terça-feira, 3 de abril de 2012

O meu próprio gnomo de Amélie Poulant

Todos nós temos um gnomo de Amélie Poulant nas nossas vidas. 



Eu também tenho o meu.
Vou, então, relatar a história do meu próprio gnomo de Amélie Poulant. O meu gnomo não é um simples gnomo. O meu gnomo é constituído por vários elementos. O meu gnomo é uma família. Uma família numerosa. Uma família de apelido Aparecida.
Ora, a família Aparecida tem por hábito solicitar a papai alojamento para quinze dias de férias em cada ano civil. Papai, homem generoso, abre as portas de sua casa a família Aparecida (apesar de eu já lhe ter pedido por diversas vezes e de joelhos, para as fechar). Família Aparecida apresenta-se e veraneia-se ininterruptamente durante os dias acordados. No fim das férias e como forma de agradecimento, a família Aparecida oferece a papai uma moldura com a fotografia de todos os seus elementos. Não sabemos por que razão a família Aparecida tem por hábito presentear-nos com as suas próprias fotografias. No entanto, sabemos que o faz. E, por isso, já estamos preparados para esse acontecimento anual. Já aventámos várias hipóteses para tal facto. Desde um orgulho desmedido na sua própria imagem, à teoria da evolução (desta forma dispomos de fotografias dos filhos de família Aparecida, desde o nascimento até à idade adulta, podendo assim observar condignamente o desenvolvimento do Homo Sapiens). 
Acontece que a moldura com a respectiva fotografia é oferecida a papai e este, não a conseguindo deitar fora (ou incinerar - digo eu...), atira-a para um sítio qualquer onde não tenha (obviamente) de a ver. O problema é que esses sítios são, normalmente, aqueles em que nós (os outros) mexemos. Assim, acontece amiúde abrir uma gaveta e saltar de lá o nosso próprio gnomo de Amélie Poulant - A família Aparecida. É certo que o nosso gnomo não é viajado e não aparece em fotografias em Londres, Paris ou Roma. O nosso gnomo é mais modesto e faz-se fotografar sempre aqui pelas redondezas. No entanto, isso não faz dele menos gnomo.
Hoje, por exemplo, já me cruzei com o gnomo por duas vezes:
1- Ao abrir uma gaveta em busca dos Ninjagos de filho, zás, sou agredida pela imagem de família Aparecida na praia. Elemento mais velho deitado delicadamente sobre o areal mas com um certo jeito de paquiderme. Os elementos mais novos mostram os seus dotes de hipismo, ao cavalgarem o paquiderme.



2 -  Poucos minutos depois, ao abrir a gaveta dos brinquedos a solicitação de filha, pumba, sinto novo impacto. Família Aparecida espojada na relva, em jeitos mais clássico-desportivos. Uma pose que revela um enorme à vontade. Diria mesmo que um contacto profissional com a natureza de casa de papai: 


E digo-vos, há mais, muito mais. Eles estão por todo o lado. São anos e anos de férias. São fotografias e fotografias, molduras e molduras, filhas pequenas, filhas médias, filhas grandes.
Acontece que hoje já tive a minha dose de gnomo e recuso-me, agora, a abrir qualquer gaveta ou armário (sinto medo, muito medo). Nem que seja para tirar uma colher da gaveta dos talheres... Antes comer a sopa à mão, a ter novo encontro imediato com o meu próprio gnomo...

1 comentário:

  1. A primeira foto...a pose do senhor...as filhas em cima dele...nem sei que diga.

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