quarta-feira, 17 de setembro de 2014

A propósito daquele texto "Só para pais", do Eduardo Sá, que parece que virou a Bíblia de muitas escolas

Antes de mais e como bem sabem, não sou nem psicóloga nem professora, sou mãe de duas crianças que andam na escola e, portanto, só posso pensar a escola nessa perspectiva. E aquele texto, bem... se é inquestionável que contém afirmações verdadeiras, também é verdade é que o tom me incomodou. É que, muitas das vezes, quando escolhemos o dito jardim infantil, não estamos apenas a escolher o jardim infantil, estamos a escolher uma escola (e este texto só é válido se se puder efectivamente escolher), não estamos a escolher um local encantado e etéreo onde todos são felizes e se ensinam mutuamente, estamos a escolher um projecto educativo. E eu bem sei que, quando os nossos filhos são pequeninos, isso não parece assim tão importante. Mas acreditem, é! Não escolham uma escola porque A ou B vos disse que era muito boa, não escolham uma escola porque os meninos estão todos muito arranjinhos, com uma farda muito bonita e são todos muito bem educados, não escolham uma escola porque o parque automóvel às quatro da tarde é constituído unicamente por topos de gama, não escolham uma escola que vos mostre desenhos muito coloridos nas paredes mas que, estranhamente, sejam todos iguais entre si e, não se esqueçam nunca que, quando vão a uma entrevista, não é a escola que vos está a entrevistar a vocês, pais, mas são vocês que estão a entrevistar a escola. Somos nós que escolhemos a escola para os nossos filhos, não é a escola que nos escolhe a nós! E digo-vos isto porque é muito fácil cair na esparrela da felicidade, há muitas escolas que atiram essa rede para cima de nós, pais. E nós caímos, somos inexperientes, não temos pontos de referência nem termo de comparação e ficamos deslumbrados com as coisas bonitas que nos dizem. Queremos os nossos filhos felizes e estamos numa posição fragilidade, vamos, muitas vezes, deixá-los nas mãos de estranhos pela primeira vez e queremos acreditar em tudo o que aquelas fadas madrinhas nos prometem. A questão é que, normalmente, quando escolhemos o tal jardim de infância - que começa aos três anos - estamos a escolher a escola que os nossos filhos vão frequentar muitas vezes durante nove ou doze anos e, se as coisas até podem funcionar nos primeiros anos, porque não conseguimos descortinar diferenças já que os meninos andam todos muito felizes a fazer desenhos e plasticinas em todas as escolas, a verdade é que, nalgumas escolas, essas actividades têm um objectivo e estão inseridas num projecto a longo prazo, enquanto noutras não passam de actividades desgarradas. E o problema é que, muitas vezes (e isto aconteceu-me) só nos apercebemos das falhas (e podem ser bem graves) à posteriori, só com o passar do tempo; e aí mudar os nossos filhos deixa de ser uma coisa assim tão evidente. É que, nessa altura, entram outros factores em consideração... os nossos filhos já fizeram amigos, criaram laços e mudá-los deixa de estar unicamente dependente da nossa vontade. Ou melhor, está dependente da nossa vontade mas o facto dos nossos filhos terem criado laços afectivos com o mundo que os rodeia, nomeadamente com a escola, faz com que o nosso nível de exigência com quem está do lado de lá, vacile, que se desculpe uma coisa aqui, outra ali, que coloquemos em dúvida os nossos pensamentos "maléficos", que se calhar estamos a exagerar, que se calhar as escolas são todas iguais (e não são!) e até conseguirmos criar a convicção que, de facto, as coisas não funcionam bem, até termos a certeza absoluta, "perdemos" o primeiro ciclo. Ou seja, quando escolhemos a escola, não estamos a escolher um recreio de felicidade, estamos a escolher o futuro. É por isso que vos digo, para que não tropecem neste degrau, e que, em podendo escolher, escolham um projecto em que acreditem a longo prazo, escolham uma escola que ensine os vossos filhos a pensar (e há muito poucas...), e preparem-se para trabalhar a sério (eu acho que fico mais contente que os meus filhos quando as aulas acabam :), uma escola que vos prometa trabalho árduo e que saibam à partida que é difícil e exigente. É que só com uma escola difícil os nossos filhos poderão ter uma vida fácil.






88 comentários:

  1. Pois, a mim já me olharam de lado quando o ano passado dizia que o meu filho com 4 anos tinha trabalhos de casa. Claro que eram pequeninas fichas que na maioria eram feitos na própria escola, mas eram trabalhos. Agora com 5 e no último ano da pré já introduzem a leitura, sim muitos deles entram na primária já a saber ler palavras básicas, óbvio que também brincam, também jogam e fazem trabalhos mais leves. Se acho que é demais? Para o meu filho não, que enquanto esteve de férias sentia falta dos trabalhos e de aprender.

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    1. Eu sei... olham-nos sempre de lado... É evidente que as coisas são adequadas às idades, que ninguém vai inundar as crianças com trabalhos e exigências absurdas, mas que lhes dêem responsabilidades (pequeninas para começar), a mim parece-me fundamental... e a verdade é que, lá está, eles gostam :)))

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  2. A última frase diz tanto.
    Quando escolhemos a escolinha (sim, escolinha, como Mironinho, é um diminutivo que uso carinhosamente) da Mironinho pensámos nisso tudo. Disseram-me que era muito duro, tudo muito estruturado, muito trabalho e pouca brincadeira e os meninos precisam é de brincar, que pensasse bem se era mesmo aquilo que queria para a minha filha. Todas as vozes opositoras vinham de pessoas com filhos noutras escolas que não aquela (como sabiam tão bem o que se passava lá dentro, era coisa que me transcendia). A verdade é que há estrutura mas os meninos brincam muito e, pasme-se, aprendem a brincar. Se calhar não precisam de aprender o que aprendem tão cedo, mas a verdade é que aprendem e trabalham com gosto.
    Faz-me confusão que certas pessoas só veja, o preto e o branco, que não percebam que pelo meio há variações quase infinitas. Que a felicidade dos filhos passe apenas por brincadeira e desresponsabilização e que a estrutura ou o trabalho seja fonte de infelicidade e conformismo.

