segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Logo agora que decidi inscrever-me num blogo-concurso, havia de ter escolhido o mais difícil de sempre, praticamente impossível de ganhar, o concurso que é um quebra-cabeças, uma contradictio in terminis, praticamente o enigma da Esfinge

E não, não estou a falar do concurso literário da Filipa, que esse era tiro e queda, bastava uma pessoa escrever um poema primaveril, uma coisa assim:

Estou aqui com uma mão na algibeira
Que frioleira
E a outra no teclado,
que mais parece um gelado.

Ah, a Primavera
Quem me dera!


E limpava logo o prémio, até era um bocado constrangedor para os outros participantes, coitados, tão esforçados... Mas não! Logo tinha de escolher para a minha estreia como concorrente, o concurso mais inquietante de todos os tempos, aquele que encerra em si o grau de dificuldade mais elevado. É que, reparem, o concurso apela nas redes sociais à restrição de uso das próprias redes sociais e depois pede que mostremos nas redes sociais que não usamos as redes sociais. Confuso, certo? Mas há mais! É o concurso em que se pede que se tire uma fotografia a uma... conversa, mas sem usar objectos com botões, exigindo-se que se esteja cem por cento à mesa a ser feliz com a nossa família, enquanto, usando do dom da ubiquidade, tiramos a fotografia. E então eu estou desde ontem à mesa com os meus filhos, sento-me para estar cem por cento ali a ser feliz com eles, depois levanto-me muito depressa para tirar a fotografia, a ver se me engano a mim própria, mas quando vou para tirar a fotografia verifico com espanto que afinal já não estou lá a ser cem por cento feliz eles, porque estou aqui a tirar a fotografia... um bocadinho como um cão a quem dizem "senta" e "busca", tudo ao mesmo tempo e, olhem, isto é uma apoquentação, é o que vos digo! E se isto continua assim, posso mesmo não conseguir ganhar :(



sábado, 27 de fevereiro de 2016

Que grande confusão que vai por aí com essa coisa de ser Charlie

Ser Charlie não é comer e calar, ser Charlie é ver o cartaz do Bloco e poder dizer alto e bom som que não se gosta daquilo que se vê, que não saber ganhar é muito pior que não saber perder, que o cartaz é apenas e só a ponta do iceberg e que é revelador de um total desprezo pelo outro, aquele que pensa de forma diferente, ser Charlie é ver o João Soares na Assembleia da República a ameaçar demitir o outro do CCB, que não faço ideia se é bom se é mau, e poder dizer que aquele tipo de atitude causa em mim o sentimento de vergonha alheia, que se o homem não é competente, o demita, sim senhor, mas que o faça com o mínimo de dignidade e sem ameaças públicas, é ler as palavras da Joana Mortágua, em que diz que a abertura da ADSE a outras pessoas que não os funcionários públicos (e respectivos familiares - cônjuges e filhos até aos trinta anos - sem qualquer pagamento acrescido) "não faz sentido", porque "estaria a alargar o acesso de utentes aos hospitais privados com prejuízo claro para o SNS". Por isso "a ADSE deve manter-se como um sistema fechado a funcionários públicos e às suas famílias", e poder perguntar-se porquê? Por que não... todos nós? - por que raio se divide o país em duas castas, os funcionários públicos que, numa espécie de toque de Midas, transformam os seus familiares em funcionários públicos por osmose, e que passam a poder, através da ADSE, aceder aos hospitais privados e... os outros, os que, não podendo pagar seguros, têm bom remédio: amanhar-se com o SNS. Ser Charlie é poder dizer que isto é uma vergonha, que não se gosta e que não se concorda. Ser Charlie é isto. Comer e calar é a antítese de ser Charlie. É coisa de regime totalitário.


sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

A Estrada

Fogooooooo... aposto que se a pessoa, algures a meio do livro, virar num dos cruzamentos desta estrada, vai dar ao Ensaio Sobre a Cegueira...



segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Mas o que é que se passa com a blogosfera?

Onde raio anda todaaaaaaaaá gente?! Oh pá... sinceramente...  se querem continuar hibernados, olhem, por mim tudo bem... fico aqui sentada. À espera. Praticamente mumificada. Quando for para brincar outra vez, avisem, 'tá?



domingo, 21 de fevereiro de 2016

O problema dos homens

Podemos parar só aqui num instantinho para eu ir ali comprar uma base?
- uma base para quê? para copos...?!

(A base da Filipa, claro... - estou nuns nervos desde sexta-feira...)

