segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Se calhar é sempre assim e eu é que não estava atenta

Mas faz-me confusão a entrada em cena desta nova maioria da Assembleia de República, quase como se estivessem a ocupar a casa de uma velha tia acabada de morrer e deitassem pela janela fora a mobília toda, arrancassem os cortinados, rasgassem as fotografias de família e as telas penduradas nas paredes, sem cuidar de ver se aquele canapé de veludo amarelo, se estofado com um outro tecido, não ficava bem bonito, ou se aquela pintura, com uma moldura diferente, não é afinal uma boa pintura, numa urgência de destruir para construir tudo de novo, sem que, nesse processo, se aproveite nada do que já existe.

(é que, se calhar, os exames do quarto ano fazem mais pela igualdade do ensino que a falta deles. É que, mais do que pressionar os pobres alunos, coitadinhos, que têm de cansar suas belas cabeças a estudar, os exames pressionam as escolas e os professores por forma a garantir um nível de ensino e exigência mais uniforme... mas parece que avaliar é coisa de tia velha. E morta. E enterrada.)



domingo, 29 de novembro de 2015

Mummy-Bloggers e Daddy-Blogger (atenção ao singular), preciso da vossa ajuda!

Como, por Deus, se refreia o gosto pelo treino ininterrupto da flauta por parte das nossas adoradas princesas?!

Ou é suposto deleitarmo-nos com a melodia?

(a questão do xilofone deixo para outro dia... também não vos quero cansar com tantas dúvidas)

E por aí, Palmier?


Por aqui estamos de meias...

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

As chaves

Ontem fui finalmente pôr o carro à revisão, já devia ter ido há mais de um mês, todas as manhãs a luzinha do painel lá estava, insidiosa, a avisar-me que estava com quase mil quilómetros a mais do que devia, claro que havia dias em que tinha sorte, aqueles em que o volante tapava a luz do aviso e eu não tinha de a ver, mas já não aguentava a pressão e fui finalmente levá-lo à oficina. Fui muito bem atendida por um senhor que me pediu a chave do carro, a chave que me causa inúmeros ataques nervosos, uma chave que não tem de ser posta na ignição, uma chave que desde que esteja nas imediações do carro o põe a funcionar, uma grande inovação feita a pensar nos homens, mas que para as mulheres é um verdadeiro Inferno, tenho de procurar a chave na carteira para abrir a porta do carro, depois tenho de a procurar para fechar a porta, e depois está sempre perdida, sei que está por ali mas nunca sei exactamente onde. Mas, como ia dizendo, o senhor pediu-me a chave marota e pô-la numa maquineta que, como que por magia, desvendou todas as necessidades da viatura, uma chave que, fiquei a saber, está cheia de informações, uma chave tão inteligente e sabedora que está sempre ali à coca, a absorver informações automobilísticas e a dar ordens. Pois que, feita a leitura, o senhor disse-me que a chave mandava mudar o óleo e outra coisa que não me lembro, mas que, magnânima, dizia que eu não tinha de pagar nada, que tinha um contrato de assistência, e eu devo ter feito uma cara extremamente feliz, porque ele me perguntou se eu sabia disso, e eu disse que sim, que sabia muito bem do tal contrato de assistência, não fosse ele dizer-me que era engano e furtar-me o meu adorado contrato que não fazia a mínima ideia que existia, apesar de achar que ambos sabemos que eu não sabia, e antes que ele mudasse de ideias e obedecendo cegamente às ordens da chave, deixei o carro na oficina para ir a correr a casa buscar o carro do meu consorte, que conduzi pela primeira vez sozinha numa estreia absoluta a nível mundial, que ele é um esquisitinho com os carros e as sujidades e os riscos, mas lá ganhei coragem e fui cheia de medo, a olhar para todos os lados, com todos os cuidados e mais alguns, não fosse o Diabo tecê-las. O pior foi quando estacionei e me vi a braços com uma luta inglória com a chave do carro dele, uma chave caprichosa, claramente não tão inteligente como a minha, uma chave que tem de estar bem encaixada na ignição e que não quer de lá sair nem por nada, e eu puxava, rodava e empurrava e a chave nicles, quase arranquei o tablier para conseguir resgatar a chave, e dizia de mim, para mim, pensa, Palmier, pensa, a chave tem de sair, caramba, quão difícil pode ser isto de tirar uma chave da ignição, ainda ponderei telefonar ao meu consorte para averiguar a questão da chave calcinada, mas sei que ele ia hiperventilar, que ia dizer que eu lhe estava a arruinar a viatura, por isso desisti, optei por chamar um transeunte que passava nas imediações, e fiz aquela minha cara de quem precisa de ajuda, aquela cara com sobrancelhas para baixo, ombros descaídos, braços estendidos e palma das mãos viradas para fora, a imagem de uma pessoa derrotada, veja lá isto que me está a acontecer… não consigo tirar a chave da ignição... e o transeunte olhou-me de soslaio e disse prontamente com voz seca e sem ponta de piedade: tem as mudanças no N, tem de pôr no P... e assim era, a chave saiu logo, sem refilar.

