sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Por acaso não vi se também havia chaves busca-polos

Eu também fui à loja chinesa, foi em Agosto, logo no primeiro dia de férias, depois de uma manhã de praia, fui a correr com os meus filhos e a minha Maman comprar duas telas, das grandes, que já se sabe que o meu estilo artístico é o megalómano, podia ser uma artista impressionista, conceptual ou surrealista, mas logo me calhou este estilo tudo em grande e agora tenho de carregar esta cruz. E assim foi, munida com duas telas baratíssimas, menos de vinte euros, de metro e vinte por metro e vinte, saímos da loja e começámos a nossa luta. Enfiar as telas no carro. Foi bonito de ver, quatro almas a tentar todos os ângulos possíveis e imaginários e as telas baratíssimas, mas teimosas como tudo, a recusarem-se a entrar. Nem no porta-bagagem, nem no banco de trás, nem em lado nenhum. E nisto já havia um ajuntamento de populares, cada um dava o seu palpite, desconhecidos introduziram-se no carro e desmontaram-lhe o interior, retiraram uma barra que eu nem sabia que saía, rebateram os bancos, que aquilo já parecia uma camioneta de caixa aberta, e depois, finalmente, lá houve um jeitoso que encontrou o ângulo certo, o único ângulo possível para as telas entrarem, e entraram mesmo, e a seguir pôs-se um novo problema: com as telas lá dentro só cabiam duas pessoas e calhava nós sermos quatro, então tive de deixar a minha mãe e a minha filha na loja chinesa e fui com o meu filho levar as telas a casa, para só então voltar e resgatar as duas familiares abandonadas, e tudo podia ter corrido bem e esta ser uma história de sucesso, mas depois acabaram as férias e com os meus filhos e as malas, a segunda tela, ainda a meio, não cabia no carro, e apesar de ainda ter posto a hipótese de deixar os meus filhos para trás para me poder fazer acompanhar da minha arte macro, lá optei por fazer seguir a dita numa transportadora, afinal o transporte só custava outros vinte euros, ainda estava a ganhar face ao preço de uma tela das portuguesas, comprei cinco rolos de papel de bolhinhas na loja do mesmo chinês, enrolei a tela muito bem enroladinha, vim para Lisboa e aguardei. A tela chegou uns dias depois, com a grade toda partida, que já se sabe que as telas dos chineses têm uma grade tão leve, tão leve que mais parece de cartão, por alguma razão são tão baratas, e então liguei para a loja portuguesa a com o meu drama, e eles, tão prestáveis, foram-me buscar a tela a casa, para a engradar novamente, agora em madeira também ela portuguesa, daquela que não se parte com um suspiro mais forte, e enviaram-me o orçamento: cem euros para engradar a tela, porque afinal as medidas não são standart, não é um metro e vinte por um metro e vinte, é um metro e vinte por um metro e vinte e três, e, claro, as travessas têm de ser feita à medida. E pronto, resumindo e concluindo, feitas todas as contas, vou pagar pela minha tela baratíssima do chinês o preço de duas boas telas portuguesas.

12 comentários:

  1. Melhor definição de "o barato sai caro"! Era isto que devia estar no dicionário :D

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    1. Claramente :D

      (mas no Algarve, pelo menos ali na minha zona, não há mesmo alternativas para comprar telas e afins. Por isso, ainda bem que há as telas chinesas :D)

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  2. Perdão?! Vais pagar?! Então e a responsabilidade da transportadora? espero que lhes peças o reembolso dessas despesas!

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    1. Sinceramente... não acho que sejam responsáveis. Eu devia ter metido a tela entre dois cartões resistentes e só depois enrolar a "sandwich" no das bolhinhas. E aquilo é realmente frágil, estupidamente frágil. Mesmo. pega-se numa tela que normalmente precisaria de duas mãos, com um só dedo...

      (felizmente o algodão não ficou estragado, nem furado, nem com bicos espetados, que era o que tinha mais medo :)

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    2. (Quando ficar com bicos deixa-a com a pintura para baixo com um pano molhado mas muito bem escorrido, praticamente só húmido, em cima da zona deformada. Isto partindo do princípio que lhe deste gesso acrílico com fartura não há perigo de estragar a pintura. Já me aconteceu e resultou.)

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    3. Quilos de gesso! É que o algodão chinês é profissional em arruinar pincéis! Parece lixa! :D

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  3. Certo dia, acordei e decidi que haveria de ser o dia em que iria à loja de tintas escolher a cor para as paredes do escritório. Sozinha, como se quer, para não ter que dividir poder de decisão, que as caras metade são pessoas maravilhosas, mas mesmo assim um entrave quando uma pessoa quer ser criativa e assim.
    Sou daquelas criaturas que odeia conduzir, e embora tenha carta, se recusa terminantemente a dar-lhe uso. Viagem de autocarro brevíssima. Lá escolhi ao meu gosto, e estava felicíssima por isso, mas depois dei por mim á porta da loja com n latas de tinta, e sem ninguém para as carregar. Só aí me ocorreu, oops.
    Sorte das sortes, enquanto eu fazia olhinhos de míope a ver se vislumbrava um táxi, apareceu um dos meus cunhados. Ufa!

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  4. :-)))
    Também já tive umas odisseias à porta da loja do chinês, mas foram de menor envergadura: ganchos coloridos para os cabelos das minhas filhas, que se partiram ainda antes do primeiro uso e foram substituídos - eu estando mesmo ali à porta voltei atrás à loja - mas à segunda substituição desisti.
    Bem, agora fico ainda mais curiosa para ver o resultado da obra nessa tela, Palmy! :-)

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    1. Pobrezinha da obra, deve estar para lá, toda destelada, à espera de uma grade feita à medida :D

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  5. Ahahahahahahahahahah 1,20m x 1,23m... Ahahahahahahahahahah

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