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Pessoas, este post é da Uva Passa, que precisa da ajuda daqueles que percebem destas coisas das internetes

Olá a todos.

Gostava de pedir a vossa ajuda.
Hoje, depois de publicar uma crónica da minha autoria para a UPTOKIDS, saí da conta.
Ao retomar a conta, fui surpreendida pela seguinte mensagem:


Uva Passa

O seu blogue foi bloqueado por violar os Termos de Utilização. Este blogue será eliminado definitivamente dentro de 89 dias, a não ser que peça uma análise.


Pedi uma análise.

Recebemos o seu pedido de desbloqueamento no dia 18 de Fevereiro de 2016. Pedimos a sua compreensão enquanto analisamos o seu blogue e confirmamos que não viola a nossa política de conteúdos.


Olá, O seu blogue em http://a-uva-passa.blogspot.com/ foi analisado e confirmou-se que está a violar os Termos de Utilização de: PHISHING. De acordo com os respetivos termos, removemos o blogue e o URL deixou de estar acessível. Para obter mais informações, consulte os seguintes recursos: Termos de Utilização: https://www.blogger.com/go/terms Política de Conteúdos do Blogger:https://blogger.com/go/contentpolicy -A equipa do Blogger 

Entretanto o blogger, para que pudesse aceder novamente, pediu-me para entrar com um código novo que me enviaram para o telemóvel ,porque tinham detetado movimentações estranhas na conta.
Fiz isso e agora não consigo mais aceder.

Alguém sabe o que se passa que me possa ajudar?
Seria terrível perder as minhas coisas.
Obrigada a todos e um muito obrigada à Palmier que veio imediatamente no meu auxílio.
Abraços

Só não sei se o meu consorte vai estar de acordo...

Mas tive uma ideia tão, mas tão fixe! É que isto, com a Grande Obra em curso, dá tempo para uma pessoa imaginar o resultado, e depois a cabeça da pessoa não pára, com ideias atrás de ideias, e depois a pessoa pensa nos tapetes, que a pessoa gosta muito de tapetes, nos rodapés, que a pessoa tem fixação em rodapés, e depois vai pelas paredes acima e através da imaginação anda de divisão em divisão e, às tantas, a pessoa já está a pensar nos quadros que vai ter nas paredes, e depois pensa num específico, no quadro que vai pôr no hall, para receber todos os seus amigos com pompa e circunstância, e é então, nesse preciso momento, que a pessoa de repente quer, mas quer muito, mesmo muito, quer já, para ontem, este retrato (estou aberta a outras sugestões), que vai imprimir em tamanho real, com uma moldura em talha daquela com doirados e rococós, mas com um detalhe muito importante: vou substituir o canito por pequena Cutxi e photoshopar-lhe a minha cara. 


Ainda não sei como vou ser capaz de me encarar dia sim, dia sim, ali pendurada na parede, com este belíssimo cabelo. Mas vou ser forte, prometo!


terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Claro que nestes dias frios e chuvosos também gosto de ir com pequena Cutxi para a cozinha

Para começar dou-lhe logo um entalão, para ficar tenrinha, junto umas batatinhas em cama de estragão, alho francês e couscous e depois é só esperar!


Enfim, pratos simples e saborosos, usando aquilo que temos em casa, porque a tendência agora é simplificar.

Estratégia de marketing?

A pessoa vai ver os vídeos, que a pessoa gosta de saber aquilo que o Primeiro-Ministro tem para lhe dizer, olhos nos olhos, num tête-à-tête praticamente romântico, sente-se logo ali a proximidade entre o cidadão e seu Primeiro-Ministro, percebe-se que é uma coisa espontânea, que o governante sentiu necessidade de falar directamente connosco, o seu amado povo, de nos passar a mão pelos cabelos e dar-nos umas palmadinhas carinhosas nas bochechas, e qual não é o espanto quando, poucos segundos depois do filme começar, a pessoa já não está a ouvir nada, já só está concentrada na gravata de Costa, a perguntar-se "aquilo ali é uma nódoa?", e a responder para si própria "nã... não pode ser...", "mas parece mesmo!", "mas não, que estupidez, agora iam lá filmar os vídeos com uma gravata com nódoas..." "mas parece mesmo!", deixa cá pausar... "oh pah! É mesmo uma nódoa!", e depois volta a carregar no play, para ter a certeza que não é um reflexo, e não é um reflexo, é mesmo uma nódoa e depois, puf, acabou o vídeo e, lá está, a pessoa não ouviu nada. 


segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Lá se safou...

