terça-feira, 29 de setembro de 2020

É por isso que não tenho muito para dizer

Deixei de ter sentido crítico, para mim está tudo bem, mesmo as coisas mais estranhas, como aquela senhora que ontem passou a hora do treino da minha filha (que agora passo dentro do carro porque deixámos de poder entrar no pavilhão) numa azáfama a roçar o frenesim, rua acima, rua abaixo, com um saco de xadrez daqueles grandes, a chamar os gatos vadios da zona, "riquezas, riquezas, riquezas...", mesmo quando resolveu reuni-los todos e dispor os pratinhos debaixo do meu carro, ou seja, debaixo de mim, ao mesmo tempo que lhes dava instruções sobre a velocidade a que deviam comer, e controlava de um lado, depois de outro, depois à frente, depois atrás, e aparecia-me numa janela, depois noutra, e depois desaparecia lá em baixo e a seguir voltava a aparecer, a chamar riquezas e mais riquezas, que às tantas saltavam do muro para cima do carro, para o tejadilho, para todo o lado. Enfim, foi um bocado estranho, mas a senhora gostou assim e eu, olha, acho bem.



13 comentários:

  1. Não posso comentar porque estou quase como a senhora de que falas...
    O meu último evento foi apanhar na rua e salvar, um periquito que estava às portas da morte.

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    1. ana, abraço para ti, que já não te "via" faz tempo :)

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    2. Um abraço também para ti cujo blog sempre leio.

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    3. :DDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDD
      Vá lá que ainda não apanhaste uma gaivota, como o senhor ali da Nê! :DDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDD

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  2. concordo contigo, deixei de me importar com quase tudo. talvez seja isso dar mais significado ao que realmente importa - atravessar a tempesatade com alguma sanidade.

    (e por falar em gatos, a linda Cutxi como está? :b)

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    1. Pois... nem sei. Às vezes tenho saudades do meu eu que se chocava com coisas :s

      (a Cutxi agora está boa, mas o princípio do ano foi terrível :/)

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  3. Ontem passou por mim um senhor descalço a puxar um carrinho de mão com hortaliças, com uma gavoita enorme debaixo do braço. Era no centro do Porto e senhor estava limpo. Cruzei-me com ele no passeio e só para aí vinte metros adiante é que abrandei e pensei... "Espera aí... Para onde raio irão aquelas hortaliças com tão bom aspeto..."

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    1. Já eu fico a pensar no destino da gaivota...

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    2. Ahahhahahhahahhahhahahahahahhahahahhahaahhahahahahahahah
      Oh páaaaaaaa! 'Tás a gozar!!!!!!! Uma gaivota?!?!
      Ahahahhahahhahahhahahhahahahhahhahahhahahhahahhahhahahhahhahahhaha

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    3. (isso é coisa para dar um quadro espectacular! Até já tenho título: Mariconera :DDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDD)

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  4. Por exemplo, quando um dia vi um buraco feito num sítio estratégico da minha vedação, um buraco que permitiu a passagem de um recipiente de barro, com alguma largura, para encher de comida para gatos, fiquei tão perplexa que nem tive reacção. Às vezes, perante situações que me parecem inacreditáveis, fico tolhida pela dimensão do absurdo. Uma pessoa que, pura e simplesmente, não se importa de violar, estragar, património de outras, podendo mesmo, neste caso que aconteceu comigo, facilitar o acesso aos que possam ter outro tipo de intenções, que estão muito longe da alimentação de gatinhos, é tão absurdo que, ou pensamos numa pessoa com sérios problemas de saúde mental, e, nesse caso, o sentimento de compaixão vence, ou, então, podemos mesmo ficar demasiado embasbacadas para reagir.
    A "amiga dos animais" do meu caso, não sabe que até costumo comprar comida para gatos, sem ter gatos, mas sei que gostam de ir passear e descansar, à vez, para o meu quintal, e, às vezes, um ou outro, faz uns miados desesperados e, se estiver a ouvir, não aguenta aquilo, e por isso tenho os meus próprios dois recipientes prontos a sair com comida e água, depois eles vão lá à vida deles e ficamos todos contentes.
    Na verdade, Palmier, depois do remendo feito e de ter passado o momento "a sério que isto aconteceu", desejei muito não ter o azar de apanhar a senhora em alguma nova tentativa, "menos feliz", de dar alimento, é que não queria nada ter de deixar o "meu sentido crítico" sair com o grau de intensidade que acho que a situação merece, até porque, no fim, penso que seria eu que me iria sentir pior "seria a desalmada a desancar "a caridosa"".

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    1. Oh pá... a sério?! Que gente louca! Se calhar era a mesma senhora e, dentro do saco, para além da comida, também levava o seu próprio alicate! :D

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  5. O Covid pode não nos ter deixado melhores pessoas mas deixou muita gente muito mais dessensibilizada :D
    Confesso que há coisas que agora me parecem muito picuinhas e que antigamente me faziam trepar paredes.

    Este é o terceiro ano consecutivo em que tinha tudo marcado para nos arranjarem o jardim. A parte interessante é que nas outras vezes aconteceu sempre algo (inclusivamente um senhor teve um acidente de carro e deixou de trabalhar na área em consequência disso, infelizmente).

    Mas neste fantástico ano de 2020 estava tudo marcado quando fomos obrigados ao confinamento. Parou tudo. Claro. Combinámos então uma data posteriormente. A pessoa responsável telefona uma semana antes para confirmar que vem dia X às X horas. Chegou o dia e passou. Ninguém atendeu o telefone (lembramo-nos logo do outro senhor que teve um acidente automóvel) mas mesmo nos outros dias nunca mais obtivemos feedback. Passou 1, 2, 3, 4 semanas e nada. Telefone continua ativo, por vezes temos a chamada rejeitada outras vezes toca e toca e toca...

    Pronto, já lá vão cerca de 4 meses sem qualquer tipo de feedback. Passamos mais um verão sem o jardim e há cerca de 2 semanas conseguimos finalmente que viesse cá alguém. QUASE 4 ANOS DEPOIS de iniciar a procura de alguém para fazer o trabalho!!!
    E nós?? Nós já só nos rimos do percurso percorrido até conseguirmos fazer METADE do nosso jardim :D
    Quando formos fazer a parte do pomar no nosso terreno aguardo novas aventuras similares. Se não for para ser assim já nem quero :D :D :D

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