segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

(...)

Roubou e ainda por cima já não é a primeira vez? Está no Código do Trabalho: Justa causa de despedimento. Processo disciplinar, rua. Sem apelo nem agravo; a confiança é um valor inquantificável e, uma vez abalada, torna impossível a subsistência do vínculo laboral. Simples, não é?

Depois há a vida real. 

A pessoa que roubou até já teve uma segunda oportunidade, mas, da primeira vez, era tão novinha, tinha acabado de ser mãe, não agiu sozinha, foi, pensou-se na altura, instigada por um grupo muito mau-carácter cujos membros, conluiados, conseguiram executar, durante uns tempos, um desfalque continuado que acabou por levar ao despedimento de umas seis ou sete pessoas de uma só vez. Esta safou-se por entre os pingos da chuva. E, nos últimos anos, as coisas até têm corrido bastante bem, o assunto estava praticamente esquecido, quase como se nunca tivesse acontecido. Só que agora... voltou a acontecer.

E a pessoa devia sentir-se traída, indignada, não devia sequer hesitar. Mas a verdade... a verdade é que do outro lado está uma pessoa, uma pessoa trabalhadora, esperta, simpática e bastante disponível, uma pessoa que, sei, conta apenas com o seu ordenado para pagar a renda de casa e para prover às necessidades da sua filha. E que a filha conta unicamente com esta mãe. E o que é que vai ser de ambas se a mãe for despedida? Por outro lado a margem de manobra é bastante escassa, porque esse tem de ser o exemplo, caso contrário, a páginas tantas, passa-se a mensagem que roubar é desculpável e que, afinal, nem é assim tão grave, o que, numa qualquer empresa é impraticável.

E depois a pessoa fica aqui sentada a olhar para a balança, o indivíduo e as suas circunstâncias de um lado e o colectivo de outro, à espera que a boa decisão lhe caia do céu em cima da mesa. Que raio de presente de natal. Para mim e para ela.



98 comentários:

  1. Não queria estar no teu lugar Palmy.

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  2. Opahhhhhh!! Vais despedir a Sara?... :-(

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  3. Pois, dando uma terceira oportunidade, colocando a trabalhadora num sector que "minimize" a possibilidade de roubo, legitima-se o roubo por necessidade mas, seguramente, haverá outros trabalhadores, tão ou mais necessitados que não o fazem... por outro lado, despedir uma mãe solteira e deixar uma ctiança sem sustento. E o pai onde está? E as instituições (segurança social, tribunais que, havendo possoibilidade, obriguem o pai a suportar parte do sustento da filha)? Na verdade, além da consciência, nada obriga a entidade patronal a substituir essas instituições.

    Ainda bem que és tu que tens de decidir e não eu (mas se calhar despedia, "aguentava" a decisão o máximo possível, para deixar passar a quadra, mas despedia, acabava o mês e com ele o vínculo laboral...)

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    1. É que eu gosto dela... mas por outro lado é muito complicado mantê-la aqui... uma treta, é o que é...

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    2. Concordo inteiramente com a Mirone. De resto... Olha eu a falar do que não sei: Se gostas dela é porque ela é esperta (emocionalmente falando claro), sabe-se "vender", sabe criar empatias... Vai-se desenrascar bem... Pior seria se ela fosse "casca grossa" (percebes o que eu quero dizer não percebes?)... Mas pronto, isto sou eu a falar do que não sei. Eu só sei que nunca, por nunca, a desonestidade pode ser premiada.

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    3. Provavelmente a Palmier nem irá publicar, mas se não gostaria de dizer o seguinte: A Mirone menos radical mas a NM para la de radical e, sobretudo, conhecedora do mundo em casa alheia, já decretou.
      APalmier, a prejudicada e conhecedora do carácter da funcionária, debate-se com pruridos de consciência, que na verdade nem deveria ter. Roubou é ladrão, rua com ela! Sentença da NM.
      Quanto a mim, e uma vez que traz isto para o conhecimento público, o que de uma certa maneira é um apelo à sua consciência, não despeça a funcionária. Fale com ela em particular, faça-lhe ver que esteve por um triz, mas que a criança dependente dela pesou na sua decisão e que lhe dá mais uma oprtunidade.
      Eu faria isso. Mas eu sou alguém que tem por filosofia de vida praticar o que sei e que é: nada falta a quem Deus tem!
      Nada! Nunca nada!
      Julião

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    4. A opinião da NM é a decisão racional... que eu muito bem percebo. Acontece que nós, depois conhecemos as pessoas, os filhos, os momentos menos bons da vida acabamos por pesar outros factores na equação. Racionalmente ela não merece outra oportunidade...

