talha dourada. Os sofás, relíquias de família, rangiam de tal forma, que os visitantes não se podiam mexer com receio que o mobiliário, atacado pelo bicho da madeira, se desfizesse sob o seu peso a qualquer momento. Ainda assim os visitantes iam dali bem impressionados já que, apesar de não poderem penetrar no reduto familiar, aquela era a sala mais santa da casa, a sala onde ocorreu "O" milagre. É certo que o milagre não foi ainda reconhecido pelo Vaticano, mas foi deveras importante; no fundo estamos a falar do nosso próprio milagre, "O" milagre de família. O milagre deu-se pelo tremor de terra algures nos anos sessenta, em que a Nossa Senhora ao cair do armarinho onde estava carinhosamente acomodada, aterrou graciosamente e em pé no meio da sala. A minha avó contava muitas vezes que, logo a seguir ao abalo, abriu a porta e deparou-se com a Nossa Senhora ali, caída, no meio da sala, de pé e de mãos postas, tendo sido poupada a todos os males excepto o da decapitação. E, ao ver que aquela imagem, a que não fora esse pequeno detalhe de lhe faltar a cabeça, estaria praticamente intacta, teve a certeza que estava perante um milagre e isso, claro, tinha muito valor. Para os mais íntimos, tínhamos o cantinho da televisão, o cantinho onde eram conduzidos, por exemplo, a Sra. D. Francisca e o Senhor Coronel, pessoas que se apresentavam todas as santas noites para o cafezinho, a Sra. D. Francisca, Xica para os íntimos, sofria horrivelmente de Parkinson, o que dava um encanto especial aos seus brincos de brilhantes que, com os tremeliques, lançavam faíscas de luz que davam um glamour especial ao cantinho da televisão, ambiente que dificilmente seria alcançado de outra forma. Aliás, numa das mil e uma noites que lá foram a casa resolveram sair mais cedo e, ao passarem pela casa-de-banho a que eu inadvertidamente me esquecera de fechar a porta, em vez de seguirem em frente e fingirem que eu era transparente, sentiaram-se tão próximos, tão íntimos da casa que pararam e me disseram "boa noite", e eu, sentada na retrete, humilhada até à medula, com as perninhas que não chegavam ao chão a-dar-a-dar, retribui educadamente as boas noites à Sra. D. Xica e ao Senhor Coronel. Claro está que a partir dessa noite, nunca mais mais me esqueci de fechar a porta da casa-de-banho... à chave de preferência. Por fim, e para as visitas gloriosas, tínhamos a sala azul, assim baptizada em honra dos tapetes que eram acompanhados de uns fulgurante cortinados da mesma cor, uma tapeçaria duma caçada na parede de topo, uns lustres de vidrinhos e um sofá de veludo amarelo-dourado. As visitas da sala azul, apesar de serem certamente umas visitas muito boas, não ficaram, infelizmente, na minha memória. Na minha memória, ficou apenas o sofá de veludo amarelo-dourado que picava as pernas como serapilheira.


sábado, 17 de agosto de 2013

Oh Judite...

Eu estou a olhar para si e você deve ter um saco de praia que... não sei... deve custar mil e quinhentos euros, tem um escravo (alforreado entretanto, é certo) para o carregar, uns sapatos de salto alto que, como toda a gente sabe, são muitíssimo cómodos para andar na areia, está carregada de acessórios de marca, como é que você acha que as pessoas olham para si?

Maman anda lá fora ao pé-coxinho...

Cániiiiiiiiiis! Para onde levaste o meu sapatoooooooooo?!

Palmier vai brincar à classe média!

É que, na entrevista da Cristina Espírito Santo ao Expresso, percebemos que não podemos brincar aos pobrezinhos; com a entrevista de Lorenzo Carvalho a Judite de Sousa, ficámos a saber que não devemos brincar aos riquinhos. Assim sendo, olha... resta-nos brincar à classe média... (se isso ainda existir, evidentemente!)

