sexta-feira, 29 de julho de 2016

terça-feira, 26 de julho de 2016

Quero ir de férias!

Adquiri um kit matchy-matchy familiar absolutamente incrível! Estou nuns nervos para mostrar!

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Uma pessoa vai ao dentista

Uma pessoa avisa o seu dentista que muito provavelmente vai mesmo ter de atender uma chamada telefónica durante a consulta. O telefone toca. A pessoa atende a chamada com aquela parafernália toda na boca. A pessoa tenta dizer qxxex xxxá devxxxxxouuuuulxxxe a xxxxxamaudxxxxxa. A outra pessoa, do lado de lá, continua a falar normalmente, de forma ininterrupta e bastante animada, como se fosse normal a pessoa cá deste lado falar axxxxxxim xxxxem xxxxe perxxxxxxxeber naxxxxda.

Ia deixar pequena Cutxi à tosquia

Fiz o percurso tão em automático que, quando dei por mim, estava a estacionar em frente da escola dos meus filhos...

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Manhã

As andorinhas que fizeram ninho no cantinho do portão da garagem já nasceram e estavam de cabeça de fora e bico muito aberto às espera que os pais andorinhos que andavam ali à volta a voar lhes dessem o pequeno-almoço. De cada vez que eles se aproximavam num voo rasante elas abriam os biquinhos minúsculos e piavam de impaciência, e eu que ando num afã a ver se despacho tudo para no meio da próxima semana me retirar para a minha temporada de Verão, estive ali que tempos com o pescoço torcido para fora da janela do carro a olhar para elas. E valeu a pena.



melhor assim?

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Plágio cum grano salis - reinício

Saio trajando uniforme multifásico numa digressão etimológica e tautológica e vejo a existência coruscar na herdade, oiço os pássaros, alquimia da maravilha, imagética da perfeição imperfeita, que proclamam o recital em substituição da festa, voando através da vereda ornamentada por simulacros de morangueiros desconstruídos, microcosmos de subjectividade, crio o meu próprio sincretismo de cânones dessacralizados onde desejos simbióticos se fundem num apagamento esquizofrénico entre o culto da diferença e da indiferença, numa performance atomista onde se conciliam convicções e emoções avessas a uniformizações.


domingo, 17 de julho de 2016

Estas pessoas não têm noção do risco que correm com este tipo de afirmações...

E então lá estava ele, a dominar a conversa à mesa, voz profunda e grave que me chegava por entre a profusa vegetação que brotava das jarras, conseguia antevê-lo por entre os castiçais bruxuleantes,  queixando-se da iliteracia desta nova geração, e aí aumentava dramaticamente o volume da voz que acompanhava com um gesto de mãos, juntando o indicador ao polegar, para afirmar indignado: "uma coisa absolutamente confrangedora!", passando depois a discorrer sobre literatura, a escrita hermética de Saramago, que depois do Memorial do Convento foi sempre a descer e, já agora, sussurrou, a propósito de Saramago, era bem possível que tivéssemos na calha mais um Nobel da Literatura, e eu então cheguei-me para a frente, para ouvir aquela revelação feita ali, perante aquele grupo restrito, em jeito de segredo, quando ele nos anuncia, orgulhoso da sua descoberta, nada mais que "o jovem José Luís Peixoto". E enquanto a conviva à minha direita, crédula daquela opinião abalizada -e vagamente embaraçada por só ter percebido à segunda - apontava rapidamente o nome do escritor no telefone para posterior leitura, eu olhava em volta assustada, temendo que o Lourenço saltasse de um canto escuro, qual ninja literário, fita encarnada amarrada à cabeça, agarrasse o senhor pelos colarinhos e partisse a baixela toda de um só golpe. 

