Ontem, antes de vir de férias, fui a correr a uma perfumaria comprar um tónico, que o meu estava mesmo a acabar. Entrei, fui direita à prateleira, peguei na embalagem e dirigi-me à caixa para pagar. À caixa estava uma menina que não tinha pressa nenhuma, que seguramente não estava a arrumar as malas para ir de férias, registou o tónico e disse-me que esperasse, que ia lá dentro buscar-me umas "amostrinhas". E eu, a antever que me ia aparecer com uns micro frasquinhos de perfume que nunca cheiro, sob pena de ficar agoniada, ainda lhe disse que não era preciso, que não valia a pena, deixe lá, fica para a próxima. Mas ela estava determinada, nem pensar que ia sair assim da loja, de mãos a abanar, que fazia questão de me fazer aquele "miminho". E então a menina lá foi, abriu uma portinha disfarçada por entre as prateleiras e sumiu-se lá para dentro, para a gruta dos miminhos. E por lá ficou perdida durante longos minutos, tão longos que pus a hipótese de abandonar a loja assim mesmo, à maluca, apenas com o meu tónico. Mas depois senti-me obrigada a esperar um bocadinho, afinal, e apesar de não calhar nada, tinha chegado a minha hora de ser mimada e, quando chega a nossa hora, não há nada que se possa fazer. Foi quando já estava a desesperar, a olhar para o relógio, a tamborilar os dedos no balcão e a pensar nas trinta malas que ainda tinha para fazer (a minha sorte é que os blogs nos ensinam a fazer as malas, caso contrário não não sei como teria sido), que a menina regressou. Vinha com os olhos brilhantes e, nas mãos em concha, uma saqueta. Quando se aproximou, disse-me baixinho, como se carregasse o último segredo de Fátima, que tinha ali um creme muito bom, que quando eu fosse a uma festa, ou assim, punha aquela máscara uma hora antes e era garantido, que eu ia ver, uma vez aplicada, aquela máscara ia dar-me uma beleza instantânea.
E foi assim que saí da loja, por um lado um bocadinho consternada, já que, aparentemente, preciso da máscara para ser bela, por outro vergada pela enorme responsabilidade de carregar comigo aquele Graal dos cremes de rosto que, qual pudim, nos proporciona uma incrível beleza instantânea.
E foi assim que saí da loja, por um lado um bocadinho consternada, já que, aparentemente, preciso da máscara para ser bela, por outro vergada pela enorme responsabilidade de carregar comigo aquele Graal dos cremes de rosto que, qual pudim, nos proporciona uma incrível beleza instantânea.