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    1. Eu sei... também ouvi isso mil vezes sobre a minha segunda escolha... Dois anos passados para o meu filho e quatro para a minha filha e não podia estar mais satisfeita com o resultado. Cansada, mas satisfeita :)

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  3. Clap, clap, clap..... boa Palmier...

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  4. Concordo, Palmier!
    Mas como custa levantar às 6h15 da manhã, estou a pensar seriamente em tirar a minha filha da escola .....:):):)

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  5. É isso mesmo, as corderosinhas que aprendam alguma coisa consigo.

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    1. Também bati com a cabeça no bico da mesa na minha primeira escolha...

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    2. Eu não, porque a cidade onde vivo tinha pouca oferta. Mas tive sorte. Onde há muita oferta é diferente.

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  6. Concordo totalmente Palmier! Então que escolas aconselhas em Lisboa? É que, para quem não é da capital mas veio para cá trabalhar e foi ficando, ficando, e agora até tem cá filhos e tudo, escolher uma escola/colégio parece sempre ser um bocado um tiro no escuro...confiando nas palavras dos outros, dos potenciais educadores/professores, nos rankings, no nosso próprio instinto e é tudo um bocado "olha, espero que corra bem", mas é como dizes depois se não corre é o cabo dos trabalhos para os mudar...

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    1. Oh pah... eu até teria algumas sugestões... mas a minha escolha é recheada de subjectividade e depende muito de nós, pais...

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  7. Quando escolhi o infantário (privado) para o meu filho vi e perguntei tudo. O meu filho é "diferente" fiz perguntas talvez pouco habituais. Foi uma luta e tanto e acabei por optar pelo que me transmitiu sensação de muito afecto e partilha. No 1º ciclo, tendo em conta que não havia outra alternativa por questões financeiras, foi para a escola pública. Não há grandes escolhas que possamos fazer aqui. Lutar, dialogar e marcar a diferença enquanto EE. O meu filho está no 12º ano. Os valores, as referências e os afectos vem (ou não) de casa. Tem razão: não conheço nenhuma escola que ponha os nossos filhos a pensar e acima de tudo a explorar alguma apetência/dom que tenham, como pintura, dança, etc.

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  8. Para ser absolutamente sincera fiquei deveras baralhada com esse texto que vi partilhado/adaptado num blog de uma mãe. E fiquei baralhada porquê? O tom, o tom!!! Mas a quem é que acham que se estão a dirigir com o:

    "É proibido insultar o jardim de infância chamando-lhe escolinha"?? Proibido? Mas que conversa é esta?

    "É proibido que os pais imaginem (...)" say what??? outra vez com a história do proibido.

    "É proibido que as crianças vão dia sim dia não ao jardim de infância" está bem está, noutros Países a transição é mais serena na escola. Mas lá está, a palavra "proibido", mas estão a falar com quem?

    " Os pais estão obrigados a chegar a horas quando se trata de uma criança regressar a casa. Prometer e faltar devia dar direito a que os pais fossem sujeitos a repreensão." Obrigados?? repreensão? Estou à espera do puxão de orelhas...

    "Os pais não podem exigir aos filhos relatórios de cada dia de jardim de infância. Mas estão autorizados a ficar preocupados(...)" que bom saber, que estou autorizada a me preocupar com os meus filhos, mas não a perguntar como foi o dia (isso é pedir relatório, certo?)

    E o resto é tão bullshit como o que aqui transcrevi.
    Esta ditadura das escolas, neste caso um jardim de infância aproveita-se da fragilidade dos Pais. Aproveitam-se porque podem, porque as pessoas não têm com quem deixar aquelas alminhas, porque tem que ser.
    Estas ditaduras para mim não promoveu educação, não é proibir e permitir, é ensinar! É também usar um pouco de senso comum, compaixão e sentido crítico. Não vejo nada disso aqui.
    Falam da brincadeira, e dizem que afinal de contas é um sítio para crianças, quando o tom para os Pais é de castração e proibição. E já agora,... crianças e pais não são uma coisa separada, são uma Família, funcionam como um todo.
    No meu colégio, que entrei com 3 anos ( na minha terra e na minha altura não havia o termo escolinha), tinhamos uma escola que apoiava os pais, havia uma senhora viúva com 4 filhos, todos com idade inferior a 10 anos que claramente não tinha rendimentos para pagar o que os outros pais pagavam, era um caso em que era ajudada, ajudada porque tinha onde deixar os filhos até quando acabasse de trabalhar. Havia meninos orfãos, que não tinham horas para sair porque ninguém os ia buscar. Havia flexibilidade, brincadeira, cabeças partidas, chocolates, brigaria, abraços, responsabilidade, compaixão, deveres e obrigações mas sempre a noção de que a escola e a família são importantes e devem comunicar.
    Estou farta de que se aproveitem da situação da educação no nosso País para DITAR o que é ou não permitido. Modéstia, não? Se fosse possível ficar em casa com os filhos e o part time, mudavam a cantiga.

    Deculpe lá Palmier, sei que foge um pouco relativamente ao assunto pois não falo da escolha de uma escola para os filhos.

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    1. O tom é efectivamente incomodativo...

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    2. O texto é SÓ ridículo, peço desculpa pela minha opinião.

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    3. Não tem de pedir desculpa :) o que estranho é que tantas escolas o tenham entregue aos pais...

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    4. Há ali um tom que ultrapassa o paternalismo e a condescedência, roça a arrogância e a prepotência o que, na minha opinião, não fica bem em quem se diz especialista na área.