Durante a esfrega do protector

- Oh mãe... já chega! Queres que eu pareça o AbDominável Homem das Neves?!
(Referindo-se certamente àquele Homem das Neves com uns grandes abdominais...)

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Se calhar devia mudar-lhe o nome para Bobi...

Ontem à tarde, Canis apanhou a porta aberta e, puf, escapuliu-se. Se a época fosse baixa nada havia a temer, Canis conhece bem as redondezas e está habituado a passeios alargados. Acontece que a época é alta, que está calor, que as pessoas têm as casas abertas e que... as cozinhas estão acessíveis. Uma vez que não queremos voltar a ter reclamações relativas ao desaparecimento misterioso daquela carne assada que arrefecia em cima da bancada da cozinha, do saco de Panrico que se esfumou na atmosfera ou sobre o pacote de manteiga que foi encontrado, vazio, no relvado, Palmier lançou-se imediatamente numa busca profissional e intensa. Palmier saiu de casa, desembestou pelos campos, afinou a garganta e gritou a plenos pulmões: Canis, Canis, Canis...
Pessoas que se encontravam nas imediações e que se aperceberam do sucedido, acederam ao local do desaparecimento e ajudaram Palmier a procurar. Também elas chamaram, assobiaram e olharam em volta com toda a atenção. Palmier insistia e gritava ainda mais alto "Canis, Canis, Canis", até que vislumbrou o animal tresmalhado lá longe, camuflado num arbusto. Palmier avançou, agarrou em Canis pela coleira e, ao regressar, deparou-se com o grupo de batedores a olhar, indignados, de Canis para Palmier e de Palmier para Canis, até que, por fim, e numa singela frase, expressaram a causa de toda a sua revolta:
- Como é que o havíamos de encontrar?!... Isso não é um Caniche! 

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Inside information

Qual jornalismo de investigação, qual quê, Palmier acabou de ter acesso à mais alta esfera da política internacional, àquele núcleo restrito dos que decidem sobre os destinos do mundo, que determinam políticas fiscais e económicas, sobre a sobrevivência, ou não, de um país. Foi ao almoço que fiquei a saber, com certezas absolutas, pela boca de um entendido, que os impostos em Portugal vão baixar depois das eleições na Alemanha, que, depois desta data, se dará uma reviravolta a nível internacional. Tudo isto me foi sussurrado à laia de revelação sigilosa pelo dono da barraca da praia, um estadista por interposta pessoa, cuja sogra é uma grande amiga da D. Angela (sic) e a quem ela já confidenciou os seus planos para o futuro da Europa. Se precisarem de alguma coisinha lá do Bundestag já sabem, falem comigo que eu, na minha nova condição de lobista internacional, talvez possa pedir ao senhor da barraquinha, para pedir à mulher, para pedir à mãe, para dar uma palavrinha por vocês, lá no estrangeiro, à D. Angela.

A administradora do blog vai à praia!

A Palmier está loucaaaaaaa!

É que, apesar de saber que a malta adora um belo de um passatempo, apesar de saber que encaram este blog como uma espécie de bolo-rei e que só aqui aparecem à espera que vos calhe em sorte a fatia com brinde, Palmier escolhe as quartas-feiras, que toda a gente sabe que é o melhor dia para este tipo de iniciativa, para não vos dar absolutamente nada! E, a partir de agora, vai ser sempre assim: às quartas-feiras, puf, nada de nada!



terça-feira, 13 de agosto de 2013

Não percebo por que razão não aparece nenhum cavalheiro para me ajudar a trocar o pneu?!

Regardez-moi, Tio Pipoco!

Palmier... destinada a infringir as regras mais básicas.
(em breve a entupir a faixa do meio de uma qualquer auto-estrada...)

Ora bolas!

