terça-feira, 3 de outubro de 2017

Brincar em (in)segurança

Às oito da manhã já estava a stressar no carro, que não sei o que raio se passa com o transito caótico desta cidade, que no último mês começo sempre a manhã a rugir aos deuses para conseguir passar aquele pacato quarteirão que, de um momento para o outro, se tornou demoníaco, depois lá passei o sinal in extremis, mas já com os minutos à justa para o resto do percurso até à escola, um percurso que me demorava menos de dez minutos e que agora passou para meia hora, mas lá tive sorte e conseguimos chegar a tempo, e no minuto que deixo os meus filhos respiro fundo e entro em modo zen, faço reset e recomeço a manhã do zero naquele bocadinho em que vejo o rio lá de cima, e hoje o rio estava chão, devia estar na mudança de maré e, sem vento, era uma massa de água gigante e totalmente imóvel, a reflectir a o céu, e fiquei a pensar como é que se podia descrever aquele rio que estava tão bonito, e então lembrei-me do mercúrio dos termómetros e de como era bom partir um termómetro quando era pequena, para poder brincar com as bolinhas de mercúrio que guardava religiosamente dentro de uma caixinha de plástico das ourivesarias, separava as bolinhas com um pauzinho e depois ficava a vê-las a correr por ali fora, para se juntarem todas numa bola grande e gorda de metal líquido. Parece que o mercúrio não é nada bom para brincar, mas era assim que, em tempos remotos, nós, os idosos, brincávamos. Também brincava com detector de mentiras do meu pai, uma coisa super idade média, com uns dínamos de metal e uns fios eléctricos que se colavam aos dedos e que davam uns choques eléctricos medonhos, e depois lembrei-me daquele dia em que a minha tia Lili me mostrou um revólver miniatura que tinha lá perdido numa gaveta, um revólver mesmo pequenino, que era tão giro e apetitoso, mas a minha mãe, muito avançada, disse logo que não gostava nada de armas, mesmo que fossem de brincar, e a minha tia Lili, sempre muito teimosa, quis mostrar à força que aquilo não fazia mal nenhum e vá de dar um tiro no seu próprio dedo. Vou abster-me de descrever o que aconteceu a seguir porque, afinal, o brinquedo não era de brincar. Tudo coisas super seguras, homologadas pelo Ministério do Divertimento do Século Passado. Depois o rio de mercúrio desapareceu e cheguei ao meu trabalho.

45 comentários:

  1. Também gostava de brincar com o mercúrio dos termómetros. Era tão giro!

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    1. Partir um termómetro era um programão! Acho que cheguei a partir uns quantos de propósito... :DDDDDDDD

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    2. Lembro-me que a minha mãe também gostava e que chegou a partir alguns para eu e minha irmã brincarmos.

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    3. Éramos todos felizes. Porém inconscientes :DDDDDDDDDDD

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  2. Eu, sempre que leio estas coisas sobre o trânsito rio-me muito porque, só quem vive na parvalheira sabe o bom que é sair 20 minutos antes da hora, fazer 25km , ir de rádio ligado a ouvir : fila na 2ª ponte do Feijó, IC19 com fila, trânsito parado na 2ª circular e nós a andar. Uma pessoa até começa logo o dia muito melhor.

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    1. Não percebi, Anónimo. Vem de comboio, é isso?

      (acontece que, dentro da cidade - e quando o metro não é opção-o uso dos transporte público não é propriamente linear...)

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    2. Talvez o anónimo viva longe de Lisboa e não trabalhe em Lisboa. Mas eu vivo na parvalheira (montijo) e também tenho de apanhar trânsito. E não, não posso ir de transportes (se fosse demorava ainda mais). E não vivo mais perto porque não ganho para isso. Infelizmente lisboa está assim. É o único sítio onde há emprego, mas não nos pagam suficiente para termos uma casa por lá.

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    3. Eu acho é que o comentador supra, não faz ideia é que quem vive no centro de Lisboa, mesmo centro, não apanha pontes, IC não sei das quantas, nem tem que usar a segunda circular (a não ser que por viver em lisboa, entenda que é o mesmo que viver noutros concelhos). Pode-se apanhar trânsito de campo de ourique para as avenidas novas, ou mesmo dentro do próprio bairro. É como diz a palmier, quando o metro não é opção não há forma de fugir ao trânsito.

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    4. Pessoas pessoas, o País não se resume a Lisboa....nem aos arrabaldes. E que mal tem que quem nunca tem filas e engarrafamentos, ache piada a quem vive no centro do mundo que tem tudo à mão de semear mas leva muito tempo para lá chegar?

