Caro Director-Geral dos Impostos,

Queira V. Exa. saber que os inúmeros e-mails que fez a gentileza de me enviar durante as férias, contribuíram em muito, dada a impossibilidade de aceder ao Via CTT, para criar uma situação deveras stressante na minha vida. Pois que o meu caro consorte, que recebe os e-mails crípticos e enigmáticos que ameaçam que, caso não se pague a dívida (repare V. Exa. que nunca nos dizem qual dívida, nem o montante da dívida... só se fala na tal dívida... a chamada dívida kafkiana), o Estado avançará sobre nós com a penhora de todos os nossos bens terrenos. Ora "a dívida" é motivo de conversas, de debate e, até mesmo, de discussões conjugais! Como é possível que não tenhas esses códigos contigo!?! Sim... por Deus! Como é possível que eu vá de férias assim leve e fresca, sem os tão necessários códigos das finanças?! Depois de dias e dias de horror e expectativa, a pessoa regressa ao local de trabalho, onde tem a pastinha com toda a documentação e, em vez de desatar a produzir que nem uma desvairada, dedica-se a aceder ao site das finanças... mas, surpresa! os ficheiros são tão kafkianos que podem mesmo, e segundo a visão do anti-vírus, danificar o meu computador! Ora a pessoa, neste ponto, já está a tremer como varas verdes... se o ficheiro é assim tão terrível, a dívida deve ser monumental! Mas a pessoa fecha os olhos e, apesar do perigo, diz que sim, que quer abrir o ficheiro... deparando-se, de imediato, com a hecatombe...

Mas, caro Director-Geral dos impostos, não vos preocupeis mais, eu sou uma cidadã exemplar... a minha dívida de TRINTA CÊNTIMOS às finanças, está saldada!|