segunda-feira, 27 de junho de 2016

E depois fui à farmácia buscar o protector solar que lá tinha deixado encomendado

E quando saí estava um homem à porta, telemóvel no ouvido e gritava lá para o outro lado "ela não gosta de ti, porra", e eu abrandei imediatamente o passo, de repente tinha de saber por que razão ela não gostava dele, mesmo sem saber quem era ela e quem era ele, e o homem continuava, com a voz irritada, a dizer altíssimo: "não gosta, pá, foi ela que me disse. Não gosta de ti!", e o outro do outro lado devia dizer coisas, certamente queria muito que ela gostasse dele, e este de cá, cada vez mais impaciente, a fazer gestos com a mão que não tinha o telemóvel, a levá-la à cabeça, exasperado, e eu a afastar-me estupidamente devagar, como se fosse uma velhinha de noventa anos, e ele continuava "Ela não gosta de ti, pá, nunca gostou e nunca há-de gostar" e eu então parei à frente de uma montra minúscula de uma loja chinesa, com aqueles gatinhos encarnados e doirados que fazem adeus - há que incluir sempre uma gracinha de um animal em qualquer post, temos de honrar a nossa essência - , e o homem continuava a explicar ao outro que não valia a pena, que ela não gostava mesmo dele, que era ridículo ele gostar dela, que um gajo não perde tempo a gostar de uma mulher que não gosta dele, que passa para a seguinte, e depois, pela reacção do homem do telemóvel percebi que o outro continuava a argumentar do lado de lá, que não se dava por vencido, que ainda havia uma réstia de esperança, mas às tantas já não havia justificação para estar ali a olhar para os gatinhos que diziam adeus e tive de me ir embora sem saber em que pé ficou o caso do homem que gostava de uma mulher que não gostava dele.


45 comentários:

  1. Hoje a Palmier dá cabo de mim com estas histórias sem desfecho! Está-me a dar um ataque de curiositite aguda!!!

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    1. Com sorte a minha mãe ainda conta o desfecho da outra, agora com esta estou como tu! É que o homem do telefone estava a falar mesmo à bruta, normalmente os homens, nestes assuntos, não são tão objectivos...

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  2. Se quiseres empresto-te macaquito que é extremamente impertinente e tem o péssimo hábito de se incluir em todas as conversas, inclusive as dos transeuntes que nunca viu na vida.
    Não consigo (nem eu, nem ninguém) receber uma única chamada em que não tenha de lhe dizer com quem falava e o motivo da conversa. Mesmo quando lhe digo que não ele é tão chato que acabo por desistir.

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    1. Estou a imaginá-lo: "Está a falar com quem? Chama-se Manel.... E porque é ela não gosta? E onde mora... "

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    2. Isso é que tinha sido! Assim não tinha ficado nesta angústia! :DDDDDDDDDD

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  3. (Um blogue tão promissor... Enfim...)

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    1. Bem sei...

      (mas tenho as minhas Palmierettes e isso, parecendo que não, sempre é um consolo...)

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    2. Queres agendar um brainstorming para redefinição de estratégia?!

      (Sempre aqui! Sempre pelo Palmier!)

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    3. Em calhando era boa ideia! Faz-me lá um estudo de mercado e manda-me as conclusões!

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    4. Já fiz. E não trago boas notícias...

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    5. Oh Palmier, Palmier... Queres a verdade?

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    6. Não sei... às vezes é melhor viver na mentira, na ilusão...

      (achas que aguento?)

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    7. Acho pá.

      (Despacha lá isto que tenho de ir dar banho aos putos...)

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    8. Olha, então vá, arrisca!

      (Qualquer coisa comunicamos ao seguro...)

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    9. Ahahahahahahahahahah desculpa! (O mais novo já anda sem fraldas e há assuntos que não podem mesmo esperar...) :DDDD

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    10. Mas como estava eu a dizer... As notícias não são nada boas... Toda a gente me disse que a tua margem de progressão... Enfim, kaputt. Finito es! :((
      (Ainda se tivéssemos tentado tomar as rédeas da situação antes d'Ele ter tornado a sua opinião pública...)

