Nem imaginam, às vezes convido-os para jantar em minha casa
só numa de fazer uma sessão de coaching, eles chegam, sentam-se e eu trato logo
de lhes dar uma aula teórica cheia de dossiers e power points com as cores das tampas
dos caixotes e o tipo de lixo que se deve colocar em cada um, normalmente a
sessão dura cerca de sete horas, porque este é um assunto que me deixa bastante
empolgada, uma coisa cheia de perguntas e casos práticos, e depois, já se sabe, um lixo
orgânico puxa um plástico e quando a pessoa dá por isso são quatro e meia da
manhã e ainda não jantámos. Nada que me desanime, evidentemente, que, depois da
aula teórica, temos de passar à prática! É nessa altura que vou para a cozinha
dar azo à minha criatividade e ponho os meus amigos a tratar do lixo, para
verificar se eles adquiriram os conhecimentos que lhes transmiti com todo o
afinco. Tu aí, de camisola verde, põe estas cascas de ovo no caixote, e se o
tipo da camisola se engana eu uso logo o cutelo para lhe decepar uma mão, que
eu sou muito rigorosa nestes assuntos, e também sinto que tenho de dar o
exemplo às novas gerações, para que se apercebam da importância da reciclagem.
O último jantar que fiz estava óptimo, infelizmente sobrou imenso, porque tive
de assassinar os incompetentes dos meus amigos um por um, já que eles insistiram
em deitar as embalagens de plástico no caixote azul, as de cartão no amarelo - enfim, uma vergonha! Depois do que fiz por
eles, trocaram-me aquilo tudo...-, de tal forma os trucidei que já nem tiveram
oportunidade de saborear o excelente jantar que lhes fiz. Mas nada que me
preocupe, no fim, depois da loiça lavada e arrumada, tratei de acondicionar os
meus falecidos amigos em sacos plásticos biodegradáveis e fui com os meus
filhos ao ecoponto deitá-los no caixote do lixo orgânico, evidentemente. Nestas
coisas não se pode facilitar, há que dar o exemplo!