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  9. O teu post poderia ter apenas aquela frase que está sublinhada. Aprender a pensar! Sim, é uma coisa que se ensina/aprende! Ainda aqui há uns tempos, por causa da minha recente incursão no ensino a adultos, dei comigo a pensar que as pessoas não sabem pensar (desculpa a redundância) e que, de uma forma simples, e como exemplo, pura e simplesmente não entendem aquilo que lêem/ouvem. É um caso de iliteracia de quem sabe ler (se é que dá para entender isto que eu estou a dizer). E isto assusta-me muito. E a falta de raciocínio lógico, aliada à falta métodos de trabalho (que também se ensinam/aprendem) dá o quê? Asneira.

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    1. É verdade. Ensinar a pensar deve dar muito trabalho... sobretudo porque as crianºças depois são capazes de conseguir questionar as decisões/atitudes da escola...

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  10. Nem concordo assim tanto com o texto. A minha filha andou num jardim infantil que não escolhi (era o que havia...), nem sei se faziam contas ou se aprendiam a ler (lembro-me que aprendeu a escrever o nome dela). O que me lembro mesmo era de ser uma instituição contituida por meninos que vinham de carro de topo de gama e outros que nem o pequeno-almoço tinham tomado; lembro que tinha colegas portadores de deficiência, que não eram só branquelas como dela; que tinham uma horta para cuidar; um ginásio enorme para exercício físico e que o exterior era ainda maior, cheio de relva, e podia brincar ao ar-livre.

    Esta experiência moldou o seu carácter, a sua forma de ver o outro, o mundo, e eu não poderia estar mais grata pela "sorte" que teve em ter andado naquela escolinha! Ler e escrever aprende-se na primária, que ainda vão muito a tempo.

    Nota: escolinha é o termo usado, deste lado, para designar qualquer escola de qualquer ciclo/grau. Que todo o mal do mundo fosse este.

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    1. Atenção... eu não estou a dizer que as crianças têm de aprender a ler/escrever/tabuada na pré-primária. Estou a dizer que não é só dança, brincadeira e pinturas (também é isso), é mais do que isso, é preparar o caminho para o que vem a seguir...

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  11. Não tarde estão aqui a dizer que um horário das 9 às 17 30 é excelente para os putos que iniciam a primária.

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    1. Hum...? É evidente que os níveis de exigência são progressivos... (os meus filhos saem às 16h00....)

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    2. Cap Créus, está a confundir horário com ensino de qualidade e com exigência. O período de funcionamento de uma aactividade não se traduz sempre com o nariz nos livros, há outras actividades que fazem. E digo-lhe mais, nem todos os pais podem ir buscar ou até mesmo deixar os filhos à escola a essas horas.

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    3. Anónimo,
      Não estou a confundir absolutamente nada.
      Pelo que li aqui, há uma busca incessante pela excelência, pelo ter que fazer/ler/dizer (li algures alguém muito contente porque a criança com 4 anos já fazia trabalhos de casa, apesar de, na sua maioria serem feitos na escola...está explicada a euforia da senhora). O ano passado no ensino público as aulas terminavam as 15 30 e para quem quissesse haveria inglês, educ. fisica ou musica até às 16 30, sendo que, depois para quem necessitasse, o ATL. Se era assim, porque mudaram? Lá está...é a formatação. E quanto aos trabalhos de casa deixo aqui um link. Sou totalmente contra os tpc aos dias de semana.
      http://observador.pt/opiniao/manifesto-pela-abolicao-dos-trabalhos-de-casa/.

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    4. Cap... não me viu, em momento algum, sugerir que as crianças devam aprender a ler/escrever antes dos seis anos... há, efectivamente, tempo para tudo. O que disse (ou pelo menos tentei) é que há brincadeiras e brincadeiras. Umas estão inseridas num projecto de futuro, outras não. E, garanto-lhe, há muitas escolas que vendem gato por lebre e é difícil antecipar isso no momento da inscrição... devemos por isso estar muito atentos.

      Quanto à busca pela excelência, acredito que cada um de nós deve tentar fazer o melhor que pode. O que é diferente de ser o melhor de todos... e é isso que deve estar subjacente no ensino.

      Quanto aos trabalhos de casa... pois que há muitas opiniões. Não concordando que se inundem as crianças com milhentos TPCs, parece-me perfeitamente legítimo que se crie nos alunos hábitos de estudo e trabalho individual. Hábitos esses que muito jeito lhes darão no futuro...

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    5. Cap Créus, no seu comentário anterior não tinha sido tão explicito na sua crítica. E deu a entender que das 9h às 17h30 seria um horário demasiado pesado para os meninos da primária (o "excelente" é sarcástico, certo?)
      Agora que se explicou melhor, nada tem que ver com horários, não é verdade? Mas sim com outros assuntos que tão bem explicou. Por isso resta-me dizer que sim, tem toda a razão, não se confundiu, apenas não se expressou por completo.
      Anónimo das 12:50

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    6. Ora a senhora dos TPC sou eu e permita-me que lhe responda. Os trabalhos de casa não são mais que 1 coisa minima que lhes pedem para fazer após as aulas 3 dias por semana, aulas essas que terminam ás 15h30 (veja lá bem), a escola proporciona assim um tempo para que possam fazer essa pequena atividade ainda na escola dentro de um horário decente e não depois das 18h da tarde. Não é euforia é a certeza de que está a ser preparado para ter métodos de estudo e trabalho no futuro. Quanto ás criticas aos trabalhos de casa muitas vezes partem de pais que pura e simplesmente não estão para ter "trabalho" a ajudar os filhos, mas eu por acaso acho que os trabalhos de casa não só ajudam a consolidar matéria dada e a criar métodos de estudo como ajudam também os pais a perceberem de uma maneira indireta o aproveitamento, ou não dos filhos. Mas isso sou eu, que acho que a escola e família não são 2 entidades separadas e distantes, mas sim que se devem complementar. Quanto à busca de excelência, sim tem razão, não queremos todos nós o melhor para nós e para os nossos filhos? Eu não quero que o meu seja o melhor, quero que ele seja o melhor que conseguir ser e eu cá estarei para o ajudar.