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    5. Por acaso a NM referiu, não uma mas duas vezes (que a NM nutre um carinho especial por pessoas com dificuldades de interpretação) que ia falar do que não sabia, que é como quem diz "vou opinar sobre aquilo que não sei", "estou a falar de fora", ou... tcharan... "vou falar daquilo que não sei". Mais, a NM expressou a mesma opinião que tantas outras pessoas nesta caixa de comentários (a maioria aliás). A NM apenas ousou dizer que, se calhar, sendo pessoa de que "se goste" (não, não está ao alcance de qualquer um) ao mesmo tempo que rouba quem dela gosta e que escapou por entre os pingos da chuva (também não está ao alcance de qualquer um - mas isto sou eu a falar daquilo que não sei) anteriormente, se calhar é esperta e que, se calhar, tem qualidades emocionais que lhe permitirão arranjar outro emprego, que pior seria se fosse uma pessoa incapaz de criar empatia. Mas lá está, NM salientou que estava a falar daquilo que não sabia (não sei se já foi referido).

      NM sabe no entanto que tem um lugar especial no coração de Julião. Não está é para o aturar.

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    6. Não falei em racionalidade, nem a Palmier tão-pouco. Se estivesse a raciocionar pela lógica despedia-a e nem sequer colocava este post. A Palmier colocou este post porque no fundo, e se bem que ninguém tenha nada com isso, a sua parte não racional, isto é, o seu coração de mãe não quer assumir uma responsabilidade desse tamanho sozinha, porque é uma pessoa boa e de bem.
      Ela é uma ladra e não merece confiança, e mais do que o roubo em si, o que a magoa é o facto de gostar dela e da criança dela dependente.
      No seu íntimo, a Palmier pensa no natal das suas crianças e... pensa no natal da criança dela.
      Que o pai tenha obrigações e não as cumpra, que o pai seja um miserável vadio, que o Estado, como diz a Mirone tenha a ver com esse assunto, o facto concreto e objectivo é que a criança só tem a mãe. E a Palmier sabe disso, sabe da criança e isso coloca-a numa grande encruzilhada.
      E agora? Que vai fazer? Despedi-la simplesmente?
      Siga o seu coração, mas por aquilo que a conheço, vai matar a cabeça a arranjar uma solução, mas não vai despedi-la porque á sua frente vai ver uma criança.
      Um Bom Natal e que Deus lhe mostre o caminho.
      Julião.

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  4. Coração ao lado, tem de se pôr o coração ao lado... mas eu não sei se teria coragem. Roubar não é desculpável mas deixar uma criança nessa situação será??!
    Não se sinta culpada por tomar a decisão correcta.

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    1. Pois eu sei... e já fui mais "durona". Mas há situações em que uma pessoa balança...

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  5. Faça um despedimento por extinção do posto de trabalho... A funcionária sempre terá direito ao subsídio de desemprego enquanto não encontra outro emprego. Não pode é colocar outra pessoa na mesma função antes de 3 meses passados após a data do despedimento.

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    1. Isso não faço... por uma questão de princípio. Não posso transferir a responsabilidade para a SS.

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    2. Palmier, tiro-lhe o chapéu por esta resposta.