Ao fim da tarde fui buscar o meu carro à oficina. Esperei quase uma hora que mo entregassem. Tinham lá muitas chaves inteligentes, mas parece que a minha estava com paradeiro desconhecido…



quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Oh Deuses...

Lá terá de ser... é que, para acompanhar este blogo-andamento, uma coisa galopante e em crescendo, já ao nível da Oprah Winfrey, vejo-me obrigada, para não me deixar ficar para trás e assegurar o meu lugar, a lançar, em tempo recorde, o passatempo "O Divórcio mais Encoberto", com a oferta de detective privado, remoção de tatuagem com o nome da/o ex, workshop de divisão de bens, curso intensivo de wrestling para o que der e vier, equipa de advogados, consultas de psiquiatria com direito a inúmeras receitas médicas, certidões várias e Cartório Notarial!



Para ganharem este (também ele) incrível prémio, basta que me enviem histórias medonhas, de casamentos tenebrosos, com sangue, lágrimas e traições e que me convençam que merecem mesmo, mesmo, mesmo, que vos ofereça este divórcio! Vá, mãos à obra! Não é todos os dias que se tem uma oportunidade como esta! 



quarta-feira, 25 de novembro de 2015

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Ainda bem que o salvei de morrer afogado...

Assim teve a oportunidade de ter uma morte muito mais digna... por bungee jumping. Sem bungee. Só com a parte do jumping.




segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Porque a pessoa tem um público muito exigente

Ah e tal, esse header da praia já não se aguenta, isso é uma coisa de Verão, a rentrée já se deu vai para cima de três meses, está um frio desgraçado, a pessoa vem aqui e até sai arrepiada, e então, Palmier, já era altura de pores essa imaginação a trabalhar, não? andas uma preguiçosa é o que é! e a pessoa, que anda, de facto, preguiçosa, lá vai acabrunhada à procura de qualquer coisa nas profundezas do seu computador, aparece-lhe a betoneira e meia bola e força, mas a pessoa depois olha para aquela fotografia e vê que está de manga curta, que aquilo foi tirado na Primavera, está-se mesmo a ver que não está equipada para as baixas temperaturas que se avizinham, e então a pessoa deita mãos à obra e, pronto, tem aqui um header meteorologicamente adequado que lhe vai dar garantidamente até meados de Março.


quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Claro que uma pessoa fica apoquentada quando se depara com certas situações

É que, afinal, uma má publicidade de uma qualquer blogger, põe em causa a sobrevivência de toda uma classe: a classe das bloggers de sucesso. É que uma blogger de sucesso não se pode limitar a escrever uma qualquer narrativa para vender um produto! Não! Uma blogger de sucesso tem de ir mais além, tem de se envolver, tem de experimentar, de dar uma opinião com base no seu caso pessoal, tem de fazer uma coisa séria e imparcial! Bem sei que vocês, que ainda não chegaram a este meu patamar, não imaginam a forma como as coisas se processam, mas eu, que vivo do meu blog, posso afiançar-vos que a vida de uma blogger de sucesso é uma vida muito difícil, uma vida de trabalho árduo, espinhoso e fatigante! Fazer publicidade não é fácil e implica um grande empenho, um grande sacrifício e muito sofrimento! Não pensem que isto é um mundo cor-de-rosa! Não...! Isto é um verdadeiro martírio! Daí que não seja para qualquer uma! Por exemplo, neste caso em que finalmente me convidaram para fazer uma parceria publicitária com um hospital, vi-me obrigada, como forma de avaliar o atendimento em todas as suas vertentes, a partir as minhas próprias pernas! E reparem bem no meu elevado grau de profissionalismo: Para que avaliação do serviço fosse feita de forma completa e responsável não me limitei a partir apenas as tíbias, neste caso fui mais longe e optei por partir também os perónios!


