quarta-feira, 29 de abril de 2015

A maratona de Lisboa

Eu sabia que tinha o que era preciso para conseguir. Treinei muito, treino todos os dias, estava a fazer boas médias e ainda na véspera tinha conseguido o incrível tempo de sete minutos em quinze quilómetros. Mas depois, bem, depois há os imprevistos. Nesse dia acordei tarde, tomei o pequeno-almoço esbaforida, em pé, junto à bancada da cozinha, optei por um café daqueles de cápsulas que são todos iguais apesar de terem imensos nomes diferentes, uma carcaça com manteiga e uma bananinha. Nunca dispenso a bananinha nestes dias. De seguida tomei banho, vesti-me e saí de casa com um dos meus incríveis casacos, aqueles que fazem virar cabeças de tão belos. Não era o ideal para a correria que me esperava, mas era o possível. Os meus filhos vinham logo atrás, também eles equipados para a efeméride. A prova começou como quase todas que fazemos, com más sensações, com a terrível sensação de que não íamos chegar a horas. 
Mal me sentei no carro despi o casaco e atirei-o para o banco de trás, dizendo para os meus filhos, “um presente” e eles desataram aos gritos de alegria “que casaco tão belo! Que casaco tão belo!”. Foi muito giro. Assim que a barreira da garagem se abriu avançámos inclementes através da intempérie, sempre a um ritmo constante e mais alto do que aquele que tinha estipulado. Era importante ganhar estes segundos agora, para prevenir eventuais demoras mais tarde. À medida que íamos avançando em slalon por entre os carros, comecei a sentir-me mais confiante, até que um sinal vermelho seguido de um outro me abrandou o ritmo. Fiquei preocupada. Teriam sido apenas os semáforos ou o carro estaria a ficar sem gasóleo? Teria por ventura carregado distraidamente no limitador de velocidade, aquele que aqui há tempos me fez fazer todo o percurso a 30 km/h, pensando que o LIM de limitador que me aparecia no mostrador era, afinal, o LIM de limpeza ao motor? Resolvi acelerar e quando tinha recuperado o tempo que deixei para trás, deparei-me com o muro, o muro de pins que cortavam o meu caminho habitual, optei de imediato por fazer um desvio, em corta-mato, por cima dos passeios, os transeuntes, enlouquecidos gritavam-me vivas histéricos dizendo “desaparece daqui!”, incentivando-me a fazer mais e melhor. Quando voltei ao percurso normal já sabia que ia conseguir. Apesar daqueles quilómetros finais terem sido feitos em esforço, pé no acelerador, tronco chegado à frente, junto ao volante, cabeça praticamente a tocar no pára-brisas, olhos postos na estrada, já só pensava na meta. E depois chegámos finalmente à escola, janelas abertas, hino nacional a ribombar nos altifalantes, e as mães e os pais a gritarem nas escadas “Força família Palmier! Vão conseguir!” intercalados de “campeões, campeões!”. E é isto. Foi mesmo emocionante e bonito.


Amanhã conto-vos outra vez a minha maratona da manhã. 

37 comentários:

  1. Espero que bandeira nacional estivesse na sua posição correcta!

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  2. A bandeira está ao contrário, pah...

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    1. Pfffffffff... sinceramente NM e Lulu... tanto esforço e vocês a fixarem-se nos detalhes...

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    2. Podes melhorar os tempos se dormires com o top que vais usar... Diz que há por aí uns muito giros. Quase nem se nota que são pijamas.

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    3. Olha que boa ideia! Até posso dormir com o meu casaco quentinho por cima do top e dispenso o edredon!

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    4. Olha... Para isso os teus casacos são bons... Para serem usados como uma espécie de mantra... Bem visto Palmy, bem visto...

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    5. Ahhahaahahhaahahhahaahhaahahahhahahahahahahahaha
      Uma espécie de mantra! :DDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDD

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  3. Ao menos deram as mãos ao atravessar o portão da escola?

