Era bem capaz de escrever sobre esta trovoada que deve pairar por cima do mar e da qual só oiço os trovões. Estalam lá longe e entram pelo vale aos encontrões, vêm a rolar pelos montes acima e só param em Mafra. Sente-se o som a passar, a rebolar com fúria por aqui fora, a rugir como se fossem carros potentíssimos numa auto-estrada voadora. Também oiço os cães a ladrar aos trovões, excitadíssimos com o medo, ladram para todos os lados sem perceber de onde vem o perigo. E aqui, no meio do campo, com os trovões a passar e os cães a ladrar com medo, percebo bem por que razão se construíam tantas igrejas.
Estranho: não vejo nenhuma!
ResponderEliminarHum?! Nenhuma quê?
EliminarIgreja!
EliminarNão estava a dizer "aqui", estava a dizer no geral. Que, no campo, sem contacto com outras pessoas, ou sem acesso ao conhecimento, uma trovoada transforma-se num fenómeno sobrenatural...
Eliminar(ainda assim, aqui onde estou, consigo ver o zimbório do Convento de Mafra)
Ná ná ná! Disse aqui! Aqui mesmo! No meio do campo!
EliminarEscusa de querer dar a volta ao texto que disse Aqui! Aqui mesmo no meio do campo!
(eu) aqui no meio do campo... percebo a razão.
EliminarEu, não as igrejas...
E eu não sei? :)
EliminarPalmier, sou original duma pequena aldeia. A minha mãe sempre nos ensinou a temer e respeitar a trovoada. Lembro-me de me fechar num quarto interior, sem janelas, com as minhas irmãs, a rezar; tínhamos uma Nossa Senhora daquelas verdes que brilham no escuro. Mas o que nos perturbava mais era que a nossa mãe dizia sempre "olhem Jesus a ralhar!" e lá ficávamos nós a rezar muito, aterrorizadas, e a pensar se teríamos feito algo de errado que desagradasse a Jesus...
ResponderEliminarAntigamente era fácil assustar os miúdos. Hoje é tudo tão diferente, não é?
Na cidade quase não se dá por elas... no campo, e aqui onde estou, que os trovões fazem eco, é muito fácil ter medo :)
EliminarTer medo... não assustar, claro. E isso faz toda a diferença :)
EliminarPois é, o céu é imenso... :) Sinto falta disso. Curiosamente eu só deixei de ter medo por causa das aulas de físico química, quando aprendi que multiplicando os segundos decorridos entre o raio e o trovão pela velocidade do som obteria a distância do fenómeno; nessa altura ia eu ter com a minha mãe a avisar "calma! ainda está a x km!!" lololol
EliminarMas sobre o medo... no campo as crianças são amedrontadas com meia dúzia de personagens e eventos que devem fazer as da cidade rebolar a rir! Lembro-me da história do homem que à noite se transformava em besta, e havia sempre alguém que já o tinha visto lol depois eram as coisas estranhas que aconteciam à noite, claro, nos cemitérios, nos cruzamentos, etc... e mais os sapos de boca cosida e as histórias de possessões que afectavam sempre um familiar dum amigo ou amigo de amigo...
Resumindo: sou tão feliz na cidade!!! =) ahahah
:DDDD
EliminarNõ eram trovões. Eram os pums do Mateus através dos alitifalantes do El Corte Inglês!
ResponderEliminarAhah boa :)
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