Temo a noite de 24 e o momento em que tenho de começar a TENTAR tirar os brinquedos de filhos de dentro das respectivas caixas.
Temo o momento em que começo a lutar contra os elásticos, arames e parafusos que prendem os brinquedos, de forma absolutamente absurda e irracional, às respectivas caixas.
Temo o momento em que tento desesperadamente arrancar com as unhas (arruinado de imediato o verniz) um carrinho da sua caixa, para satisfazer filho, ao mesmo tempo que tenho de salvar uma boneca do enforcamento, dado que filha se encontrar a puxá-la do embrulho e a infeliz está presa por uma anilha de plástico inviolável.
Temo o momento em que desisto e tenho de ir buscar a mala de ferramentas (coisa que deveria ter feito logo no início) para prosseguir com este trabalho.
E pergunto-me, vezes sem conta, porque é que as indústrias de brinquedos nos fazem isto?
Logo a nós! Nós que as alimentamos com as compras de todos os brinquedos que passam na publicidade do canal Panda, Nikelodeon e Disney Chanel! Nós que temos de de gastar pilhas de dinheiro em brinquedos (inúteis)!
Não contentes, as referidas indústrias obrigam-nos a lutar contra os seus brinquedos, numa tentativa vã os tirar daqueles malditos cartões onde vêm acondicionados.
Julgarão os senhores das indústrias de brinquedos que todas temos um técnico de manutenção dentro de uma gaveta da cozinha?
Não se terão dado conta que esta época já acarreta stress suficiente?
Julgarão, por acaso, que as crianças não estão sufucientemente excitadas na noite de Natal e que é necessário criar aquela pausa de duas horas entre o rasgar do papel e, finalmente, conseguir chegar ao ambicionado brinquedo?
Depois de ponderar sobre todas as vertentes da questão, não posso deixar de concluir que esta conduta das indústrias é uma forma de sadismo natalício contra os pais.
É que, aparentemente, acondicionar brinquedos não é, pura e simplesmente, brincadeira de crianças.
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