quarta-feira, 31 de maio de 2017

Porque sei que estavam extremamente ansiosos pelo post semanal da Grande Obra, ei-lo aqui, para vosso deleite!






E agora voltemos ao grande Cisma da Decoração 

Opção A


Opção B


Recapitulemos!

Opção A


Opção B


Julgo que não restam grandes dúvidas sobre com que cônjuge está a razão...


segunda-feira, 29 de maio de 2017

A discórdia abateu-se sobre o meu lar e eu preciso da vossa ajuda!

O tema, bastante profundo, é a disposição dos móveis na futura sala. Ou seja, cônjuge 1 considera que a sala deve estar virada para a vista, que o sofá onde nos sentaremos todos os dias deve estar de frente para o rio, porque o rio é belo e quando nos sentamos devemos vê-lo. Isso implica ter a televisão num móvel baixinho junto à janela que dá acesso à varanda. Claro que a luz que vem de fora, impede que, durante o dia se consiga efectivamente ver televisão. No entanto, durante o dia, é raríssimo vermos televisão e se quisermos mesmo, mesmo ver, para além de haver mais do que uma televisão em casa, estão planeados blinds  e umas cortinas que podem ser puxadas para o centro, para minimizar o efeito contra-luz. Assim:





Já o cônjuge 2 entende que a televisão não pode estar à frente do vidro porque bloqueia a contemplação da vista quando um qualquer habitante deste lar está de pé no meio da sala -aparentemente é uma coisa bastante comum, isto de estarmos de pé no meio da sala a ver a vista- e deve ser colocada na parede da direita, para que se possa ver em qualquer altura do dia -apesar de nunca vermos televisão durante o dia, e até à noite, enfim, é cada vez mais raro -. Cônjuge 2 acha que a sala deve estar dividida em dois espaços, o espaço da televisão e um outro espaço que o cônjuge 1 não sabe para que serve. Talvez um espaço de contemplação de rio em modo sentado. Assim:




Cônjuge 1 está muito zangado com esta situação porque acha ridículo dividir a sala em dois espaços. Cônjuge 1 sabe muito bem que as pessoas ocupam um determinado espaço nas casas, normalmente em frente à televisão, e nunca usam outro, ficam fixas, pelo que não entende por que raio em vez de ter uma sala grande, vai ter duas pequenas e em vez de estar de frente para o rio vai estar a contemplar uma parede. 

E vocês, de que lado do Grande Cisma da Decoração se encontram, do lado do cônjuge 1 ou do lado do cônjuge 2? Contem-me tudo!


sábado, 27 de maio de 2017

Então a pessoa acaba de tomar banho

Ouve uma grande algazarra, vai, vai, põe as pernas para baixo que eu te apanho, não!, não!, vá lá, não tenhas medo, eu apanho-te! já disse que não, não quero! Então vais ficar aí para sempre?... a pessoa vai a correr, ver o que se passa e...

quarta-feira, 24 de maio de 2017

A Grande Obra

Base de duche no sítio


E janelões!


Janelões everywhere!





terça-feira, 23 de maio de 2017

E então, no seguimento do comentário da Sara ao post de ontem, em que falava nos passes de mágica que aplicava às galinhas da avó, paralisando-as

Lembrei-me de uma história daquelas de casa da minha avó, aquela casa que funcionava como um relógio, tudo nos carris, que ali não se admitiam falhas, era uma questão de orgulho, que a minha avó, menina da capital desterrada numa pequena cidade de província, tinha uma reputação a manter: ah, a casa da família Encoberto, aquilo sim, funciona que é uma maravilha!


Foi então que o meu pai, fazendo uso das inúmeras galinhas que ofereciam ao meu avô como agradecimento pelas curas praticamente milagrosas da medicina dos anos cinquenta, iniciou um curso intensivo de hipnotismo. Quando os adultos estavam distraídos, escapulia-se para o canto mais remoto do jardim, onde havia um galinheiro, e aí foi apurando uma técnica milenar que consistia em traçar um risco no chão com um pau de giz, depois chegava o bico da galinha ao risco e, como que por artes mágicas, as galinhas ficavam ali, paralisadas, inertes, concentradas naquele traço branco durante tempos infindos. Todo um galinheiro imóvel, mesmerizado como numa pintura campestre e bucólica. Acontece que paralisar um galinheiro já não era suficiente, o meu pai queria mais, queria público, aplausos e louvores pela sua proeza nunca vista, e então engendrou um intrincado esquema que o levaria à glória. Depois de muito pensar, resolveu escolher como pano de fundo do seu espectáculo o lanche das senhoras do Patronato - uma instituição de solidariedade social em que as senhoras discutiam a melhor forma de ajudar os seus próprios pobrezinhos - que iria ser servido lá em casa, um lanche em bandeja de prata e xícaras de Limoges, que isto de ajudar os pobrezinhos, como bem sabemos, só pode ser feito no meio do fausto. Estava então tudo pronto, as grandes senhoras solidárias foram chegando com os seus recatados tailleurs, os seus colares de pérolas e carteirinhas de mão, ocupando os seus lugares, todas muito direitas e convictas do seu estatuto, sugerindo as mais diversas actividades para as pobres crianças, coitadinhas, ensiná-las a bordar, ministrar-lhes a primeira comunhão, organizá-las num rancho folclórico, enfim, essas coisas que os pobrezinhos tanto precisam, quando, por detrás dos sofás, as galinhas estrategicamente colocadas pelo meu pai, de bico no giz, começam a acordar do seu transe, primeiro ouviu-se um leve cacarejar ali, um brando cacarejar acolá, os olhos experientes da minha avó a perscrutar a sala, a sentir que algo estava prestes a correr muito mal, quando de repente começaram a surgir galinhas de todos os cantos, a saltar de todos os lados, a debicar as finger sandwiches feitas com todo o esmero para a ocasião, galinhas em cima dos sofás, ao colo das grandes senhoras. Enfim, o lanche que ficou eternamente conhecido como “la grand débâcle”.

(percebo agora que a pintura de ontem é bem capaz de ser uma reminiscência desta históra :D)

segunda-feira, 22 de maio de 2017

quinta-feira, 18 de maio de 2017

A Barbearia

A barbearia que começou os seus dias destinada a ser uma barbearia chique, uma coisa com bar ao fundo e manicure, foi, durante décadas, testemunha de um ódio visceral entre os seus dois sócios, o Senhor Basílio e o Senhor Manuel, um ódio que se prolongou por mais de quarenta anos, uma malquerença mútua que era palpável e que adensava o ar, deixando todos os seus clientes em alerta, tendo em conta a quantidade de objectos cortantes que por ali havia. O dito ódio, que se reflectiu na total ausência de limpeza e manutenção, deixou a barbearia parada no dia da grande zanga, os cortinados encardidos, as cadeiras desconjuntadas e os vários centímetros de pó que cobriam as capas das revista dos anos setenta eram prova mais do que evidente do tempo que aquela luta surda já levava. A postura dos dois barbeiros fazia o resto. 
O Senhor Basílio, o barbeiro dos elementos masculinos da minha família - não por escolha mas porque calhou ser ele a atendê-los da primeira vez que lá foram e a partir daí o lado da barricada estava automaticamente escolhido -, é um homem franzino, na casa dos setenta, cinzento de raiva, corpo hirto e ressequido, bata bege a abotoar no ombro, cabelo pintado de preto, bigode grisalho inteiriço e farfalhudo - um bigode que lhe ocupa metade da cara magra e afilada - vivia em tensão, movimentos bruscos e semblante colérico, a vida dele não era cortar cabelos, a vida dele era, isso sim, estar ali, a travar a sua guerra com o Senhor Manuel.
Acontece que, quando as facções beligerantes já pareciam ter desistido e o empate estava prestes a ser declarado, chegou o dia em que o Senhor Basílio acabou por ganhar a batalha final, já que o Senhor Manuel, apesar de ter dado luta, não sobreviveu às más energias que ali circulavam, libertando finalmente o Senhor Basílio para a vida. E o Senhor Basílio, num gesto de rebeldia, não perdeu tempo e ligou de imediato o seu destino a um novo barbeiro, um jovem de óculos de massa, braços tatuados e cabelo em poupa alta e lateral, que remodelou a barbearia por forma a retomar o brilho de outrora, lustres de vidrinhos, revistas de design sobre a mesa, decoração moderno-retro-industrial-vintage em preto, e o Senhor Basílio, cujo corpo já se habituou àquela postura rígida de autómato vai para anos, lá está, envergando, orgulhoso da vitória, a nova farda da barbearia: camisa aos quadradinhos, gravata de xadrez, colete de veludo e o seu bigode fora de moda agora elevado à categoria de moustache, num look totalmente hipster.

Quase consigo ouvir o risinho de escárnio do senhor Manuel, lá no além…



quarta-feira, 17 de maio de 2017

A Grande Obra

Habemus janelas!


E testes de colocação de soalho!



e base de duche!



que vai ser encaixada ali, naquele cantinho!


E caixilhos da fachada tardoz!


e, caramba, está a ficar mesmo bonito!

sexta-feira, 12 de maio de 2017

O problema?

O problema é que não consigo reduzir a realidade. E já tentei. Mas desisto. Ficam sempre umas miniaturas ridículas. Ora, como não consigo reduzir a realidade, para pintar uma pessoa em pé preciso de uma tela com pelo menos um metro e oitenta de altura, para lá encaixar uma criatura com um metro e sessenta, e mesmo assim fico sempre com a sensação que é uma criatura demasiado pequena, depois as telas não me cabem no carro e, as que lá consigo enfiar não têm destino, porque não as posso pendurar na parede - derivado daquela falta de gosto da minha família - por isso vão ficando encostadas pela casa e ocupam imenso espaço, para além do aspecto caótico da coisa, que me perturba a paz.

O pior...? O pior é que só tenho ideias megalómanas...  

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Outros Tempos - O penteado

Já a Tia Violante tinha um séquito de criadas, praticamente uma PME, tal era o afã que se vivia naquela casa. Acontece que a Tia Violante, uma adepta fervorosa do brio, do garbo e da altivez, andava desgostosa com as melenas das raparigas, aliás, desgostosa é dizer pouco, a Tia Violante andava em pol-vo-ro-sa com aquelas gaforinas. Logo de manhã as raparigas entravam-lhe pelo quarto com aqueles chignons horripilantes, farripas de cabelos a sair por todos os lados, as travessas a cair, enfim, para os elevados padrões estéticos da Tia Violante, aquilo era um espectáculo feérico, uma tortura, uma situação que a deixava com os nervos em franja e os nós dos dedos brancos de fúria debaixo dos lençóis rendados. 
A Tia Violante tentou de tudo, as toucas, as redes, as grinaldas, os ganchos e as travessas, as bandoletes e as fitinhas, mas nada funcionava, os cabelos estavam vivos, eléctricos, eram cabelos ladinos, determinados a atormentá-la. Para além disso, as raparigas não tinham qualquer espécie de pundonor, parece que faziam de propósito, não se esforçavam por melhorar os dias da tia Violante, nem as noites, ah, as noites, as noites eram o pior, a Tia Violante deitava-se no seu grande leito encimado por um grande crucifixo e nem se conseguia concentrar nas suas orações, o temor dos cabelos desgrenhados era mais forte, parecia que as raparigas estavam ali à sua frente, a mofar dela, pagodeando das suas fundadas inquietações, abanando as suas cabeleiras esgadelhadas, aquilo eram pesadelos que a assolavam pela madrugada fora, visões tenebrosas, um tormento como nunca ninguém deve ter vivido, nem antes, nem depois da Tia Violante. E então, um dia, depois de um longo calvário e muito sofrimento, a Tia Violante, cansada de tolerar aqueles penteados rústicos que se passeavam na sua mui nobre casa, os penteados que a faziam viver permanentemente no fio da navalha e com o coração em sobressalto, tomou uma grave decisão. Sentou-se graciosamente na pontinha da cadeira da  grande secretária junto à janela, os cortinados abertos de par em par para deixar entrar a luz e, munida de pincéis e crayons coloridos, e inspirada directamente pelo bom Deus, desenhou o penteado ideal para a criadagem. E  a obra de arte, que sobreviveu a várias gerações, para que nenhum descendente tivesse de passar pelo mesmo martírio que a Tia Violante passou, consistia numa grande franja que era penteada para o lado com três ondas bem marcadas a ferro quente, três ondas ritmadas, uma, duas, três, apanhada atrás da orelha com um grande gancho de mola. Na nuca, e para evitar aqueles chignon desastrosos, a tia Violante idealizou uma permanente bem apertadinha, na verdade, uma carapinha, que garantia que os cabelos, depois de amarrados, não saíssem do sítio. E assim foi, uma vez desenhado o penteado, a Tia Violante pegou no seu staff impecavelmente fardado e, pela manhã muito cedo, para evitar encontros com as senhoras das suas relações, subiu a Calçada para as depositar nas mãos do seu cabeleireiro onde, qual artista da renascença, ia dando as devidas instruções para a correcta execução da sua obra de arte. Foi assim que, em casa da Tia Violante, se institucionalizou o famosos penteado, usado pela fiel Augusta até ao seu último suspiro. 
A Tia Violante nunca chegou a compreender por que razão, a partir daquele glorioso dia, se tornou tão difícil encontrar raparigas dispostas a trabalhar numa casa tão boa...

terça-feira, 9 de maio de 2017

E se fossem vocês a decidir...?

Na semana passada estivemos a fazer entrevistas para o preenchimento de quatro postos de trabalho não qualificado. Trabalho manual, repetitivo, que não necessita de raciocínios particularmente elaborados mas sim de concentração, rapidez e jeito. Estas quatro pessoas novas vão juntar-se a um grupo de cerca de trinta e cinco outros funcionários, pelo que, a capacidade de integração também é um factor a ter em conta Das vinte pessoas chamadas apareceram treze (não foi nada mau) e, das treze, quatro pareceram-nos boas ( o que foi excelente). A última a ser entrevistada ficou ali no limiar. Uma rapariga com vinte e um anos, com um discurso pouco fluido, envergonhada, mas com um sorriso amoroso, que seguramente se integraria sem dificuldade, que talvez fosse "adoptada como mascote", uma vez que a média de idade do grupo é bastante superior. Por comparação com as outras quatro ficou um bom degrau abaixo. Acontece que, quando a acompanhei à saída, a mãe, que a esperava, ficou ali indecisa, sem saber bem o que fazer, mas acabou por pedir para falar connosco. Explicou então que a filha tem um atraso mental (não sei se é assim que se diz, se é politicamente correcto, mas foram estas as palavras utilizadas pela mãe), mas que, se devidamente orientada, se esforça até ao limite para cumprir as tarefas que lhe são propostas, que é voluntária no CAD (Centro de Apoio à Deficiência) que frequentou, só para não estar em casa sem fazer nada, e para, por favor, lhe darmos uma oportunidade - e depois emocionou-se, claro, e eu também, caramba, fiquei ali com um nó horroroso na garganta - que não há ninguém disposto a dar oportunidades aos menos dotados, que temia pelo futuro da filha, que não podíamos imaginar a felicidade que lhe demos só por termos ligado a marcar a entrevista, o entusiasmo em que ficou, que não falou de mais nada nos últimos dias, que se lhe dermos a oportunidade não nos vamos arrepender. 

Os postos de trabalho são quatro, para a escolher vamos ter de preterir uma das outras (que, se esta conversa não tivesse existido, seriam as escolhidas), mas depois de saber toda a envolvente...


segunda-feira, 8 de maio de 2017

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Não sei se é bom ou mau, mas pelo menos é tranquilo

A verdade é que, hoje em dia, quando alguma pessoa me desilude de verdade - daquelas desilusões que aqui há uns anos me consumiam semanas de angústia e inquietação, tempos infinitos a repisar palavras e acções -, limito-me a encolher os ombros e a pensar "olha, mais uma", enquanto pego na vassoura com uma naturalidade imperturbável, varro a poeira do desencanto lá para o quartinho das desilusões e fecho a porta atrás de mim com toda a suavidade. Acho que perdi a capacidade de me indignar.


quarta-feira, 3 de maio de 2017

Minina, quéqui ocê tá fazendo?

Olha a couve lá, se julgando poderosa, mangando da gentje fora da geladeira, sendo entediante intencionadamente, olha lá a turma das couve, tudo pirua pensando que é brocoli, ali em cima da mesa fazendo as coisas que elas faiz, em vez dje estar pagodeando pra mim rir. Vai, me agarra que ela tá pidjindo e eu vou gastar todas minhas energia ferrando nela.




E já de seguida, porque não há tempo a perder

Cláudia Filipa com a incrível obra de arte de grafite sobre papel 
com o título: "Emancipação".