quarta-feira, 3 de abril de 2013

Esta, contaram-me ontem...

Antes de mais, e para que se possam situar, têm obrigatoriamente de ler ISTO.

Ok. Agora que já leram e estão devidamente contextualizados, podem seguir para bingo.

Um belo dia o meu pai convidou para irem a sua casa um grupo de colegas e respectivas mulheres sendo que, com parte deles, fazia bastante cerimónia. À hora combinada o grupo apresentou-se em sua casa, os homens engravatados, as senhoras de saltos altos e casacos de peles, colares de pérolas rentinhos ao pescoço e cabelos armados com laca, muito formais. Entraram, sentaram-se, elas muito direitas, com as suas saias travadas muito esticadas, joelhos muito juntos e as pernas em ângulo de 45º face ao chão, as mãozinhas de unhas pintadas de nacré a agarrar as carteiras de alça curta que mantinham no regaço, olhando em volta disfarçadamente. Eles mais à vontade, afinal eram colegas, mas ainda assim sem muito para dizer, a tentar encontrar o assunto certo para o serão. E foi neste momento que bateram à porta. Pum, pum, pum. O meu pai foi abrir e lá fora apresentava-se a namorada do seu amigo. Entra, entra… disse o meu pai. A namorada entrou e deparou-se com aquela interessante plateia, mesmo, mesmo, a pedir um espectáculo. Sim… uma assistência assim não pode ser desperdiçada. Assim sendo, avançou segura para o meio da sala pegando, pelo caminho, numa enorme pena de pavão que se encontrava numa jarra e subiu para a mesa de centro onde iniciou uma dança. Não era uma dança qualquer. Era uma dança erótica. Uma dança que foi aquecendo e que não cedia aos  “então… então…” proferidos docemente pelo meu pai. Uma dança erótica que rapidamente se transformou num streap-tease. Um nu integral. Uma dança que consistia num menear de ancas e num roçar provocativo da pena de pavão nas caras dos colegas do meu pai. As senhoras já descompostas, cabelo acachapado na nuca, cabeças coladas aos sofás como se estivessem a ser vítimas de uma oculta força propulsora, acompanhavam com os olhinhos esbugalhados aquele singular acontecimento, sem saberem se tinha sido encomendado para o efeito ou se era efectivamente espontâneo. A dança durou, durou, até que a actuação findou tal como tinha começado. Sem aviso prévio. A namorada do amigo, sentido que o espectáculo estava completo e que já tinha trazido toda a alegria necessária àquela casa, vestiu-se e foi-se embora. Apesar do enorme elefante que ali deixou na sala, a conversa continuou como se nada se tivesse passado, como se aquele momento mais não tivesse sido que uma alucinação colectiva. No entanto acredito que, ainda hoje, tantos anos passados sobre este acontecimento, aquelas senhoras acordem a altas horas da madrugada com terrores nocturnos a recordar o dia em que os maridos as levaram àquela casa... a casa de streap-tease disfarçada de morada familiar…   

11 comentários:

  1. estou em lágrimas! Não sei qual é a melhor se a primeira se a segunda! o que já me ri com isto!!!

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  2. Doem-me músculos que não sabia que tinha de tanto rir e vem a ambulância a caminho...o meu chefe acha que tive um ataque de histeria nervosa.

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  3. NÃOOOOOOOOOOOOO! Ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah NÃO ACREDITO ah ah ah ha ha ah ah ah ah
    ISTO É A SÉRIO? ah ah ah haah ah haah ah ha haha ha ha

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  4. ahahahahahahahahahahahahahahhhhhh. (o texto está maravilhosamente bem escrito, transporta-nos para a cena!) ahahahahahahahaha

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  5. Duas palavras: ge-nial! eh eh eh!

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  6. "casa de streap-tease disfarçada de morada familiar" - ahhahahahahhaahah maravilhoso!!!!!!!!