(se esta possibilidade de um Nobel da Literatura para José Luís Peixoto não nos trouxer de volta o Lourenço, então podemos perder a esperança para todo o sempre)


quinta-feira, 14 de julho de 2016

O colar

À direita dos sofás havia uma vitrine fechada à chave com leques antigos, leques enormes, de todas as cores, com penas, brilhos e paisagens várias, às vezes e depois de muita insistência, a minha avó pegava no seu enorme chaveiro, escolhia a chave certa entre mil, abria as grandes portas de vidro em ogiva e eu podia pegar com muito jeitinho nos leques, abri-los e fechá-los muito devagarinho, para não os estragar, depois a minha avó mandava-me arrumar os leques tal qual eles estavam antes de lhes ter mexido, voltava a pegar na chave, dava a volta a fechadura, e os leques lá ficavam, quietinhos, à espera de uma próxima oportunidade. À frente dos sofás havia um candeeiro de pé alto com um abat-jour cor-de-rosa velho que iluminava a mesa de jogo que estava à direita. Em cima da mesa estava uma jarra que tinha normalmente umas flores cor-de-rosa, daquelas que têm muitas pétalas desordenadas, uma agenda manuscrita já sem capa, com o papel muito velho e amarelo, os números corrigidos porque foram crescendo em indicativos com o correr do tempo e, ao lado, um telefone preto, daqueles com um disco, o telefone que a minha avó atendia e dizia "está lá?", e era quase sempre um doente para falar com o Senhor Doutor, ao que a minha avó respondia perguntando, com uma ponta de orgulho dissimulado: "com o pai ou com o filho?". Hoje fui à procura do colar de pérolas para usar no casamento, quando abri a caixa o colar cheirava ao perfume da minha avó. Talvez as pérolas sejam pérolas por isso mesmo, por aprisionarem os cheiros e trazerem-nos de volta as pessoas muitos anos depois de elas terem morrido.

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Isto é uma obra de arte!

Como é que uma parede de tijolos pode ser tão bonita? Bem sei que vejo os meus tijolos com olhos benevolentes, afinal são os meus próprios tijolos e uma pessoa tem um amor pelos seus tijolos que não tem pelos tijolos dos outros, mas não é só dos meus olhos, pois não? Isto na Tate Modern faria um sucesso! Já estou a imaginar os meus tijolos numa sala com uma luz difusa, como aquelas salas do Rothko, e as pessoas sentadinhas naqueles bancos corridos, praticamente em transe, a observar a minha parede de olhos semi-cerrados. Os meus tijolos são mesmo bonitos, caramba!



terça-feira, 12 de julho de 2016

Muito estranhei

Que ontem, no dia em que talvez a maior multidão se estendeu em frente ao Palácio de Belém, uma multidão que se espraiava até à Avenida da Índia, pendurada nas estátuas, nos ramos mais altos das árvores, em cima das colunatas e das fontes, que o nosso Marcelo, sempre tão hábil a beijar o povo, tão bom na arte da fusão da Presidência com as gentes, bem vejo como a minha porteira o adora, ai xodotôra, não desfazendo, este nosso Presidente é fantástico! – ela adora a palavra “fantástico”. E a expressão “não desfazendo”.-, tenha decidido fazer uma cerimónia para dentro, com discursos para a televisão, tempo para selfies com tudo o que é líder partidário, fotografias de família em escadinha, enquanto nós, o povo adorado, esperávamos lá em baixo, à torreira do sol, que os eleitos pelos deuses do esférico aparecessem no varandim.


quarta-feira, 6 de julho de 2016

Fiquei a pensar nisto

Nunca me tinha ocorrido que isto de gostar de vestidos mais tapados fosse uma coisa estranha, uma rebeldia, que me transformasse numa insurrecta subversiva destas coisas da moda, mas aparentemente os vestidos tapados são o novo topless anos 70, quando as pessoas iam passear na praia e estava uma senhora lá ao fundo, junto às rochas, sem a parte de cima do biquíni e os caminhantes da beira de água passavam, davam cotoveladas uns aos outros, e diziam “olha, olha está ali uma de maminhas à mostra”. Agora diz-se “olha, olha está ali uma toda tapadinha”.  


terça-feira, 5 de julho de 2016

Pronto, mandei vir um vestido.

Agora há que esperar que:

a) chegue;
b) a tempo;
c) e que me sirva.

(e só hei-de vos mostrar depois do casamento. Digamos que o vestido tem as suas particularidades e recuso-me a ir para a festa a duvidar das minhas excelentes escolhas)


No rescaldo do vestido

  • Nada como um mau vestido para animar um bom blog;
  • O meu marido chegou a casa a rir-se. De mim;
  • Disse-me para comprar outro vestido. Ofereceu-se para ir comigo para me ajudar. Tal é o pânico que eu repita a façanha;
  • Tenho artrites nas as pontas dos dedos de manusear o mouse pad circulando em alta velocidade por TODOS os sites de vestidos existentes na internet;
  • Dos milhões de vestidos que vi, o único de que realmente gostei foi este: preto. Para um casamento. Em Julho. Fora de questão, portanto.






segunda-feira, 4 de julho de 2016

Vou mas é perguntar à Pipoca Mais Doce que está mais que visto que vocês não percebem nada disto!