Palmier abandonou ontem o Algarve dos pobres, equipou-se a rigor e dirigiu-se ao AllGarve, o dos ricos, aquele da praia extremamente inclinada, do mar cheio de limos, do cheiro a gasóleo dos barcos a chegar em ondas gasosas e densas à areia, o das pessoas amontoadas nas palhotas com as malas Louis Vuitton tamanho XL semi-enterradas na areia. Palmier regressou já noite cerrada, porque aproveitou, como balão de oxigénio, toda esta opulência até à última gota.
Hoje de manhã Palmier verificou que a sua própria filha foi picada por uma melga, daquelas melgas que são enviadas aos forasteiros com o único propósito de verificar se pertencem, ou não, àquela tribo; aquelas treinadas para afastar certo tipo de gente...
Uma vez que filha tem o olho do tamanho de uma abóbora, presumo que o veredicto da melga tenha sido: "não aptos". E, como todos nós sabemos, não há possibilidade de recurso... se a melga decidiu, está decidido!

domingo, 11 de agosto de 2013

Vocês não ligaram nenhuma ao meu kit-vegetação...

O que é, efectivamente, uma pena, já que eu tive de passar por uma experiência terrível, uma profunda humilhação, para vos brindar com toda a minha arte. Na verdade, vi-me obrigada a perseguir o senhor que aqui andava a podar as árvores, em busca dos despojos agrícolas. Abordei-o e, afectando um certo desinteresse, pedi-lhe para me emprestar umas folhinhas, uns galhinhos, uns raminhos, coisa de pouca monta... sendo que, ao mesmo tempo que proferia estas inofensivas palavras, me apropriava de verdadeiros e robustos troncos de árvore. Ora, tendo em conta o peso das ramagens, o senhor ofereceu-se de imediato para me ajudar a transportá-las e acompanhou-me quilómetros, pela terra recém lavrada, para que eu me pudesse posicionar no cenário de sonho que tinha idealizado para as minhas fotografias. Acontece que, desconfiado que estava dos meus intentos, se deixou ali ficar, como uma estátua, alegando estar à espera que eu lhe devolvesse os seus despojos, e eu, encurralada que estava entre o senhor e os seus troncos de árvore, não tive outro remédio senão avançar sem pudor para uma glamourosa sessão fotográfica. Claro que os meu planos não incluíam um pequeno desaire... é que a flora luxuriante do meu cenário de sonho... retirava todo o impacto do meu maravilhoso kit-vegetação... levando a que eu, depois de visualizar as fotografias, tivesse de arrastar a árvore de um lado para o outro, para as repetir vezes sem conta em diferentes pontos do meu cenário... sempre com o senhor ali, especado, a espreitar, camuflado por uma roseira raquítica...
Talvez por isso, hoje, o pessoal se refira a mim como "a senhora do arbusto". (tratamento que, presumo , perdurará no tempo, sempre que quiserem relembrar o episódio daquele dia em que aquela senhora arrastou uma árvore para dentro da piscina...)
Posto isto, espero bem que, da próxima vez que vos brindar com as minhas fotografias, demonstrem uma maior sensibilidade pelo trabalho da artista!

sábado, 10 de agosto de 2013

Com este calor, só se aguenta à sombrinha de uma árvore!

Palmier já providenciou a sua própria vegetação portátil.

Nos pés: Havaianas
Vegetação: Bazaar do Agricultor

O que é que eu disse?

A sério... eu podia ser um daqueles galos da meteorologia, aqueles que mudam de cor consoante o tempo...