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    7. Quem por norma é contra os TPCs até são os psicólogos e os especialistas de pedagogia. A favor, por norma, estão os professores - por motivos óbvios.

      Aos 4 anos as crianças precisam de brincar, de aprender regras sociais, de aprender a lidar com crianças e podem muito bem aprender sobre o "mundo" sem ser ler ou escrever.
      Uma criança que já aprenda a ler ou escrever aos 4 anos não tem estrutura mental para o fazer -salvo raras excepções - e poderá um dia pagar bem caro por essa precocidade (ensinar matemática então é pedir mesmo o fracasso nessa matéria porque o cérebro só fica desenvolvido e apto para aprender a dia matéria por volta dos 7 anos). Aliás nos países realmente desenvolvidos e que têm em conta o desenvolvimento biológico e mental das crianças as escolas só se inciam aos 7 anos precisamente por esse motivo.

      O que falta às crianças é tempo para serem crianças. É que dá trabalho ter crianças em casa, muito mais do que ter crianças a ser programas a pensar de forma programa desde os 4 anos. Que é o que quem mete crianças de 4 anos a escrever e ler faz.

      No entanto, concordo em que se escolha um bom projecto que passará obviamente por uma escola que promova, por exemplo, a criatividade, o conhecimento em ciências naturais, o conhecimento de regras sociais, a participação em algumas actividades, algum contacto com letras e números (jamais aprender ler ou fazer contas nesta fase), em suma, uma escola que os ajude a ter conhecimentos sobre o mundo que os rodeia, ajudando-os a pensar, sim, a saber como funcionam as coisas, etc. MAS também é essencial que estas crianças tenham tempo para o ser! Tempo para andar de bicicleta com os vizinhos, tempo para irem ao parque, tempo para brincar no quarto, no jardim, com amigos, com familiares, tempo para cair no chão, para se levantarem, para se sujarem, etc. E isto sim falta imenso a muitas pessoas porque enche-los de actividades, não descurar da educação e de tempo de qualidade JUNTOS custa e cansa muito. É bem melhor tê-los a uma mesa, debruçados sobre uns livros/cadernos a desenhas umas letras mesmo que nem sequer estejam psicofisiologicamente preparados para o fazerem.

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    8. Mas quem é que falou em ensinar a ler ou escrever aos 4, 5 ou mesmo 6 anos? Ser exigente não é ser inconsequente...

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    9. As pessoas ouvem TPC e pensam logo em letras e números. Há tantas coisas que se podem fazer para além disso, pintar, desenhar, colagens....

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  12. Até que enfim! Alguém que não se verga aos ensinamentos desse Sr.! Disse tudo, cara Palmier!

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  13. Correctíssimo! Eu compreendo e concordo, porque passei pela situação ingrata de pedir a uma professora do 3o ano para a minha filha não transitar para o 4o, porque tinha a consciência de que ela não estava minimamente preparada. Acabou por não se verificar por teimosia da Senhora que me disse que nós pais, que " despejáva-mos" os nossos filhos no colégio cedo pela manhã e só íamos buscá-los ao fim da tarde, não poderíamos de modo algum avaliar o nível de preparação das crianças melhor do que o professor que as acompanha diariamente, muitas mais horas do que os educadores de" trazer por casa" .
    O resultado foi que a filha transitou, a professora saiu da escola e todos os dias, em horário pós - curricular, a filha ia aprender com uma professora de confiança o que a escola não lhe soube ensinar nem conseguiu entender.
    Só não a mudei de colégio, porque as aulas de terapia da fala eram importantes demais e a terapeuta boa demais para interromper a dinâmica.
    Posso agradecer a licenciatura da minha filha à professora do pós-curricular, nunca à escola.

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    1. Pois... há sempre razões que tornam a mudança complicada... :)

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  14. O texto não me incomodou muito porque não o levei à letra, acho a linguagem um bocado exagerada mas a intenção, no geral, pareceu-me bem. Não digam a uma criança que as vão buscar às 17h para depois aparecerem às 19h com a escola quase a fechar (digo fazer isto de forma recorrente e não em imprevistos). Não pressionar os filhos para fazer relatórios exaustivos do dia, não levar à escola só de vez em quando, é preciso consistência, etc.. como carta de intenções, não crítico.
    Em relação ao texto da Palmier, nem toda a gente tem hipótese de escolher, ou por questões financeiras ou por falta de opções de colégios. Eu moro numa cidade mais pequena e os meus filhos ou vão para o centro escolar ou para o único privado que há nas redondezas. Eu não sou apologista que saibam ler e escrever antes de ir para a primária, o tempo pode fazer mudar-me de opinião mas acho que cada coisa a seu tempo.

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    1. Raquel, conforme disse acima, há coisas absolutamente correctas no texto, a mim incomodou-me o tom e uma certa noção de irrealidade que se dá da escola. Para além disso, não me viu dizer que os meninos devem aprender a ler aos três, quatro ou cinco anos... há, efectivamente, tempo para tudo. O que disse (ou pelo menos tentei :) é que há brincadeiras e brincadeiras. Umas estão inseridas num projecto de futuro, outras não. E, garanto-lhe, há muitas escolas que vendem gato por lebre e é difícil para nós, pais, anteciparmos isso no momento da inscrição... e é isso que devemos dar aternção...

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    2. Concordo consigo. Mas também lhe digo que há pais que mais parecem empenhados em boicotar qualquer projecto de futuro que a escola possa ter, só vêm o individual e não o colectivo. Às vezes ouço cada conversa enquanto espero que os meus filhos saiam...

