segunda-feira, 2 de julho de 2012

Maman, a estrangeira

Aqui há uns tempos maman adoptou um penteado bastante moderno, que consistia num corte curto e melenas loiras a penderem para a testa.
Acontece que maman vive numa estância balnear e era sempre (SEMPRE) tomada por uma forasteira proveniente de terras nórdicas.
Essa aparência de maman, criava situações bastante constrangedoras, como as que passo a descrever:
Maman entrava nas lojas e, como qualquer outra pessoa, detinha-se a ver os maravilhosos artigos que havia para venda. Acontece que os lojistas, desesperados por realizarem inúmeras transacções comerciais, dirigiam-se a maman e, dando o melhor de si próprios, apresentavam os seus produtos em inglês. Ora, maman, como se sentia verdadeiramente envergonhada por eles, acabava por sair das lojas rapidamente e sem pronunciar palavra, por forma a evitar que os senhores se apercebessem das ridículas figuras em que incorriam. Acontece que estas não eram as piores situações. Não… as piores eram aquelas em que os lojistas, desconhecedores da língua inglesa, davam às palavras em português um sotaque anglo-saxónico. Lembro-me, como se fosse hoje, daquele dia em que acompanhei maman a uma loja de artigos étnicos e maman se interessou por um pau-de-chuva. Foi um momento deveras constrangedor porque o senhor saltou detrás da caixa registadora e, com gestos amplos de mãos e braços informou maman do fim a que tal objecto se destinava. O senhor dizia, em tom de voz extremamente alto (julgo que, por entre os lojistas, corre o rumor que os turistas sofrem de graves deficiências auditivas):
- BÁ-RU-LHOOOOO DI CHU-VÁÁÁÁÁÁÁÁ, SI-NHÓ-RÁÁÁÁÁÁ! BÁ-RU-LHOOOOOOOO DI CHUVÁÁÁÁÁÁÁÁ!!! MUI-TÓÓÓÓÓÓ LIN-DOOOOOO SI-NHO-RÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ!
Foi neste momento que Maman, farta destes angustiantes mal entendidos, decidiu deixar crescer um longo cabelo e pintou-o de preto asa-de-corvo… Foi uma ideia muito boa, esta, já que a situação melhorou bastante porque agora, em vez de entabularem conversa, os lojistas fogem de maman, por a julgarem uma cidadã de etnia cigana…

2 comentários:

  1. Ahaha! No Algarve acontecia-me o mesmo! Eu, banquela, meio loira e com sardas, era sempre confundida com uma 'cámone' e em cada loja que entrava, os senhores falavam comigo num dialecto estranho a soar a inglês. A minha resposta era mais ou menos como a da tua mãe! Até me fartar e dizer, alto e bom som, que era portuguesa e do Norte carago!!!

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    1. Então, sabes bem do que falo... é deveras constrangedor :DDD

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