quinta-feira, 4 de abril de 2013

Eu acho que isto me vai dar um post tão grande que devia parti-lo em quatro e apresentar uma parte todos os dias a partir das 14h00...


Agora a sério... oh pah, oh pah... já não aguento mais o país empreendedor. Uma pessoa acorda e a primeira coisa que deve pensar é: E então, como é que vamos empreender hoje? E um alemão que nos ouvisse até podia pensar que nós éramos um povo dedicado à criação de empresas de maquinaria pesada, aeroespacial, metalúrgica, metalomecânica... mas... não! A nossa ideia de empreendedorismo passa por handy-craft. Somos o país do handy-craft. Handy-Craft é o novo desígnio nacional. Mas, reparem, não é um handy-craft qualquer, é um handy-craft tradicional. É um handy-craft que passa por fazer uma bolsinha ou forrar uma agenda com um tecido fofinho, um handy-craft que passa por estampar t-shirts que importamos da China com uns suspeitos cês interligados, um handy-craft que passa por enfiar missangas em fios de nylon e... tcharan(!)... Handy-Craft culinário!
Sim… nada melhor do que empreender por entre tachos e panelas. Uma pessoa acorda de manhã e nem precisa de tomar banho! Pode ir logo empreender para a cozinha, fazer biscoitos artesanais em caixas de design. Os biscoitos que a avó Maria fazia lá na terra, naquele cantinho escuro do curral e que... ah... lembram-se… eram tão bons! Coisa gourmet, portanto! Somos todos empresários, Chefs de cozinha, juntamos um bocadinho de carne de porco ao chocolate e reinventamos antigas receitas para proporcionar prazeres intensos de tradição ancestral e apelar assim às origens. É esta a forma que encontrámos para asseguramos experiências uns aos outros. Ah... e as experiências? Que boas que são as experiências. Ficam-nos para a vida. Nunca mais olvidaremos o dia em que trincámos aquela fatia de pão-de-ló e, lá de dentro, nos saiu aquele recheio de foie-gras de ganso. 
Oh pah… a sério... se querem experiências, regresso às origens e handy-craft eu tenho uma ideia muito melhor. Vou abrir uma loja com galinhas, cabras e ovelhas e vocês vão lá, apanham os ovos directamente da capoeira, podemos chamar-lhe "Ovos em Sua Caca" (para ser mais gourmet) e fazem vocês, com as vossas próprias mãozinhas, os vossos próprios biscoitinhos, com a receita da vossa própria avozinha, ordenham as cabras e produzem os vossos próprios queijinhos, tosquiam as ovelhas e fazem as vossas próprias camisolas, moem a farinha e depois vão à floresta apanhar uns galhos para cozerem o vosso próprio pãozinho. E pronto, aqui temos uma bela ideia super, super, super, empreendedora. Isto sim, isto seria uma ideia nova, uma ideia original, uma forma de proporcionar verdadeiras experiências. Isto sim seria handy-craft, isto sim seria trazer até vocês o sabor intenso da tradição. É claro que isto vos iria sair um bocado caro porque, lá está, estamos a falar de produtos gourmet e de experiências raras, renascidas de um passado remoto. Mas garanto-vos, iam adorar! Era sucesso garantido! Ia aparecer nas revistas como o exemplo a seguir. Seria catapultada para a fama, passaria a ser o vosso modelo. Eu, a cidadã citadina, que deixou tudo para trás para conseguir trazer até vós os melhores sabores de antigamente!
Ou então, tenho uma ideia ainda mais revolucionária… um verdadeiro regresso às origens… compro uma caverna e vocês vão lá passar uma semana. Caçamos mamutes, fazemos fogo com paus e pedras e aproveitamos o pouco tempo livre que nos restar para fazermos um work-shop de pinturas rupestres...

Alinham?