E ontem, depois de uma viagem interminável e sujeita à intempérie, cheguei a casa com as malas, sacos, saquinhos e saquetas e vá de começar a arrumar, umas coisas para um lado, outras para outro, e eis senão quando, chego à cozinha e o meu coração pára. Em cima de uma mesa jazia a embalagem de uma balança. A embalagem de uma balança nova. Uma embalagem que me transportou para um tempo passado, um tempo em que fui desapossada da minha própria balança, um dote que trazia dos meus tempos de solteira, praticamente uma peça de família, em circunstâncias em tudo idênticas. Depois de umas férias de Verão, um mês inteiro fora, cheguei a casa desesperada para me pesar e o meu consorte, alegando à época que a minha relíquia estava ferrugenta, tinha decidido por sua própria iniciativa, sem me consultar nem dar oportunidade de fazer um estudo profundo, uma média ponderada, da diferença de peso que resultava entre as duas balanças, proceder à substituição da mesma. Assim, como se nada fosse. Foram tempos muito conturbados esses e uma vez que eu não tinha forma de saber o meu peso real, durante muito tempo não o consegui perdoar. Sempre que me pesava culpava-o a ele daquele quilo a mais. Afinal o problema estava na balança, na balança que ele traiçoeiramente e como forma de diminuir a minha auto-estima, tinha substituído. A nossa relação esteve inclusivamente em perigo. Por isso, quando ontem me deparei com isto:


o meu coração teve um sobressalto e pensei com os olhos marejados de lágrimas: É desta! É o divórcio! Foi então que, com o coração fora do peito e anichado nas mãos em concha, corri, como num pesadelo, para a casa de banho. Uma corrida daquelas que parecia não ter fim, os pés a deslizar sem no entanto sair do mesmo sítio, o pânico a tomar conta de mim, e quando finalmente lá cheguei, encostei-me à parede, a respiração débil, e depois de uns segundos de hesitação, num acto de verdadeira coragem, acendi a luz! 


 Ali, lado a lado, e em perfeita harmonia, encontravam-se a sua inestética Tanita e a MINHA belíssima balança. A lição ficou-lhe marcada no espírito! Afinal ainda há esperança para a humanidade.


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

E então eu pensei: se a Pipoca Mais Doce consegue, eu também consigo.

E fui buscar a escova, o secador e o babyliss, determinada que estava a, também eu, conseguir fazer aqueles jeitos rebeldes nos meus longos e lisos cabelos.

Resultado: estou aqui com uns canudinhos ridículos, à dama-antiga, daqueles canudos elásticos que saltitam para cima e para baixo a cada passo que dou.


(o que vale é que é Carnaval)



quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Peço desculpa pela falta de comparência

Mas desde que lancei a minha mais recente iniciativa, a Caixa-Surpresa, que estou aqui completamente assoberbada de trabalho, o número de encomendas foi de tal ordem que nem sei para onde me virar, tenho a banheira cheia de lulas prontas a empacotar, ovelhas por todo o lado, os respectivos pastores aqui sentados ao meu lado, no sofá, mal cabemos todos, e depois, o pior de tudo... nem imaginam o caos informático causado pelas transferências bancárias que vocês me fizeram... o banco on-line crashou, fui chamada de urgência ao Banco de Portugal para explicar a situação, e eu bem disse: "oh, Carlos, tázaver, as Caixas-Surpresa são um produto estruturado muito ambicionado pelo  público, um produto que alia o campo e a estrada, o animal e o vegetal, a lã virgem e o material sintético, é um produto-refúgio, de capital seguro, que à partida não comportava riscos, e eu bem sei que este era um produto extremamente criativo e complexo... mas 'tá claro que a pessoa não conseguia antecipar as consequências para o sistema de Caixas-Surpresa em geral...", mas o Carlos estava fora de si, nunca o tinha visto tão exaltado, deu um murro na mesa, ameaçou resolver-me o blog e dividi-lo em blog-bom e blog-mau. E agora, para a corrida às Caixas não se agravar, suspenderam-me a negociação na Blogosfera e estou para aqui de cabelos em pé, a aguardar a decisão final. 

errrrrr... agora tenho de ir, que estou a receber esse eme esses do Mário Centeno, a dizer para ir para o Ministério das Finanças ASAP! Parece que depois do investimento massivo nas minhas Caixas-Surpresa, a economia do país se está a desmoronar.


terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Estava aqui sem nada para fazer e, de repente, senti necessidade de, também eu, me lançar no universo das Caixas-Surpresa!