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  4. Palmier eu amo-a! Mesmo que conduza com a cabeça junto ao vidro do carro!

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    1. :DDDDDDDDDDDDDDDDDD
      O amor é assim, perdoa todos os defeitos! :DDDDDDDDDDD

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  5. Doce Palmier,
    E voltou a sentir-se forte? Fortíssima? Ou só normal? Neste caso, não esqueça que "a norte à uma pousada linda" para recuperar.
    Beijos,
    Outro Ente.

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    1. Bem.... isto de me sentir fortíssima é tão comum que já vai sendo normal... :DDDDDDDDDD

      (essa da pousada não sei... estarei out?)

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    2. O que explica a confusão entre o trapo e a taluda.
      (A da pousada é prolongada pelo namorado da Barbie.)

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    3. Ai fogo... namorado da Barbie...?! Estou mesmo out... :/

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    4. Ok! Já lá cheguei! :DDDDDDDDDDDDD
      A norte à coisas mui lindas! :DDDDDDDDDDDDDD

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  6. Por mais que treine para essa maratona há quase dois anos, nunca consigo reduzir o tempo. Sonho com esse dia.

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    1. Comes uma bananinha ao pequeno almoço? hum... bem me parecia... :DDDDDDDDDDD

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    2. Pipocante Irrelevante Delirante29 de abril de 2015 às 16:47

      Falta a app da Nike para controlar os tempos...

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    3. Sim... realmente, sem app e sem bananinha nunca mais lá chegas... :DDDDDDDDDDDD

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    4. Obrigada pelos conselhos e motivação!

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  7. Pipocante Irrelevante Delirante29 de abril de 2015 às 16:26

    O importante é a superação.
    A Palmier é um farol de esperança e inspiração.
    Eu choro a ler estes testemunhos
    (o facto de me ter engasgado e ter deixado cair o café a escaldar em cima dos matchy-matchies pode ter ajudado)

    Qual a app que a Palmier usa para controlar os tempos intermédios?

    Ficam a faltar as fotos.

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    1. Eu sei... a minha vida é uma inspiração para todos vós. Foi por isso que criei este blog. Para vos ajudar, :DDDDDDDDDDDD

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  8. Palmier, quase que morri engasgada ao ler o teu testemunho! Que maravilha! Que testemunho de superação e força de vontade!

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    1. Incrível, não é? Caramba... tenho imenso live style! :DDDDDDDDDDDDDDDDDD

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  9. Fiquei a suar só de ler sobre esta maratona, imagino ao vivê-la, os litros que não se terão perdido. O importante é continuar a treinar todos os dias. E conhecer os seus limites...de velocidade.

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    1. É essa a ideia! Assim fazem exercício através do blog! :DDDDDDDDDDDD

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  10. Eu cá farto-me de comer bananinhas e correr de bandeira na mão e nem assim consigo melhorar os meus tempos. Tenho cá para mim que tenho é de mandar uns casacos para a direita, outros para a esquerda à medido que vou correndo para distrair os adversários... Xiça, qu'isto de correr maratonas é do camandro.... :)))

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    1. Atenção que têm de ser casacos como os meus! Os mais bonitos! :D

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  11. Palmier,
    Tinha feito um melhor tempo, se tivesse colocado umas asas nos pneus.
    Tente para a próxima, pode ser que voe. ;)
    Maria

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    1. Ahahhahahahhahahhahahahhaahahaahhahahahahahhahahahhahahhahahahahahahahhahahahhahahhahahahahahaha

      Caramba! Como é que não me lembrei disso! :DDDDDDDDDDDDDDDDDDD

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  12. Tão emocionante, que uma pessoa até fica com os olhinhos brilhantes de água. De lágrimas? Não, da chuva, então!

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  13. Proponho já aqui a sua beatificação, só para começo de conversa!

    É que a maratona da Palmier sempre serve para alguma coisa.

    E não, não discordo da importância de se fazer o que se gosta, mas o tom messiânico do criaturinho lembra-me um sermão de pastor evangélico.

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