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    3. Eu sei que não entrou em pormenor relativamente ao caso, mas por vezes acho que as escolass criam uns "projectos" (não necessáriamente de futuro) que não são compatíveis com a realidade de todos os pais. E aí há que questionar se de facto para o colectivo da Família isso é o melhor.

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    4. Isso dependerá, certamente, daquilo que estivermos a falar... da minha parte, quando refiro o projecto, refiro-me a um fio condutor que vai da infantil até ao último ano de cada escola. Se acreditarmos nesse projecto, temos de arranjar forma de nos adaptarmos (e é óbvio que nunca iremos concordar a 100% com todas as decisões da escola... se for a 90% já é excelente), se o projecto não nos servir, lá está... temos de mudar...

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  15. Palmier:

    Em primeiro lugar quero-te dizer que já te maldisse mil vezes porque me fizeste reler "aquilo" e "aquilo" ecoou-me no cérebro com aquela voz irritantemente passiva e a saber a leite creme de pacote do senhor e já fiquei, por causa disso, com um camadão de nervos.

    Em segundo lugar, quero dizer que não percebo, porque não percebo meemo, como é que um documento revelador de tão grandes e insondáveis mistérios tem no seu ponto nº 1 uma questão de semântica. Haverá assim tanta diferença entre dizer "infantário" ou "jardim infantil"? Serão, as palavras que se usam o que de mais importa e interessa realçar? É que começamos logo com o pé esquerdo...

    E depois... Eh pah... é tudo muito bonito mas não vamos tapar o sol com a peneira não? As educadoras têm cursos superiores em educação e recebem pela mesma tabela salarial que um professor do ensino secundário... São portanto "professoras", não são "professorinhas", pois não? E os professores ensinam, educam e formam, não é? Não estão lá para serem eles educados e formados, pois não? podem ensinar a brincar, e isso será o ideal, mas ensinam... Assim mesmo, com as letras todas. elas ensinam e as crianças aprendem.

    De resto... Brilhante como sempre meu doce! (sim, sim, isto sou eu claramente a redimir-me da perseguição que te fiz a isso que chamas de cabelo ;DDDDD oh pah, desculpa... não me resisti... eu tentei, mas não me resisiti...)

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    1. :DDDDDDDDDDDDDDDD

      (é que a pessoa lê "aquilo" e fica com formigueiro na ponta dos dedos :DDDDDD)

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    2. Voz de leite creme de pacote é maravilhoso!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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    3. Hahaha, tem sim senhor. E olhe que acho que vive cá na minha rua, ou pelo menos vi-o algumas vezes por cá. Parecia um pouco perdido. Ou se calhar estava a absorver os arruamentos e as pessoas que lá passavam, com o seu olhar crítico-no-entanto-muito-empático-e-muito-fofinho.

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  16. Eu acho que anda tudo muito confuso, hoje em dia. Os pais querem que os filhos sejam felizes, mas a que preço? Parece que para muitos deixou de ter importância haver regras, que o importante é a brincadeira, qua a infância é aquele espaço onde adorariam ter ficado permanentemente. Parece que se esquecem que a infância é um estádio da vida. E que é exactamente aquele onde irão aprender muito do que aplicarão pela vida fora. E que as regras adquiridas (mesmo a custo) permitirão encarar com mais facilidade o dia-a-dia da vida adulta. Todos os pais querem o melhor para os filhos, disso não tenho dúvidas, mas custa-me ver como os desresponsabilizam, quando muitos afirmam que "só se é criança uma vez e têm a vida toda para ser adultos". Isso será muito lírico, mas na prática quero vê-los (ok, não sei se quero) daqui a uns anos e com os filhos de 30 anos a portarem-se eternamente como miúdos.

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  17. Acho que se está a radicalizar um pouco, estive a ler o dito artigo, para poder opinar com algum (ou pouco certamente) discernimento.
    Tudo se quer qb... é obvio (infelizmente não para todos) que os TPC de uma criança de 4anos são ajustados à sua faixa etária, mas também é verdade que muitos pais incutem nas crianças um espirito competitivo, de pequeno génio e esse fardo é muito pesado para eles. Fala-se muito em sobredotação quando são pequenos, mas depois quando crescem isso desvanece, porque na realidade nunca foram sobredotados, os pais e algumas escolas é que querem dar sempre um passo à frente do desenvolvimento natural das crianças e isso faz com que numa primeira fase de desenvolvimento pareçam muito mais inteligentes. Sem falar em todas as atividades paralelas, como o inglês, natação, ballet, o ténis, etc. que lhes vão sendo incutidas, criando rotinas aterradoras para crianças tao pequenas.
    Não está errado, mas tudo se quer qb!
    As crianças pequenas tem de ser felizes correr, brincar, estudar à tempo para tudo. Mas se bombardearem as crianças com atividades excessivas para que sejam as melhores, para que sejam competitivas, ai já é mais complicado (e eu sei do que estou a falar).
    Bj

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    1. Minnie, vou repetir o comentário que deixei acima à Raquel,

      Conforme disse acima, há coisas absolutamente correctas no texto, a mim incomodou-me o tom e uma certa noção de irrealidade que se dá da escola. Para além disso, não me viu dizer que os meninos devem aprender a ler aos três, quatro ou cinco anos... há, efectivamente, tempo para tudo. O que disse (ou pelo menos tentei :) é que há brincadeiras e brincadeiras. Umas estão inseridas num projecto de futuro, outras não. E, garanto-lhe, há muitas escolas que vendem gato por lebre e é difícil para nós, pais, anteciparmos isso no momento da inscrição... e é isso que devemos dar atenção...

      Acrescento ainda que uma boa escola não tem como fim formar pequenos génios, tem, isso sim, como objectivo fazer com que as crianças dêem o melhor de si. Que não passa por ser melhor que o vizinho do lado....

