sábado, 6 de outubro de 2012

Incongruências

Depois de anos a avisar as pessoas para não serem fiadoras de ninguém (e de as ver com os ordenados penhorados a pagar as casas, os carros e os sofás dos outros), hoje, quando acordei, percebi que todos os meus conselhos foram em vão. Na verdade, somos todos fiadores. Portugal é constituído por 10 milhões de fiadores. Fiadores de um Estado que se endividou sem poder, que gastou sem se preocupar, e que agora que chegou a hora de pagar, diz que lamenta mas não tem como o fazer. Assim sendo, vem-nos pedir a nós, fiadores, que honremos a dívida, sem nos dar o benefício da excussão prévia e sem termos qualquer direito de regresso à posteriori. Nós... que não acelerámos no carro, que não nos refastelámos na casa, que não nos rebolámos no sofá... que ficámos de fora, a olhar lá para dentro através da janela, a ver o desvario que para ali ia. Que nos perguntávamos de onde vinha tanta opulência.
E, agora, a solução é simples, descontam-nos a dívida no vencimento. A única diferença é a forma. Em vez de descontarem por via da penhora, descontam por via do IRS.

8 comentários:

  1. É pior que a penhora. Nem sequer podemos apresentar oposição.

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  2. É pior que a penhora. Nem sequer podemos apresentar oposição.

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  3. Á uns tempos ouvi esta frase "Temos que ser uns para os outros e os outros para os uns", uns gozam e os outros pagam,faz parte do novo sistema simplex, e o mais simples é que os uns vão á carteira dos outros sem a abrirem e num passo mágico o dinheiro desaparece, plum!!!! Como o nosso rei D. Sebastião numa manhã de novoeiro, para nunca mais voltar... fim triste este :(

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  4. Agora é que expuseste bem a coisa...

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  5. Ainda estou em choque...
    Sinto-me encurralada... Enganada e prisioneira...

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