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  6. Bom dia,
    Também eu não desejaria, nem por um momento, estar no lugar da Palmier.
    Entendo muito bem o dilema: é que a vida é muito mais fácil na teoria, no papel. No abstracto toda a gente saberia o que fazer perante uma situação dessas, segue-se o Código e está feito. Mas, a realidade é tão distinta, tão mais humana e por isso um quebra cabeças.
    O facto mais grave da situação, para além do roubo é claro, a reincidência. É esta a grande demolidora de qualquer resquício de confiança que havia sobrevivido ao primeiro deslize, que desmorona a esperança que alimentava a ideia de se tratar afinal de "uma boa pessoa, que se deixou influenciar por terceiros e pelas condicionantes de uma vida com contornos complicados".
    A reincidência faz com que apareça a ideia de se estar perante uma pessoa que talvez se julgue impune por ter sido a única com tratamento diferente da primeira vez, que pense que a própria história de vida sirva como atenuante, e que por isso estará safa de maiores consequências e castigo, faça o que fizer.
    Mas pense-se o que se pensar, continuamos perante alguém com uma situação de vida complicada. E num paradigma social mais evoluído e justo queremos que as entidades patronais lidem com o capital humano de uma forma mais humana, menos capital. Que existam parcerias, não hierarquias.
    Que complicação, Palmier!!!
    A solução? Talvez uma terceira oportunidade, antecedida por um diálogo extremamente franco, sem paninhos quentes. Garantir que é a última vez, que passará a estar à experiência. Que no futuro, à mínima coisa a pena será o despedimento, sem mais hipóteses. Que as dificuldades que vivencia não são "carte blanche", mas deveriam ser motivadores para um desempenho e comportamento isentos, exemplares. Que irá sofrer uma sanção, dura, exemplar, longa, pelo crime e acima de tudo pela falta de gratidão que demonstrou, ao não honrar a segunda hipótese que lhe foi dada. Que se não estiver de acordo com a sanção, e na disposição de dar tudo por tudo para reconquistar a confiança, terá um período de alguns meses que deverá usar para procurar novo emprego antes de lhe ser dado o aviso de despedimento. Que esse gesto também é de uma rara benevolência.

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    1. O problema das conversas, mesmo que francas, é que têm um tempo de vida limitado. Durante uns tempos tudo corre bem. Depois? Depois as pessoas esquecem-se. Ás vezes fico parva com a capacidade das pessoas para se meterem em encrencas absolutamente desnecessárias que, têm, obviamente, de acabar mal...

      (os processos disciplinares têm prazos que começam a contar a partir do momento em que a EP tem conhecimento dos factos... não posso dar início ao processo só daqui a uns meses, quando ela encontrar novo emprego...)

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  7. O roubo também é uma doença. Que tal nao despedir mas exigir que seja seguida por um psi? Talvez ajude.

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    1. Não estamos a falar de uma cleptomaníaca.... estamos a falar de uma pessoa que roubou dinheiro...

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  8. A menos que se trate de uma situação Jean Valjean*, não há muito a fazer. E, em última análise, foi ela quem se colocou nessa situação e põe em risco a sobrevivência da filha. Anyhoo, e se isso te faz sentir melhor, ela foi apanhada duas vezes, o que não quer dizer que tenha prevaricado duas vezes.

    (*peço desculpa já adiantadamente, e sei que não perdoa o comportamento, mas a primeira coisa que pensei foi quanto ganhará a moça. ordenado mínimo, para sustentar duas bocas, é uma situação Jean Valjean, pronto, mas isto sou eu, que sou shoshialista)

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    1. Eu sei... mas, ainda assim, não deixa de ser uma situação penosa... para os dois lados...

      (Não tendo um ordenado extraordinário, porque estamos a falar de uma trabalhadora indiferenciada, deve ganhar uma média de 750 € /limpo x 15 -incluíndo nestes 15 meses o SF, SN e um prémio de participação nos lucros que, se os funcionários corresponderem, pode ir até 3 x o ordenado base. Acho que não justifica a situação Jean Valjean...)

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    2. Nesse caso não é, mesmo. Não é um boooom ordenado, mas. E se, como já li noutros comentários, a entidade patronal já a ajudou, é rua, que sou shoshialista mas não sou parva, e à primeira cai quem não sabe, à segunda quem estava distraído, mas à terceira só quem é parvo.

      (eu sei que é complicado, mas pensa que no caso dela despedir é uma decisão penosa mas justa; deixá-la ficar é caritativo, mas profundamente injusto para todos os outros que ganham o mesmo e são honestos. e acho que se fosse trabalhadora honesta que nem um cêntimo tivesse desviado, ficaria a sentir aquilo que nós, como cidadãos, sentimos ao ver os grandes meliantes que fogem aos impostos e mandam para o galheiro empresas e nunca são responsabilizados: o crime compensa, ser honesto nem por isso. e isto é muito, muito mau; cria um precedente terrível, e também desconfiança no critério e sentimento de justiça de quem gere. isto é só uma reflexão, gosto de pensar no outro lado da moeda.)

