Talvez quando receber o carro novo e conseguir escalar para
dentro da garagem… sim, escalar. Porque o meu carro, que não é propriamente um
desportivo, não entra. Verifiquei isso mesmo este fim-de-semana, perante o
olhar estarrecido de um grupo de turistas. Ali estava eu, vrum, vrum, pódérósaaaa,
a sacar do comando, o portão- lindo por
sinal - a abrir, os arbustinhos lá dentro a dizer-nos olá e a cintilar à luz do
sol, e vá de embicar o carro para o interior, as rodas da frente sobem o
passeio, sobem o lambril da garagem e antes das de trás iniciarem a sua subida,
raccckkkkcchhhhhhhcccracc, a parte de baixo do carro a arrastar no chão. Lá fiz
marcha-atrás, outra vez o raccckkkkcchhhhhhhcccracccckhhh, e os turistas de
boca aberta e mão na cabeça, lá cheguei tudo à esquerda - que os degraus são
mais baixinhos - para fazer a segunda tentativa, lá pus as rodas da frente, raccckkkkcchhhhhhhcccracccckhhh,
lá voltei a fazer marcha-atrás, raccckkkkcchhhhhhhcccracccckhhh, lá fechei o lindo portão, fiz
adeus aos turistas e fui-me embora.
Pois que vejamos: a Câmara exige que na reconstrução dos
edifícios se façam garagens, o que me parece muito bem, já que todos sabemos o
inferno que é estacionar nesta cidade, os cidadãos fazem os projectos de reconstrução
com garagem, a Câmara aprova o projecto com aquela garagem mas, depois, o senhor do departamento de acessibilidades,
que verifica estas coisas na prática, diz, literalmente – o senhor disse mesmo isto
- que se está nas tintas para os carros, se entram ou não, e que só quer saber
dos peões, e que, para os peões, os passeios não podem ter inclinação.
Moral da história: os carros não entram nas garagens que a
Câmara aprovou...