sábado, 27 de agosto de 2016

Há cinco dias que o vento sopra de sueste

E ao quinto dia de sueste - sinto-o agora mesmo a passar-me pela cara, virada que estou, como um barco, com a proa ao vento, o mar cansou-se da agitação dos últimos dias, das ondas grandes e desordenadas, da rebentação cheia de areia, de nos dar chicotadas nas pernas quando aproveitamos o intervalo entre duas ondas para corrermos sobre as conchas partidas que nos magoam os pés, até ao mergulho in extremis - mas dizia eu que ao quinto dia de sueste, o vento que dura três dias mas que desta vez veio para ficar, o que nos entra pelas casas protegidas a Norte, traiçoeiro, trazendo consigo o barulho da rebentação e depositando-o na nossa almofada que toda a noite ruge como um búzio, ao quinto dia de sueste o mar, exausto e indiferente às leis dos ventos e das marés, descansou.

4 comentários:

  1. E nós também podemos descansar. O verbo dos loucos é muito cansativo!

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  2. Estão dias de praia de sonho aqui no meu centro do Algarve. De sonho, como há muitos anos não apanhava.

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