sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Maman, a esfarrapada

Ontem, Maman abriu o seu coração e fez-me confidências. Maman começou por referir, en passant, que Cánis já está bastante crescido, quase adulto, e que já levanta a pata para fazer xixi. “Pena é que levante a pata da frente e não a de trás”, disse-me ela com algum sofrimento na voz. Depois, já mais confiante, referiu que Cánis está ligeiramente descontrolado. Que, pela manhã, ao chamar o seu Cánis para com ele partilhar torradinhas com mel, Cánis, na ânsia de ajudar (e alimentando o sonho de se tornar num chef da moda) salta para cima da bancada da cozinha… e também salta para dentro do lava-loiça, para cima da mesa da sala de jantar e entra para dentro da máquina de lavar-loiça... Mas, pronto, isso são apenas coisas normais de um dia-a-dia na casa de Maman. Na verdade, toda esta conversa serviu apenas como prelúdio para o “verdadeiro” assunto que queria abordar. O problema sobre o qual nos vamos debruçar, tem outra natureza. Lembram-se DISTO? Pois… Cánis tem um fetiche com os roupões de Maman. Sim! Esta é a verdade, nua e crua! Mal avista Maman, Cánis agarra-se a uma das mangas do seu roupão, imobilizando-lhe uma das mãos e impedindo-a, assim, de lutar. Como Cánis é um Hércules da Natureza, Maman, com medo de ser derrubada, precavém-se de imediato e, com uma estratégia vencedora, joga-se ao chão. Sim... perceberam bem... Maman atira-se propositadamente ao chão. Maman faz um afundanço! E Cánis... Cánis arrasta a minha pobre Maman pela casa fora. Pratica com a minha Maman uma espécie de ski aquático, sem a parte dos skis e sem a parte do aquático. Leva a minha Maman de rojo por ali fora e só pára quando a manga do roupão de Maman se rasga pelo ombro e ele consegue, assim, o seu troféu. Maman fica reduzida a um Flintstone esfarrapado. Ou, se preferirem, a um Zezé Camarinha de manga à cava. E isto, pessoas, para além de pôr em risco a integridade física da minha Maman, é coisa para a levar à ruína! Maman tem adquirido uma média de um roupão por… dia. O senhor da loja dos roupões adora a minha Maman. É uma cliente especial, segundo as suas próprias palavras. É conhecida na localidade como a senhora dos roupões descartáveis. E, mesmo dentro da sua própria casa, Maman é olhada com desconfiança pela sua própria empregada que suspeita que Maman pratica rituais satânicos com roupões. E que, olhando com angústia para os farrapos, profere estranhas frases em algarvio (ãh sôdôutôrã m'á q'jêtos andar a dár cabe désts roupôns que serém tã línds?!) que Maman receia serem trechos de rezas para um eficaz exorcismo…

6 comentários:

  1. Ahahahahahahahahah
    Disto é que eu gosto Palmier!
    Histórias de Maman e isso, é que são irresistiveis!

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  2. As vossas aventuras são simplesmente deliciosas.
    Que bom que o bom humor impera no vossa família!

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  3. Sexinho és uma filha abençoada, sempre feliz com as desventuras de Maman...

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    1. Maman!
      Mil perdões!
      Eu adoro-a Maman, e nunca me regozijaria com os seu males!
      Elogiava apenas a capacidade de contar estórias da mana Palmier!
      Estava agora mesmo a meio de um e-mail para o Encantador de Cães, pedindo-lhe, encarecidamente (já lhe disse que pago o que for preciso) que venha asinha pôr na ordem esse cão estouvado, que tanta canseira (e despesa) lhe dá!

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    2. TCHARAN!!!
      Acabo de contratar um polícia para dar treino individual ao Canis.
      Palmier ainda há-de contar como o Canis dança em pontas o "Lago dos Cisnes"

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  4. Ó pá!! Estou farta de me rir!!! Adoro as tuas histórias e respectivas descrições! :D

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