segunda-feira, 14 de março de 2016

Muito mais que o McDonald's no Chiado, que quem lá for há-de saber ao que vai

A mim incomoda-me o very-fake-typical, o chico-espertísmo de que o pastel de bacalhau com queijo da serra e a sua plaquinha de mil novecentos e troca o passo é apenas o ex libris, o exemplo mais gritante entre tantos outros, negócios feitos com o único objectivo de sacar euros aos turistas, sem qualquer respeito, nem por eles, turistas, nem por nós todos. Isso sim, envergonha-me muito mais que um McDonald's no Chiado.



37 comentários:

  1. pois a mim incomoda-me o lixo, as paredes grafittadas de mais lixo, os predios devolutos e os prédios quase a cair (onde mora gente, pasmem-se, esquecida por todos), incomoda-me os espaços de rés do chão (antigas lojas) todos fechados, incomodam-me os buracos na rua, incomoda-me a facilidade com que deixamos morrer o que é nosso. incomoda-me muita coisa, antes desses espaços very-fake-typical de que falas, dos mcs e das zaras.

    de há uns tempos para cá, acontece-me com frequência, ter vergonha de mostrar lisboa.

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    1. O estado a que a cidade chegou deve-se em muito à absurda Lei das rendas que vigorou até há bem pouco tempo... era impossível a um qualquer senhorio recuperar um edifício se recebia por mês 50/100 €. No entanto, e em termos de recuperação imobiliária, e sobretudo neste último ano, tenho visto um grande progresso. Claro que ainda não é suficiente, que ainda há muitos prédios por recuperar, sobretudo nas zonas menos "in", mas, a pouco e pouco, tenho sentido algumas melhorias. Também é evidente que, uma vez recuperados os edifícios, as rendas não se podem manter iguais e que isso tem consequências...

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    2. e sabes quem tem recuperado os prédios, Palmier? gente que depois os aluga a turistas. é mais uma consequência do turismo, tal como as lojinhas do false típico. ambos trazem coisas boas e coisas más. o que eu acho é que a cidade anda há muito tempo ao sabor das ondas (e dos interesses de alguns grupos maiores). esta bebedeira que se sente agora de turistas (muito em parte, por causa da situação actual de outros locais turísticos que entretanto deixaram de o ser) vai deixar ressaca. como de costume, não aprendemos nada.

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    3. Claro que sim... mas este carneirismo também é tipicamente português... basta ir ao Algarve e olhar para as lojas. Num ano são quinhentas lojas de pulseirinhas manhosas, no seguinte passam todos para as Havaianas chinesas, depois os artigos de cortiça, and so on. Em Lisboa agora temos os alojamentos turísticos e os tuc-tuc... é um clássico. Se o vizinho fez e deu dinheiro, então eu não vou perder um segundo a pensar. Vou fazer igual.

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    4. Pipocante Irrelevante Delirante14 de março de 2016 às 12:05

      Lisboa é uma m###a.
      Pronto.
      A semana passada desloquei-me à Capital, e mais uma vez, cais do sodré-Terreiro do Paço em obras.
      Fiz o percurso por dentro, e aquelas ruas estão absolutamente miseráveis. Um nojo. ZOna nobre, zona turísitica, zona de lojas.
      Claro que a prioridade é plantar arbustos na segunda circular, já arranjar o que precisa de ser arranjado, 'tá quieto oh Medina.

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    5. Pipocante Irrelevante Delirante14 de março de 2016 às 12:08

      Querida Lider

      O tuga sempre foi de se aproveitar de modas. Sabe porquê? Porque o tuga é burro o suficiente para ir em modas.
      Lembro-me de um senhor comerciante que comprou uns camiões de côcos, porque a moda era água de côco. E foram todos... o único problema é saber parar, e antecipar o fim da moda.
      Os elásticos foram outra moda...
      Há que explorar o filão enquanto dá, que isto de criar um negócio com fundações (sentido de obra, não sentido daquela do Soares) é complicado...

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    6. É verdade. Aquela Rua de S. Paulo/ Rua do Arsenal/ Rua da Alfândega são assustadoras. Aqui há tempos lembro-me de passar ali de táxi e de olhar para aquilo como se nunca tivesse visto e de me sentir num filme de ficção científica apocalíptico. Mas... ainda assim, já há bastantes edifícios recuperados ou em vias de (o que, como é óbvio, não depende da CML mas sim dos particulares).

      (e sim... esse arvoredo para a Segunda Circular ultrapassa-me. Até parece que já não há mais nada para fazer em Lisboa....)

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    7. O nojo em que está a Sé? Caramba, até limpar custa?
      Imitamos os outros em tanta treta e no que era de retirar exemplo 'tá bem abelha

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    8. É isso, é a fúria de fazer dinheiro sem sustentabilidade. Esgotar o filão à maluca e depois ... ah, que estanho...?! Faliu...!?

