Nem sei que título hei-de dar a isto...

Hoje de manhã, logo bem cedinho, telefonei para a oficina explicando que se tinha acendido uma luz no painel e que o carro precisava de ser visto. Claro que não estava à espera de ter de dar mais nenhuma explicação mas, a menina, pressentindo o meu embaraço, aproveitou a oportunidade para me perguntar: “Sabe dizer-me que luz acendeu?”. Eu, sentada na minha mesa do escritório e depois de uma pausa demasiado longa, disse baixinho “… a dos gases…”. Claro que a menina teve de dizer: “Desculpe… não percebi… pode repetir?”. Ganhando coragem repeti mais alto e com convicção (como um verdadeiro homem do leme, dirigindo-se ao mostrengo) “A DOS GASES! O MEU CARRO TEM GASES!”. Claro que, várias cabeças do escritório se viraram, sub-repticiamente, para me observar. E eu, tive, de imediato, de pôr cobro à situação dizendo, com ar feroz, aos meus colegas: “O que foi?! O vosso carro nunca sofreu de gases?! Estão para aí a olhar para mim… não têm trabalho para fazer?! Vejam lá se querem que eu vos espanque… “. Posto isto, e enquanto os meus colegas se encontravam num silêncio absolutamente sepulcral, tremendo com receio da minha reacção de pessoa com desequilíbrios graves, combinei com a senhora ir-lhe entregar o carro. Saí de imediato do escritório, aproveitando para bater com a porta com extrema violência, de forma a deixar os meus colegas ainda mais aterrorizados (e impedidos para todo o sempre de voltar a este assunto), e acelerei até à oficina. Lá chegada, desloquei-me até à recepção e, dirigindo-me ao senhor que lá estava (e perante uma assembleia de vários clientes), disse:

- Telefonei há pouco… falei com uma senhora com quem combinei vir cá deixar o carro…

Ao que o senhor me responde, com uma enorme simpatia e a voz potente de um cantor de ópera:

- É a senhora dos gases? Estávamos à sua espera!

A sério pessoas…  agora vou aqui a andar à chuva pela segunda circular, com o olhar perdido no firmamento e um ar (muito adequadamente) esgazeado … a caminho do Júlio de Matos…