33 comentários:

  1. Eu até alinhava...mas já estive numa quinta nesses moldes (fui engana) turismo rural e tal e vai ser muito giro... e coiso. E lá foi a Lulu. Desde ordenhar as vacas e fazer manteiga e queijo até fazer o próprio pãozinho os hóspedes faziam de tudo desde limpar o estrume até limpar e o próprio quarto e casa de banho e isto a um preço de hotel de 4 estrelas. Escusado será dizer que não é o meu sonho ideal de uma mini férias....mas deve ser para muita gente. Vi lá pessoas tão entusiasmadas em ver um ovo e uma galinha que juro que pensei que nunca tinham visto nenhum e absolutamente encantadas a limpar as pocilgas... Ainda hoje tenho pesadelos com as pocilgas.
    Olha lá...queres uma sócia?

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    1. Ahahahhahahahahhahahahahahahaahhahaha quando me casei, também fui de lua-de-mel para as Maldivas, para um hotel caro para burro que tinha uma filosofia muito própria. A filosofia Robinson Crusoe... escusado será dizer que estavam 50º e não havia ar condicionado. A sério... íamos morrendo :DDDDDD

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    2. Deves ter ido para o mesmo hotel que um casal amigo meu. Por acaso o quarto também tinha lagartos (serviam para comer os mosquitos)e o chuveiro era ao ar livre?

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    3. Yap... é esse mesmo! Romântico, não? :DDDDD

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    4. Muito, ele passou a noite à caça dos lagartos e de manhã estavam todos mordidos dos mosquitos...

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    5. Ahahahahhahahahahahhahahahahahahahha eram mesmo esses! Nojentos! E faziam uns barulhos estranhos durante a noite! Por isso é que o teu amigo não conseguiu dormir! :DDDD

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    6. ahahahah,o mundo é mesmo pequeno. Mas Palmier...no caso dele não foi o barulho dos lagartos que o incomodou, foi o barulho que a mulher fazia quando os via :DDDD

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    7. Ahhahahahahahaahhahahahahah acredito! :DDDD

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  2. Eu até ia, porque acho essa ideia super-mega-hiper gira, e sou rapariga para aderir a tudo o que é moda, mas já tenho planos para esse dia, igualmente divertidos obviamente, vou dar um pontapé descalça numa porta.

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  3. Eu cá é mais cabanas, em arranjando uma cabaninha eu vou.

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    1. Hum... não sei se uma cabana é suficientemente tradicional... vou perguntar à avó Maria se lá no curral havia dessas coisas... :DDDD

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  4. Eu cá, que sou cheia de ideias empreendedoras, estou a pensar fazer umas palestras motivacionais dirigidas a agricultores e pastores. Fazê-los ver além, 'tás a ver? O que podem inovar numa horta de alfaces? É possível fazer as cabrinhas pastar de forma mais produtiva? Sei lá. Estou mesmo a imaginar a plateia.

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  5. Eu também vou, mas eu tenho que ser chefe de alguma coisa, está bem? É que eu nasci para mandar. E o meu sonho de pequenina é ser empresária (pode ser de qualquer coisa, isso não interessa nada).

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    1. Podes ficar a responsável pela fogueira! Até fazemos cartões de visita e tudo! Smelly Cat, CEO da fogueira! :DDDDD

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  6. Sempre tem mais style que vender pipocas... Coisa de pobreeee! ;-)(ai que se me escapou um "smile").

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    1. Olha que Pipoca é sinónimo de empreendedorismo! É uma blogo-verdade incontestável! :DDDDD

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    2. As pipocas são muito trabalhadoras, até fazem vernizes e tudo!

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  7. Gostava de partillhar o link deste post. Posso?
    Marta

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  8. HAHAHA
    Estou a pensar fabricar o meu próprio vinho.

