quinta-feira, 1 de março de 2012

Paulada na nuca

Hoje estive em modo consultório sentimental. Ás vezes acontece-me isto e, apesar de ser bom sentir que as pessoas confiam em mim para me exporem problemas íntimos (sem que eu seja amiga delas), há alturas em que os problemas são tão sofridos que, no fim, tenho de respirar fundo três vezes para conseguir continuar a fazer o meu trabalho ... Pois que hoje se sentaram à minha mesa:
a) Um senhor com um cancro na boca que se encontra, obviamente, de baixa médica (desde o início de Janeiro) mas que ainda não recebeu a prestação social a que tem direito;
b) Uma mãe, recentemente divorciada, com uma filha que deixou de estudar e que ela precisa desesperadamente que trabalhe para fazer face às despesas (vão ter de deixar a casa onde vivem, por não conseguirem pagar a renda);
c) Uma funcionária, que nem sempre correspondeu da melhor maneira, mas que hoje me veio dizer que (afinal) compreende as razões pelas quais a chamei repetidamente à atenção. Disse-me  que sabia que eu (afinal) tinha coração mas que tinha de fazer o meu papel. Vai para França com a família tentar uma vida melhor.

E é verdade... ás vezes custa mas não podemos deixar passar em branco. As pessoas precisam de ser chamadas à realidade. Precisam que se lhes diga que não está bem. Precisam que se lhes diga que têm de repetir. Que têm de fazer mais e melhor. Que aquilo não chega. Custa na altura (custa para quem diz e para quem ouve), mas compensa a longo prazo.

Espero que o senhor melhore rapidamente. Porque merece. Porque é bom colaborador. Porque dá o litro sempre que é necessário. Porque não merecia estar com a cara naquele estado. Espero que aquela mãe consiga equilibrar o orçamento, que continue a trabalhar como trabalha, que a filha consiga o emprego  que necessita(m), que não tenham de deixar a casa onde vivem. Espero que a vida em França corra bem a esta terceira pessoa que hoje reconheceu que cresceu, que aprendeu e que leva uma experiência positiva e que deixa amigos e saudades. Espero que tudo lhes corra de feição. Aos três. 

E pronto... foi este o meu dia... não foi dos mais alegres...  

3 comentários:

  1. Não foi dos mais alegres mas fizeste uma boa acção ;) De certeza que foste uma coisa boa no dia deles!

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  2. Não foi mesmo alegre, mas pode ter sido positivo. Esperemos que tudo corra pelo melhor :)

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