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    9. Parece que sim, Anónimo, que custa muito... e é pena.

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    10. Pipocante Irrelevante Delirante14 de março de 2016 às 12:30

      Eu nem me referia ao imobiliário.
      falo simplesmente do pavimento, tanto na faixa de rodagem como nos passeios (fiz muitas vezes aquele percurso a pé). Degradado, sujo.
      Para não falar na gestão do tráfego, porque entao aí...

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    11. Sim, está tudo com um ar imundo... mas se calhar isso é very typical... será?

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    12. Não poderia concordar mais! Correndo o risco de me repetir, sempre que este tema vem à baila, não resisto a partilhar o meu credo pessoal:
      Acredito de tal forma piamente, (até bato no peito!), que construir/ remodelar/ pensar/ criar com palas nos olhos, somente com o foco nos turistas é coisa de terceiro mundo. Nos destinos de "terceiro mundo" é que temos os tais resorts muito arranjadinhos e artificiais para os turistas, enquanto que os naturais vivem num contexto de descalabro, imundície, caos...
      Ora como eu gosto de nos pensar europeus, (e houve já quem nos considerasse a cabeça da Europa), que o foco principal de quem nos gere fosse sempre os cidadãos. Que a pensar em todos nós existisse bom e diversificado comércio, onde o tradicional pode e deve coabitar em harmonia com os Macs e afins, ruas limpas e seguras, jardins, bons transportes e infraestruturas de toda a espécie. Dê-se ao cidadão comum o acesso a uma vida com mais qualidade, a melhores espaços, a cidades mais limpas, bonitas, com vida, e os turistas virão por acréscimo, porque inevitavelmente se sentirão curiosos e quererão compartilhar dessa boa forma de viver.

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  2. Também sinto vergonha alheia cada vez que vejo o "very-classical-old-fake" cartaz.
    Sinto que é uma espécie de burla bem aceite socialmente.
    É uma pena.

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  3. A Catarina Portas também já criticou duramente essa situação concreta do pastel de bacalhau, no passado.

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    1. Acredito que sim... mas quanto ao McDonald's do Chiado... qual é exactamente a alternativa para a CML...? Criar quotas? Pôr os contribuintes a subsidiar lojas antigas que aparentemente não conseguem pagar as rendas actuais por não serem rentáveis...? É que não estou a ver bem...

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    2. Julgo que o que ela quer dizer (e isto é só uma interpretação minha) é que a Câmara/outro organismo qualquer com poderes para tal, deveria criar condições/incentivos/ benefícios/medidas/etc e tal, de forma a que proliferasse o comercio tradicional, que se criassem verdadeiros nichos diferenciadores, ao invés de se limitarem a assinar de cruz licenças para mais uma loja descaracterizada, ao sabor dos interesses/pressões comerciais (tantas vezes com uns pozinhos e contrapartidas pessoais...)

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    3. Eu também acho que era isso que ela queria dizer. O problema é que esses nichos dificilmente poderão funcionar nas zonas mais caras da cidade (Chiado/Av. da Liberdade) porque não são economicamente viáveis. Só o seriam se fossem subsidiados. Ora, presumo que a maior parte das pessoas não esteja disposta a pagar mais impostos para financiar o comércio tradicional. A cidade é tão grande... os vários ramis de comércio deviam organizar-se e ocupar zonas menos caras de forma a levar as pessoas até lá... como Campo de Ourique e as lojas de roupas de criança, a Rua de S. Bento e os antiquários...

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    4. Verdade, Palmier.

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  4. - Com papas e bolos se enganam os tolos.

    - Em terra de cegos quem tem olho é rei.

    (é pôr a cruzinha...no fundo vai dar ao mesmo. vergonhoso!)

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  5. Pipocante Irrelevante Delirante14 de março de 2016 às 12:09

    Perdoem a ignUrancia...

    Qual o problema de um Mac no Chiado? Há aí algum bruáaaa, ou...

    Isso do cartaz chic-fake-qq-coisa... falamos de...