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  9. É isso mesmo !!! Eu até já tenho uma série de ideias inovadoras para apresentar na AR !!! Aproveitar o tempo de antena do Canal Parlamento para ensinar a encher chouriços, a serrar presunto, a fazer cera... as pessoas em vez de adormecerem a ver tipos a darem secas brutais, sempre aprendem coisas úteis para por em prática no futuro !!! :)

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  10. Eu por mim, e inspirada em quem diz que iniciou obras na casa habitável mas impropria para receber um bebé e decidiu esventrar a casa sem antes ter o credito aprovado e agora sob a boa vontade de quem o queira ajudar através de uma pagina no facebook que apela aos donativos como forma de angariar dinheiro para terminar a casa, e um dia mais tarde dizer que deixa uma casa para as filhas, vai daí pensei, porque não criamos todos uma página com um nib a onde se deposita 1 cêntimo, para mim, que me contento com pouco, basta só 1 milhão e 1 aderir e esse 1 milhão estaria a dar 1 cêntimo mas a receber tb o seu 1 milhão, agora se imaginar isto a nível mundial acaba-se com a pobreza, vivíamos todos em harmonia, com qualidade de vida, e sem grandes complicações, é tão simples :o

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  11. É pena haver gente como a "senhora" que não sabe dar valor a quem se esforça por manter alguma dignidade quando a crise lhe tirou práticamente tudo.
    Quem vive sem ter de se esforçar por ter o que quer que seja fala assim, pois concerteza, a vida é-lhe demasiado fácil. Se tivesse que contar os centimos até ao fim do mês para ver se chegam para o fundamental, e não falo de roupas, nem jantares e almoços fora, nem pares de sapatos novos e de marcas conceituadas, nem bolsas Louis Vitton,nem várias idas semanais ao cabeleireiro, nem viagens e mais viagens mas sim de comida básica (batatas, arroz, fruta, legumes, leite, pão, carme e peixe), de bens como a saúde e a educação concerteza estaria orgulhosa do povo empreendedor, que ao invés de roubar, ou morrer à fome, tenta produzir em casa aquilo que comprado lhe custaria 3 vezes mais. Falo, como dá para perceber porque faço parte de um grupo que precisa de produzir para que o dinheiro chegue; faço parte de um grupo que defende o meio ambiente e portanto para não produzir lixo, produzo bolachas, biscoitos da avozinha, bolos de mãmã e tantas outras coisas caseiras, saudáveis, sem corantes nem conservantes e sem emblagens. Sou pessoa para governar um agregado familiar de 4 pessoas com 1.400 euros mensais, pagar casa e ainda conseguir juntar uns euros por mês para alguma emergência.
    Quando goza com o hand craft, deveria era fazer alguma coisa de útil e muito hand craft para ocupar essa mente desocupada e pouco escrupulosa com coisas simples mas saudáveis, ou pelo menos que não ferem os outros quando tentam manter a cabeça levantada.
    Não sou contra as pessoas gozarem a vida o melhor que puderem,antes pelo contrário,porém sinto-me nauseada quando essas pessoas, que não sabem o que são dificuldades, se atreverem a apontar o dedo a quem se tenta desenrascar de forma honesta e trabalhosa.
    Tenho pena de pessoas assim como a "senhora" no entanto

    Seja sempre assim muito feliz

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    1. Caro/a Anónimo/a, Parece-me que, no texto que leu acima, não falo propriamente de cozinhar em casa. Coisa que, aliás, faço diariamente...
      Falo do histerismo com os alimentos gourmet, o marketing à volta da alimentação, das "experiências", do design das embalagens, dos Chefs de cozinha, do tradicional, das origens, do forno-de-lenha (que agora constam nos rótulos de tudo quanto é biscoito...). De como se olha para o lado e em vez de tentar alguma coisa original, vá de copiar o vizinho... "é moda"... se com ele resultou, comigo também vai resultar... e pronto... vamos todos fazer exactamente a mesma coisa que, depois, é por demais evidente que não resulta para ninguém porque não há mercado para tantas coisas iguais. O texto que leu, leva isso ao extremo... apenas e só...
      Quanto à parte de ocupar a mente desocupada e pouco escrupolosa... tenho 165 postos de trabalho que dependem do funcionamento da minha empresa... o que, nos dias de hoje, é capaz de ser ocupação suficiente...

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