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    2. Eu percebi o seu ponto de vista, só quis expor que por vezes se cai no erro do extremo oposto... E certamente que conhecerá muitos casos desses ;)
      E não posso estar mais de acordo consigo Uma Boa Escola é aquela que estimula, que as leva a dar o seu melhor e que respeita o seu ritmo e os seus interesses.
      Tudo se quer qb
      Minnie

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    3. Uma das coisas que gosto no colégio da minha filha é que não lhes incute o objectivo de terem que ser os melhores mas apenas de deverem ser o melhor que conseguirem.Se têm capacidade para ter um 16 não se devem contentar com um 10.
      A ideia de que tem que se ser o melhor da turma , confrange-me.

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    4. A escola incute esse objectivo, ou essa ideia é passada na reunião de pais? É que esse tipo de valorizações vem muitas vezes referidos nos estatudos, nos objectivos, na "politica interna" da escola mas na prática, em sala de aula, as coisas mudam um pouco de figura.

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  18. Este ano tive que tomar a grande decisão: escolher a escola que irá (espero) acompanhar a minha filha até ao 9.º ano. Nunca na minha vida tive tantas dúvidas. Acabei por escolher uma escola cujo ginásio e sala de música têm problemas de infiltrações. Não é nova nem a mais bonita, mas gostei mesmo do projecto pedagógico. É sem dúvida, o mais importante, a par da proximidade de casa. Para mim, não seria viável atravessar a cidade e perder tempos infinitos no trânsito, que iriam roubar serenidade e tempo precioso ao nosso dia-a-dia. Só se não tivesse outra hipótese. Em relação a saber ler e escrever algumas palavras antes do primeiro ciclo, acho desnecessário. Não seria por aí que a escola ganharia pontos. Acho realmente importante que incutam o pensamento livre, lhes despertem a curiosidade e "ensinem" a viver numa mini-sociedade. Mas, claro, cada um com a sua opinião :)

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  19. Eu confesso que me aborreço muito com o que designo de "conversa de ir ao cu ao passarinho". E quando comecei a ler, logo o primeiro ponto, o meu nhanhómetro começou logo a apitar. Eu chamo e chamarei escolinha e os meus filhos também. Não é nenhuma ofensa, ofensivo é considerar ofensa e julgar isto importante. Chegámos a um ponto onde já enjoa tanta nhanhice e pipipitice em torno das coisas.

    Posso estar a ser muito reta no que vou dizer, mas este texto é o tipo de texto que me faz sentir que as pessoas que o aplaudem são as mesmas que aplaudem qualquer frase foleira bonitinha e que leram com o lado sentimental internáutico ligado e não com a cabeça. As pessoas mais críticas e que realmente leiam a coisa vão decerto chocar com muita frase de trazer pelo instagram.

    Quanto ao resto, não sei...não sinto ter experiência ou noção para saber...melhor, sinto que sinceramente isto é muitas vezes mais a criança em si do que alguns detalhes. Não que os detalhes não tenham peso...mas sempre haverá duas crianças expostas rigorosamente ao mesmo que dão resultados muito distintos. Para já baseio-me em mim, que estive em casa até aos 6 anos, os meus pais eram pessoas do campo, não soube ler, nem contar, nem escrever, antes da primária e até terminar a faculdade somei prémios de desempenho. Mas lá está, o meu irmão foi terrível. Dado que os meus filhos têm necessariamente de estar na escolinha (desculpem) e que, infelizmente, há muitas mais variáveis que influenciam a escolha para além do que queremos e nos é ideal, vou acreditar que ainda é possível criar boa gente sem livros para cada mês de vida, sem tudo perfeito ao milímetro e sem ocupar a vida dos pais a 100% com a vida dos filhos. E acima de tudo, sem esta culpabilização dos pais tão atual..foge, ser pai hoje em dia é ser uma falhado em tudo, até na gola que se escolheu.

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    1. É evidente que cada criança é uma criança e que a escola deve ser escolhida em função daquilo que cada um entende como sendo o ideal para os seus filhos... o que disse, e mantenho, é que a ideia que é tudo uma brincadeira pegada é redutora. Se as crianças estão na escola - hoje em dia quase sempre a partir dos três anos - devem brincar, rodopiar, dançar, pintar... mas devem fazê-lo já com um objectivo, a escola deve prepará-los para o que vem de seguida. É que muitas escolas têm os meninos a brincar até ao quarto ano... QUARTO ano... sempre com a desculpa que são crianças e precisam de brincar...

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  20. Anónimo das 14:54, subscrevo, como avó e tendo vivido diversas experiências entre irmãos, filhos e netos. Gostei bastante da expressão «conversa de...». Estive a ler ambos os textos - o original e o da «blogger» e penso que há verdade e também falta dela em ambos os textos. Não gosto de ser cinzenta mas há preto e branco nos dois.

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  21. Concordando, no geral, com o seu post, em especial que devemos tentar escolher uma escola que ensine os nossos filhos a pensar , parece-me que o difícil será sempre o equilíbrio entre o trabalho e a "brincadeira"... no entanto, não posso deixar de referir que me parece, à partida, que essa escolha será sempre mais direcionada para os pais que podem ter os filhos em escolas privadas. Ao "optar" por escola pública as escolhas dos pais, embora ainda assim haja alguma possibilidade de escolha, as mesmas ficam, desde logo, muito limitadas...

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    1. Fiz essa ressalva logo no início do texto "e este texto só é válido se se puder efectivamente escolher"... quando a escola é pública julgo que a escolha está limitada por critérios geográficos... mas, confesso, não estou dentro do assunto...

