quarta-feira, 3 de julho de 2013

Pedro e Paulo (ou, se preferirem, Paulo e Pedro, que eu não quero começar esta minha carta a ferir susceptibilidades e eu sei que vocês dão muita importância a estas coisas)


Babes, antes de mais, e para contrariar esta onda de críticas, deixem-me começar por vos dizer que eu vos percebo. Eu também sou mulher e, portanto, percebo muito bem estas coisas. Uma pessoa irrita-se e, às vezes, descontrola-se, fala muito, gesticula, grita, não se cinge ao assunto, começa a misturar tudo, acontece até que, muitas vezes, vai ao baú buscar umas coisas que já aconteceram lá atrás, em mil nove e troca ao passo e, no fim de contas, a pessoa já não se lembra de mais nada para dizer, agarra na almofada e, zás, toca de ir dormir para o sofá, deixa-o ali especado, sozinho, pumba, tomá lá para não seres parvo! E ali ficamos nós, no sofá da sala, sem pregar olho, a imaginá-lo de rastos, na penumbra, com uma lágrima ao canto do olho, triste e pesaroso com a nossa saída de Diva. Mas depois, Pedro e Paulo, depois toda a gente sabe que as coisas não são bem assim, na verdade ele está a dormir refastelado na nossa caminha, enquanto nós estamos ali, vira para a direita, vira para esquerda, barriga para o ar, mas sempre todas tortas no sofá. E, para além disso, a coisa não dura muito tempo, é que, logo de madrugada as dúvidas começam a assolar-nos e, mal nasce o sol, que as janelas nem sequer têm persianas, acordamos para a vida e pensamos que não queremos nada estar para ali atiradas. Sentimos de imediato que, para além do torcicolo, temos uns grandes papos nos olhos, umas olheiras gigantescas e estamos muito feias. E então Pedro e Paulo, vemo-nos obrigadas a agarrar na almofada com uma mão e no nosso arrufo com a outra e a voltar para a cama, e esse regresso à cama, Paulo e Pedro, é deveras humilhante. Ali estamos nós, às seis da manhã, pé ante pé, a esguirarmo-nos pelo quarto, a calcular mal as distâncias, a dar um pontapé com o dedo mindinho na cómoda lá do fundo, a levantar uma pontinha do lençol e, como quem não quer a coisa, a rastejar para dentro da cama. E pronto Pedro e Paulo, para a próxima, quando a coisa começar a descambar, esqueçam lá as saídas de Diva e as vichyssoises da Primeira-República e, em vez de pegarem na almofada, façam como eu e pensem no que vão vestir no dia seguinte, sempre é mais inócuo e é assunto que pacifica a mente...


16 comentários:

  1. Tumbas, direitinho para o feiceboso do Mirone :)

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  2. Pois é, Palmier: seria essa efectivamente a solução por si preconizada, mas desconfio que a não vão levar muito em consideração.
    As motivações são muito díspares das suas apresentadas. Desde logo amor...só se for à conta bem avultada; depois a preocupação com o bem estar dos filhos, bem se vê a prodigalidade de carinho de como tratam os filhos da Nação.
    Ná, desconfio que não lhe vão dar a devida atenção. Lamento desiludi-la, mas estou mais em acreditar que nem a sua carta se vão dar ao incómodo de ler, quanto mais ponderar.

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  3. Na antiguidade feliz foi Adão. Não teve sogra nem camião.
    Nem se preocupava com a política da governação.
    Nem com uma eventual transição.
    E menos com a constituição.
    Comia como um comilão.
    Entoucinhava como um glutão.
    E sua única preocupação.
    Mas nem essa lhe turvava a razão.
    Ao Criador já passara procuração.
    Que desde que não fosse do coração.
    Donde quisesse, dele tirasse um mulherão.
    Na actualidade feliz é o Barão.
    Que sem a ninguém passar cartão.
    Metamorfoseia o governo em desgovernação.
    A todos, sem piedade escamoteia o tostão.
    Mete no dinheiro o ladrão.
    E na cadeia o pobretão.
    E ainda lhe resta o tesão.
    Para dizer sem compaixão.
    Vai trabalhar, malandrão.
    Ou à caridade estender a mão.

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  4. Se bem que aprofundando a questão.
    Meio feliz é o Corvão.
    Que prestes a ir para o fundão.
    diz não ter motivação.
    P'ra ver as séries da Televisão.

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  5. Voltei, voltei
    Voltei de lá
    Ainda ontem caí fora
    Mas agora já estou cá ... Grande a sabedoria pimba !

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  6. Eu acho que eles já aceitaram a terapia de casal. Pelo menos já se vão encontrar, o que já não é mau. baby steps, baby steps.

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  7. Olha, estão a dizer que o PP é como "O vento mudou"... Afinal não voltou !!!

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  8. Venho em primeira mão antes que alguém mais expedito se me adiante, propor ao Estado Português o reconhecimento público da Palmier como cidadã de mérito e credora da gratidão Nacional, a única pessoa neste atribulado país que teve a presença de espírito necessária para nos desenvencilhar da rede em que todo o país se enredava, quando, com fino tacto e raro discernimento, enviou a carta em epígrafe aos dois desmiolados.
    Paulo Portas aceita e vai continuar no Governo como vice PM e Ministro das Finanças.

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  9. zorro, o reconhecido.4 de julho de 2013 às 13:47

    Muito bem! Apoiado!
    Se bem que não tivesse publicado o meu comentário, nem por isso lhe reconheço menor valor e muito pelo contrário.
    Onde tenho de assinar?
    Um Português reconhecido.

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    1. Deixei algum comentário por publicar?

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    2. zorro, o asneirento4 de julho de 2013 às 13:57

      Ah! Lá fui eu que pensei enviar mas eram mais horas de dormir do que andar para aqui a fazer asneira e pensei que o enviara; desculpe.

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  10. Mas parece que a crise da Diva surtiu efeito, o respectivo vai cobri-la de jóias e flores, e leva-la a jantar fora.

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  11. E quando as pazes nos favorecem mesmo quando nao merecemos? A arte da manipulação...

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    1. Também! Se bem que eles prefiram chamar-lhe sinceridade, e nisso são uns artistas.
      Não há em parte nehuma do mundo sinceridade igual à do político quando mente. Se se conseguir fingir-se tê-la, o negócio está feito.

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