sexta-feira, 5 de maio de 2017

Não sei se é bom ou mau, mas pelo menos é tranquilo

A verdade é que, hoje em dia, quando alguma pessoa me desilude de verdade - daquelas desilusões que aqui há uns anos me consumiam semanas de angústia e inquietação, tempos infinitos a repisar palavras e acções -, limito-me a encolher os ombros e a pensar "olha, mais uma", enquanto pego na vassoura com uma naturalidade imperturbável, varro a poeira do desencanto lá para o quartinho das desilusões e fecho a porta atrás de mim com toda a suavidade. Acho que perdi a capacidade de me indignar.


40 comentários:

  1. Não me parece que tenhas perdido a capacidade de indignação, tê-la-ás apurado. Para indignados "de carreira" temos os comentadores do FB.

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    1. Perdi, Mi. Pelo menos em parte, perdi. Lembro-me bem do choque das primeiras desilusões que vamos sofrendo na vida. Simplesmente deixou de existir.

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  2. Isso vem com a idade...

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  3. Penso que é sinal de que aprendemos.

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  4. Depreendo que também tenhas feito aquele workshop "Samsara na óptica do Foda-se", certo? Eu aprendi imenso e encontrei, finalmente, a paz interior. Acho que te referes a este powepoint-mantra:

    https://scontent.fopo2-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/13319930_285909965086419_6911745317479116059_n.png?oh=ff4f7a9671c221c4efeacbcb23d5fcca&oe=59B6B924

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    1. Ahahhahahhahahhahahhaahahahahahhahaahhahahahahahahhahahhahahahhahahhahahaha

      É isso mesmo :DDDDDDDDDDDDDDDDDDDDD

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  5. Quando quiser, empresto-lhe a minha. Felizmente também já aprendi a usar a vassoura, mas, salvo ocasiões pontuais, num estado longe da tal naturalidade imperturbável. Se há coisa que a vida e uns quantos médicos me ensinaram é que a capacidade de ser vocal, dramática, pode não ser nem graciosa nem bonita, mas tem feito toda a diferença na saúde física e psicológica.

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    1. Olha que eu era bem dramática. simplesmente deixei de ser... :)

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  6. Que nunca percas é a capacidade de te desiludir...

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    1. Pois... a questão é que acho que, pelo menos parte dela, já perdi...

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    2. Hum, acho que falamos de coisas diferentes. Uma coisa é a reacção à desilusão (que sim, com a idade, acho, tende a amainar), outra é uma pessoa permitir-se à desilusão (ainda que "recupere" mais tranquilamente, como dizes, que em tempos idos). Quando deixamos de nos desiludir com as pessoas é porque estas já não nos são uma página em branco ainda que tenhamos acabado de as conhecer. Ou seja, andamos sempre com a nossa tralha às costas e temos por certo que mais cedo ou mais tarde alguma coisa vai correr mal. E eu acho isso triste.

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    3. Não, Nê, sou super crédula, por principio acredito nas pessoas - a não ser que haja alguma coisa óbvia que me faça duvidar imediatamente -, nunca estou a contar que as coisas corram mal, acontece que, quando correm, limito-me a desligar o interruptor e a sair...

      (o que não quer dizer que não haja um momento inicial de surpresa, com bem distinguiu a SN aqui em baixo)

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    4. (é evidente que não estou a falar de pessoas ultra-próximas, tipo marido/pais/filhos. Acho que nesses casos ninguém ficará indiferente)

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  7. Por vezes o desprezo é mesmo o melhor remédio, perdermos energias quando nos indignamos, às vezes não vale mesmo a pena.

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    1. Não sei, Pic. Acho que o desprezo implica uma acção. É preciso alguma força de vontade para desprezar. No meu caso concreto a passividade é total. É uma mera constatação.

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    2. Mas isso é o desprezo... abanar a cabeça e seguir em frente passando um traço por cima daquela cabeça.
      Eu só me desiludo quando realmente gosto de alguém e ainda espero alguma rectidão. A desilusão implica tristeza, não a podemos empregar com qualquer um.
      Às tantas falamos do mesmo.

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    3. Talvez, Pic. Acho que tem a nossa divergência tem a ver com o significado que damos à palavra desprezo. Para mim desprezo implica um sentimento e, na minha situação actual, falo da total ausência de sentimento.

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    4. O desprezo é sentimento tal como o amor e o ódio. Posso estar errada mas creio que aquilo que fala será a indiferença. Já está a ficar de tal forma habituada que já é indiferente. Sinto o mesmo mas eu também já não espero grande coisa das pessoas.

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  8. É a inteligência emocional que vem com a idade, ou então habituamo-nos a essas desilusões.
    Eu prefiro acreditar que é a primeira.

    AnaC

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  9. Palmier, como a compreendo! Continuo a desiludir-me, apesar de dizer, que já aprendi. Nem a idade consegue esse feito, a idade só refinou, como encaro a desilusão. Faço como a Palmier, canto com ela, já não consigo de todo é dar segunda oportunidade, como anteriormente.

    P.S. Quem perde é que me desiludiu. :D

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  10. Pipocante Irrelevante Delirante5 de maio de 2017 às 16:17

    Uma pessoa só se choca ou surpreende quando é apanhada desprevenida.
    Ainda me lembro da primeira vez que vi um porco a andar de bicicleta...

    (chama-se cinismo. Bom mecanismo de preservação)

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    1. Se confiamos em alguém que nos desilude, somos sempre apanhados de surpresa. A questão é como lidamos com isso :)

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  11. Não, não, cara Palmier! Não ocupe uma divisão afectiva com essas coisas. É só chamar O Electricista. Ele chega com o aspirador e suga tudo. É melhor que O Dentista.

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    1. :DDDDDDDDDDDDDDDD

      O Electricista resolve tudo :DDDDDDDDDDDDDDDD

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  12. Eu tenho fases. Mas ainda me indigno com mtas coisas e pessoas.

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  13. Já não fico consumida pela desilusão mas, não consigo deixar de me surpreender por, uma vez mais, avaliar mal determinada pessoa. Não consigo deixar de pensar que calculei mal aquilo que EU representava para o outro. Não deixou de ser doloroso mas depressa continuo o meu caminho, reorganizando as amizades.

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    1. Sim, é verdade, há ali um momento de surpresa e, para mim, mais do que saber que afinal não representava nada para o outro, é sobretudo por ter avaliado mal determinada pessoa. Acho que, realmente - e porque não me costumo enganar assim tantas vezes - isso me surpreende.

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  14. A nível pessoal sinto o mesmo, mas continuo a indignar-me e muito com as injustiças, preconceitos e outros que tais, que acontecem cada vez mais. Se deixarmos de nos indignar permitimos que ganhe o que não devia.

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  15. Depois do PREC, passei a sofrer do Síndrome de S. Tomé.
    Agora , posso afirmar que me sinto muitíssimo satisfeita e comovida até quando alguém me consegue surpreender pela positiva, o que tem acontecido bastante felizmente.
    renova-nos a fé nos homens e mulheres de boa vontade. :) :) :)

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  16. Ainda esta semana me aconteceu tal coisa. Claro que primeiro foi a surpresa, um O redondo na minha cara, a pergunta na cabeça sobre o que eu teria feito. Falei com o meu marido sobre o assunto e como falar tem sempre um efeito terapêutico no fim conclui, olha, menos uma!
    Acaba por ser um pouco triste mas se as pessoas são assim connosco é porque não merecem um segundo do nosso tempo a falar ou a pensar nelas.

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