O pior é que agora, com as pernas partidas, não sei bem como é que me vou pôr a correr para combater o colesterol... olha... se calhar o melhor é tomar já uma mão cheia de comprimidos!




sexta-feira, 13 de novembro de 2015

É que ando mesmo intrigada...

E como estou convencida (se calhar erradamente) que esta solução Governo-Slot-Machine-em-Dia-de-Jackpot, não é a solução que a maioria de nós escolheria para governar este nosso encantador país à beira mar plantado, pus-me aqui a pensar, a pensar e então pensei, pensei, pensei muito profundamente e com muita força e decidi-me a avançar sem medo para a minha própria sondagem, contando assim convosco, o universo de leitores de Palmier Encoberto, para saber como param as modas. Como este é um blog extremamente democrático, vou deixar as urnas abertas até Domingo, dando tempo a todos para cá colocarem o vosso voto. Assim sendo, queridas e adoradas pessoas, agradecia que me respondessem ali na barra lateral:

- E se as eleições fossem hoje, em quem votariam?


 No Agrupamento das Esquerdas ou na PàF.


quinta-feira, 12 de novembro de 2015

A minha Maman, ontem à noite, estava muito contente com o seu novo sofá, enviou-me uma fotografia e tudo

Ei-lo! O sofá que a minha Maman comprou para substituir o antigo, o que Canis escavou, escavou, escavou, e transformou numa toca, aquele que, não há muito tempo, engoliu um convidado pouco avisado que, sentando-se com estrondo, foi engolido para o seu interior, situação que Canis quis acompanhar de perto, saltando também ele lá para dentro com a sua bola de ténis na boca, ladrando de contentamento. No fundo Canis encontrou naquele convidado uma alma gémea! O pior foi mesmo resgatá-los lá das profundezas... 


Claro que isso foi ontem à noite... porque hoje de manhã...



quarta-feira, 11 de novembro de 2015

It's aliveeeeeeee!


(Estou tãooooo contente!)