Assim sendo, convido-vos a comprar este incrível cabaz pela módica quantia de setecentos euros! E sejam rápidas, que só temos cerca de cinco mil unidades disponíveis!


Só numa de vos tentar, informo que temos nesta Caixa-Surpresa:

Uma Lula!


Dois fatos de apicultor para um matchy-matchy de casal!


Uma embraiagem!



um rebanho de ovelhas amoroooooooso com mais de trezentas cabeças!


E o seu próprio pastor!



e, claro, uma pastilha Gorila!




E então? Quem é amiga, quem é?





Depois de mais de seis meses de obra

E não, não vamos falar da lentidão da coisa, que já devíamos ir na estrutura e ainda não saímos da escavação, mas como ia dizendo, seis meses depois do início da obra, ainda não consegui combater o preconceito e continuo a ser brindada com o mesmo olhar de desconfiança do primeiro dia. E agora digam-me!, mas digam-me mesmo!, se o senhor não está ali à espreita a dizer:

"Olha-m'esta, outra vez aqui... vade retro!..." e depois a pensar para os seus botões "deixa-me masé ficar aqui bem escondidinho atrás deste torrão de terra, a ver se ela não dá por mim..."



segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Só para que não tenham ideias e percebam como o meu Senhor Carlos é realmente incrível, o mais espectacular de todos

Hoje, mal entrei, disse-me, com ar preocupado acompanhado de uma ruga na testa, as seguintes palavras mágicas: 

"Está mais magrinha!"

E eu ainda lhe disse que aquilo era marketing, que apostava que agora era assim que atraía a clientela, mas ele, com um sorriso maroto, garantiu-me que não, que era mesmo verdade.

(post para estas meninas -aqui e aqui)

Eu não tenho uma Dona Aureliana

Mas tenho o Senhor Carlos. O senhor Carlos dá-me almoço quase todos os dias da semana, a mim e a mais uns quantos, que aquilo no restaurante do Senhor Carlos é uma roda-viva. Não sei bem como, mas o Senhor Carlos consegue-nos sempre uma mesa, nem que para isso tenha de subir o volume do rádio e desligar o ar-condicionado, e é ver os clientes a debandar sem perceberem bem porquê e o senhor Carlos a piscar-nos o olho, mas uma mesinha para nós é que não pode faltar, sendo que é preciso ver que o espaço está milimetricamente aproveitado e para uns se sentarem, os outros têm de se levantar, como naqueles joguinhos que havia antigamente, que funcionavam dentro de um quadrado e tinha de se pôr as peças por ordem e só havia uma casa livre; o Senhor Carlos não tendo o sotaque arrastado de quem atravessou o equador, e porque passou muitos anos a trabalhar nos hotéis em França, fala fluentemente cinco línguas, ele é italiano, castelhano, francês, inglês e alemão, mas fala mesmo, não julguem que o senhor Carlos se limita a arranhar, de tal forma que ali as amizades se fazem à velocidade da luz e os estrangeiros voltam ano após ano. E é uma festa cada vez que voltam, há beijos e abraços como num reencontro de família. Às vezes toda a gente canta porque o Senhor Carlos dá o mote e muitas vezes toda a gente ri, sobretudo quando o Senhor Carlos quer porque quer aparecer nas selfies com o peixe grelhado . No Senhor Carlos também não precisamos de nos preocupar com isso do dinheiro, que se não o tivermos na carteira pagamos no dia seguinte, ou se ele não tiver troco fica logo pago para amanhã. Nos dias de pernil o Senhor Carlos prepara-nos um peixinho cozido, nos dias de feijoada um bacalhau com grão e nos dias em que não nos apetece nada o senhor Carlos dá-nos o almoço do pessoal, aquela massa grossa com frango. Também aconteceu que um dia em que não tinha companhia, que eu sem companhia não gosto de almoçar, o Senhor Carlos, ao ver-me passar para ir à farmácia assomou à porta para saber de mim, que parecia impossível não me alimentar como deve ser, e, quando voltei, lá estava ele no passeio, com um sorriso e um pratinho tapado com um guardanapo, lá dentro um prego para eu levar para o escritório, que não me queria a passar fome. Por isso é que, não sei se já disse que, não tendo uma Dona Aureliana, posso afirmar com orgulho que tenho um Senhor Carlos. E quem tem um Senhor Carlos tem tudo.

E agora tenho de ir almoçar, que já são horas, e o Senhor Carlos está à minha espera :)