terça-feira, 11 de julho de 2017

Conversa em linhas paralelas

Ao fim da tarde lá fui buscar a criançada à vela, que nesta altura do ano há que arranjar actividades dê lá por onde der, mas a atracagem estava atrasada, os barquinhos pequeninos (como este) já estavam todos arrumados e fora da vista



e a miudagem estava toda nos grandes (como este), a limpar, a arrumar e a desempenhar as tarefas que os marinheiros de água doce têm de desempenhar 


e eu sentei-me lá num banquinho, à espera, e nisto aparece um pai com um ar meio perdido, que aquilo de ir pôr e buscar era claramente tarefa da mãe, e de seguida aparece o filho, um miúdo para aí com dez anos, todo encharcado. Então estás todo molhado? Ah e tal, o barco virou-se. E então vejo o pai a ficar lívido, com um ar aflitíssimo "o barco virou-se?!" e o miúdo com um ar normalíssimo, que sim, que se tinha virado, ele e o amigo tinham caído à agua, e o pai nervosíssimo foi ter com um instrutor, ah e tal, o barco virou-se? E o instrutor com um ar super tranquilo, que sim, que se tinha virado, mas porquê, ele  - o filho - assustou-se?, e o pai branco como a cal, não, não eu é que gostava de saber o que se passou, enquanto olhava lá para baixo, de soslaio, para os barcos grandes, e então o instrutor começa a falar, a dizer que faz parte, que eles têm de se saber desembaraçar, de trabalhar em equipa, e o pai a perguntar a medo "ah, mas depois para virar o barco outra vez é que deve ter sido pior, tiveram de os ajudar com certeza..." e o instrutor a dizer que não, que os meninos tiveram um treino no primeiro dia, que só saem da doca depois de saber virar o barco, que, no mar, têm de saber que estão por conta própria, e o pai a olhar para os barcos grandes com os olhos fora das órbitas mas a não querer dar má imagem do seu pequeno lobo do mar, que ninguém pensasse que o seu filho era menos que os outros, claro, claro, tem de ser mesmo assim, dizia o pai sem acreditar numa única das suas palavra, a tentar perceber como raio é que dois meninos de dez anos conseguiam "re"virar um barco com mais de duas toneladas e meia.

Nunca o instrutor se apercebeu que o pai esteve o tempo todo a pensar que o naufrágio se tinha dado nesta embarcação 



Nem o pai percebeu que o instrutor esteve o tempo todo a falar destas casquinhas de noz.



19 comentários:

  1. Tens noção que agora que já sabem safar-se sozinhos no mar, estás sujeita a que a Cuca te venha roubar a tripulação tal como fez com Cutxi?!

    (Pobre homem! Aposto que nunca mais o vês por ali...)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Qual quê! Eu estou a treiná-los para serem a minha tripulação! Este Verão vamos atacar a marina da Cuca! Eu vou deitada à proa, a apanhar banhos de sol! :DDDDDDDDDDDDDD

      (estive mesmo para interromper a conversa para assinalar o mal entendido... mas depois tive vergonha :D)

      Eliminar
    2. partilho a minha ideia, moças. enquanto os miúdos tomam conta do iate, a Be e eu levamos os mosquetes, tu levas o robalo, e assaltamos o cacilheiro da Pirata. o que me dizem?


      (eu nem devia dirigir-te a palavra, ó sô dona Artista. pffffff.... jantarinhos de bloggers com o tio e nem uma foto, nem uma fofoca... caramba, Palmy, mas afinal para que serve isto de teres um blog?!)