O Lobo Mau e os três camaradas - antevisão de um Governo

Os três camaradas, irmãos de ideologia, saíram um dia da casa do seu pai Karl e foram, cada um por si, construir a sua própria casinha. O Irmão ecologista resolveu construir uma casa de bambus com telhado de colmo, uma coisa muito verde e zen, rodeada de belos girassóis, depósitos de compostagem e painéis solares; a irmã Catarina, mais prudente, resolveu construir uma casinha de ripas de madeira, uma coisa de verdade para gente de verdade, que pintou de encarnado, e que, no fim, ficou muito bonita e a Catarina gostou muito, aquele encarnado fazia, de facto, toda a diferença, era um orgulho aquela sua obra. Por fim, o irmão Jerónimo, raposa velha, enquanto os seus irmãos, com o trabalho já despachado, descansavam nos respectivos alpendres falando para as televisões, envidou todos os esforços e construiu uma casa de tijolo sem janelas, uma coisa robusta e inexpugnável, um bunker antiquado que ninguém percebia lá muito bem. Ainda assim, e apesar das diferenças, todos viviam felizes nas suas casinhas. 
Mas um dia tudo mudou, o Lobo Costa apareceu sorridente nas redondezas, a princípio ninguém lhe ligou muito importância, aliás, os três irmãos nem gostavam lá muito dele, “lá vai o fanfarrão”, comentavam eles com olhar crítico, “dizem as más-línguas que nos quer comer”... mas, apesar da má vontade dos manos, o Lobo Costa não desistiu, foi-se aproximando pé ante pé e acabou por abordar o Eco-Mano, afinal a casinha era um amor, construída certamente com muito carinho, e o Lobo Costa era um lobo muito ecológico que se interessava muito por aquelas coisas, e o Eco-Mano, baixando a guarda deixou-o entrar. O Lobo Costa não precisou de mais nada, uma vez lá dentro, desculpando-se com a alergia à aragem que vinha da janela da esquerda, deu um grande espirro que, num segundo, despedaçou a estrutura da casa como se de um terramoto se tratasse. O Eco-Mano, tremente e de olhos esbugalhados, fugiu aterrorizado e foi pedir guarida à mana Catarina. Nem imaginas, disse o Eco-Mano, o Lobo Costa deu-me cabo dos bambus, mas mal acabou a primeira frase, o lobo, astuto, bateu-lhes na vidraça. Catarina, segura da qualidade da sua construção, descansou o seu Eco-Mano, “estamos aqui bem protegidos, não te preocupes”, disse ela,” a minha casa não foi feita às três pancadas, é de madeira e o Lobo Costa não consegue aqui entrar”. Mas o Lobo Costa não descansou, lá de fora, sedutor, dizia palavras doces e conciliatórias, “venham meus amigos, vamos negociar! Estas paredes não fazem sentido nenhum, os tempos são agora de derrubar muros!” e abrindo a sua grande boca de dentes muito brilhantes e afiados, soprou com muita força para mostrar como se fazia, deitando assim, sem dificuldade, a casa da Catarina por terra. Perante aquela hecatombe, Catarina e o Eco-Mano fugiram apavorados e foram pedir abrigo a casa do mano Jerónimo, que, como é óbvio, não lhes abriu a porta, tendo sido devorados ali mesmo, na soleira, pelo Lobo Costa que, não tendo ficado saciado, vá de tocar à campainha da casa do mano Jerónimo de forma desabrida, que parecia impossível terem construído ali aqueles muros, que aquilo já não se usava há um ror de tempo, que exigia negociar a situação. E passou horas naquilo, e depois dias e por fim meses, até que o mano Jerónimo, cansado da situação, muito prático e diligente pôs as suas mãozinhas por baixo da porta e, através da frincha, num gesto firme e seguro, lhe puxou o tapete de um só golpe.



terça-feira, 10 de novembro de 2015

Ahhh... que descanso... (ou: sou tão esperta!)

Nada como envolver o leitor na decisão...


Shall we look at the coat?

Não! Não julguem... É que nem pensem que me voltam a apanhar em falso e me voltam a transformar no Bobo dos Sobretudos! Nem pensar, isso é que nunca mais! Recuso-me terminantemente! Assim sendo, e como forma de vos despistar, este ano pensei em toda uma nova estratégia e, mal a gizei, logo, logo, a pus em prática! Fui para a loja escolher o Top-2 dos sobretudos, que aqui vos apresento, pedindo assim a ajuda do público na escolha final. E não julguem que foi fácil... não, pessoas, foi muito difícil! A cada casaco que vestia, minh'alma tremia de aflição, olhava-me ao espelho de todos os ângulos e pensava de mim para mim: "o que é que as minhas fãs vão dizer? Será que apreciam o meu gosto requintado ou, tal como em anos anteriores, vão antes aproveitar para exorcizar os seus fantasmas fashionistas, largando assim a fúria internética que foram acumulando ao longo de todo um ano, sobre a minha pobre pessoa? E enquanto me questionava, a palavra "roupão" ecoava na minha mente (assim: roupão, roupão, roupão), tal como a palavra "avó" (avó, avó, avó), e a qualificação: "casaco da pastorícia (casaco da pastorícia, casaco da pastorícia, casaco da pastorícia) , enfim, tudo palavras fofinhas que ficaram a latejar na minha mente desde o ano passado. E assim, depois de muitos anos de enxovalho público, Palmier vem perante vós perguntar: Qual? Qual o sobretudo que deve adquirir?




(fotografias passadas para o blog antes do falecimento do telefone - que continua em coma e ligado ao arroz - pelo que, infelizmente, são as únicas de que disponho) 

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

O estranho caso do furto do comentário da minha Maman

Ao ponto que alguns blogs, sedentos de fama e visualizações, chegam... É que são capazes de tudo, pessoas! De tudo! Nomeadamente de furtar os comentários feitos por uma mãe extremosa a uma pobre filha. Não se faz, pessoas... não se faz! 