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    3. Izzie, se todas as pessoas que têm 2 bocas a alimentar (e não ganhassem por aí além, que pelos vistos não é exactamente o caso) roubassem como seria?

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    4. Anónimo, eu não desculpo, mas compreendia. Mais do que um Espírito Santo empochar um milhão sabe-se lá porquê.
      Além de que como sou shoshialista, acho que as empresas têm responsabilidade social, e os ordenados que algumas pagam são também criminosos. Agora €750 limpos não me parece criminoso. Comparado com a média nacional, é mediano. Mas é baixo, como todos os ordenados tugas. Claro que não desculpa, mas o desespero explica muita coisa.

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    5. E, já agora, qualquer pessoa que tenha coração é sensível a certas circunstâncias particulares, ora. Quem é muito lesto a apontar o dedo é que eu estranho, gostava de os ver em certas situações. Anyhoo, acho que fui bem clara, acho que não dá para se ter ao serviço uma pessoa desonesta.

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    6. A meu ver seria despedida. Para uma pessoa indiferenciada já não é um ordenado nada mau( eu sou licenciada e pouco mais ganho infelizmente, e não tenho participação em lucros nenhuns). Se já foi perdoada uma vez e reincidiu desta vez não tem perdão. A criança é um vitima a pensar sim senhora, mas quem tem obrigação de pensar nela é a mãe, e que raios de exemplo está ela a passar para a filha. Não há problema em roubar desde que sejas trabalhadora e simpática? Não me parece.

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    7. 750€ LIMPOS x 15 e participação nos lucros não é bom? Só lhes digo, quem me dera..

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    8. 750 limpos não é bom para quem tem de assegurar o sustento próprio e de um filho. Não quis dizer que o trabalho e qualificações da pessoa são mal pagos, para a média nacional, mas não é, de perto ou de longe, suficiente para alimentar duas bocas, lamento. Não sejamos miserabilistas, e não tenhamos medo de idealizar um mundo onde uma mãe solteira consiga prover a um filho, sem necessidade de ajudas extra.

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    9. Izzie, é como disse acima, não é, de facto um grande ordenado, mas, por comparação com os ordenados praticados no meu ramo de actividade, é muitíssimo bom... e seguro, e pago a tempo e horas, com horário de trabalho, subsídio de alimentação (e pequeno-almoço e lanche..), pagamento de horas extraordinárias (e esqueci-me de um bónus de 450 € em Abril, pago por igual a todos os funcionários)... pelo que foi um verdadeiro disparate pô-lo em risco... uma estupidez...

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    10. Não duvido, acredita. E sim, acho que ou é tola ou inconsequente, ou simplesmente achou que se safava. Se havia um bom ambiente de trabalho, podia ter pedido ajuda, um empréstimo. Claro que é difícil tomar uma decisão. Epa, se fosse comigo também me roía por dentro, mas acho que não passava. E olha, podia ter apanhado pior, um patrão que fizesse queixa à polícia.

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    11. Só agora li este teu post, e nem de propósito, a tua ultima palavra no comentário acima "estupidez",usei-a ontem ao contar ao teu pai uma história muito semelhante de uma miúda , aqui da aldeia, cujo ordenado sustentava a família, e foi despedida do super mercado onde trabalhava por roubar um frasco de verniz...
      Contei o que se passou ao teu pai e terminei com : - É preciso ser-se muito estúpida.
      O teu pai ( bem sabemos que pertence à família que te deu o ultimo apelido) respondeu-me: " isso não é estupidez, é miséria...
      Engoli em seco!

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    12. Izzie, é bom. Eu ganho 610€ limpos +/-, e o meu marido 700€. Temos 2 filhos. Faça as contas. Volto a repetir, quem me dera.