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  22. O meu filho ainda só está na creche e senti na pele uma série de coisas que descreves, nomeadamente o facto de só nos apercebermos de algumas coisas depois da decisão ter sido tomada e de ficarmos no dilema entre os custos duma nova adaptação ou os custos de permanecer na mesma. Pelo menos serviu para me abrir mais os olhos em relação a uma maior atenção em escolhas futuras. Em relação à exigência, sinto muitas vezes que é um pau de dois bicos. Assisto muitas vezes aos efeitos que algumas escolas ditas exigentes têm no potencial de alguns alunos, assim como o contrário, ou seja, o quanto ajuda outros a maximizarem as suas capacidades. E sabes que o engraçado é que estes efeitos muitas vezes só se manifestam a longo prazo, achando os pais que no percurso está tudo muito bem e não percebendo porque é que de repente as notas e objectivos caem a pique em idades mais tardias. De qualquer das formas não sei se terei a possibilidade de escolher e caso tenha, sei que isso trará consequências como ter de trabalhar mais horas e passar dias sem o ver, ou só a vê-lo de corrida de manhã, já que os meus horários funcionam muito em pós-laboral. Mas de qualquer das formas o radar está alerta e uma lista de recomendações é sempre bem-vinda para quem se está a iniciar nestas coisas ;)

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    1. Há formas e formas de exigir. Quando se estimula um grupo (em grupo, não cada um por si) a conseguir ir sempre um bocadinho mais além, não me parece que esse efeito à posteriori se verifique. No caso da escola dos meus, eles desafiam-se uns aos outros, como comunidade. E isso, a mim, parece-me muito saudável. Mas é evidente que não posso saber o que me espera no futuro (a única coisa que posso ter em atenção é o percurso daqueles que vão mais à frente e que já saíram da escola...)

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  23. Basicamente que se escolha uma escola onde se mostre a vida!

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  24. Cara Palmier, gosto muito do seu blogue embora nunca tenha feito qualquer comentário. Mas há sempre uma primeira vez para tudo.
    O texto que refere (e que já conhecia, infelizmente) é típico do que designo de «fofinho», na pior aceção do termo. É um texto de consumo fácil para gente que detesta ter de pensar pela sua cabeça (diretores pedagógicos de colégios e de «escolinhas» incluídos!), é uma espécie de «fast food» pseudo-intelectual, por assim dizer.
    Contudo, parece-me que se deveria evitar responder-lhe (ao texto) com generalizações. Dizer que nas nossas escolas não se ensina a pensar é uma frase que me entristeceu profundamente, sobretudo por vir da parte de alguém que admiro, pelo sentido de humor, pela escrita inteligente e escorreita e até pelo bom senso que sempre deixa transparecer, mesmo que esteja (aparentemente) a aspirar (n)uma praia.
    Sim, sou professora (por opção e por paixão) e, não, não estou a defender a classe. Mas há pequenos milagres que acontecem todos os dias, nas aulas, e a que só os professores assistem: ver, como ainda hoje eu vi, os olhos brilhantes de quem está ainda a começar o 3.º ciclo e que, de repente, percebe o significado inteiro, redondo, de um poema que parecia tão misterioso e difícil... a isso eu chamo aprender a pensar e, sim, sei que sou uma privilegiada.

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    1. Se calhar exagerei quando disse que há poucas escolas onde se ensina a pensar. Talvez devesse ter dito que não se ensina a pensar em todas as escolas... porque a verdade é essa. Se há escolas onde se ensina a pensar, outras há em que isso não acontece, escolas onde todas as regras estão definidas e em que nada pode ser questionado, em que não há lugar para as crianças estimularem a imaginação porque só têm de seguir regras e instruções, onde não se pode pensar "out of the box", porque isso dá demasiado trabalho. E essas escolas existem, existem mesmo! Eu vi, ninguém me contou ! :)
      No fundo, o que queria dizer é que quando procuramos uma escola para os nossos filhos, nos devemos assegurar que a escolhida é uma dessas, uma das que se aprende a pensar. Porque também as há :)

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  25. Cito-a: "preparem-se para trabalhar a sério (eu acho que fico mais contente que os meus filhos quando as aulas acabam :)"

    Infelizmente é nisto que se transformou a vida dos pais de hoje. Será que ter os pais a fazer os trabalhos de casa pelos filhos os ajuda tanto assim? Será que apresentar power-points XPTO, porque o paizinho é arquitecto ou a mãezinha médica e, por isso, muito sabedores de arte e biologia, torna as criancinhas melhores estudantes, mais preparadas, mais capazes?

    No meu tempo, a minha mãe (professora, por sinal) NUNCA se sentou comigo a "fazer os deveres". Sentava-se comigo, sim, a fazer desenhos e a ler histórias - e a ler as histórias que eu própria escrevia, em resposta aos desafios dela. E o facto de os TPC serem da minha exclusiva responsabilidade nunca me inibiu de ser uma excelente aluna.

    Acho execrável a competitividade exacerbada de hoje em dia, que começa no jardim-escola e que transforma os pais em estafetas ofegantes, eternamente ansiosos, cronicamente inseguros. É um fardo maníaco, que rouba tempo de prazer, de intimidade e de riso entre pais e filhos. Mas como fugir-lhe, sem fazer perigar as hipóteses do tão mitificado "sucesso" das nossas crias?

    Só posso dizer que dá vontade de mandar os relógios biológicos e as taxas demográficas às urtigas.

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    1. Miú,

      Leu em algum sítio que eu faço os trabalhos de casa ou os power-points dos meus filhos? Olhe que, apesar de não ser professora, também eu não me sento com os meus filhos a fazer os trabalhos de casa. Os trabalhos estão feitos quando chego a casa (aliás, caso isso não aconteça, o computador e os diversos gadjets ficam em stand-by até nova ordem). Revejo os trabalhos com eles e ajudo-os a estudar para os testes. E isso, parecendo que não, dá trabalho.

      Mais, e muito importante, fico sem perceber por que raio as pessoas acham que exigência é sinónimo de competitividade. Exigência não é sinónimo de competitividade. No caso da escola dos meus filhos existe uma exigência do grupo que leva a que, em conjunto, eles consigam ser todos um bocadinho melhores. Em conjunto, volto a frisar.