O comentário é meu, ouviram?! Só meu!


domingo, 8 de novembro de 2015

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Eu até sou pessoa que aprecia fazer umas comprinhas

Mas fico a perguntar-me o que raio levará um grupo de pessoas a ir dormir ao relento, para a porta de uma loja, e atenção que é uma loja que os tem em muito pouca conta, que os faz esperar horas por uma pulseira, como nos hospitais, e os deixa entrar em pequenos grupos, que já se sabe que esta gente das roupas é incontrolável, uma espécie de zombies on steroids, numa zona delimitada por grades (?) para, por entre uns safanões e uns empurrões vigorosos, uma espécie de luta da lama só que nos trapos, conseguirem escolher, em quinze minutos - it's the final countdown! até ao dlin-dlão da sineta, à boa maneira de um rebanho-, um número limitado de peças de roupa, por forma a alimentar a ideia de exclusividade, mas que, na verdade, só serve para evitar que esses clientes ingratos a quem a loja está a fazer um grande favor, esses zombies perigosos, esses sacanas desses especuladores, saiam da loja e revendam a dita roupa lá nas internetes.

A sério que uma etiqueta vale isso tudo? Gostava mesmo de perceber o que é que motiva uma pessoa a sujeitar-se a uma coisa destas. E para quê?!


quinta-feira, 5 de novembro de 2015

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Home alone

E depois o meu filho está a fazer as primeiras experiências de ficar em casa sozinho por períodos um bocadinho mais prolongados, e enquanto a hora não mudou a coisa até correu bem, afinal a luz do sol ajuda muito nestas coisas, mas agora às cinco e meia está um bocado para o escuro, breu mesmo, os barulhos tornam-se ligeiramente assustadores, para não dizer aterrorizadores e então ele liga-me em pânico, a perguntar onde é que eu estou, que está a ouvir qualquer coisa a chiar lá dentro, e eu digo-lhe para ir ver o que é, que deve ser a máquina de lavar roupa, ou assim, e ele pergunta-me se eu estou louca, que nem pensar que vai lá ver, e eu digo-lhe para acender as luzes todas, que está tudo bem, que pode ir, que está tudo fechado e que de certeza que um ladrão assassino não se ia pôr a chiar na cozinha, que nunca ouvi falar de nenhum caso de ladrões-chiadores, e ele diz-me que está com uma faca na mão a sair para as escadas, que dentro de casa é que não fica, e eu nem quero imaginar o susto que os vizinhos vão apanhar quando o virem na escada, armado com um facalhão.

(nota para a Comissão Nacional de Protecção de Menores: já telefonei à porteira para ir averiguar a situação)

Porque isto de ter um blog deve servir para alguma coisa...

Vocês, pessoas que percebem de coisas, ajudem-me!

O ecrã do meu computador é um Samsung para aí com uns três anos, não é dos mais pequenos mas também não é dos maiores (não faço ideia como se vê o modelo) e ia dando bem para o gasto. Acontece que eu estou cada vez mais cegueta e achei que, se tivesse um ecrã maior a minha vida podia tornar-se mais bela, podia ler os vossos blogs com mais alegria, as vossas letrinhas maldosamente pequenas iriam ser menos torturantes para os meus olhos velhos e cansados e, vai daí, pedi para me comprarem um ecrã maior. Na segunda-feira tinha aqui um ecrã novo à minha espera, um ecrã HP maior e, esperava eu, melhor. Esperava mal, como é bom de ver (ou, neste caso, acho que o adequado será dizer "como é mau de ver"). Passei dois dias terríveis, a mudar o brilho, o contraste, a definição (não posso passar para 125% porque me desconfigura alguns programas), a empurrar o ecrã para trás e depois para a frente e depois outra vez para trás, para e a chegar às cinco da tarde com uma dor de cabeça medonha. De tal forma que hoje fui, cabisbaixa, buscar o velho ecrã que, mal por mal, não me faz dores de cabeça. Só me causa aquele problema de ter de estar praticamente em cima dele, com a cara colada ao ecrã, como aqueles anciãos que conduzem em cima do volante. Ora, posto isto, pergunto:

Qual é o ecrã mesmo, mesmo fixe que devo comprar?



