quinta-feira, 5 de setembro de 2019

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

E então, porque me vieram aqui dizer que Agosto é o mês das aventuras de Canis e eu nada relatei...


Venho aqui contar que numa das tardes em que estava tranquilamente a pintar, senti que Canis irrompia pelo atelier andando de um lado para o outro, tic, tic, tic, com as suas unhinhas pelo chão, mas a pessoa estava ali muito concentrada nas pinceladas e nem repara, aquelas andanças de Canis estavam lá muito longe, noutra dimensão, até que, de repente olha em volta e vê-se envolta num mar de sangue, gigantescos pingos de sangue por todo o lado, um cenário de horror que o cérebro da pessoa não assimila, mas, mas, mas… então assassinaram aqui uma pessoa ao meu lado e eu não dei por nada?! Onde está o cadáver?! Levaram-no?! Então a pessoa dá um gritinho de filme de terror, corre para o ensanguentado e bem disposto Canis ,“Canis, Canis, meu lindo bebé, o que se passa contigo?! De onde vem todo este sanguinho?!” E então a pessoa percebe que é um minúsculo corte numa orelha, uma coisa quase invisível mas que, ainda assim, em termos de caudal, parece uma mangueira de pressão, a pessoa agarra a orelha para fazer um garrote, mas Canis não gosta, escapa-se, abana a cabeça no atelier, sanguinho pelos ares, a aterrar em todo o lado, na própria pessoa, nas paredes, nos sofás, Canis corre para a piscina, abana a cabeça, sanguinho por todo o lado, a pessoa corre atrás dele, ela própria cheia de sanguinho, mais pessoas aparecem, ficam estáticas a olhar para aquela carnificina, a pessoa consegue voltar a agarrar Canis, mas Canis não pára de abanar a cabeça naquela chuva infernal, de cada vez que a coisa parecia estar a estancar ele voltava a dar a sua refrescante sacudidela, pusemos água oxigenada, betadine, pensos em spray, nada estancava aquele riacho…
Duas horas depois, e quando tínhamos a casa e os nossos próprios outfits prontos para filmar a sequela do Shining, conseguimos finalmente fechar a torneira.


(o corte era minúsculo mas numa destas veias)