quinta-feira, 8 de março de 2012

Do passinho à frente

Hoje tive o prazer de privar com um daqueles exemplares adeptos do passinho à frente, exemplar a que, doravante, me referirei como  Mr. Step Forward.
Enquanto conversava com o Mr. Step Forward, sucedeu o seguinte: A cada trinta segundos, Mr. Step Forward dava um passinho à frente e eu, inconscientemente, dava um passinho atrás. Acontece que a conversa se foi prolongando e, às tantas, aquilo que era do domínio do inconsciente, passou para o domínio do altamente consciente. No fundo aquela proximidade tão excessiva é incomodativa e não passa despercebida. Aliás, é impossível não dar por isso porque, para além de sentirmos que nos estão a ocupar o espaço vital, os nossos olhos não conseguem focar a cara do nosso interlocutor. Mr. Step Forward falava-me dos seus clientes e a descrição ia-se alongando e, lá está, a cada 30 segundos, vá de dar um passinho à frente.
Ora eu, que inicialmente me deixei levar na dança sem dar por isso, afastando-me às arrecuas ao mesmo ritmo que Mr. Step Forward avançava sobre mim, a partir do momento que me apercebi do bailado, deixei de me guiar pelo inconsciente e passei a agir deliberadamente só para ver a reacção do Mr. Step Forward. Dei, então, dois grandes passos atrás (passando de uma distância de cerca de 50 cm, para uma distância de 2mt) e o senhor, muito atrapalhado com aquele gap que surgiu repentinamente entre nós, avançou em passinhos pequenos, mas já completamente desnorteado e fora de ritmo, para colmatar aquela separação abrupta. Chegado novamente aos 50 cm de distância da minha pessoa (distância do seu máximo agrado) descontraiu novamente. Foi aí que resolvi voltar a atacar e tratei de avançar 20cm na sua direcção, entrando, assim no espaço vital do Mr. Step Forward. Mr. Step Forward olhava-me baralhado, o seu discurso tornou-se confuso, o seu olhar vacilou. O seu instinto dizia-lhe, claramente, para avançar um pouco mais. No entanto, as leis da física impediam-no. Não havia espaço disponível entre Mr. Step Forward e a minha pessoa. Mr. Step Forward estava a ir contra a sua natureza ao ficar ali parado, a sua perninha continuava a fazer o gesto para avançar mas, a curta distância que nos separava, não lhe permitia tal veleidade.
Mr. Step Forward vendo-se impedido de avançar sobre mim, desistiu imediatamente da nossa conversa (felizmente porque, na realidade, não estava minimamente interessada naquilo que dizia). 
Para a próxima, caso volte a repetir a manobra, hei-de me esquivar com saltos de rena para a esquerda e para a direita. Só para ver a reacção…

P.S. Pergunto-me porque é que os Mr. Step Forward deste mundo têm sempre perfumes altamente enjoativos…

8 comentários:

  1. :)

    bem acontece-te cada coisa.. que quotidiano animado o teu heim!

    :)

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    1. Se estiveres com atenção, vais ver que também te acontecem a ti. Acontece a todos só que, se não estivermos atentos, não damos por ela. Aposto que já falaste com uma pessoa destas. Que avançam, avançam e, se deixarmos, espalmam-nos contra a parede, tal qual mosquito! ;))))

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    2. ..claro, tens razão também me acontecem coisas estranhas ao longo do dia, fiz uma retrospectiva rápida pelo dia de ontem e efectivamente encontrei alguns facto dignos de post. :))
      o que acontece é que não me sinto motivado a postá-los, talvez mude os critérios editoriais do meu blog e acrescente-lhe mais este género de conteúdo.. :)

      O RAP tem um sketch que ironiza este estranho hábito de algumas pessoas quando conversam com alguém, era qualquer coisa como, "as pessoas que não consegue manter uma distância socialmente correcta" :))

      ..nem a propósito ontem encontrem um amigo que já não via há algum tempo, este meu amigo não é dos que vão aproximando, mas é daqueles que junta muita saliva enquanto falam. de forma que enquanto durou a conversa estive sempre à espera de levar com um perdigoto na cara.. felizmente saí ileso..

      :)

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    3. Tens critérios editoriais no teu Blog? Porquê?
      hahahhahahah Essa espuma ao canto da boca é péssima! Em primeiro, porque não nos conseguimos abstrair do facto (está ali, no nosso campo de visão, não há como não ver), em segundo porque só apetece oferecer um copinho de água, para passar a secura, em terceiro ficamos tentados a sacar de um lenço de papel (no meu caso da mala) para acabar com aquilo de uma vez por todas. Mas pronto, é um mal presidencial... o nosso Presidente da República sofre desse mesmo problema...

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  2. Ahahahahahah! Odeio pessoas assim. Tenho de começar a usar a mesma táctica que tu. Afastar-me muito e depois avançar. Ficam logo sem saber como agir.

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  3. Isso e aquelas pessoas que nos batem nos braços enquanto falam.

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    1. O pior são as que avançam e nos vão batendo nos braços... tudo ao mesmo tempo. O dois em um de uma no-no situation!

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