      Eliminar
    3. Com uma arma calibre robalo, ninguém nos pára! :DDDDDDDDDDDDDDDDDDDDD

      (tu não vês que aquilo está tudo mal contado?! Pois se eu estaca a comer o robalo, como é que podia estar a falar dos veios da pedra?! É que eu tenho maneiras à mesa! Nunca falo de boca cheia! :DDDDDDDDDDDDDDDDDD)

      Eliminar
    4. (mas podias ao menos tirar uma foto, nem que fosso à indumentária do tio, ou um vídeo dele a dançar, ou da Cuca trajando o teu fato-coelhocorderosa (qué feito desse fato? :))

      Eliminar
    5. Tu sabes lá... confiscaram-me a máquina fotográfica à entrada! Estes jantares estão rodeados das maiores medidas de segurança! :DDDDDDDDDDDDDDD

      Eliminar
  2. Pobre pai... Deve pensar que o filho é um super-miúdo que consegue virar um barco daqueles ahahahah

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Coitado, acho que estava de tal forma em choque, que nem raciocinou :D

      Eliminar
    2. Espero que quando lhe passar o susto não se lembre de colocar o miúdo a trocar pneus e afins dado que consegue com um barco daqueles :D

      Eliminar
  3. Ainda há dias dizia eu (em causa própria, pois claro), a propósito de título adquirido pela criança maior (que a 'ssoa tem que valorizar o que "ninguém" vê! :p ) - eu queria ver quantos campeões se faziam sem as mães taxistas! :DDD

    [pobre pai!!!!]

    [já o pai lá de casa pergunta sempre se a criança mais pequena está capaz de executar os saltos e piruetas... nos dias dos testes!!! :DDDD ]

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. :DDDDDDDDDDDDDDD

      Nem percebo porque razão as mummy bloggers em vez de usarem aquela linda frase "mãe, mulher e profissional" não incluem a o principal o part-time: Ubermum!

      Eliminar
  4. Eheheh, calculo... mas é assim mesmo. Há para aí 800 anos, sei lá, ainda não tinha 20, nem estava feita num 8, resolvi aprender windsurf na Meia Praia. Tínhamos que aprender a içar a vela e repor a feição do vento tudo em seco. A primeira vez que fui para a água, fui ao charco, de colete-boia cor de laranja. O peso da água atrapalhou muito e o meu primo foi-me buscar. End of lessons. :):):):):)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. :DDDDDDDDDDDDDDD
      Vá lá, não ter de virar um paquete ao contrário, foi uma sorte!

      Eliminar
    2. Nos dias de hoje, chamar-lhe-ia concorrência de mergulho, ao paquete, claro... :):):):):):)

      Eliminar
  5. A vida de uma Pirata é muito difícil.
    Mas que concorrência vem a ser esta?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Tu acautela-te, que assim que dobrarmos o cabo de S. Vicente na nossa casca de noz, só paramos quando conquistarmos a tua marina! Eu vou à proa com o robalo! :DDDDDDDDDDDDDD

      Eliminar
  6. assim fora de contexto:
    quando muda o éder?

    ResponderEliminar
  7. Tenho que deixar uma nota de solidariedade para com aquele pai. Eu, pessoa com vocação inata para a preocupação, para o vislumbrar simultâneo de 23 diferentes cenários para toda e qualquer mínima situação do quotidiano, fosse aquela a minha criança e faria muito pior que esbugalhar os olhinhos.

    ResponderEliminar
  8. Vivi uma cena de certa forma paralela a esta, no sentido em que se está a perceber a razão da falha na comunicação, mas tem-se vergonha de ir lá explicar (bom, também tive medo de desatar a rir na cara dos intervenientes). Então estando eu na fila do Lidl de Tavira, lá no fundo, ouço lá à frente um espanhol que estava a passar na caixa e perguntava ao rapaz que lá estava a trabalhar "adonde está la salsa de soja". O outro respondia que a salsa estava já ali, nos frescos, ali, então não está a ver? O espanhol mirava e remirava e não se convencia, tornava a perguntar mas muito alto, como se o problema fosse o rapaz da caixa ser surdo, "la salsa de soja!!", isto várias vezes, até que o rapaz claramente em desistência atira com um "móce, afinal é salsa ou é soja, nã percebo nada..." e o espanhol lá se foi embora,convencido que em Portugal é tudo burro e pouco internacional (culpa minha, claro).

    ResponderEliminar