Quem foi o idiota do Ministro, ou Secretário de Estado, ou
Sub Secretário de Estado que, sentado na sua mesinha, à luz do seu candeeiro de latão doirado com abat-jour de veludo encarnado, arquitectou a anormalidade desta lei que taxa os sacos de plástico?
E, reparem, eu percebo que se queira banir aqueles sacos de plástico
nojentos da face da terra, a sério que sim, mas, meus queridos ratinhos das
alcatifas dos Ministérios, as coisas não se fazem assim, ok? Eu sei que vocês, que se afanam em grandes pensamentos aí pelos Ministérios, não fazem a mais
pálida ideia do que se passa nas empresas, mas não se aflijam, Palmier explica
a sua dúvida:
Pois então, querido Ratinho, deixa que te diga que tenho
aqui em stock quatrocentos mil sacos, desses nojentos que nem tu nem eu
gostamos, quatrocentos mil sacos são o que nos resta de uma compra de um milhão,
efectuada em Abril de 2014, quando nem tu, mas principalmente eu, meu querido Ratinho,
sabíamos que esta lei veria a luz do dia a 31 de Dezembro. O meu milhão de sacos custou
qualquer coisa como sete mil e quinhentos euros, ou seja 0,008 € por saco. Ora,
o que tu estás a dizer é que eu, que comprei estes sacos por 0,008 quando não
fazia a menor ideia que tu, meu caro rato, ias estar sentado a tua mesinha, à
luz do candeeiro doirado com um abat-jour de veludo encarnado a ter estas ideias
espectaculares, vou ter de te pagar ao Estado (porque é impraticável e uma
afronta cobrar DEZ CÊNTIMOS aos nossos clientes por um saco plástico que vale
0,008) 10 cêntimos por cada saco que tenho em stock? Quer isso dizer que pelos
quatrocentos mil sacos que me restam e que me custaram três mil euros, ainda vou ter de pagar
ao Estado mais QUARENTA MIL? Quer isto dizer que a porra dos quatrocentos mil sacos,
porque tu resolveste mudar as regras a meio do jogo, me vão custar QUARENTA E
TRÊS MIL EUROS? É que, minha cara Ratazana de esgoto, por menos que isto eu tinha
comprado uns sacos de papel lindos e espectaculares, percebes? Se eu soubesse
as regras tinha feito outra opção! Capisce?
Se me dissesses que, sim senhora, ‘bora lá acabar com este
flagelo do plástico; assim que se vos acabar o stock, as regras são diferentes
(porque se isto é uma norma para o futuro, é um bocadinho indiferente que os
sacos parem de circular a 15 de Fevereiro ou a 15 de Agosto, o importante é que
num espaço de tempo razoável, parem de circular) eu, apesar de pagar mais pelos
sacos de papel, até te acompanhava de bom grado, percebes? Assim? Assim só te mando à
merda!
(É que já era tempo do Estado tratar os cidadãos com algum respeito!)