sexta-feira, 13 de outubro de 2017

O que vês da tua janela, Palmier?

Primeiro não via  nada, que estava aqui no computador, com uma série de coisas para fazer, mas, de repente, ouvi um grito enorme, assustador, um grito de harakiri: aiahhhaaaaaaaa que me fez dar um salto na cadeira e meia volta instantânea para ver o que se passava lá fora. E lá fora estava um oriental agarrado ao braço da sua oriental, abanando-a com um ar desesperado. Caramba, pus-me em pé, abri a janela e quando ía dar um assobio daqueles quadrados, que ensurdecem qualquer um num raio de cem  metros, mete-se um autocarro pelo meio, que fica ali parado sem me deixar ver nada, eu com os dedos prontos mas sem poder assobiar, que ninguém havia de perceber o que raio estava eu a fazer, e a pensar que aquilo devia ser uma cena para o "e se fosse consigo", e lá ía aparecer à minha janela, extremamente passiva e sem fazer nada, e depois o autocarro passou e ele estava só em modo leão enfurecido, a andar de um lado para o outro, já não havia perigo iminente, mas eu mantive-me ali, firme e hirta, para ele ver que eu o estava a ver, depois ele foi-se embora muito depressa, aplicando a conhecida técnica das crianças no centro comercial, mas ela não foi atrás, e então ele voltou, falaram um com o outro mas ela não arredava dali, e ele então foi dar cabeçadas contra a montra de um banco, não contente despejou uma garrafa de água pela cabeça abaixo, e nisto estavam ali dois polícias, e eu a fazer sinal aos polícias e os polícias sem quererem saber, depois ele desapareceu outra vez, e depois voltou, agora estão ali os dois, já passaram várias fases, ele de pé a olhar fixamente para ela, ela sentada a olhar noutra direcção, ela de braços cruzados desafiadora a falar-lhe de cima para baixo, os dois a conversar de pé, os dois a conversar sentados, agora os dois sentados lado a lado, a chorar. 

E eu com tantas coisas para fazer, presa há mais de uma hora nesta novela da vida real.

* e depois, quando voltei a olhar, ela estava sozinha, olhos presos no infinito, e eu pensei, pronto, desta é que ele se foi de vez, e passaram-se mais uns minutos e nada, e quando eu estava quase a desistir da minha vigia, eis que ele regressa, armado com dois pastéis de nata, ela ainda se faz difícil, mas o poder do pastel de nata é muito grande, ela não resiste, pega no seu, dá uma dentadinha, ele dá-lhe um beijinho na cara, ela faz-lhe uma festinha e, quando acabam o seu docinho tipicamente português, vão-se embora os dois, abraçados.

E se isto não é um verdadeiro conto de fadas turístico, a épica história da "chinesinha carrancuda e o pastel de nata mágico", uma história digna de constar em todos os Lisbon City Guides, eat a pastel and feel the power of the magical bell, schnell, schnell, eat the pastel or your girlfriend will send you to hell, então não percebo nada disto.


19 comentários:

  1. As orientais são tramadas, capazes de fazer a vida negra a um homem. Quando estive em Macau conheci uma que ameaçava o namorado/noite que se não lhe oferecesse x ou y se atirava para o meio da rua e dizia que foi ele que empurrou ou que se atirava contra os móveis e fazia queixa por violência doméstica.

    Ou muito me engano ou essa não sai daí sem um anel de diamantes ou algo que o valha.

    :DDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDD

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  2. :DDDDDDDDDDDDD
    A continuação está de ir às lágrimas.

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  3. Ele teve sorte.... mas não me parece que o pastel de nata lhe chegue...

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    1. Pois, não sei. Ao princípio achei que ele era um louco agressivo, e até fiquei assustada, mas depois, com o decorrer da história, fique com a sensação que ela fez uma birra e ele estava desesperado sem a conseguir tirar daquele transe de teimosia. Mas sim, como diz a Mi, se assim é e hoje conseguiu resolver com um pastel de nata, daqui a uns tempos só com um anel de diamantes :D

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    2. Não tenhas dúvidas, também passei uns tempos em Macau e elas são terríveis :D

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    3. Desconhecia essa faceta das chinesas! :D

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    4. E depois vêm falar da violência domestica!!Há mulheres que fazem a vida negra aos homens!!

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    5. Errrrrr... este caso - e estou a presumir que a "culpa" foi dela, coisa que não posso garantir, porque observei do outro lado da rua- não anula os outros que existem...

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  4. A birra era apenas essa! Ela queria o típico doce e ele não queria que ela engordasse! :o))))

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  5. Snif, snif... estou emocionada, adoro histórias com finais felizes.
    :DDD

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  6. UMA imagem, Palmy, UMA, apenas UMA, teria valido mais do que as 513 palavras do post (não contei as do título). mas não, preferes adulterar uma das filosofias pipoqueanas mais glorificadas, oferecendo-nos palavras.... pfffff.... palavras.....

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    1. Ahahhahhahahhahahhahahhahahhahahhahahhahahhahhahahhahahaahhahahhahahhahah
      Tenho de arranjar uma máquina com uma objectiva de paparazzi para estes momentos críticos!

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  7. Da próxima vez que a vires, pergunta-lhe como se faz para leitão à bairrada...

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    1. :DDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDD
      Ou para um bolo de bolacha!

      (mas talvez se amuares ali à entrada da A1...)

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