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    13. Se a despedir, contrate.me!!!! :p

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  9. Aconteceu o mesmo no meu local de trabalho mas penso que ainda era mais grave: roubo foi praticado por um casal, marido e mulher com dois filhos. Ou seja, despedir ambos tornar-se-ia demasiado pesado e a entidade empregadora ainda ia passar por má da fita. Assim, transferiram ambos os funcionários para outros serviços, para postos onde não haja a possibilidade de prejudicar (roubar) a empresa.
    O castigo eles acabam por receber todos os dias na mesma: os olhares reprovadores dos colegas e os comentários a cada voltar de costas.
    Apesar de não ter pena deles (enquanto encheram os bolsos tiveram uma belíssima vida) acho que este cumprimento de pena diária já deve ser dolorosa que baste.

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  10. E isso de roubar... rouba para comer, para pagar as contas ou rouba como quem e' cleptomaniaca? E uma diferenca enorme, como do dia da noite. Se for o primeiro caso, acho que o patrao dela pode ajuda-la, para alem do pagamento do ordenado. Caso seja o segundo, recambia-la para psiquiatria e esperar que ganhe vergonha na cara (nao se pode fazer muito, mas ha sempre uma forma de lidar com estas pessoas). Pessoalmente, nao a despedia, alias, nunca despedi ninguem por isso, mas ja despedi por baixas fraudulentas.

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    1. Rouba dinheiro, não é, claramente, cleptómana... E já a ajudámos extra ordenado...

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  11. Compreendo o teu dilema mas para mim não se pode desculpar o roubo, não mesmo. Neste caso ela rouba a quem lhe põe comida na mesa e aos próprios colegas que também dependem da empresa para ter comer na mesa, já o fez antes, foi apanhada e volta a fazer. Quem garante que não o fez já muito mais vezes sem ser apanhada?

    Eu entendo que há uma criança no meio desta equação, mas a verdade é que se não passas a responsabilidade para a SS também não podes passar essa mesma responsabilidade para a empresa, no fundo ao estarem a deixar passar esta situação estão a passar a mensagem para toda a empresa que roubar afinal é desculpável, ou que há pessoas mais merecedoras do que outras.

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  12. O que é certo é que foi ela que não pensou na filha.
    Agora é a Palmier quem se tem preocupar com o que não lhe diz directamente respeito.

    Já aconteceu uma vez e tornou a acontecer, o passado parece demonstrar que acontecerá futuramente.
    É difícil, mas eu desta vez não deiaria passar. As acções têm consequências.

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    1. As pessoas às vezes metem-se em cada trapalhada... parece que não pensam...

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  13. Olha, eu percebo que te preocupes com a criança. Mas quem é que é a mãe dela? Ou foi a extrema preocupação dela com a filha - argumento que, certamente, já utilizou - que a fez agir daquela maneira?
    Melhor do que ninguém, tu já percebeste que essa não foi a última vez que ela roubou dinheiro.
    Existe a possibilidade de a colocares noutro posto, em que não tenha acesso a dinheiro, mas até onde ganhe menos (não é uma crueldade, é um castigo justo para quem tem "vistas largas").
    Lembra-te sempre da quantidade de desempregados que este país tem, e de pessoas que, com N qualificações a mais, aceitariam de bom grado o lugar dela.
    Isto tudo é fácil de dizer, mas ó mais uma achega: arrefece o coração e aquece a cabeça.
    E boa sorte...

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    1. Isto era uma pergunta :)
      "Existe a possibilidade de a colocares noutro posto, em que não tenha acesso a dinheiro, mas até onde ganhe menos (não é uma crueldade, é um castigo justo para quem tem "vistas largas")?"

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    2. É mesmo isso, tenho de arrefecer o coração e aquecer a cabeça :)

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  14. Mas já viu que ela não vai lá com conversas...
    Eu despedia, sinceramente, é mau e tal, mas há-de haver pessoas mais necessitadas que ela que não roubam.
    Chama-se carácter.

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  15. Eu despedia-a. Ela tem que arcar com as consequências dos seus atos. Se continuarem a fazer o papel de pais que passam a mão na cabeça da menina ela não vai mudar. Nem sei se quer mudar. A minha mãe teve 4 filhas, ficou sem marido antes dos quanrenta e nunca roubou ninguém. Ganhava pouco mais que o ordenado mínimo mas nunca se achou no direito de roubar ninguém. Não recebendo um ordenado alto parece-me o suficiente para ter uma vida digna com a sua filha sem ter necessidade de roubar. Precisa de mais dinheiro? Faça uns biscates, venda bolos... sei lá! Ai ai... Fico irritada com gente desta espécie.