terça-feira, 3 de novembro de 2015

Outros Tempos - As Gémeas

A Tia Momó e a Tia Guida cresceram juntas, casaram e enviuvaram sensivelmente ao mesmo tempo e, com o passar do tempo e com a convivência, apesar de serem fisicamente muito diferentes, tornaram-se gémeas, praticamente siamesas. A Tia Momó, anafada e de mal com a vida, vestia de preto, com o colarinho abotoado até ao último botão e sentava-se sempre muito direita, no centro da grande sala lúgubre e austera -que a Tia Momó não era dada a prodigalidades, coisa que, aliás, criticava duramente- e ali ficava na penumbra, como numa recepção real nocturna, ocupando a sua cadeira alta de espaldar de onde, de pescoço esticado como uma girafa, dominava a Tia Guida, criatura magra, frágil e submissa, uma espécie de galgo miniatura, que se sentava aos seus pés numa cadeirinha baixa, de criança, daquelas da feira, pintada de azul-turquesa com uns arabescos em branco e assento em ráfia, vestida com os seus eternos camiseiros de colarinhos à Dumbo e as suas perpétuas calças castanhas à boca-de-sino, que usava em plena década de noventa para provar à Tia Momó, que, também ela, era uma pessoa desprendida e poupada. 
Viviam num mundo lá muito delas, onde ninguém se atrevia a entrar, com medo de, num repente, ser escorraçado pela Tia Momó, que era uma pessoa de muitas opiniões e princípios, que alardeava amiúde, uma pessoa de convicções muito fortes, muito recta, muito íntegra, de uma grande moralidade, uma força do bem que fazia gala na sua frontalidade; era uma pessoa muito frontal a Tia Momó e, por isso mesmo, melhor que as outras. Tudo confirmado pela Tia Guida que estava ali para isso mesmo, para, sempre que a circunstância o exigia, arreganhar os seus pequenos dentinhos assustadores. Tinha-se em muito boa conta a Tia Momó, e, talvez por pairar sempre acima da Tia Guida no seu grande cadeirão de costas altas, transformou-se numa espécie de Cavaco Silva antes do seu tempo: a Tia Momó nunca se enganava e raramente tinha dúvidas. Se a Tia Momó dizia alguma coisa, mesmo que ostensivamente desagradável e agressiva, logo a Tia Guida, com a sua voz fina e sumida, a secundava, que sim senhor, tinha toda a razão, “onde é que já se viu?!, no fundo a Tia Guida estava ali para dar risadinhas de desprezo quando era caso de dar risadinhas de desprezo e para estender uma mão amiga e enxofrar-se com as graves afrontas que a Tia Momó entendia ter sido alvo, porque, na verdade, tudo o que não encaixava nos seus cânones pré-definidos era uma afronta para a Tia Momó. No entanto, se a Tia Guida, lá em baixo, na sua cadeirinha, ousava piscar os seus olhinhos de morcego e abrir a sua pequena boquinha, a Tia Momó também intervinha, não para a secundar, como é evidente, mas para a fazer ver que estava ali para controlar todas as suas palavras, para garantir que não saía da linha que ela, tão habilmente, lhe havia marcado no decorrer dos anos. 

Era uma relação estranhíssima, a da Tia Momó e da Tia Guida, uma relação de que ambas dependiam e se alimentavam e de onde tiravam as forças para encarar de frente um mundo injusto e imoral, como se estivessem sentadas num automóvel, as duas, lado a lado, ainda que em diferentes níveis: uma na cadeira de cima, outra na cadeira de baixo.



segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Hoje à tarde ❤


(humpf... no telefone via-se melhor...)


Palmier também elabora estudos - é mesmo uma (pequena) provocação :)

Depois de analisar o estudo de Paul Piff, em que ficou provado pela análise de centenas de casos, sem margem para dúvida ou erro, que as pessoas com possibilidade de adquirir viaturas caras (se bem que não sabemos dizer exactamente o que é isso de viaturas "caras"), tinham maior propensão para infringir a lei, uma vez que, por estarem focadas apenas e só nos seus objectivos e prioridades, não se preocupando com os outros, não paravam nas passadeiras para dar passagem aos peões, ao contrário dos condutores de viaturas mais baratas que nunca, reparem bem: NUNCA, nas centenas de casos estudados, infringiram a lei, parando sempre, SEMPRE, para dar passagem aos peões em todas as passadeiras, Palmier foi para a estrada acompanhar o percurso de uma condutora mazona e insensível de um desses carros alemães. Foi isto que registou: