O jantar de hoje foi caril de camarão. Ora eu não sou grande fã de caril, no entanto, e porque consorte é um verdadeiro apreciador de tal alimento, foi adquiri-lo a uma restaurante que ele adora e no qual eu me recuso a entrar. A história vem de há vários anos atrás quando, ainda em clima de rrrrrrrrromance, consorte me levou ao dito local e eu, com vergonha de dizer que não tinha grande apreço pela cozinha indiana, acedi com alegria esfuziante. Pessoas! Aquilo foi um pesadelo! O cheiro! O cheiro a fritos! O Cheiro a chamuça frita! Durante semanas pensei estar a ser perseguida por chamuças. Sentia o cheirinho a chamuça em todas as esquinas. Via chamuças aparecer por detrás do guarda-fatos durante a noite. Chamuças a espiar-me no duche. Chamuças a espreitar de dentro da máquina de lavar roupa. Entrava na cozinha e tinha receio de abrir o frigorífico com medo que me saltassem de lá meia dúzia de chamuças. Aliás... se me quiserem assustar verdadeiramente (anónimos mauzões, isto é uma dica!) basta gritarem CHAMUÇA à minha passagem!.Quase tive de receber tratamento psiquiátrico para ultrapassar o horror que experienciei...
Mas, voltando ao jantar de hoje que já estou com tremuras só de relembrar tal episódio...
Tal como vos estava a dizer, consorte, que tem bastante estima pela iguaria caril de camarão (que eu consigo deglutir se acompanhado de chutney de manga), apareceu em casa com um saquinho plástico que eu logo associei ao tal local infecto. À sua entrada, logo o meu narizinho canino começou a farejar o ar e, de imediato, a imagem das chamuças voltou à minha mente. Chamuças no cabelo, chamuças nos bolsos, chamuças no sofá, chamuças nos candeeiros, chamuças nos vasos de flores, chamuças na televisão, chamuças, chamuças, chamuças... Consorte, sentido algum medo do meu ar horrorizado, correu para a cozinha em passo rápido, agarrando o seu saquinho plástico branco como se de um verdadeiro tesouro se tratasse. Vinha, certamente, enfeitiçado por aqueles ares poluídos tão típicos daquele restaurante porque, de imediato, se apressou a preparar o seu pratinho. Tentando contrariar o meu instinto chamuça-killer, fiz três minutos de meditação, posto o que me levantei do sofá e me dirigi à cozinha para, discretamente e sem proferir palavra, preparar o meu jantar. Foi com ISTO que me deparei:
Caladinha que nem um rato (cinzento), dispus o arroz e o meu camarão no prato. Consorte, com o prato cheio de camarões, avaliando a situação, perguntou-me, então:
- Chega-te um, não é? Como não gostas muito...
Ora, depois de anos a maldizer este restaurante e este alimento, não podia dar parte fraca, pelo que retorqui que sim... que UM camarão estava perfeito...
Foi só quando já estávamos sentados à mesa, que consorte, sentido pena da minha inanição, foi, então, buscar a segunda embalagem de caril. E foi este o dia em que eu tive de dar o braço a torcer e aceitar que, afinal, UM camarão indiano não era o suficiente...
Um post levou-me a outro e dei por mim a recuar até um dia qualquer de Verão, no seu blogue. Daqui a apaixonar-me por si será, com certeza, um instantinho. Não obstante, terei sempre presente que não o conheço e que o Pipoco pode mesmo ser uma senhora, o que fará de mim uma pessoa bissexual, coisa que nunca se me aconteceu ser! Nos próximos dias estarei encerrada nos meus aposentos a cultivar-me, ávida de saber mais a cada dia que passa, para futuramente poder encetar conversas e o impressionar com a minha escrita. Que tema me sugere que aprofunde? (assim uma coisa que o impressione mesmo, que eu cá não sou rapariga de fazer a coisa por baixo. Quero algo ao mais alto nível).
Na expectativa das suas prezadas notícias, despeço-me, com um beijo carinhoso,
Esta sua A.
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