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  16. "a verdade é que do outro lado está uma pessoa, uma pessoa trabalhadora, esperta, simpática e bastante disponível, uma pessoa que, sei, conta apenas com o seu ordenado para pagar a renda de casa e para prover às necessidades da sua filha. E que a filha conta unicamente com esta mãe. E o que é que vai ser de ambas se a mãe for despedida?"

    Tudo o que a Palmier escreveu deveria ter sido pensado pela pessoa em causa.
    Ladrões debaio do meu tecto, que até já foram perdoados? Comigo não dava.

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    1. Claro que devia ter sido ela a pensar... às vezes pergunto-me como é que as pessoas podem ser tão estúpidas... para se meterem nestes trinta e uns...

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  17. Não vai aprender, é desculpada, para quê parar?
    É como na educação das crianças...

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  18. Roubo e reincidência? Podia ter muita pena, mas seria despedida.
    Não é desculpável nem agora nem da 1ª vez.

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    1. É um facto, havendo as condições mínimas de sobrevivência, roubar nunca é desculpável...

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  19. Compreendo o dilema, quando o coração interfere com a razão é um problema dos grandes e neste caso então.... Para ficarem todos bem do coração e da razão, é sempre possível ela levar um processo disciplinar sem direito a despedimento e ser colocada num posto em que não tenha hipótese de roubar mas sim de se redimir e aprender a lição. Fica ciente que se errar de novo já sabe o que lhe acontece. Vá lá, é Natal...

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    1. É uma das hipóteses... afastá-la do circuito do dinheiro...

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  20. Caso não seja despedida, pelo menos devia ser "castigada". Pagar o valor que roubou devia ser obrigatório.

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  21. Parece-me que já sabes o que vais fazer...
    Decidas o que decidires não tens de te sentir culpada. Mas que é uma porra...

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  22. Grrrr acho que quem rouba uma vez, volta a cair novamente na tentação!!

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  23. Palmier, gosto muito de Direito do trabalho mas as vezes colocam -se questões, como está, muito difíceis. Juridicamente sabemos perfeitamente qual a solução , mas fica sempre a dúvida. Será que fizemos o que devíamos?

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    1. Acho que, na faculdade, também foi a minha cadeira favorita. Se bem que depois, quando passamos para a vida real, para as empresas, as coisas não são bem como pensávamos :)

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    2. Todo o DIreito passado para a vida real não é bem como pensávamos na faculdade e deixa-nos ( pelo menos a mim deixa) muitas vezes com problemas de consciência

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  24. A Palmier é um ser humano incrível e isso vê-se nesta dúvida, nesta hesitação. Parabéns por ser assim. Já não há muitas pessoas genuinamente boas, como a Palmier.
    E contra mim falo, que a despediria sem pensar duas vezes.

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  25. Olha, eu por um ordenado desses, a sul do Porto, comprava já os bilhetes de avião para mim e para o filhote, alugava um quarto, e o marido que viesse depois.

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  26. Se roubou e tornou a roubar a verdade é q a confiança foi-se e quem sabe se voltará a roubar ou coisa pior? De atenuante só mesmo as circunstâncias a quem as conheça.

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    1. É isso, em teoria é muito simples. Conhecendo as pessoas, as coisas tornam-se menos óbvias... :/

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  27. Lendo e relendo, sei no meu íntimo o que é justo e correcto, mas lá no fundo ... Enfim....

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    1. Entendo muito bem quem escreve que a lei é para cumprir, porque é, mas falar sobre uma pessoa prevaricadora e reincidente em abstracto é uma coisa, diferente é olhar a pessoa nos olhos e tomar uma decisão. Também acredito que um presente de Natal possa ser muito agradecido, sentido , até chorado e recheado de promessas. Fico a pensar que é pena não ser Natal durante o resto do ano...

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  28. Desculpa mas não há desculpa. A confiança é mesmo um valor inquantificável.

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    1. Claro que não há desculpa. Nenhuma desculpa é válida para roubar...

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  29. Palmier: rua com ela e depressinha.
    A confiança está definitivamente quebrada. Não há mais nada que possa ser feito. Darás um péssimo exemplo se a mantiveres e abrirás a porta a outro tipo de comportamentos indesejados. Além disso, quem rouba o patrão rouba qualquer outra pessoa.

