Um ano e meio?! UM ANO E MEIO?! Um ano e meio foi o tempo
que estes senhores levaram a averiguar da constitucionalidade de normas que têm
efeitos directos na gestão das empresas! Um ano e meio e, depois, não se
limitam os efeitos apenas para o futuro?! Represtine-se a lei anterior, dizem
os senhores do Palácio Ratton! Uma decisão que põe em causa estratégias e
investimentos feitos ao abrigo de uma lei da República, que pode levar à
falência mais umas quantas empresas?! Qual, por Deus, qual é a justificação
para demorar UM ANO E MEIO a fazer a análise de normas que deveriam ter entrado
no TC de ambulância, com pulseira encarnada, com prioridade máxima?!
Nem vou dar a minha opinião sobre a nossa Constituição, a
Constituição cujo espírito nos remonta aos anos muitA fixes da revolução, aqueles em
que éramos todos iguais, excepto os empresários, esses grandes exploradores,
esses oportunistas que se aproveitavam da parte mais fraca, aqueles que,
durante a noite se sentavam numa poltrona de antílope, com um fato azul-escuro
de caxemira e, de perna cruzada, com um charuto numa mão, faziam rodar com a
outra o sangue do trabalhador num copo de balão, bebendo-o de seguida em
pequenos goles.
E a verdade… a triste verdade, é que a nossa Constituição,
continua a olhar para a sociedade desta mesma forma. O trabalhador, esse ser
fraco e ligeiramente débil mental, tem de ser defendido por todos os meios do
esbulhador profissional, do (e agora vamos todos cuspir no chão)… argh… patrão!
Esse ser maquiavélico que se dá ao trabalho de investir, de arriscar, para
organizar uma empresa com o fito único, repito ÚNICO, de chegar ao fim e (muahahahahahahahaha)
despedir a malta toda!
Não pondo em causa a existência de empresários sem
escrúpulos (que os há, e aí a fiscalização teria um papel fundamental), a
verdade é que, por estranho que pareça, os empresários estão completamente
doidos e… tcharan!..., posso mesmo dar aqui uma novidade em primeira mão, os (cospe,
cospe) empresários, não querem despedir os bons colaboradores! Aliás, fazem de
tudo para ficar com eles! O estranho é que os maus trabalhadores (ah?! Não
sabiam? É verdade… também os há!), os que não estão para aí virados, aqueles
que faltam, que fazem o mínimo dos mínimos, que arrastam os pés pelos
corredores, foram agraciados com um casamento abençoado por Deus Nosso Senhor.
Sim… é que o tal (cospe, cospe) patrão, pode divorciar-se da mulher com quem esteve
casado quarenta anos, dar-lhe uma indemnização através da pensão de alimentos, mas…
do tal trabalhador… NUNCA! São um só, unos, indivisos, estão unidos para todo o
sempre pelo sacramento do contrato de trabalho. E isto de tratar todos os
trabalhadores de forma igual, os maus, os bons, os assim-assim, isto sim, é uma
violação do Princípio da Igualdade, tratar de forma igual situações desiguais é
a pior das afrontas. É dizer ao bom que, se for assim-assim, não faz mal nenhum
e ao assim-assim que pode ser mau à vontade que a lei (como um paizinho que vai
à escola bater nos professores) está aqui para os proteger.
E isto tudo, era para dizer aos senhores do Palácio Ratton
que já é suficientemente mau terem de trabalhar com uma base tão tendenciosa
como a nossa Constituição, agora demorar UM ANO E MEIO a analisar normas que
têm impacto directo e retroactivo na vida das empresas e que podem,
inclusivamente, determinar a sua morte, é brincar com todos, TODOS, com os empresários
mauzões e com os trabalhadores bonzinhos.
Enfim… vou parar, para não me enervar mais com as minhas
próprias palavras. Peço desculpa pela indignação… a emissão segue dentro de momentos...
*Devo dizer que a única norma inconstitucional aplicada aqui
pelas minhas bandas, foi a ausência de majoração das férias… temo pelo futuro
de quem reduziu o pagamento do valor das horas extraordinárias e que investiu
esse dinheiro de outra forma, quem despediu com base na inadaptação e vai ter,
não só de reintegrar, mas de pagar os salários que ficaram pendentes neste
período…enfim…já chega… vou-me calar…