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  7. não seria uma parente da minha amiga Theo? Acho-as de personalidades fortes muito parecidas.
    Na minha infeliz meninice e grande parte da minha adolescência, eu era uma rapariga rejeitada e desprezada pela elite feminina, fruto da minha horrorosa fealdade que fazia com que todas fugissem de mim como da peste. Morriam se se soubesse que me tinham suavizado a existência com uma palavra que fosse. « A sério? Tu falaste ao pau de virar tripas? Estás a gozar connosco, não é?»
    A nossa casa estava sempre cheia de raparigas, mas vinham todas pelo meu irmão que era lindo de morrer e a mim não me passavam cartão nenhum, e só esporadicamente e por estrita necessidade alguma delas se dignava honrar-me com uma palavra, como por exemplo pedir-me para lhes ir buscar as sandes, as bolachas e as bebidas. Criava-lhes uma raiva de morte e ia jogar futebol com os rapazes.
    Afogada no mar da minha infelicidade, foi um Milagre Divino a aparição da Theo, que me veio provar que este mundo não é assim tão mau como o pintam e todos os desafortunados da sorte têm a sua última oportunidade.
    Conhecemo-nos ao partilharmos a mesma turma do colégio e desde a primeira hora, decerto ela reconheceu em mim faculdades reprimidas prontas a espoletarem ao primeira toque no gatilho. «O objectivo das aulas não é estimular a tua inteligência, porque a inteligência não faz de ti uma boa esposa.» Caso eu me distinguisse em alguma disciplina, e distinguia-me em muitas, isso era considerado uma espécie de perversão, a que ela, aconselhava com ares de extrema responsabilidade, deveria seguir o seu exemplo, atordoantemente imune a isso.
    Poucas pessoas gostaram dela logo à primeira. Entrou para a turma a meio do ano lectivo. Desenvolvera-se precocemente e tinha pais estrangeiros, neo-zelandeses, e nem sequer suficientemente ricos, mas através da força da sua personalidade, ela inverteu as regras do jogo e foi eleita chefe de turma.
    No ano seguinte foi expulsa do colégio por ter escrito ao Papa uma carta em que explicava por que é que o método contraceptivo do calendário não funcionava para muitas raparigas. (Aprendera esta lição com a irmã mais velha, que fizera um aborto clandestino.)
    O erro dela foi ter assinado a carta em nome de uma colega loura, que queria ser modelo quando crescesse e a quem o pai prometera um automóvel se ela parasse de roer as unhas. E que tinha muito jeito para nos desprezar às duas. O escândalo fez da Theo uma heroína no exílio, mas ela manteve-se sempre fiel a mim, a dama-de-companhia que primeiro se apaixonara por ela.
    Antes já tinha sido expulsa do colégio de freiras, porque a Madre Superiora achou que ela tinha mais influência sobre as alunas do que as próprias irmãs. Não me admirei, ela já nasceu com dezanove anos enquanto eu ainda não me definira. Também já fizera os dezassete, mas continuava a cantar desafinada e a saltar poças de água como se dentro de mim estivesse uma menina pequena que se recusava a morrer. Diz-me que não sente paixão por nada, puxando um cigarro de uma cigarreira de prata desconjuntada, o que lhe confere mais charme. «A única coisa que me suscitou alguma paixão foi Jesus,» diz-me.« Devia ser por causa do quadris,» justifica-se.
    Ela é luxuriante, madura. Um corpo transpirando cio por todos os poros. Gosta de tudo em abundância, comida, ar fresco, sexo, riso, amor.
    Casou com um rico empresário italiano, mais velho vinte e cinco anos do que ela e com quem raramente faz amor.
    «Oh! Theo, minha querida Theo, tento solidarizar-me com a sua infelicidade.» «Não fiques assim, nem é muito mau. Sabes, raramente me apetece, a minha profissão preenche-me.»
    :)
    Matilde

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  8. Acho que devias seriamente pensar em juntar estas histórias todas num livro! Era bem mais interessante do que ler sobre cocós e vestidos! :D

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  9. Palmier, eu adoGo-te!
    E ao teu pai também!
    Quero ser adoptaaaaaaaada!
    Estou perdida de riso!
    PERDIIIIIIIDA!
    Ahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahah
    Não aguento! Não aguento!

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  10. Obrigada! :) O que eu já me ri...

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  11. Só tu... ahahahahah...

    Afinal não quero só pequena cutxi, quero a família completa...

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