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    1. Olha.. odiava ser juíza! Ter de decidir coisas destas todos os dias!? Oh pah... não aguentava! Acho que ficava com os meus belíssimos cabelos todos brancos num ápice :D

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  30. Ia comentar quando vi o comentário da Ana Chagas, aquele com que mais concordo.
    Uma conversa em que se é assertiva pode dar excelentes resultados. Outra opção pode ser permitir que a pessoa só continue na empresa até encontrar outro emprego.

    Se a Palmier desejasse despedir e pronto, já o teria feito. Mais importante que tudo é respeitar a sua própria decisão :).

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  31. Uma maçã podre contamina todo o cesto. A decisão correcta é o despedimento. Não há outra hipótese! Quando esses casos se perpetuam a empresa sai sempre beliscada.
    A situação da criança não pode ser esquecida e não deverá pagar pelos erros da mãe. No teu lugar, pensava numa solução que, mesmo despedindo, garantisse o bem estar da pequena. Como? Pois, bem sei que essa é que é a questão, mas, infelizmente, não tenho resposta.
    Força!

    Beijinhos
    SRM

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    1. Olha que essa do anónimo das 23:31 rebenta com a escala da racionalidade e do bom senso.
      Despede portanto a mãe e adopta a criança. Foi isso que quis dizer, não foi?
      :)
      Julião

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    2. A de que um posto de trabalho não pode valer mais para o empregador do que para o empregado.

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    3. (em teoria é sempre tudo mais simples...)

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    4. Pipoco mostra a face.

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  32. Mas não é suposto ser a Mãe a acautelar os interesses da criança??????? Trabalhando e recebendo o seu (não tão pequeno assim e com algumas regalias ordenado)???????' Há milhares de Pessoas que ganham o ordenado mínimo com mais filhos e não ROUBAM!!!!!!!

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  33. O Direito do Trabalho é de fácil leitura quando o vemos escrito nos códigos e de dificil aplicação quando olhamos na cara de quem ocupa o posto de trabalho.
    No contexto profissional só vejo uma solução: despedimento. Já lhe foram dadas todas as hipóteses.
    No campo pessoal, a Palmier já deu provas de saber como acautelar o bem estar da criança. Temo é que a Mãe não vá dar valor ao gesto...

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  34. Já dormi sobre o assunto... Lembrei-me de um ano em que na minha empresa tive que dar notas aos meus colaboradores.
    Não eram assim muitos mas eram mais de uma dezena.
    Nunca consegui definir um colaborador por um no, nem ninguém. As pessoas têm qualidades e defeitos. Todos temos. E temos tantos defeitos...
    Incomodou-me ter de fazer aquilo! Resolvi a situação da seguinte maneira: - Chamei todos, disse-lhes qual era o objectivo, e pedi a cada um que se comparasse com todos os outros, sem escala de valores mas tendo em atenção as suas próprias qualidades e as dos outros. Tomei nota. Depois, pedi a cada um que se atribuísse uma nota a si próprio.
    Foi-me tão fácil atribuir depois uma nota a cada um. Há sempre aquele que se julga o rei da cocacola, mas as notas que atribui, julgo que não terão sido fora do que seria justo.
    Porque não chamar algumas colegas e a chefe, explicar a situação, colocar as alternativas, pedir que se comparem no desempenho das suas funções, inclusive a própria, e no fim perguntar a cada um o que fariam se estivessem no teu lugar?
    Deixar claro desde o inicio que a decisão será sempre tua.

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  35. Palmier...Sabes o que costumo dizer, quando tenho decisões como essa nas mãos? Não posso prezar mais um posto de trabalho do que o próprio trabalhador. Não me posso preocupar mais se alguém perde o emprego do que a própria pessoa.
    Não é a tua consciência que deve pesar, mas sim, sempre que mete crianças também se me dá um nó na barriga...
    Mas não haverá muito a fazer...Quando as pessoas não são honestas.

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  36. Mmm... quer então dizer que há uma Justiça para mães e outra para os restantes? Eu sempre entendi que a paternidade dá mais responsabilidades e não mais direitos. Não percebo estas duas bitolas para as normas sociais que julgava gerais mas isto sou eu...

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