      E, como deve calcular, sobra-nos tempo para muitas outras coisas... nomeadamente para rir (coisa que, aliás, sabemos fazer muito bem...)...

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  26. Não li o texto referido mas apetecia-me escrever sobre a minha escola a escola da minha filha e a escola dos meus netos.
    Tenho preguiça.
    Mas havíamos de ir calhar no raciocínio, que se ensina, na confiança que se estimula, e na eterna dúvida dos pais que se questionam se estão a fazer bem...

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    1. Bem podias deixar de ser preguiçosa... (o que andavas a fazer à 01:51 da manhã, hein?)

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  27. A propósito da escolha da escola e do acompanhamento dos pais, lembrei-me agora de uma coisa que se passou na reunião da escola da Mironinho ontem à noite.
    A certa altura uma mãe queixava-se que não tinha vida nem férias suficientes para fazer face às solicitações da escola e que por isso se deviam acabar certas actividades.
    A escola desde o primeiro dia, pelo menos comigo foi assim desde o dia em que os visitei para saber as condições de funcionamento, informou os pais que privilegia a presença dos pais na escola e defende o seu envolvimento no máximo de actividades possível. Por isso em todos os períodos há um dia de escola aberta aos pais em que eles são convidados a assistir às aulas dos filhos, além dos dias de festa de final de período. Também procuram proporcionar aos meninos uma oferta cultural variada e por isso levam os meninos com frequência a peças de teatro, exposições, etc e fazem um visita de estudo em cada período, sendo que a última é preparada de forma a os pais poderem acompanhar os filhos. Convidam escritores a ir à escola e, mais uma vez, os pais são convidados a estar presentes. A mãe sugeria que se acabassem com os dias de escola aberta e a visita de estudo acompanhada, porque ela não podia ir e o filho chorava muito porque todos os pais iam menos ela. Também achava que bastava uma visita de estudo por ano, em vez de uma por período, e que não havia necessidade de tantas idas ao teatro ou a exposições, porque parecendo que não, tudo junto ainda ficava caro.
    Evidentemente, quem tem dificuldade em ausentar-se do trabalho, não pode responder a estas solicitações. Também é verdade que a capacidade económica de muitos pais foi reduzida substancialmente. Mas também é verdade que desde o primeiro dia sabiam que a escola que escolheram tinha estas actividades (eu escolhia-a também por isso, pela oferta cultural diversificada e pela interacção com os pais). Não digo que não se deva questionar a escola, mas se o modelo que a caracteriza não se adequa aos desejos dos pais, pois, terão de mudar para uma outra com que mais que se identifiquem, sem dramas...
    E o menino também não morre se perceber desde cedo que as realidades dos pais não são todas iguais, há pais que podem estar mais presentes, mas há outros que não podem e é aos pais que compete dar-lhes segurança e mostrar que são tão amados como os outros meninos.

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    1. Também propunha que se deixasse de celebrar o dia do pai e da mãe com um lanchinho para os pais e mães, porque há muitos meninos que ficam tristes porque o pai ou a mãe não pode ir.

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    2. Acho que vou ter de voltar a este tema... (tipo Aprumadinho... :DDDDDD)

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    3. Tendo tempo também sou capaz de dizer qualquer coisa sobre o assunto, apesar de não ser muito a onda do meu blog.

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    4. Oh Mirone,
      Que máximo! Então estiveste na mesma reunião que eu. Só pode. A tal que acabou já passava da meia noite?
      Assim ficas a saber que tens uma fã da tua cidade.
      Não digo a ninguém, mas eu sei de onde é a Mirone... :)))

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    5. Essa mãe é ridicula é só o que me apraz dizer.

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    6. Rídícula não direi. Acredito que queira o melhor para o filho, e para ela o melhor é o filho não ser confrontado com situações geradoras de tristeza ou ansiedade (cada um terá a sua perspectiva, a minha não é essa, mas não tenho a certeza e que a minha também seja a melhor). Simplesmente sabia que aquela escola privilegia o envolvimento dos pais em variadíssimas actividades. Das duas uma, se acha que esse envolvimento é prejudicial para o filho deve tirá-lo daquela escola. Se opta por mantê-lo lá, só tem é de desdramatizar a impossibilidade prática de participar em todas as actividades e explicar ao filho que não é o fim do mundo a mãe não poder ir à escola tantas vezes como vão os pais dos outros meninos.

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  28. Sinto-me envergonhado, e o ononimo também, ambos bastiões do ensino público (talvez isso explique alguns dos nossos transtornos da afectividade).
    Algum link para o texto do senhor? Especialmente se for doutrinário. Gosto imenso de sorrir.
    ;)

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    1. Nem isso... é um texto tão, mas tão panhonha, que nem teria honra de aqui ser referido (:DDDDDDD) não fosse a estranha situação de estar a ser entregue por imensas escolas a pais que deixaram este ano, e pela primeira vez, os filhos nos colégios...

      http://pequeninosdodeu-la-deu.blogs.sapo.pt/13040.html

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    2. Ainda por cima o raio do texto tem 3 anos.

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  29. Conheço demasiadas pessoas para quem a felicidade dos filhos é o único critério para avaliar a qualidade do colégio. Se os miúdos não choram e até têm amigos está tudo bem. A mim foi-me vendido gato por lebre e ao fim de 2 anos mudei o meu filho de colégio. A escola não ia mudar de trajecto por causa das minhas convicções e antes que fosse tarde mudei-o. Acredito e defendo que as crianças devem brincar mas muitos colégios acabam por ser depósitos onde meninos e meninas vêm o tempo passar. As crianças devem ser estimuladas e desafiadas, obrigadas a sair da sua zona de conforto. E isso não as traumatiza! Mantém-as despertas e melhora a sua auto-estima. Claro que, tudo com conta, peso, medida e bom-senso. Nem para um extremo, nem para o outro. Nem só brincadeira, nem só "trabalho".

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