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    5. Ah, ok. Não tinha percebido o comentário...

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    6. O que é extraordinario nestes comentarios é que nem a Palmier nem os outros 2 anonimos perceberam e foi preciso explicar de novo. Como é que é possivel acharem que o país se resume a Lisboa e nao conseguirem efectivamente lembrar que ha outras localidades que nao lisboa e periferia. Ou será que se lembraram e acham que o transito é sempre igual a Lisboa? Duvidas...... ( trabalhei 1ano em lisboa e jurei para nunca mais, so o tempo perdido na 2a circular... )

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    7. Anónima, não penso que o país se resume a Lisboa. Apenas não percebi o comentário. Mas pronto, já está esclarecido!

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  3. Também gostava de perceber o que se passa com o trânsito nos últimos tempos... está tão pior!

    E eu, que não sou idosa (sei que a Palmier também não!) também cheguei a brincar com o mercúrio dos termómetros :)

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    1. Está desesperante!

      Ah, que alívio!, afinal não sou assim tão velhota! :DDDDDDDDDD

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    2. Eleições (e obras por causa delas) foi isso que se passou e infelizmente não só em Lisboa...

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    3. Mas o problema do trânsito é anterior à estás obrinhas de última hora, feitas sobretudo pelas juntas de freguesia. Na sexta-feira ainda vi uma máquina gigantesca a fazer uma lomba, a ver se influenciava o resultado das eleições:D é a chamada obra do desespero!

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  4. Desculpe Palmier Encoberto mas tenho de dizer isto: o trânsito está desesperante porque o Sr. Medina estrangulou a cidade: retirou faixas de rodagem e colocou mega passeios para as moscas.
    No entanto, os lisboetas votaram nele e ele ganhou e portanto o caos vai aumentar. A todos os que votaram nele desejo longas filas de trânsito :)

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    1. Sim, também acho que o trânsito piorou substancialmente por causa das obras, sobretudo na zona da Av. da República. Mas também acho que há mais carros. E ainda está bom tempo! Nem quero imaginar quando começar a chover...

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    2. "mega passeios para as moscas"

      AHAHAHAHAHAHAHAHAH

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    3. Se ele ganhou,é porque as pessoas não estão descontentes não acha??Se certas pessoas mandassem,nem havia passeios,era só a selva dos carros!Ainda bem que há passeios largos,e quem diz que são para as moscas,deve ir ao oftalmologista!Moro em Alvalade,ando imenso a pé nas Avenidas e vejo imensa gente,turistas inclusive nas renovadas avenidas!Muita gente precisa do carro,mas a maioria é pelo "status"!!

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    4. Com esse "não acha??" quase perdi a vontade de lhe responder, mas enfim, vou fazer de conta que não vi. Adiante. Para quem pode fazer a vida a pé acredito que ache que os passeios estão muito melhores e mais bonitos. Concordo consigo: estão melhores e mais bonitos. No entanto o trânsito está péssimo e para quem tem de andar de carro está um inferno. Agora, se anónima acha que todos os que andam de carro o fazem por uma questão de status e não porque os transportes públicos são miseráveis, então não vale a pena sequer discutir o assunto...

      (Eu cá levo sempre o carro para o exibir logo às oito da manhã à porta da escola. Normalmente até buzino efusivamente, para garantir que toda a gente me vê. O facto de, se usasse transportes públicos, ter de acordar às 5h50 em vez de às 6h50, não tem nada a ver com o assunto...)

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    5. Eu vivo em Lisboa há um mês. Eu vou e venho do trabalho a pé (felizmente posso-me a dar a esse luxo - e sim, é um luxo). No entanto, por razões várias, tenho outros destinos de vez em quando e enquanto espero pelo dístico da EMEL tenho que apanhar transportes públicos. Num mês li 3 romances. Todos eles de mais de 200 páginas. E obviamente todos os posts da Palmier! :D

      Não é mania contra os transportes, é não funcionarem o bem que poderiam funcionar. Já o mercúrio é uma maravilha! Era quase melhor do que brincar com os berlindes :D

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    6. Acho que andas a ler muito pouco! Um mês dá para sete Anas Kareninas! :DDDDDDDD

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    7. 3 romances de 200 paginas? Não eram romances, eram contos. :)

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    8. Sou a Anónima das 16h08m,eu quando perguntei "não acha?", era para responder Anónima (o)13h15m,e não a si!Só quis ressalvar que agora o Medina foi eleito!E ao contrário do que possa parecer,não votei nele!