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    1. Mac Chiado:

      http://observador.pt/2016/03/11/catarina-portas-critica-camara-lisboa-nao-quero-turismo-preco/


      Pastel de Bacalhau:

      https://www.google.pt/maps/uv?hl=en&pb=!1s0xd193479086d31a9:0xeeef719acb292082!2m5!2m2!1i80!2i80!3m1!2i100!3m1!7e1!4s//plus.google.com/photos/photo/105649055511929788399/6150691605640930994!5spastel+de+bacalhau+com+queijo+da+serra+-+Google+Search&sa=X&ved=0ahUKEwjC8OTLk8DLAhUF6xQKHfJBA2MQoioIfjAN

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  6. Quem vai ao macDonalds ou à Starbucks ou a qualquer outra cadeia internacional sabe ao que vai, precisamente. Não estão ali a inventar uma receita antiga que passou inalterada de geração em geração. Não se diz que a casa/marca está cheia de história e espera lá um azulejo a dizer 1826 porque o edifício onde se abriu o negócio por acaso foi construído nesse ano. A gastronomia portuguesa que os turistas tanto apreciam merece mais. Porque os turistas podem não conhecer a história é acreditar no que os empresários inventam, mas não são burros. Em vez de regressarem aos países de origem e gabarem os pasteis de bacalhau ou as queijadas vão dizer que em cada canto, como cogumelos, há um negócio "antigo" mas que são todos iguais, nada os distingue uns dos outros e assinarão a sentença de morte desses negócios que, por efectivamente não terem nada que os torna únicos, com o passar do tempo deixarão de ter clientes.

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    1. É mesmo mau... é fazer os outros de parvos. E ninguém gosta de ser feito de parvo... nem mesmo os (aparentemente e de acordo com a avaliação destes "empresários") os "tolos" dos turistas...

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    2. É claro que gosta! Uma grande fatia de turistas visita Lisboa pelo very typical porque o que importa é a fotografia. Acha mesmo que os turistas querem saber que os tigres na Tailândia estão drogados ou que os tocadores de flauta colam a boca das cobras na Índia? Em Bruxelas os crepes custam 3 vezes mais junto à fonte do menino do que a 2 ruas de distância. A tomatina em Espanha é um desperdício de comida colhida por trabalhadores ilegais.

      Antigamente viajava-se para abrir horizontes, hoje para afagar o ego. Para esses, o pastel fake é bom, direi mesmo óptimo, especialmente ao lado do azulejo de 1850. Afinal está escrito, e se está escrito, é porque é mesmo verdade.

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    3. Admito que sim, que haja quem não se importe, desde que leve a bela da foto... mas depois ser obrigado a comer o óleo do pastel de bacalhau com a gordura do queijo da serra... é tortura!

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    4. Tomemos o exemplo dos pastéis de bclhu. O turista, parecendo que não, não é assim tao burro. O turista prova um pastel oleoso, engole a história que o dono da casa lhe conta, sim senhor, very typical, dá dois passos, e come mais outro. Na esquina a seguir, guess what, mais uma casa de pastéis oleosos. Há-de chegar a casa e contar aos amigos que adorou Lisboa, mas que lá só se comem pstéis de bacalhau a pingar, very typical, they say. Os pastéis de bacalhau, iguaria bem portuguesa, hão-de fartar o turista, que mesmo deslumbrado, há-de achar enjoativo e redutor tanta casa de pastéis de bacalhau. Perde o turista e, incomparavelmente mais, o empresário ganancioso que investiu o que tinha e não tinha para abrir uma very typical fake old "casa dos pastéis de bacalhau originais" (são sempre os originais, os verdadeiros, para dar ustento à coisa, note-se).

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    5. Mas vocês experimentaram o pastel de bacalhau com queijo da serra por acaso?

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  7. Acho que o McDonalds e Zara podem perfeitamente conviver com o comércio local, acho que todos ganham. Incomodam-me mais as centenas de lojas de lixo/souvenirs que aparecem por todo o lado.

    O que eu não suporto é ver a cidade a esvaziar-se de moradores e a encher-se de apartamentos para alugar a turistas. Isto é uma fake-typical-city. Uma cidade não é uma cidade verdadeira sem moradores.

    Mafalda

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    1. A verdade é que há anos que a cidade se esvaziou, porque há anos que a maior parte dos prédios estão degradados e os senhorios não tinham forma de os arranjar. Acho que a raiz do problema está aí...

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  8. Lisboa está a ser recuperada aos poucos mas as casas não são para os portugueses, são todas para arrendar a turistas. É a cidade do faz de conta...

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  9. Concordo com o penúltimo "Anónimo" e subscrevo por baixo...

    Nada de errado com entrarem negócios para as zonas mais caras no centro da capital que pagam rendas de mercado e não rendas subsidiadas para sobreviver...

    Não é obrigação de nenhum português andar a subsidiar lojecas inúteis que não servem para nada! Já há que tempos que essas lojas deviam ter sido corridas do centro..ainda há algumas a pagar rendinhas onde nunca ninguém entra embora já sejam menos..

    Voltando ao McDonald's, realmente não vejo a necessidade de mais um tão perto dos Armazéns. Cheira-me que terá havido dinheiros envolvidos por debaixo da mesa, mas é assim que a CML funciona...Ou melhor, se não for assim não funciona de todo!

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