Mar de fora

Às vezes lembro-me de quando o sueste soprava fraquinho, fraquinho, uma brisa que quase não se sentia, que arrastava o calor do Norte de África, que formava ondas, ondas boas, direitinhas, ordenadas, a rebentar perfeitas na praia, que fazia subir o mar até aos toldos, que ensopava a areia seca, a areia a fazer glu-glu a engolir a àgua, as pulgas-do-mar a saltar transparentes e luzidias, famílias a salvar sacos, toalhas  e sapatos, lagos enormes que se formavam exactamente no sítio onde, segundos antes, se estendiam pessoas ao sol, tomar banho na maré baixa, saltar as ondas ao contrário, os pés a subir em primeiro e a cabeça em último, esperar pela mais alta e fazer carreirinhas sentada no colchão, aquele colchão azul escuro e encarnado que enchíamos à vez, de bochechas insufladas, até ficarmos tontos, ser enrolado na rebentação e ver o sol lá em cima através da água centrifugada, esperar que a espuma passasse para vir ao de cima, o fato-de-banho cheio de areia, respirar, recomeçar de novo, chegar ao fim do dia com o corpo moído de cansaço, jantar acompanhado de água de Monchique, o tabuleiro do café que ia para a sala azul, assim chamada em honra dos tapetes, aquela que se abria sobre a varanda e que só era utilizada para visitas mesmo importantes mas que, em estando tanto calor, lá se abria a excepção, os grilos e as cigarras a cantar alto, tão alto, pessoas a passar na rua em direcção à noite, deitar na cama e sentir as ondas, boas, direitinhas, ordenadas e a rebentar perfeitas nos lençóis.
Amanhã, quase aposto que o mar vai estar assim... de fora.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

A vida com um cleptomaníaco

Entra em casa, com os olhos amarelos, perscrutadores, o que é que eu levo agora, pergunta para ninguém em especial. Umas braçadeiras sabem sempre bem, já furei dois pares, oh yeahhh. Chapéus! Hummm, um chapeuzinho, tão bom! Não, espera, vou antes à cozinha! Um pão saloio, um rosbife inteiro ou um pêssego? Hoje levo o pêssego, sempre é mais levezinho e tem vitaminas, no outro dia fiquei um bocadinho para o embuchado. Um garrafão de água! O quê?! Está cheio? Não tem mal! Dá mais luta! Ena, ena, tantas coisas! Todas tão boas! Um jornal, ah, espera, uma almofada! Não, levo antes este biquini, ou então os calções, ou a toalha de praia! E este casaco, hein? É bem apetitoso! É pegar ou largar! Pegar! Pegar! Sair porta fora, rápido como uma flecha, correr pela relva, escavar, enterrar, tapar! E nós estamos todos de sobreaviso, de olho no meliante, sempre em tensão! Está a roubar! Está a roubar! E lançamo-nos em perseguição, um pela esquerda, outro pela direita, a tentar intersectá-lo ao centro, e ele pára, sorri com o casaco verde pendurado nos dentes, um sorrisinho de escárnio, deixa-nos aproximar, estamos quase, vamos resgatar o casaco, e ele dá um passo atrás, faz-nos uma finta e afasta-se de novo, fora do nosso alcance, o casaco a balançar ao vento, ladra chamando pela sua cúmplice, cadela de cidade, menina de alcatifa que, não se apercebendo das implicações criminosas subjacentes à situação, saltita alegre como uma participante dos Jogos sem Fronteiras, e nós corremos pela relva, passando, como num filme, pela gruta de Alibabá, uma Havaina perdida, o comando da televisão, um frasco de champô, o papel duma tablete de chocolate e vemos, impotentes, o casaco a ser despedaçado diante dos nossos olhos. Desistimos, somos mais fracos, voltamos para dentro cabisbaixos, encolhemos os ombros e maldizemos a sorte de nos ter calhado em rifa um cão assim... cleptómano...

Foi você que pediu um casaco verde? Vendo barato...

Chinfrim à la playa!

Ainda vamos na passadeira e já ouvimos o pregão: "olha á bolinhaaaaa, 'tinhaaaaaa" e os meus cães de Pavlov desatam imediatamente a salivar, "podemos, mãe? Podemos?" e eu largo os sacos, tiro as toalhas, os baldes, as braçadeiras, chego finalmente à carteira, dou-lhes as moedas, e eles lançam-se numa corrida desenfreada atrás do senhor das bolinhas. Acontece que o senhor das bolinhas desviou para a direita e os meus cães de Pavlov, toldados pelo desejo, seguem a correr, em frente, em direcção à outra praia. E eu ainda os chamo, primeiro baixinho, contida, depois, à medida que os vejo afastar-se em perseguição do senhor das bolinhas imaginário, mais alto, já aos gritos, tendo em conta o insucesso, pego nos sacos, largo a correr atrás deles, saco da minha arma secreta, o assobio quadrado, aquele estridente que faz doer os ouvidos dos infelizes que se encontrarem num raio de cem metros, mas a distância já é grande e eu assobio em contínuo ao mesmo tempo que avanço pelo areal apinhado e eles, com os olhos em alvo, autómatos devoradores de bolinhas, continuam em frente, imparáveis, largo os sacos, pratico o galope ao mesmo tempo que assobio cada vez mais alto, apanho-os a duas praias de distância...
Olá pessoas que estão aqui na praia e que, horrorizadas, me viram passar.... Sim, era mesmo eu!