Isto é claramente um complot  contra o meu vestido!


Palmierettes, estejam na praia, no campo ou na montanha, saiam da toca, preciso de vocês. É uma emergência!

Ora o caso é o seguinte: Palmier vai ter um casamento. Palmier não se preocupou com o outfit porque tinha em stock um vestido por estrear, ontem lembrou-se de mostrar o dito vestido ao seu consorte para que este desse a sua opinião. Palmier não esperava outra opinião que não "Oh... oh... quanta beleza!". É no entanto com grande pesar que transcrevo para aqui o diálogo que se seguiu:

Eu, muito satisfeita, a entrar na sala com o vestido.
Consorte depois de uns segundos de silêncio: Podias ver outras opções...
Eu: Como assim "podia ver outras opções?!" O que é que isso quer dizer exactamente?! Que o vestido é feio?
Consorte: Não, não é feio, mas podias ir ver outros que gostasses mais.
Eu: Que eu gostasse mais?! Mas eu gosto deste, se não gostas mais vale dizer que não gostas!
Consorte, já a meter os pés pelas mãos: Não, eu gosto, mas achava que me ias mostrar mais.
Eu: Como assim, mostrar mais? Ia comprar quarenta vestidos para depois escolhermos um aqui em casa?! 

E depois saí da sala a bater com os calcanhares, envergando um farrapo que segundos antes era um belo vestido vaporoso, dizendo decidida: Vou mas é perguntar às minhas pessoas do blog!

Posto isto agradeço que me informem se o vestido é feio, é que eu ponho-me a olhar e acho-o bonito... mas a verdade é que antes disto dos blogs também pensava que tinha um bom cabelo. E julgava inclusivamente que os meus casacos eram giríssimos...




sexta-feira, 1 de julho de 2016

O difícil mundo das promoções

Hoje lá fui meter gasóleo. Já fui in extremis, como é meu hábito, penei até chegar à bomba, que isto agora com as actividades de Verão já não são os sete quilómetros certinhos até à escola, é preciso ir deixar um num sítio, depois dar uma volta enorme e ir deixar o outro, e os quilómetros a passar e o nível do depósito a diminuir, mas lá cheguei, atestei e fui pagar. Mas aquilo da bomba parecia uma feira, a senhora da caixa explicava inúmeras promoções a toda a gente, tal como fez comigo como chegou à minha vez, perguntou-me se tinha conta no Totta, que sim, que tinha, mas achava que não tinha comigo nenhum cartão, e então abri a carteira para confirmar e a senhora ficou muito contente porque apesar de não ter um cartão do Totta tinha lá um do Corte Inglês, que ela própria me arrancou da carteira com uma alegria esfuziante, que mais parecia que tinha ali o ticket premiado do euromilhões, que aquele é que era, que me dava um desconto de seis cêntimos por litro, que devia dar sempre aquele cartão até o esgotar, que aquilo tinha um plafond, mas até lá era sempre a emponchar, foi assim que disse, a emponchar seis cêntimos em cada litro, isto enquanto explicava ao senhor que tomava o pequeno almoço no balcão ao lado que podia levar uma segunda lata daquilo que estava a beber por cinquenta por cento do preço, e depois eu lá paguei o meu gasóleo com o meu desconto, verde, código, verde, e a menina da caixa, qual Oprah Winfrey, interrompia para dizer lá para o fundo, para uma outra senhora que estava a ver umas revistas que podia levar dois cafés pelo preço de um, mas a senhora era ingrata, gritava de volta que não queria o segundo café, que ficava muito nervosa, e depois, quando me deu o recibo entregou-me dois tickets de desconto para o Supercor, seis euros cada um, que isto tínhamos que ser uns para os outros, e no fim, de brinde, ofereceu-me um pacote de seis mini-bollicaos em fim de prazo. Tenho portanto dois dias para comer seis Bollicaos. Caramba, fiquei exausta.