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  5. brincar com o mercúrio, e com pedaços de cal roubada ns obras de casas novas desenhar circulos na rua de alcatrão e jogar aos países (que declaram guerra e "se matam" com a bola) ou desenhar o campo para «o mata» ou fazer 3 covinhs para jogar ao bilas e correr com paus, sei lá, nós os idosos brincámos muito diferente (55 primaveras eu)

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    1. Adorava brincar ao mata e aos países! Os berlindes e os paus nunca achei particular graça. Aliás, correr no geral, nunca foi o meu forte :DDDDDDDDDDDD

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  6. Deixe lá que agira vai ser uma maravilha!!A Cristas vai já tratar da Cidade.....

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    1. Anónima, não falei do trânsito antes das eleições exactamente para evitar este tipo de discussão. A questão é muito simples. Vive ou tem de circular de automóvel em Lisboa? Se sim, como tem achado o trânsito? Convém, de vez em quando, deixar a partidarite de parte e olhar para as coisas com alguma objectividade...

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    2. Para andar a pé está melhor (as ciclovias são óptimas para esse fim)
      Para circular de automóvel está pior.
      Eu defendo acima de tudo a melhoria dos transportes públicos, só assim se conseguirá melhorar. Quando o metro ou o autocarro não funciona bem, é óbvio que toda a gente continuará a andar de carro.

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  7. Andaríamos no 8º ou 9º ano do unificado. Fazíamos experiências a físico-químicas, num laboratório de ciências. A Alda, entusiasmada, tentava fazer baixar a temperatura de um termómetro, abanando-o com veemência, enquanto nós galhofávamos. Foi então que senti uma pancadinha na cabeça, seguida de um silêncio prenhe...
    não foi fácil convencer a stôra de que não ía "mesmo" deixá-la rapar-me o cabelo.

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    1. Ahahahhahahhahahahhahahahha
      Cabelo mercurizado?

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    2. Desde que não fosse couro cabeludo cauterizado, estava por (quase) tudo.

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    3. :DDDDDDDDDDDDDDDDDDD

      (fui espreitar os efeitos do mercúrio nas pessoas e não sei como chegámos a esta vetusta idade! :DDDDDDDDDDDDDDD)

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  8. E quando chegou ao seu trabalho, aposto que começou logo a sonhar com o momento em que vai chegar a casa para ir com as suas crianças brincar com o Paranix, aquilo é que vai ser, o Paranix ali à mão de semear em cima do toucador e a Palmier e as suas crianças desenfreadamente a matar piolhos... mas tudo em segurança, claro.

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    1. Adoro! Piolhos é super anos 80! Feios, porcos e maus! :DDDDDDDDDDDDD

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  9. pois deixa-me dizer, ex-quase-candidata, que também me cheira a azedume teu, isso do trânsito caótico. nem sei onde terás ido buscar essa ideia.
    enfim, há gente que não sabe perder.

    (embora possas sempre desculpar-te com o excesso de mercúrio nessa cabeça...)

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    1. Raios! Já estava a imaginar um decor sumptuoso lá nos paços do concelho e agora olha... É claro que uma pessoa não supera isto facilmente! :DDDDDDDDDD

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  10. Ai o trânsito, o trânsito... desde a semana passada, com obras todas acabadas, rotunda pintada, semáforos a funcionar e sem acidentes que TODOS os dias apanho de manhã e à tarde uns 15 polícias na rotunda de Entrecampos e arredores. Para quê??
    Para além de empatarem o trânsito, só lá estão a dar ao apito, devem ser saudades da feira popular, só pode!
    Maria

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  11. Moro nos arrabaldes de Lisboa e trabalho na zona do Saldanha. Uso transportes públicos, comboio e metro. Para gastar menos e para evitar filas. O comboio, embora gostasse de ter mais comboios, leva-se mais ou menos... Já foi pior. Agora o metro está cada vez pior. Acho que antes de pensarem em fazer mais estações deviam preocupar-se em melhorar significativamente a qualidade do serviço.

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  12. muito bem conseguida, a imagem, Palmier!

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  13. Não é só em Lisboa que o trânsito está caótico. Aqui em Oeiras também está. Desde a segunda semana de aulas que levo a prole às escolas a pé. Andamos logo um pouco pela fresca, vamos carregados como burrinhos de carga mas não há stress nem começo o dia a dizer asneiras.

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  14. Tinha um anel em "ourinho" amarelo que, virou "ourinho" branco!

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  15. E "chupar " cola líquida UHU?!? Tão bom!

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    1. Errrrrr... isso nunca fiz... gostava era de espalhar UHU nas mãos para depois ir tirando :D

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