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Apesar de não ser de padrão floral, com bolinhas, riscas ou vichy, Palmier também mostra o fato-de-banho da sua filha

Ana Sofia, esquece lá a falta de qualidade da máquina do telefone e diz-me: Estou quase uma fotógrafa top, ou quê? 



E hoje, dia 6 de Agosto de 2013...

Dez anos volvidos e dois filhos depois, consegui, finalmente, voltar a ler na praia...
(e, este, é um momento de tal forma grandioso, que estou a pensar mandar descerrar uma lápide para assinalar a efeméride)

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

There's a rat in our tree what are we gonna do, there's a rat in our tree...




Acho indecente!

Que façam as malas, se metam nos vossos carros, se retirem para férias e, sem uma ponta de remorsos, deitem os vossos blogs do coração ao abandono. Venho aqui e vejo aqueles tufos de palha que aparecem nos filmes de cowboys a rolar com o vento, olho em volta e não há vivalma num raio de cem quilómetros, só um ou outro cão pulguento deitado ao sol a coçar-se lentamente, um uivo solitário da nortada, uma águia a pairar em círculos lá em cima, no céu do blog. Uma pessoa ainda tenta interagir, ajeita o seu chapéu de abas reviradas, abre a porta vai-vem do blogo-saloon com estrondo, faz uma entrada em estilo com as suas botas pontiagudas mas, lá dentro, o cenário é lúgrube, meia dúzia de moscas moles levantam voo para voltar a pousar exactamente no mesmo sítio. Resta-me, numa tentativa desesperada para vos atrair, acenar com o revólver, desafiar-vos para um duelo e esperar que não sejam multados pelo xerife por me aparecerem aqui com o guarda-roupa das Marés Vivas...

sábado, 3 de agosto de 2013

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Então Palmier, dormiste bem?

Ora ainda bem que perguntam! Pois que não, não dormi, não dormi mesmo nada bem. Então e porquê, Palmier? Três da manhã, oiço barulho lá fora: cof, cof, cof, blargh. Ai coitadinho de Canis, está a vomitar... Quatro da manhã: cof, cof, cof, blargh. Outra vez?! Que esquisito... o que é que ele terá comido para estar tão mal disposto?! Cinco da manhã: cof, cof, cof, blargh. Isto não é nada normal... será que alguém lhe deu comida envenenada?! Abro a janela, Canis, Canis? Nada. Volto para a cama. Seis da manha: cof, cof, cof, blargh. Oh pah... se calhar, é melhor ir acordar Maman para o levarmos ao veterinário! De certeza que o envenenaram! Volto a levantar-me, volto a abrir a janela, Canis, Canis!, Canis aparece, não está a espumar, nem em convulsões, olha-me surpreendido e a abanar o rabo. Volto para a cama. Sete da manhã: cof, cof, cof, blargh. Levanto-me num salto, abro a janela... percebo tudo... deparo-me com um Canis sedento e engasgado, com o focinho totalmente submerso numa tigela da água... estrategicamente colocada por de baixo da janela do meu quarto...

Já pequena Cutxi...

Como verdadeira blogger de sucesso que é, aproveita todos os minutos das suas férias para devorar literatura. Para não perder tempo, acomodou-se mesmo dentro da estante e pediu para não ser incomodada até ao final do mês.