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    11. Então?! Agora foste tu embora? :DDDD

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    12. Com o tempo que me fizeste esperar é evidente que o meu coração não resistiu! Agora estou internada no hospital e sem possibilidade de tomar medidas drásticas! Estou capaz de te pedir uma indemnização...

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  4. A Palmier não estaria numa cena de uma telenovela qualquer?

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    1. Não vi câmaras de filmar... :)

      (Seria para aquele programa "e se fosse contigo"?! :D)

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    2. Poderia ser, há fortes probabilidades. Às tantas, o tema era "«Ela não gosta de ti» pelo telefone. E se fosse consigo? Interviria?" :P

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  5. Deverias ter pedido o telefone e explicado que ela nunca há de gostar dele!

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    1. Devia lá ter ficado a tarde toda a olhar para os gatos que dizem adeus! Agora vou ficar para sempre sem saber o desfecho!

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  6. Isso não seria pró ( e se fosse consigo) cá pra mim na segunda vais aparecer na SIC ☺

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  7. Dra. Palmier, julguei-a mais perspicaz. Não foi preciso ficar a ouvir a conversa até ao fim para perceber o que se estava a passar.
    E ainda dizem que as mulheres são más umas para as outras. Nada mais distante da verdade, minha boa doutora. Os homens perdem-se por uma boa fofoca, chamam-lhe intriga palaciana para se enganarem, mas é só vontade de falar da vida alheia. Além do vício da coscuvilhice, alimentam um outro, que é o gosto por mulheres alheias (dos que são de gostar de mulheres). A velha história "mulher de um amigo meu é homem" só funciona se ela for um camafeu sem préstimo. Se for inteligente desperta-lhes a curiosidade, se for bonita, desperta-lhes tudo o resto.
    Só há uma razão para um homem saber, da boca de uma mulher, que esta não gosta de um outro homem. É essa razão é simples: há ali caso. Ou ela sente um fraquinho pelo confidente e viu ali uma forma de se aproximarem (confiando que ele, aproveitando-se da sua "vulnerabilidade", avance. A suposta vulnerabilidade é encenada, é apenas um dos mil e um recursos da mulher) ou já estão envolvidos. De outra forma um homem não pode afirmar com tanta certeza que uma mulher não gosta de outro, que aquele é chão que nunca dará uvas.
    Agradeça o facto de não ter presenciado a conversa até ao fim, acabaria - como apostaria que acabou - com um inevitável "ando a comê-la, carago, desiste!".
    Se forem bons amigos a amizade resiste. Se não forem, olhe, não se perdeu nada.
    Vá por mim, Dra Palmier.

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    1. Ahahahhahahhahahhahahahhahahhahahhahahhahhahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahhahahhahahhahahhahahhahhahahahahahahahahahahahahha
      "ando a comê-la, carago, desiste!".

      Ahahahahhahahahhahahahahhahahahhahhahahhahahhahahhahahahhahhahahahhahahahahhahaha
      é o fim perfeito para esta história! :DDDDDDDDDDDDDDDD

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    2. Conclusão mais do que plausível (e com muita graça! :-D ).

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  8. E agora, como é que vamos continuar com as nossas vidas sem saber o desfecho da coisa?

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    1. Vai ser difícil, mas temos de ser fortes. Juntos vamos conseguir superar isto! :D

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    2. Tenho tido pesadelos com isto Palmier. Ai que não me sai da cabeça este assunto! :D

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  9. De certeza que ficou como de costume...
    ...com ele "empancado" e ela sem paciência para o aturar...

    :)

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  10. Cá para mim, apanhaste a conversa entre dois rivais. Não eram amigos, pois que os homens quando é na base da amizade, não usam esse tipo de argumentos. Digo eu...

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    1. Também achei super estranho, não é nada conversa de homem, mas também não me parecia conversa de rivais....

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  11. Quem sabe os dois homens não teriam um caso e a abelhuda intrometida estragou tudo... e afinal, estragou só porque sim, porque parece que não gosta, nunca gostou, nem algum dia irá gostar do traidor deslumbrado... olhe que são situações muito muito na moda !

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  12. Não seria o seu vizinho a falar com Canos, referindo-se a senhora sua mãe...? "Ela não gosta de ti, só finge. Mas comigo tens sempre brincadeira garantida." :):): Gostei da teoria da Senhora Secretária.

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