quarta-feira, 7 de março de 2012

Agarrem-me senão...

O meu local de trabalho é num sítio bastante movimentado. Assim sendo, leva a situações de verdadeiro empreendedorismo. Apresento-vos esta senhora que, desde há cerca de dois anos a esta parte, decidida a contrariar os sinais da crise e cansada de ser uma trabalhadora por conta de outrem, resolveu criar para si própria um posto de trabalho.


Características do posto de trabalho:
a) localiza-se mesmo por baixo da minha janela;
b) É repetitivo, pelo que não exige um grande esforço intelectual;
c) exige uma postura alquebrada e um ar infeliz:
d) É barulhento.

Material de trabalho:
a) Um copo de plástico da marca Super Bock para as moedas.

Em que consiste o trabalho:

Consiste em gritar, durante 8 horas seguidas e em modo extremamente choroso:
Dái-me uma moeeeedinhaaaaaaaaaaa sefavoooooreeeeeeee!

Se isto em alturas de temperaturas negativas é irrelevante (porque as janelas se encontram fechadas), agora, quando o tempo melhora (porque odeio ar condicionado e gosto de abrir as janelas), é desesperante. A senhora não pára. A senhora é uma máquina. A senhora pega às 9h00 e larga às 18h00. Confesso que estou a atingir o meu limite. Já cheguei a dar-lhe uns gritos lá de cima, do meu primeiro andar, mas ela não ligou nenhuma. Ainda gritou mais alto o seu:

"Dái-me uma moeeeedinhaaaaaaaaaaa sefavoooooreeeeeeee!"

Estou agora em fase de congeminar planos. Tenho vários. Desde atirar-lhe o agrafador (daqueles grandes que dão para agrafar uma resma de papel), passando pela hipótese de comprar 360 pombos que colocaria à minha janela ensinando-os a fazer cocó permanente direccionado para aquele local de trabalho, até ao assassínio e posterior desmembramento da senhora para todo o sempre (aceito sugestões mais civilizadas).

Mas o mais inacreditável foi observá-la hoje a deixar o seu posto de trabalho. Quando eu estava a sair (pois que a senhora faz mais ou menos o mesmo horário que eu) ela olha de relance para o relógio, estremece ao verificar que já passam 10 minutos das 18h00 (como quem pensa que já cumpriu o horário de trabalho e que não está para fazer horas extraordinárias), põe o copo dentro da mala, coloca-a ao  ao ombro e avança super rapidamente e com movimentos extremamente ágeis (adeus imediato ao ar alquebrado e infeliz) em direcção à paragem do autocarro. 
E eu fiquei ali... a mirá-la e a pensar como é que, amanhã, dou cabo dela...




4 comentários:

  1. Para começar, uns sacos de plástico cheios de água (abertos), um gelado meio derretido... depois, sei lá, um tijolo, um paralelepípedo da calçada... loool
    Acho que se ela levasse com o saco de água de vez em quando, era bem capaz de mudar de poiso.

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    1. O saco de água é coisa muito gentil... Acho que vou arranjar uma mangueira (ligo à torneira da casa de banho) e depois levo-a até à janela e abro-a no máximo! Depois, se for despedida, ocupo o local de trabalho da senhora :DDD

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  2. ...eu fazia o seguinte: arranjava um cartão e atava-lhe um cordel, escrevia em letras bem gordas e de cor berrante no cartão qualquer coisa do tipo "NÃO DÊEM DINHEIRO A ESTA CALOTEIRA QUE ELA VAI GASTÁ-LO TODO NA PINGA", e fazia descer o cartão do teu 1º andar de forma que ela não o conseguisse alcançar, mas que as pessoas o pudessem ler.

    ..outra hipótese é o saquito de água como já foi referido..

    ..em última análise sempre podes chamar a polícia, acho que a mendicidade é proibida, e a reforçar está o argumento da interferência de actividade ilícita no trabalho de terceiros.

    boa sorte

    :)

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    1. Sim... ver a senhora a ser arrastada pela polícia é, de facto, uma imagem paradisíaca...

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